EAE – CATEGORIA DOS
MUNDOS – MIGRAÇÕES
“Na
Casa de Meu Pai Há Muitas Moradas” – Jesus
1 – Introdução
Xenófanes de
Colófon (570 - 475 aC), filósofo grego fundador da Escola de Eléa, com muita
razão afirmou, que o antropomorfismo (o pensamento que atribui formas ou
características humanas a Deus), é inerente à constituição mental do homem
pois, julgamos tudo inadvertidamente, à nossa imagem e semelhança. O próprio
Deus, o Absoluto, o Incriado, Causa das causas, que o areópago (sábio) de
Atenas tinha declarado incognoscível (que não pode ser conhecido), comumente
passa aos olhos da alma humana através do prisma da sua personalidade.
O
Livro dos Vedas (sânscrito: conhecimento), o mais antigo livro de cosmogonia
religiosa com certas partes que datam de cerca de 1.500 aC, já adotava o corpo
humano como a mais bela das formas, e, desde a mais remota antiguidade, a
opinião da grande maioria dos homens não mudou, pois mesmo os mais humildes
entre os homens não duvidam de que sejam eles, a obra prima da criação e os
reis do Universo. E quando o espírito religioso, sondando a distância que nos
separa do Altíssimo, coloca sobre os degraus dessa distância uma hierarquia de
seres superiores, anjos ou santos, não pode achar formas mais belas e mais
dignas dessas superiores inteligências, do que a forma humana divinizada. Ou
seja: “tudo” tem o homem, divinizado.
Contudo, o estado
atual dos conhecimentos humanos não mais comporta esse critério, que não tem
outro fundamento além dos precários sentidos do homem, dessa pequena dose de
vaidade que cada qual traz, quando vem ao mundo. Ao contrário, pode aceitar-se
em princípio que, para avaliar criteriosamente a natureza das coisas, importa
antes de tudo não tomarmos como termo de comparação, nem como referência, o que
nos respeita, mas tratar de conhecer os objetos no seu justo valor. É esse o
princípio cuja importância precisamos apreciar e que particularmente devemos
aplicar sempre que nos dedicamos aos estudos dos habitantes dos infinitos
mundos que provam o ilimitado.
Johann
Lambert (1728-1777), matemático, físico e astrônomo suíço, que escreveu em
1761, as eruditas Cartas Cosmológicas, e que se dedicava à sedutora questão da
habitabilidade dos globos celestes, conjeturou sobre os habitantes dos outros
mundos: “Pode, portanto, afirmar-se que todo aquele, quem quer que seja, que
não disponha senão dos sentidos comuns a todo homem, que pretenda definir
seriamente as raças de outros planetas, caracterizar as suas condições de
existência, dar a conhecer o seu estado físico, intelectual ou moral, explicar
a sua natureza e o seu modo de ser; pode afirmar-se, dizíamos, que todo homem
que emita semelhantes pretensões está sujeito a cair no mais crasso erro.”
Isto
porque a vida em cada globo depende da soma dos elementos especiais existentes
em cada um deles e varia como neste mundo, sofrendo modificações graduais. Se a
vida é inerente à própria essência da matéria, ela é suscetível de uma
variedade indescritível. Pode-se assegurar, portanto, que os órgãos que temos e
atendem a determinado fim, se desenvolveram gradativamente segundo as
necessidades impostas pelo meio ambiente, e são diferentes nos planetas onde
não podem realizar as mesmas funções que aqui desempenham.
Abordando o tema
“Diversas Categorias de Mundos Habitados” expressava o insigne Allan Kardec:
“Depreende-se dos ensinamentos dados pelos Espíritos, que os diversos mundos
estão em condições muito diferentes uns dos outros, quanto ao grau de
adiantamento e de inferioridade de seus habitantes. Entre eles há os habitantes
que são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros estão no
mesmo grau e outros são mais ou menos superiores sob todos os aspectos. Nos
mundos inferiores a existência é inteiramente material: imperam as paixões
soberanas e a vida moral é quase nula. À medida que se desenvolve, diminui a
influência da matéria de tal modo que, nos mundos mais evoluídos, a vida é, por
assim dizer, toda espiritual”.
