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quinta-feira, 30 de abril de 2015

EAE – CATEGORIA DOS MUNDOS – MIGRAÇÕES


“Na Casa de Meu Pai Há Muitas Moradas” – Jesus

1 – Introdução

Xenófanes de Colófon (570 - 475 aC), filósofo grego fundador da Escola de Eléa, com muita razão afirmou, que o antropomorfismo (o pensamento que atribui formas ou características humanas a Deus), é inerente à constituição mental do homem pois, julgamos tudo inadvertidamente, à nossa imagem e semelhança. O próprio Deus, o Absoluto, o Incriado, Causa das causas, que o areópago (sábio) de Atenas tinha declarado incognoscível (que não pode ser conhecido), comumente passa aos olhos da alma humana através do prisma da sua personalidade.
O Livro dos Vedas (sânscrito: conhecimento), o mais antigo livro de cosmogonia religiosa com certas partes que datam de cerca de 1.500 aC, já adotava o corpo humano como a mais bela das formas, e, desde a mais remota antiguidade, a opinião da grande maioria dos homens não mudou, pois mesmo os mais humildes entre os homens não duvidam de que sejam eles, a obra prima da criação e os reis do Universo. E quando o espírito religioso, sondando a distância que nos separa do Altíssimo, coloca sobre os degraus dessa distância uma hierarquia de seres superiores, anjos ou santos, não pode achar formas mais belas e mais dignas dessas superiores inteligências, do que a forma humana divinizada. Ou seja: “tudo” tem o homem, divinizado.
Contudo, o estado atual dos conhecimentos humanos não mais comporta esse critério, que não tem outro fundamento além dos precários sentidos do homem, dessa pequena dose de vaidade que cada qual traz, quando vem ao mundo. Ao contrário, pode aceitar-se em princípio que, para avaliar criteriosamente a natureza das coisas, importa antes de tudo não tomarmos como termo de comparação, nem como referência, o que nos respeita, mas tratar de conhecer os objetos no seu justo valor. É esse o princípio cuja importância precisamos apreciar e que particularmente devemos aplicar sempre que nos dedicamos aos estudos dos habitantes dos infinitos mundos que provam o ilimitado.
Johann Lambert (1728-1777), matemático, físico e astrônomo suíço, que escreveu em 1761, as eruditas Cartas Cosmológicas, e que se dedicava à sedutora questão da habitabilidade dos globos celestes, conjeturou sobre os habitantes dos outros mundos: “Pode, portanto, afirmar-se que todo aquele, quem quer que seja, que não disponha senão dos sentidos comuns a todo homem, que pretenda definir seriamente as raças de outros planetas, caracterizar as suas condições de existência, dar a conhecer o seu estado físico, intelectual ou moral, explicar a sua natureza e o seu modo de ser; pode afirmar-se, dizíamos, que todo homem que emita semelhantes pretensões está sujeito a cair no mais crasso erro.”     
Isto porque a vida em cada globo depende da soma dos elementos especiais existentes em cada um deles e varia como neste mundo, sofrendo modificações graduais. Se a vida é inerente à própria essência da matéria, ela é suscetível de uma variedade indescritível. Pode-se assegurar, portanto, que os órgãos que temos e atendem a determinado fim, se desenvolveram gradativamente segundo as necessidades impostas pelo meio ambiente, e são diferentes nos planetas onde não podem realizar as mesmas funções que aqui desempenham.
Abordando o tema “Diversas Categorias de Mundos Habitados” expressava o insigne Allan Kardec: “Depreende-se dos ensinamentos dados pelos Espíritos, que os diversos mundos estão em condições muito diferentes uns dos outros, quanto ao grau de adiantamento e de inferioridade de seus habitantes. Entre eles há os habitantes que são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros estão no mesmo grau e outros são mais ou menos superiores sob todos os aspectos. Nos mundos inferiores a existência é inteiramente material: imperam as paixões soberanas e a vida moral é quase nula. À medida que se desenvolve, diminui a influência da matéria de tal modo que, nos mundos mais evoluídos, a vida é, por assim dizer, toda espiritual”.
