TECNOLOGIA
DE PONTA COM MAIS DE UM SÉCULO DE ATRASO
Lucia Moysés
Não nos cansamos de admirar a ampla gama de recursos tecnológicos
inventados pelo homem. Os modernos smartphones e tablets, por exemplo, nos
permitem acessar todo tipo de informação e comunicação em tempo real, sem
contar a riqueza de entretenimentos que oferecem. Igualmente, ficamos
fascinados com os aparelhos que vasculham o Universo revelando o turbilhão de
galáxias – e que nos falam de Deus.
E o que dizer dos modernos equipamentos utilizados na área médica, que
facilitam diagnósticos, cirurgias e tratamentos?
Novidades? Avanços incalculáveis? Aos olhos terrenos, sim. No entanto,
o estudioso espírita certamente reconhece que todo esse progresso científico e tecnológico
apenas reflete o que já existe em mundos mais avançados que o nosso.
No livro “Memórias de um suicida”, ditado pelo Espírito Camilo Castelo Branco
à médium Yvonne do Amaral Pereira, há diversos relatos sobre equipamentos
inimagináveis à época em que foi publicado: 1955. E como se não bastasse, logo
nos capítulos iniciais o leitor é informado de que a história se passa na
primeira década do século XX. Então, é essa a época que devemos ter em mente ao
analisarmos o que se segue.
A obra relata os tormentos de cinco Espíritos que na última romagem
terrena praticaram o suicídio e que passaram a conviver desde que se tornaram
internos na Colônia Espiritual Servos de Maria, um posto de emergência numa
região umbralina próxima à Terra. Em lá chegando, foram matriculados como pacientes
do Hospital Maria de Nazaré, tendo passado antes por uma seção de registro, na
qual deveriam prestar inúmeras informações a respeito de suas vidas enquanto
encarnados. Uma atividade trabalhosa, considerando o número de pessoas a serem
ouvidas. No entanto, afirma o autor espiritual, que tudo transcorreu em menos
de meia-hora, porque os processos eram diferentes do habitual: “As respostas
dos pacientes seriam antes gravadas em discos singulares, espécie de álbuns
animados de cenas e movimentos, graças ao concurso de aparelhamentos magnéticos
especiais. Tais álbuns reproduziriam até mesmo o som de nossa voz, como nossa
imagem e o prolongamento do noticiário sobre nós mesmos, desde que posto em
contato com admirável maquinismo apropriado ao feito, exatamente como discos e
filmes na Terra reproduzem a voz humana e todas as demais variedades de sons e
imagens neles existentes e que devam ser retidos e conservados.” (op. cit.
p.57).
Hoje, qualquer aparelho celular com câmera de vídeo seria capaz de
fazer tais registros, transferindo-os para um disco de DVD. Este, ao ser colocado
em dispositivos próprios, traria de volta toda a cena gravada, reproduzindo-a
fielmente.
Mais adiante, o personagem central faz uma descrição de uma aparelhagem
provida de um visor que nos remete às atuais telas de plasma ou LED utilizadas
em computadores, televisores e dispositivos móveis de comunicação. A característica
principal é permitir que pessoas situadas em locais distantes, umas das outras,
conversem online, vendo-se mutuamente, como, por exemplo, nos softwares que
transmitem voz e vídeo.
“Existia em cada dormitório certo aparelhamento delicadíssimo, estruturado
em substâncias eletromagnéticas, que, acumulando potencialidade inavaliável de
atração, seleção, reprodução e transmissão, estampava em região espelhenta, que
lhe era parte integrante, quaisquer imagens e sons que benévola e caridosamente
nos fossem dirigidos.” (id., p.83).
Prosseguindo, destaca um acontecimento singular por ele vivido junto a
seus companheiros, quando um deles (Jerônimo) vai ao gabinete do diretor da
colônia solicitar permissão para visitar os familiares que permaneceram em
Portugal. Nessa hora, um dos assistentes lhes diz: “Atentai neste aparelho de
visão à distância, que já conheceis, e acompanhai os passos de nosso Jerônimo
desde o presente momento. [...] Aproximou-se do aparelho e, com graciosa
desenvoltura, ampliou-o até que pudesse retratar a imagem de um homem em
tamanho natural. Perplexos, mas interessados, nos postamos diante da placa que
principiava a iluminar-se.” (id., p.89).
Não estaria nesse caso se referindo à tela sensível ao toque, que até
mesmo as crianças sabem utilizar e que vemos, com frequência, serem manipuladas
em programas de televisão? A diferença reside no fato de ser unidirecional e
transmitida pelo pensamento, recurso de que ainda não dispomos.
E continua: “De súbito Joel (um assistente) surgiu diante de nós, tão
visível e naturalmente, destacando-se no mesmo plano em que nos encontrávamos,
que o supusemos dentro da enfermaria, ou que nós outros seguíssemos ao seu
encalço... Mais real do que o atual cinematógrafo e superior ao engenho da
televisão do momento, esse magnífico receptor de cenas e fatos, tão usado em
nossa Colônia, tanta admiração nos causava.” (id., p. 89).