Conclui-se
portanto, pelo exposto, que o Universo oferece ao Espírito todos os meios,
condições e posições possíveis a constituir e reconstituir para si um corpo na
matéria, para que realize sua ascensão progressiva, em busca da meta suprema:
Deus!
Cada
gota do infinito oceano de mundos e de estrelas que divisamos, e outros ainda
que se ocultam ao nosso olhar perscrutados na imensidão do espaço, apresenta um
sustentáculo à vida sem limites, nas mais variadas e apropriadas condições para
o Espírito enfrentar as provas, realizar as experiências, as mais variadas e
úteis a todos os tipos de diferenciação, em todas as fases e níveis de
existência. Por todo o espaço ilimitado palpita a vida e a consciência e sem
cessar, ressoa em todos os recantos o palpitante lavor da evolução que é a lei
universal.
Podemos, pois, dar
uma classificação mais ou menos próxima da realidade, sobre os mundos
habitados, segundo a exposição que passamos a fazer:
2 – Mundos Primitivos
É
dado esse qualificativo aos mundos acabados de sair dos fluidos incandescentes.
Quando os planetas estão devidamente preparados para neles se manifestar a vida
diferenciada, após o insano e abnegado trabalho dos artistas da criação no
estudo das formas e na manipulação dos fluidos da vida que devem se adaptar às
condições físicas de cada planeta, trabalho todo este desenvolvido sob a direção
amorosa e sábia dos Cristos ou Messias, são os germes da vida aí depositados.
Desenvolvendo-se progressivamente, passam esses germes ou princípios de vida
por todas as fases necessárias à conquista de uma consciência cada vez mais
ampla, tornando ativas as potencialidades latentes, até que a evolução do
planeta e das espécies que o habitam permitam, em chegando a época propícia, o
aparecimento neles do homem, ou do ser consciente de si mesmo, senhor de um
relativo livre-arbítrio que lhe permite a livre escolha no caminho a seguir,
tornando-o responsável pelos atos que pratica. Sob orientação dos
governadores e guias de suas humanidades, são realizados nesses novos mundos,
ensaios após o aparecimento dos primeiros seres vivos, até que são estabelecidas
as linhagens definitivas para todas as espécies que devem servir de “habitat”
às unidades de consciência que, em tempo oportuno, passarão a animá-las.
3 – Mundos “Ad Hoc”
Após
terem os seres completados os ciclos de uma determinada fase ou reino, e os
séculos terem completado as experiências nos tipos ou espécies primitivas,
sofrem eles, nesses mundos chamados “ad hoc” (latim: para esse fim) ou mundos
elementais, as necessárias adaptações nos seus invólucros a fim de que estes
possibilitem a manifestação de outras faculdades ou atributos do ser a caminho
da evolução. Diz o Espírito Emmanuel, sobre a fase de adaptação a que foram
submetidos os seres já humanos e que se encarnariam na Segunda Raça Mãe da
nossa Humanidade: “as hostes superiores do plano invisível operam nesses
mundos uma definitiva transição no corpo perispiritual preexistente dos homens
primitivos, provocando conseqüentemente, transformações viscerais na estrutura
dos antepassados das raças humanas, permitindo a aquisição de razão e de
possibilidades até então desconhecidas dos antecedentes do homem”.
4 – Mundos Fluidos
Alguns autores se
referem a mundos dessa espécie, destinados, segundo eles, à habitação de
Espíritos que desde o início de seu aprendizado como seres conscientes, nunca
faliram. Este fato possibilita progredirem no estado fluídico, sem necessidade,
portanto, de se encarnarem em mundos materiais, propriamente ditos, de provas e
expiações.