Conclui-se portanto, pelo exposto, que o Universo oferece ao Espírito todos os meios, condições e posições possíveis a constituir e reconstituir para si um corpo na matéria, para que realize sua ascensão progressiva, em busca da meta suprema: Deus!
Cada gota do infinito oceano de mundos e de estrelas que divisamos, e outros ainda que se ocultam ao nosso olhar perscrutados na imensidão do espaço, apresenta um sustentáculo à vida sem limites, nas mais variadas e apropriadas condições para o Espírito enfrentar as provas, realizar as experiências, as mais variadas e úteis a todos os tipos de diferenciação, em todas as fases e níveis de existência. Por todo o espaço ilimitado palpita a vida e a consciência e sem cessar, ressoa em todos os recantos o palpitante lavor da evolução que é a lei universal.
Podemos, pois, dar uma classificação mais ou menos próxima da realidade, sobre os mundos habitados, segundo a exposição que passamos a fazer:
2 – Mundos Primitivos
É dado esse qualificativo aos mundos acabados de sair dos fluidos incandescentes. Quando os planetas estão devidamente preparados para neles se manifestar a vida diferenciada, após o insano e abnegado trabalho dos artistas da criação no estudo das formas e na manipulação dos fluidos da vida que devem se adaptar às condições físicas de cada planeta, trabalho todo este desenvolvido sob a direção amorosa e sábia dos Cristos ou Messias, são os germes da vida aí depositados. Desenvolvendo-se progressivamente, passam esses germes ou princípios de vida por todas as fases necessárias à conquista de uma consciência cada vez mais ampla, tornando ativas as potencialidades latentes, até que a evolução do planeta e das espécies que o habitam permitam, em chegando a época propícia, o aparecimento neles do homem, ou do ser consciente de si mesmo, senhor de um relativo livre-arbítrio que lhe permite a livre escolha no caminho a seguir, tornando-o responsável pelos atos que pratica. Sob orientação dos governadores e guias de suas humanidades, são realizados nesses novos mundos, ensaios após o aparecimento dos primeiros seres vivos, até que são estabelecidas as linhagens definitivas para todas as espécies que devem servir de “habitat” às unidades de consciência que, em tempo oportuno, passarão a animá-las.    
3 – Mundos “Ad Hoc”
Após terem os seres completados os ciclos de uma determinada fase ou reino, e os séculos terem completado as experiências nos tipos ou espécies primitivas, sofrem eles, nesses mundos chamados “ad hoc” (latim: para esse fim) ou mundos elementais, as necessárias adaptações nos seus invólucros a fim de que estes possibilitem a manifestação de outras faculdades ou atributos do ser a caminho da evolução. Diz o Espírito Emmanuel, sobre a fase de adaptação a que foram submetidos os seres já humanos e que se encarnariam na Segunda Raça Mãe da nossa Humanidade: “as hostes superiores do plano invisível operam nesses mundos uma definitiva transição no corpo perispiritual preexistente dos homens primitivos, provocando conseqüentemente, transformações viscerais na estrutura dos antepassados das raças humanas, permitindo a aquisição de razão e de possibilidades até então desconhecidas dos antecedentes do homem”. 
4 – Mundos Fluidos
Alguns autores se referem a mundos dessa espécie, destinados, segundo eles, à habitação de Espíritos que desde o início de seu aprendizado como seres conscientes, nunca faliram. Este fato possibilita progredirem no estado fluídico, sem necessidade, portanto, de se encarnarem em mundos materiais, propriamente ditos, de provas e expiações.
