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domingo, 23 de outubro de 2016

A DOR NUMA VISAO DIFERENTE

A DOR NUMA VISÃO DIFERENTE 

Adésio Alves Machado

Crer que pode fugir da dor, libertar-se da dor, esquecer-se da dor é uma manifestação atavicamente entendida na vida da grande maioria da humanidade. Porque, também, é uma atitude por demais simplista, acomodatícia que não oferece solução ao magno problema que assinala o ser humano 

Orando, preceituam muitas das religiões vigentes no Cristianismo, encontrar-se-iam a liberação das águas tempestuosas do sofrimento. Na prece seria encontrada a liberação pura e simples da tumultuosa dor, como se a Providência Divina exercesse o papel de acumular solicitações para de imediato atendê-las indiscriminadamente, longe de analisar a questão profunda do mérito e do demérito. 

Há, ainda, os vinculados às correntes materialistas ou científicas, cujo caráter se acha entorpecido pela descrença na vida imortal, e assim, julgam-se capacitados a anular o passado culposo e suficientemente fortes para libertar os infratores, dispensando-lhes de responder pelos delitos contra a Perfeita Lei. 

 Por esses o prazer é buscado avidamente, sem que, no entanto, logrem atender a sede do gozo, fugindo, então, para os escorregadios labirintos das drogas enlouquecedoras, procurando, através delas, a exaltação da felicidade a que se julgam merecedores usufruir. 

Contudo, a dor continua imperturbável, ela que é a servidora da alma, sacudindo e despertando as mentes, no afã de realizar aquilo que é divino - a manutenção do equilíbrio da Lei. 

Emerge ela aqui e ali, com mil aparências, mas sempre mostrada numa identidade que muitos poucos ousam escutá-la e procuram entendê-la. 

Para encará-la surgiu em épocas remotas o estoicismo, tendo como ponto básico de apoio o desprezo pelos bens terrenos, o qual, aliado ao culto das virtudes promoveria o equilíbrio do homem, valorizando-o e potencializando-o para vencer a dor, pois desta forma, poderia enfrentá-la com nobreza e fé. 

Sócrates foi um exemplo de estoicismo, quando encarcerado após vil julgamento, preconizava, mesmo da prisão, o cultivo da moral e da virtude como únicos meios para se transpor o acúleo da dor. 

 O pobrezinho de Assis, Francisco, experimentou zombaria, humilhações mil,  porém manteve a força pulsante do amor em seus atos e palavras exercitando as virtudes cristãs, nunca deixando de bendizer a dor. 

 As Vozes encarceraram Joana D’Arc, e ela, estimulada pelos Veneráveis amigos espirituais, que nunca deixaram de conduzi-la pacientemente, suportou a dor do cárcere, o opróbrio e após infamante julgamento, foi mais uma a morrer queimada, mas chamando por JESUS, crendo nEle, com isso superando a dor. 

 Afirma soberana Joanna de Ângelis que a dor é moeda de resgate, exercício para fixação do bem e alta concessão divina. 

 Vivesse o homem ausente da dor ignoraria a paz, não levaria em consideração a 
necessidade da alegria e maldiria a saúde, perdendo, desta maneira, a inestimável oportunidade de exercitar lições para que o bem fizesse morada definitiva em sua tela mental. 

 Estejamos onde estivermos, na cadeira de rodas; nos tormentos morais; nas limitações dos objetivos; nas sombrias convivências familiares, sociais e trabalhistas; diante da dor no corpo, na mente e na alma, onde queime a brasa da dor, esforcemo-nos por agradecer a DEUS o ensejo de reaprender e reparar.

Não deixemos nunca de considerar que, enquanto a dor nos queima, milhares, milhões de irmãos em humanidade lançam-se desabridamente pelos estreitos caminhos da irresponsabilidade, conduzidos pela loucura do gozo insaciável. Acalmemo-nos, mesmo que a dor esteja nos vergastando. 

 O Amigo Incondicional de todas as horas, JESUS, elegeu a dor como a companheira de seus dias terrenais e aproveitou, através dela a nos deixar um precioso ensino, sem nunca recorrer ao verbalismo nem à retórica, mostrando que se pode ser feliz em todos os instantes, sem nunca deixar de exaltar o amor e a bondade como roteiro 
de iluminação. 