5 – Mundos Materiais
São mundos aonde os
Espíritos iniciam seu aprendizado partindo da simplicidade e da ignorância,
desenvolvendo-se e progredindo gradativamente. O grau de densidade da matéria
que os constitui, é mais ou menos densa, de conformidade com seu estado de
progresso. São assim esses mundos materiais mais ou menos inferiores ou
superiores, mas através dos tempos, acompanhando o progresso dos seres que os
habitam, alcançarão categoria dos mundos superiores ou celestes, destinados aos
Espíritos que já alcançaram o estado de pureza.
É natural que as
condições de existência física e moral variem de um mundo material para outro,
obedecendo sempre às condições evolutivas de seus habitantes. Comparando com a
Terra, podemos formar uma idéia das condições de um mundo inferior, supondo o
homem no estado selvagem como aqui ainda vemos, resto do seu primitivo estado.
Nos mundos mais atrasados, os seres que os habitam são ainda, de algum modo,
mais rudimentares: têm forma humana mas sem beleza; predominam os instintos
animais sem qualquer noção do justo ou do injusto; a delicadeza dos sentimentos
e a benevolência são desconhecidas; ali a única lei que impera é a da força
bruta. Desconhecidas são as indústrias
e, sem invenções, todo o tempo do homem é empregado na luta para a conquista
dos alimentos, em obediência à lei de conservação do indivíduo.
Cremos
que os mundos que formam o nosso sistema solar, são mais ou menos semelhantes
quanto à constituição física, variando naturalmente quanto à densidade dos
elementos que entram na sua constituição, de acordo com a categoria que ocupam
na escala evolutiva dos mundos; cremos ser, também, mais ou menos semelhante, a
forma dos seres que os habitam, embora haja grande variedade quanto à situação
ou grau evolutivo físico, moral e intelectual de seus habitantes.
6 – Mundos de Provas e Expiações
São
ainda esses mundos materiais. Entre eles está incluída a Terra que habitamos. A superioridade
da inteligência num grande número de seus habitantes indica não serem eles,
mundos primitivos destinados à encarnação de Espíritos em início de evolução.
As qualidades inatas revelam Espíritos já vividos e que já realizaram um
pequeno progresso; mas suas acentuadas imperfeições, caracterizadas nos vícios
a que se inclinam, são indício de sua pouca evolução moral. Destinou-lhes Deus
condições de vida difíceis, para expiarem as faltas por meio de um penoso
trabalho e pelas misérias da vida, até que hajam aprendido as leis do bem e se
tornem dignos de passar para mundos mais felizes.
Neles o Espírito
vai passando pela aquisição de todas as experiências preliminares bem como
proporcionam aos Espíritos todas as provas e meios para retemperar-se na luta
pela dor e pelos sofrimentos a que fazem jus pelos seus desvios. São
verdadeiras escolas-oficina, onde pelo trabalho, pelo estudo e pelo gradativo aperfeiçoamento
moral, num verdadeiro e penoso esforço para sua desmaterialização, vai o
Espírito pouco a pouco, desenvolvendo os poderes e atributos que traz em
latência, para a conquista de supremos valores para a vida eterna.
Descem a esses
mundos, periodicamente, missionários do bem, e, em épocas de grande degradação,
quando há perigo de destruição, em conseqüência das reações determinadas pela
soberana lei sobre suas humanidades. Num vivo testemunho de amor e abnegação,
neles encarnam seus Messias que, pelos exemplos de amor, de renúncia, de
piedade e de perdão com que pautam sua conduta, oferecem elementos para que
seja restabelecido, de alguma forma, o equilíbrio exigido pela já referida lei.
Esses Messias (que são quase sempre sacrificados), deixam aos povos, códigos de
conduta que, se seguidos, os conduzirão à conquista de sua libertação
espiritual.
Não raro, a evolução das humanidades
dos mundos de provas e expiações é auxiliada por Espíritos degredados de outros
orbes mais adiantados, de onde são banidos em épocas de expurgos, que
periodicamente se processam em todos os mundos do Universo, cujas humanidades
ainda não atingiram a perfeição.
Há
também, entre os mundos materiais, aqueles que servem de habitação a Espíritos
prestes a entrar na fase de regeneração. Nosso planeta atravessa atualmente, a
fase de transição que lhe permitirá ascender na escala dos mundos, passando da
categoria de mundo de provas e expiações para a de mundo regenerador.