5 – Mundos Materiais
São mundos aonde os Espíritos iniciam seu aprendizado partindo da simplicidade e da ignorância, desenvolvendo-se e progredindo gradativamente. O grau de densidade da matéria que os constitui, é mais ou menos densa, de conformidade com seu estado de progresso. São assim esses mundos materiais mais ou menos inferiores ou superiores, mas através dos tempos, acompanhando o progresso dos seres que os habitam, alcançarão categoria dos mundos superiores ou celestes, destinados aos Espíritos que já alcançaram o estado de pureza.
É natural que as condições de existência física e moral variem de um mundo material para outro, obedecendo sempre às condições evolutivas de seus habitantes. Comparando com a Terra, podemos formar uma idéia das condições de um mundo inferior, supondo o homem no estado selvagem como aqui ainda vemos, resto do seu primitivo estado. Nos mundos mais atrasados, os seres que os habitam são ainda, de algum modo, mais rudimentares: têm forma humana mas sem beleza; predominam os instintos animais sem qualquer noção do justo ou do injusto; a delicadeza dos sentimentos e a benevolência são desconhecidas; ali a única lei que impera é a da força bruta.   Desconhecidas são as indústrias e, sem invenções, todo o tempo do homem é empregado na luta para a conquista dos alimentos, em obediência à lei de conservação do indivíduo.
Cremos que os mundos que formam o nosso sistema solar, são mais ou menos semelhantes quanto à constituição física, variando naturalmente quanto à densidade dos elementos que entram na sua constituição, de acordo com a categoria que ocupam na escala evolutiva dos mundos; cremos ser, também, mais ou menos semelhante, a forma dos seres que os habitam, embora haja grande variedade quanto à situação ou grau evolutivo físico, moral e intelectual de seus habitantes.         
6 – Mundos de Provas e Expiações
São ainda esses mundos materiais. Entre eles está incluída a Terra que habitamos. A superioridade da inteligência num grande número de seus habitantes indica não serem eles, mundos primitivos destinados à encarnação de Espíritos em início de evolução. As qualidades inatas revelam Espíritos já vividos e que já realizaram um pequeno progresso; mas suas acentuadas imperfeições, caracterizadas nos vícios a que se inclinam, são indício de sua pouca evolução moral. Destinou-lhes Deus condições de vida difíceis, para expiarem as faltas por meio de um penoso trabalho e pelas misérias da vida, até que hajam aprendido as leis do bem e se tornem dignos de passar para mundos mais felizes.
Neles o Espírito vai passando pela aquisição de todas as experiências preliminares bem como proporcionam aos Espíritos todas as provas e meios para retemperar-se na luta pela dor e pelos sofrimentos a que fazem jus pelos seus desvios. São verdadeiras escolas-oficina, onde pelo trabalho, pelo estudo e pelo gradativo aperfeiçoamento moral, num verdadeiro e penoso esforço para sua desmaterialização, vai o Espírito pouco a pouco, desenvolvendo os poderes e atributos que traz em latência, para a conquista de supremos valores para a vida eterna.
Descem a esses mundos, periodicamente, missionários do bem, e, em épocas de grande degradação, quando há perigo de destruição, em conseqüência das reações determinadas pela soberana lei sobre suas humanidades. Num vivo testemunho de amor e abnegação, neles encarnam seus Messias que, pelos exemplos de amor, de renúncia, de piedade e de perdão com que pautam sua conduta, oferecem elementos para que seja restabelecido, de alguma forma, o equilíbrio exigido pela já referida lei. Esses Messias (que são quase sempre sacrificados), deixam aos povos, códigos de conduta que, se seguidos, os conduzirão à conquista de sua libertação espiritual.   
         Não raro, a evolução das humanidades dos mundos de provas e expiações é auxiliada por Espíritos degredados de outros orbes mais adiantados, de onde são banidos em épocas de expurgos, que periodicamente se processam em todos os mundos do Universo, cujas humanidades ainda não atingiram a perfeição.
Há também, entre os mundos materiais, aqueles que servem de habitação a Espíritos prestes a entrar na fase de regeneração. Nosso planeta atravessa atualmente, a fase de transição que lhe permitirá ascender na escala dos mundos, passando da categoria de mundo de provas e expiações para a de mundo regenerador.
7 – Mundos Regeneradores
Nesses mundos encarnam Espíritos em fase de regeneração e que, apesar de seu acentuado progresso, ainda tem o que expiar para que, progressivamente, saiam da materialidade. Neles já predomina a força do direito, em vez do direito da força, como o meio mais empregado para a solução das pendências entre os seus habitantes, mesmo já em grau intelectual bastante avançado.
As guerras portanto, já não são usadas para solucionar as questões surgidas entre seus povos; elas são julgadas inúteis e contrárias ao bem e à razão. A fraternidade e a solidariedade são aí praticadas pela maioria das humanidades que os habitam.
Nessa categoria de mundos onde os Espíritos acabam a sua depuração, entrará o nosso orbe, após este ciclo doloroso em que vivemos, quando seus habitantes, em sua grande maioria aceitarem, sentirem e viverem os postulados evangélicos ensinados e exemplificados pelo nosso Divino Mestre e Governador, reunindo-se sob Sua égide misericordiosa e compassiva, num só rebanho (sentir e viver o “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”).           
Apesar de tudo que o que temos dito, convêm termos em mente que a diversidade das manifestações da vida no Universo infinito é também infinita. Assim, há infinitas variedades de formas através das quais a Vida Una se manifesta, assim como meios de manifestação de sentidos que fogem à nossa atual compreensão. Não somos padrão em sentido algum; os meios variando ao infinito, também ao infinito variam as expressões da vida, através das formas infinitas e mutáveis.                                   8 – Mundos Felizes
São habitados por Espíritos já regenerados depurados de todas as más tendências. Neles só impera o bem; o mal já foi totalmente vencido. Sua variedade é como a dos demais mundos já descritos, grande, e há inferiores e superiores uns aos outros, na sua categoria. Esses mundos, como os Espíritos que os habitam, já se acham no início do período de semi-fluidez, iniciando-se aí, a desmaterialização do corpo denso.   
9 – Mundos Celestes ou Divinos
Pouco ou quase nada sabemos de positivo a respeito desses mundos ditosos. Os elementos que entram na sua formação devem, no entanto, pela lei natural, ser de extrema fluidez. A eles só podem ter acesso, os puros Espíritos.
Sabendo, como sabemos, que a evolução é sinônimo de desmaterialização, natural que os mundos em sua escalada ascencional, vão se desmaterializando assim como os Espíritos. Assim, na passagem de uma a outra categoria de mundos, há um processo de gradativa desmaterialização, perdendo os mundos peso físico, assim como os Espíritos perdem (quando  ascendem) peso específico.
Essa ascensão aproxima os mundos, os ou sistemas de mundos, de outros sistemas de maior vibratilidade e, portanto, de maior luz.
Uma coisa é certa: a predominância do bem nesses mundos celestes ou divinos; há perfeita harmonia entre os Espíritos que os habitam, perfeita sintonia com as Leis Divinas, sendo todos os seres que os povoam colaboradores diretos do Criador, na direção do Universo. Os Espíritos divinos gozam de ampla liberdade; são sábios e amorosos ao extremo; tem da justiça perfeito senso e já perderam o contato com os planos inferiores, dos quais estão muito afastados. Sua variedade é, como a dos demais mundos, muito grande.  
Muito embora nos mundos inferiores, os Espíritos estejam ligados à matéria na proporção de sua inferioridade, não o estão com a tartaruga no seu casco ou pássaro na gaiola; gozam de relativa liberdade nos momentos de meditação ou elevação espiritual e, também, durante o repouso do corpo material, durante o qual há uma libertação relativa, segundo o grau de sua elevação.

De uns para outros mundos de categoria mais ou menos semelhantes, há migrações de Espíritos e, na evolução, Espíritos de um mundo inferior para outro de superior categoria.








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