Pela descrição, percebemos tratar-se de algo semelhante a qualquer
transmissão ao vivo, via satélite, que nos acostumamos a acompanhar. Nossa
surpresa aumenta quando ele destaca que o assistente parece estar realmente
presente no ambiente em que se encontram. Impossível não fazer relação com as
imagens holográficas que nos dão exatamente essa sensação.
Tudo nos leva a crer que os recursos tecnológicos utilizados eram extraordinários
quando Camilo Castelo Branco nos fala da emoção que contagiou seus patrícios
quando Jerônimo chegou à terra-natal: “De súbito, brado uníssono, conquanto
discreto, exalou-se de nossos peitos qual soluço de saudade enternecedora, vibrando
docemente pela enfermaria:
“— Portugal! Pátria venerada! Portugal! ...
E chorávamos enternecidos, gratamente emocionados! Paisagens portuguesas,
com efeito, todas muito queridas aos nossos doloridos corações, rodeavam-nos
como se fizéssemos parte da comitiva do pobre Jerônimo!” (id. p. 100).
Em outro momento, o autor nos põe a par de alguns fenômenos por nós
ainda desconhecidos. Isto se dá quando continua a tecer considerações sobre os
aparelhos transmissores que tanto espanto lhe causavam.
[Tal aparelho], em esferas mais elevadas desdobrava-se, evoluía até
atingir o sublime no auxílio à instrução de Espíritos em marcha para a
aquisição de valores teóricos que lhes permitissem, futuramente, testemunhos
decisivos nos prélios terrenos, indo rebuscar e selecionar, nas longínquas
planícies do espaço celeste, o próprio passado do Globo Terráqueo e de suas
Humanidades, sua História e suas Civilizações, assim como o pretérito dos
indivíduos, se necessário.” (id. p. 89).
Quer nos parecer que não está longe o dia em que teremos tais recursos
no nos¬so planeta, uma vez que os astrônomos já conseguiram, através do
telescópio Hub¬ble, fotografar galáxias que se formaram nos primórdios do
Universo. Isso se deu a apenas 600-900 milhões de anos após o Big Bang.
Considerando-se a estimativa que o Universo tenha cerca de 14 bilhões de anos,
esse novo olhar nos levou de volta para mais de 13 bilhões de anos. Um feito e
tanto!
Ainda no campo das imagens, Camilo Castelo Branco dá a conhecer um
recurso muito parecido com os que utilizamos atualmente em nossas exposições e
palestras, através da utilização de um programa específico para computador
acoplado a um projetor digital.
“A um ângulo do tablado que do fundo do salão defrontava a assembleia,
notava-se um aparelho muito semelhante aos existentes nas enfermarias,
conquanto apresentasse certas particularidades. [...] E cântico harmonioso de
prece elevou-se em surdina [...], enquanto se desenhava em uma tela junto à
cátedra de Irmão Teócrito o sugestivo quadro da aparição de Gabriel à Virgem de
Nazaré, participando a descida do Redentor às ingratas praias do Planeta.” (id.
pp. 121 e 122).
E será em uma tela como esta que os enfermos da Colônia Maria de Nazaré
irão assistir às aulas e conferências, durante as quais serão projetadas
imagens da vida e dos ensinamentos de Jesus, ou ouvir preleções de mentores
espirituais situados fora daquele ambiente.
Este último recurso surge com frequência em livros da série de André
Luiz, quando, reunidos em auditórios, Espíritos assistem a preces e preleções
de benfeitores espirituais, quer situados na própria colônia, quer em outras
distantes dali.
Em “Memórias de um suicida” vamos encontrar, ainda, uma revelação que
nos leva a fazer um paralelo com os modernos equipamentos de diagnósticos
médicos, por imagem.
“[...] o grandioso aparelhamento, conjunto de peças extraordinárias, apropriadas
às necessidades da clínica no astral, demonstrando o elevado grau que atingira
a Medicina entre nossos tutelares. [...] Sei que os tecidos semimateriais das
regiões do meu perispírito, profundamente afetadas, receberam sondagens de luz,
banhos de propriedades magnéticas, bálsamos quintessenciados, intervenções de
substâncias luminosas extraídas dos raios solares; que deles extraíram
fotografias e mapas movediços, sonoros, para análises especiais; que tais
fotografias e mapas mais tarde seriam encaminhados à ‘Seção de Planejamento de
Corpos Físicos’, do Departamento de Reencarnação.” (id. p. 80).
Que paralelo podemos fazer com essas sondagens de luz, essas
fotografias e esses mapas movediços sonoros existentes naquela colônia, naquela
época? Raio laser? Radiografias? Ultrassonografias? Tomografias
computadorizadas? Imagens por ressonância magnética?
Esses e muitos outros aparelhos sutis, ainda desconhecidos entre nós,
constituem fabuloso material de trabalho em educandários e hospitais da
erraticidade.
Não nos iludamos, pois. Nosso progresso científico e tecnológico é uma
pálida cópia do que existe nos Planos superiores. A nossa evolução espiritual
nos fará, certamente, conhecer e desfrutar de muitos outros magníficos recursos
que o Senhor da Vida nos reserva.
SERVIÇO ESPÍRITA DE
INFORMAÇÕES
Boletim SEI: E-mail: boletimsei@gmail.com
Outubro 2013 – no 2229
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