7 – Mundos Regeneradores
Nesses mundos
encarnam Espíritos em fase de regeneração e que, apesar de seu acentuado
progresso, ainda tem o que expiar para que, progressivamente, saiam da
materialidade. Neles já predomina a força do direito, em vez do direito da
força, como o meio mais empregado para a solução das pendências entre os seus
habitantes, mesmo já em grau intelectual bastante avançado.
As guerras
portanto, já não são usadas para solucionar as questões surgidas entre seus
povos; elas são julgadas inúteis e contrárias ao bem e à razão. A fraternidade
e a solidariedade são aí praticadas pela maioria das humanidades que os
habitam.
Nessa
categoria de mundos onde os Espíritos acabam a sua depuração, entrará o nosso
orbe, após este ciclo doloroso em que vivemos, quando seus habitantes, em sua
grande maioria aceitarem, sentirem e viverem os postulados evangélicos
ensinados e exemplificados pelo nosso Divino Mestre e Governador, reunindo-se
sob Sua égide misericordiosa e compassiva, num só rebanho (sentir e viver
o “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”).
Apesar de tudo que
o que temos dito, convêm termos em mente que a diversidade das manifestações da
vida no Universo infinito é também infinita. Assim, há infinitas variedades de
formas através das quais a Vida Una se manifesta, assim como meios de
manifestação de sentidos que fogem à nossa atual compreensão. Não somos padrão
em sentido algum; os meios variando ao infinito, também ao infinito variam as
expressões da vida, através das formas infinitas e mutáveis. 8 – Mundos Felizes
São
habitados por Espíritos já regenerados depurados de todas as más tendências.
Neles só impera o bem; o mal já foi totalmente vencido. Sua variedade é como a
dos demais mundos já descritos, grande, e há inferiores e superiores uns aos
outros, na sua categoria. Esses mundos, como os Espíritos que os habitam, já se
acham no início do período de semi-fluidez, iniciando-se aí, a
desmaterialização do corpo denso.
9 – Mundos Celestes ou Divinos
Pouco
ou quase nada sabemos de positivo a respeito desses mundos ditosos. Os
elementos que entram na sua formação devem, no entanto, pela lei natural, ser
de extrema fluidez. A eles só podem ter acesso, os puros Espíritos.
Sabendo,
como sabemos, que a evolução é sinônimo de desmaterialização, natural que os
mundos em sua escalada ascencional, vão se desmaterializando assim como os
Espíritos. Assim, na passagem de uma a outra categoria de mundos, há um
processo de gradativa desmaterialização, perdendo os mundos peso físico, assim
como os Espíritos perdem (quando
ascendem) peso específico.
Essa ascensão
aproxima os mundos, os ou sistemas de mundos, de outros sistemas de maior
vibratilidade e, portanto, de maior luz.
Uma
coisa é certa: a predominância do bem nesses mundos celestes ou divinos; há
perfeita harmonia entre os Espíritos que os habitam, perfeita sintonia com as
Leis Divinas, sendo todos os seres que os povoam colaboradores diretos do
Criador, na direção do Universo. Os Espíritos divinos gozam de ampla liberdade;
são sábios e amorosos ao extremo; tem da justiça perfeito senso e já perderam o
contato com os planos inferiores, dos quais estão muito afastados. Sua
variedade é, como a dos demais mundos, muito grande.
Muito embora nos
mundos inferiores, os Espíritos estejam ligados à matéria na proporção de sua
inferioridade, não o estão com a tartaruga no seu casco ou pássaro na gaiola;
gozam de relativa liberdade nos momentos de meditação ou elevação espiritual e,
também, durante o repouso do corpo material, durante o qual há uma libertação
relativa, segundo o grau de sua elevação.
De uns para outros
mundos de categoria mais ou menos semelhantes, há migrações de Espíritos e, na
evolução, Espíritos de um mundo inferior para outro de superior categoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário