D.Villela
Quando da intensificação das manifestações mediúnicas que levaram à codificação da Doutrina Espírita, o que se deu, sobretudo, a partir de 1840, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, a imensa maioria tomou o fato à conta de diversão: eram as mesas girantes que chegaram a fazer parte das reuniões sociais da época e que se deslocavam num sentido ou noutro, a pedido dos presentes ou respondiam, por meio de pancadas, a perguntas por estes formuladas, havendo disso, inclusive, registros na imprensa leiga. Algumas pessoas, bem poucas na verdade, observavam com maior cuidado aqueles estranhos fenômenos, dos quais transparecia a intervenção de uma inteligência oculta, pois aquelas ações evidenciavam intenção, autonomia ou respondiam a um pensamento, não podendo, assim, ser obra do acaso. Onde estaria a sua sede? Não poderia ser nas mesas, inertes fora daquelas ocasiões, tendo, então, os próprios comunicantes informado terem sido eles homens que viveram na Terra e que agora, tendo perdido o corpo no fenômeno da morte, habitavam o mundo espiritual com o qual nós, encarnados, convivemos, em geral sem darmos conta disso. A frivolidade em breve se cansou daquele divertimento, que logo foi substituído por outro. Prosseguiram, no entanto, a observação e o estudo daqueles fatos por parte de pessoas sérias, interessadas no seu conhecimento, simplificando-se, posteriormente, a forma de atuação dos médiuns, que passaram a empunhar diretamente o lápis para escreverem sob a ação dos desencarnados. E entre estas pessoas sérias vamos encontrar, a partir de 1855, o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, que organizou as informações assim obtidas e complementou-as mediante perguntas que dirigiu aos Espíritos, publicando, com esse material, O Livro dos Espíritos, no dia 18 de abril de 1857.
É, no mínimo, curiosa a postura materialista que nega a existência do espírito e atribui a origem e manifestação da vida, não apenas orgânica mas igualmente a que se expressa por efeitos intelectuais e morais, ao acaso. Trata-se, sem dúvida, de crença e devemos respeitar toda a crença sincera pois na observação comum nada encontramos que possa sugerir essa possibilidade. Efetivamente, desde a reunião de resíduos em local próprio para sua posterior remoção, passando pelo erguimento de paredes e casas até a construção de aviões e navios gigantescos, ninguém há que atribua tais fatos à casualidade, antes, pelo contrário, à ação da inteligência em grau de complexidade sempre maior.
O fato de não se poder repetir à vontade os fenômenos espíritas, como ocorre nas experiências da química ou da física, em nada lhes compromete a autenticidade, de vez que envolvem a participação de individualidades autônomas, nos dois planos da vida (médium e comunicante), exigindo metodologia nova e adequada para seu estudo e controle, exatamente o que fez o Prof. Rivail por meio de experimentação e observação cuidadosas, enfeixando o valioso conjunto de informações e orientações assim obtido em O Livro dos Médiuns, publicado em 1861 e que oferece roteiro seguro, na verdade indispensável a quem queira trabalhar seriamente com a mediunidade.
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“O Livro dos Médiuns” (itens 66 e 67)
SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
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Setembro 2013 no 2228
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