Amesquinhado, com o céu particular carregado de nuvens sombrias, carregando preocupações, diante de angústias ultrizes levantemos a cabeça e tornemos nossas mãos em asas de amor e paz e com elas, através do trabalho no bem, louvemos ao Senhor da Vida, para que, assim, um dia alcemos vôo às Regiões da libertação plena após resgatarmos as nossas dívidas na contabilidade divina. 

 Recebamos, pois, a dor com alegria, com amor e nunca descoraçoemos nem entremos em desvario. 

Apoio Joanna de Ângelis - livro “Dimensões da Verdade”, psicografia de Divaldo Pereira 
Franco. 
(Artigo publicado originalmente no Jornal Espírita de Pernambuco – maio de 1999)

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sábado, 22 de outubro de 2016

A DIFERENÇA ENTRE CRER E TER FE

A Diferença entre Crer e ter Fé

Equipe Consciesp

“Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia.

Esse homem pode, em teoria, aceitar que Deus existe e, apesar disso, não ter fé"

O notável professor, filósofo e humanista brasileiro, Huberto Rohden, em um de seus oportunos comentários inseridos no livro “A Mensagem Viva do Cristo”, obra que compreende a tradução feita por ele mesmo dos quatro evangelhos, diretamente do grego do primeiro século, convida-nos a refletir sobre a significativa distinção entre crer e ter fé. Para ele, a não compreensão dessa questão tem deturpado a teologia e trazido enorme prejuízo à mensagem do Cristo ao longo desses 2000 anos.

Escreve ele: 

“Desde os primeiros séculos do Cristianismo, quando o texto grego do Evangelho foi traduzido para o latim, principiou a funesta identificação de crer com ter fé. A palavra grega para fé é pistis, cujo verbo é pisteuein.

Infelizmente, o substantivo latino fides, o correspondente a pistis, não tem verbo e assim, os tradutores latinos se viram obrigados a recorrer a um verbo de outro radical para exprimir o grego pisteuein, ter fé. O verbo latino que substituiu o grego pisteuein é credere, que em português deu crer. Nenhuma das cinco línguas neo latinas — português, espanhol, italiano, francês, rumeno — possui verbo derivado do substantivo fides; fé; todas essas línguas são obrigadas a recorrer a um verbo derivado de credere. Ora, a palavra pistis ou fides significa originariamente harmonia, sintonia, consonância. Ter fé é estabelecer ou ter sintonia, harmonia entre o espírito humano e o espírito
divino.”

Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia

Para o ilustre filósofo, aí está um dos maiores problemas que em muito vem prejudicando a teologia e, para explicar a diferença de significado entre uma coisa e outra, estabelece ele o seguinte paralelo ilustrativo: “Um receptor de rádio só recebe a onde eletrônica emitida pela estação emissora, quando o receptor está sintonizado ou afinado perfeitamente com a freqüência da emissora. Se a emissora, por exemplo, emite uma onda de freqüência 100, o meu receptor só reage a essa onda e recebe-a quando está sintonizado com a freqüência 100. Só neste caso, o meu receptor tem fé, fidelidade, harmonia; fideliza com a emissora”. 

Dentro desse contexto, “se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia. Esse homem pode, em teoria, aceitar que Deus existe e, apesar disso, não ter fé. Ter fé é estar em sintonia com Deus, tanto pela consciência como também pela vivência, ao passo que um homem sem sintonia com Deus pela consciência e pela vivência, pela mística e pela ética, pode crer vagamente em Deus. Crer é um ato de boa vontade; ter fé é uma atitude de consciência e de vivência”, argumenta o professor Rohden. 

Salvação não é outra coisa senão a harmonia da consciência e da vivência com Deus. 

Para ele, a conhecida frase “quem crer será salvo, quem não crer será condenado”, é absurda e blasfema no sentido em que ela é geralmente usada pelos teólogos. No entanto, “se lhe dermos o sentido verdadeiro ‘quem tiver fé será salvo’ ela está certa, porque salvação não é outra coisa senão a harmonia da consciência e da vivência com Deus”. 

Em sua opinião, de sincero buscador, erudito e filósofo espiritualista “a substituição de ter fé por crer há quase 2000 anos, está desgraçando a teologia, deturpando profundamente a mensagem do Cristo”. 


Consciência Espírita 

Centro de Estudos Espíritas Paulo Apóstolo 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

Dr. Cyro Masci

artigo gentilmente cedido para cópia pelo Dr. Cyro  Masci

EMAIL:cyromasci@regra.com.br

O sobrevivente Por que eu? Fases do trauma Sintomas Como sobreviver? Como auxiliar o sobrevivente Tratamento especializado O SOBREVIVENTE

Sobreviver a uma catástrofe é uma das coisas mais difíceis que se pode imaginar. Há muitos anos, situações de desespero eram mais comuns, e muitas famílias optavam por ter muitos filhos, porque a chance de que alguns deles viessem a morrer era alta. Epidemias devastavam cidades, as guerras eram frequentes, e episódios de violência mais comuns. A vida enfim era um esperado vale de lágrimas.

Atualmente a coisa mudou. Não é incomum que uma pessoa atravesse a vida inteira sem enfrentar uma tragédia. Não se trata do fato de que problemas e crises deixaram de acontecer. Eles acontecem, como a perda do emprego, a dificuldade financeira, algumas doenças em família, familiares idosos que falecem.

Mas lá pelas tantas algumas pessoas são submetidas a uma experiência excepcionalmente ruim, como a perda inexplicável de um filho, ser vítima de um incêndio, estupro ou sequestro. Para algumas pessoas episódios como a perda de emprego, ser espancado ou preso, ou mesmo um processo judicial pode ser vivenciado como uma extraordinária catástrofe, e sofrem da mesma maneira.

As pessoas que sobrevivem a essas catástrofes apresentam um quadro que se chama Estresse Pós Traumático, e é dele que estamos tratando.

POR QUE EU?

Essa é a pergunta que todas as pessoas que passaram por experiência particularmente traumática fazem. Não há uma resposta pronta     e essa pergunta costuma ecoar dentro da cabeça por um longo tempo. Quanto é esse tempo? Se a experiência traumática for leve, de 3  a 6 meses. Uma perda de um parente próximo, de 6 meses a 2 anos. E infelizmente para traumas mais devastadores, anos a fio ou a vida inteira. Em geral os sintomas tem início nos primeiros 3 meses após o evento, mas pode acontecer desse intervalo chegar a muito mais tempo, às vezes anos.

Pacientes com câncer costumam desenvolver uma sequência de reações já bastante conhecida. E não são apenas as pessoas com esse tipo de problema. Muitas pessoas que passam por um trauma passam por um processo que segue determinadas fases. Vamos a elas:

FASE I

A Notícia: Você fica sabendo da grande mudança na sua vida. É uma ameaça ao seu equilíbrio. A reação mais comum é a de negação. "Não pode ser verdade, não comigo!". A maioria das pessoas passa por essa fase num estado de letargia, como se a coisa toda não fosse com ela.

FASE II

Primeiro Contato: A pessoa começa lentamente a perceber o que se passa. Pode achar assustador e irritante, ou mesmo agradável e excitante. Esse é um primeiro contato com a realidade, e suas impressões não devem ser levadas inteiramente a sério. Por isso, é importante que a pessoa saiba que possivelmente irá mudar de opinião, e não deve ter nenhum compromisso com esses sentimentos iniciais. Isso é mais difícil quando a pessoa inicialmente fica até animada e com o passar do tempo começa a mudar sua visão.

FASE III

Para sair dessa vou...: A maioria das pessoas começa a tentar uma solução improvisada. Pode querer barganhar com alguma   divindade. Pode achar que o pior já passou e que vai sair dessa fácil, fácil! O problema dessa fase é que a pessoa ainda não entrou em contato integral com a dura realidade. Pode estar querendo evitar o sofrimento de ver a real dimensão da crise e achar uma saída em  que haja pouco ou nenhum prejuízo. O sonho de sair por cima de tudo e de todos! Um mito que custa muito caro, já que é apenas quando percebemos nossa fragilidade e nossa parcela de responsabilidade no que se passa que crescemos. É somente quando adquirimos consciência das nossas deficiências e azares que conseguimos ter uma saudável humildade. Para quem se arrepia com essa palavra, vale lembrar que ela tem o mesmo radical que húmus, que significa terra fértil, propícia para   crescimento...

FASE IV

Dureza!!! "É péssimo! Não há nenhuma esperança! Só podia acontecer comigo mesmo, que sempre fui um azarado na vida. Eu não mereço! Ou melhor, mereço sim... Eu não vou aguentar! É muito doloroso. Demais..." Nessa fase, a pessoa entra em contato integral com a dor das perdas. Fica face a face com o inevitável. É o momento decisivo, que antecede a vitória final. Aceitar o inevitável, aceitar a perda, aceitar que nem sempre se vence, aceitar que a vida é assim mesmo. A sabedoria nessa fase é parar de procurar culpados, causas para o que aconteceu, aguentar o baque e ver o que se pode fazer depois disso tudo.

FASE V

A vida continua... "É duro, mas parece que já estou conseguindo superar. No final, acho que tudo vai dar certo. Eu posso aguentar isso!" O ciclo começa a terminar. Um pouco mais de tempo e as perspectivas de um futuro melhor recomeçam. Em outras palavras, volta a existir esperança. Toda pessoa sai com algumas feridas, algumas mais abertas, outras já cicatrizadas. Vale destacar o que muitos não percebem: o indivíduo acabou por sair crescido, mais adulto, mais sábio, melhor preparado para a vida! Aumentou de maneira extraordinária seu arsenal para resolver problemas no futuro, além de possivelmente adquirir maior sensibilidade para ajudar outras pessoas em  dificuldades

SINTOMAS

Algumas vezes esse processo não termina tão bem assim. Seja porque a experiência foi traumática demais, ou a pessoa já possuía dificuldade anterior em encarar dificuldades, o tempo começa a passar e alguns sintomas começam a se tornar mais estáveis. São eles:

Culpa - muitas vezes culpa por ter sobrevivido, ou pelas coisas que teve que fazer para sobreviver; Ansiedade - em geral a vítima evita as situações que lembram o trauma, tem dificuldade para adormecer, assusta-se com facilidade; Depressão - muitas vezes perda das crenças, sensação de inutilidade, vergonha, desespero ou desamparo, além de retraimento para a vida social e um certo entorpecimento para a vida. ; Revivendo - Com muita frequência o sobrevivente volta a lembrar do trauma, seja em episódios de flashback que invadem a mente, seja em sonhos. Algumas vezes ocorre exatamente o oposto e o sobrevivente não consegue se lembrar de nada. ;

COMO SOBREVIVER?

Episódios realmente catastróficos, como um estupro, sequestro, acidente de avião ou perda de um filho, trazem uma dor enorme e absolutamente compreensível. E já existem inúmeros estudos que apontam para uma boa melhora se a pessoa conseguir falar a    respeito de suas dificuldades e de seu sofrimento. É imperativo ventilar o que se está pensando, pois só assim haverá a oportunidade de se ver o problema sob perspectivas que você não havia pensado, e que possivelmente não irá ver se não falar.

E essas novas perspectivas não vem necessariamente do que a outra pessoa lhe fala, mas sim do próprio ato de colocar os pensamentos para fora. Não adianta achar que já está pensando bastante a respeito. Falar é muito diferente do que pensar.

Se a pessoa que você resolveu se abrir não for um profissional, talvez seja interessante verificar se ela possui capacidade para tolerar a angústia alheia. Uma rápida olhada no passado de seu relacionamento possivelmente lhe dará a resposta: essa pessoa foi capaz de tolerar as dificuldades dos outros ouvindo antes de dar sua opinião, ou é um poço de bons conselhos, que na verdade tentam apenas fazer o outro ficar quieto?

Você também poderá procurar um ouvinte profissional, como um psiquiatra, um psicólogo ou um assistente social. Mas esteja certo de que o profissional sabe como agir em situações de crise pessoal. A menos que você deseje aproveitar a oportunidade, torne explícito que você não está procurando um tratamento prolongado, mas alguém que o auxilie a pensar melhor. De qualquer modo deixe bem claro o que você procura e esteja certo de que o profissional aceitou esse papel.

Ao falar sobre o episódio traumático, em geral as vítimas tem como resultado imediato uma certa depressão. Mas com o passar do tempo, quem teve oportunidade de desabafar tem uma redução em torno de 50 % de doenças físicas relacionadas ao estresse e uma melhora considerável de seu sistema imunitário.

Seja um amigo, seja um profissional, é certo de que o apoio situacional eficiente é sempre muito útil, e pode ser muito eficiente se certos tópicos forem lembrados.

COMO AUXILIAR O SOBREVIVENTE

O que uma pessoa, profissional ou não, precisa lembrar no momento em que está com um sobrevivente? Lembre-se especialmente de que apoiar não é palpitar. Apoiar é tolerar: O princípio fundamental que deve ser lembrado é o de que o caminho a ser percorrido não    é um linha reta, e não pode ser um círculo vicioso. O que se procura é uma caminho com altos e baixos, mas no qual se caminha para a frente.

Quando a pessoa se encontra no alto, procura-se incentivar na busca de soluções concretas ou medidas para o futuro. Quando na     baixa, tolera-se a angústia e permite-se um saudável extravasar de sentimentos, especialmente os temores. Algumas medidas específicas incluem:

Não entrar na conspiração do silêncio: fazer de conta que tudo está bem é o que de pior pode ocorrer. Há uma crise a ser solucionada. Existem emoções confusas a serem vistas.

Estimular a pessoa a falar, facilitando o desabafo, procurando tolerar a mágoa e a irritação. É preciso tocar com cuidado no não dito, nos temores racionais e irracionais. Fazendo isso, a pessoa estará conseguindo extravasar sua angústia sem precisar achar um bode expiatório.

Não querer e não exigir soluções de uma única vez. É preciso ajudar a pessoa a enfrentar a crise em doses controláveis.

Tomar cuidado para não incentivar o silêncio e o recolhimento com frases como "foi a vontade de Deus" ou "a vida deve continuar", que na realidade são ordens para quebrar os verdadeiros sentimentos e substitui-los por frases feitas. Em geral indicam dificuldade pessoal de quem está ouvindo.

É comum a fantasia de que a pessoa possa estar perdendo o juízo, ficando louca. Quando possível, aproveitando uma pergunta direta ou uma outra deixa, afirme ao indivíduo que isso não é verdade.

Não estimular soluções mágicas. Se a pessoa tiver uma fé religiosa, ótimo. Se acreditar que estará recebendo auxílio superior, melhor ainda! O que se está tentando evitar é que o indivíduo abandone sua obrigação de achar a saída da crise com uma barganha mística, ou então passando a sua responsabilidade de viver a alguma entidade superior.

Não acreditar em fortalezas. Ninguém sai impune de uma crise. É melhor não acreditar que está tudo bem, porque certamente não está. Estimule o desabafo.

Ser moderado nos empurrões. É muito comum que o indivíduo que está ouvindo resolva dar um chacoalhão, estimulando a pessoa a agir, a não ficar se lastimando. Em geral quem está sob uma crise encontra-se deprimido, e é muito frequente que indivíduos depressivos busquem punições de maneira inconsciente. Quem ouve sente sua angústia diminuir através dos berros. E quem tem o problema parece melhorar, mas não porque achou a saída, e sim por ser   punida!

A postura de quem se propõe a ouvir deve ser a de oferecer o ombro de igual para igual, mostrando que tem fé na capacidade do indivíduo superar a crise.

Promover apoio ambiental, não acreditando que a pessoa não está precisando de nada. O ideal é agir com descrição, não permitindo que a pessoa se sinta inútil, fraca ou incompetente.

E se houver dúvida sobre falar ou não falar, é melhor calar. O princípio é tolerar a ansiedade nos momentos em que o indivíduo está por baixo. E estimular à busca de soluções (que não são necessariamente ações imediatas) quando se está por cima. A ideia do caminho com altos e baixos, mas em que se caminha para frente, não deve ser esquecida.

Lembre-se do princípio do armário de cozinha: quando a louça despenca de lá de cima, haverá um momento de aflição, mas será necessário jogar fora o que está irremediavelmente perdido e aproveitar o que está intacto. A partir daí seguir a vida com o que ela oferece de bom.

TRATAMENTO ESPECIALIZADO

As medidas apontadas são excepcionalmente úteis, em especial se aplicadas ao sobrevivente logo após o episódio traumático. Mas se os sintomas persistirem, convém procurar um auxílio médico, com um psiquiatra. Atualmente os medicamentos antidepressivos podem auxiliar um pouco, mas quando administrados de modo isolado, tem sua utilidades bastante diminuída. Já a associação de medicamentos com terapia comportamental dão resultados bem melhores. A técnica que melhor tem apresentado resultados são uma combinação de inoculação de estresse com exposição prolongada. Essas técnicas devem ser aplicadas exclusivamente por profissionais habilitados, mas quando bem administradas chegam a diminuir acentuadamente os sintomas do Estresse Pós Traumático em 80 %   após 9 a 10 sessões.

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terça-feira, 18 de outubro de 2016

VARIAÇOES DE HUMOR

VARIAÇÕES DE HUMOR

Richard Simonetti

-Eu estava muito bem, saudável, animado...De repente, sem motivo palpável, caí na “fossa" - uma angústia invencível, uma profunda sensação de infelicidade, como se a vida não tivesse mais graça...

Queixas assim são frequentes nas pessoas que procuram o Centro Espírita. Nesse estado toma corpo, não raro, a ideia de que a morte   é a solução.

Conversávamos, certa feita, num hospital, com um rapaz que tentara o suicídio ingerindo substância tóxica. Socorrido a tempo, amargava sofrida recuperação.

Tentamos definir o motivo de tão grave iniciativa:

- Alguma desilusão sentimental?

- Absolutamente. Não tenho namorada.

- Problemas familiares?

- Pelo contrário. Dou-me muito bem com meus pais e irmãos.

- Perdeu o emprego?

-Trabalho há anos na mesma firma. O patrão parece contente comigo.

- Então, o que foi?

- É que eu estava entediado de viver. Entrei em estado de tristeza e achei que seria melhor morrer.

- Já se sentiu assim, anteriormente?

- Sim, de vez em quando...

*****

Em psicologia o paciente poderia ser definido como ciclo tímico, alguém com temperamento sujeito a variações intensas de humor - alegria e tristeza, euforia e angústia, serenidade e tensão. Tem períodos de grande energia, confiança, exaltação, alternados com aflições. Muita disposição e iniciativas hoje; amanhã temores e inibições.

Os períodos negativos podem prolongar-se, instalando a depressão, a exigir tratamento especializado na área da psiquiatria. Como ela se alterna com estados de euforia, em que o paciente parece totalmente recuperado, sem que nada tenha ocorrido para justificar a mudança de humor, emprega-se a expressão "depressão endógena", algo que tem sua origem nas tendências constitucionais herdadas, algo que faz parte da personalidade do indivíduo.

Há uma retificação a fazer. A tendência à depressão é uma herança, realmente, não de nossos pais, mas de nós mesmos, porquanto as características fundamentais de nossa personalidade representam, essencialmente, a soma de nossas experiências em vidas   pretéritas.

O que fizemos no passado determina o que somos no presente. Poderíamos colocar em dúvida a justiça de Deus se assim não fosse, porquanto é inadmissível, além de não encontrar respaldo científico, a existência de uma herança psicológica embutida nos elementos genéticos.

O que pesa sobre nossos ombros, favorecendo os estados depressivos, é a carga dos desvios cometidos, das tendências inferiores desenvolvidas, dos vícios cultivados, do mal praticado. Há pessoas que, pressionadas por esse peso mergulham tão fundo na angústia que parecem cultivar a volúpia do sofrimento, com o que comprometem a própria estabilidade física, favorecendo a evolução de desajustes intermináveis.

***** De certa forma somos todos ciclotímicos, temos variações de humor, sem que isso se constitua num estado mórbido: hoje em paz com a vida; amanhã brigados com a humanidade. Nas nuvens por algum tempo; depois na   "fossa".

E nem sempre, como ocorre com o paciente ciclotímico, há justificativa para essa alternância. Pelo contrário: frequentemente nosso humor opõe-se às circunstâncias, como o indivíduo plenamente realizado no terreno afetivo, social e profissional que, não obstante, experimenta períodos de angústia; no outro extremo, o doente preso ao leito, padecendo dores e incômodos, que tem momento de indefinível alegria e bem - estar.

Essa ciclotímia guarda relação com os processos de influência espiritual. Estados depressivos podem originar-se da atuação de Espíritos perturbados e perturbadores, que consciente ou inconscientemente nos assediam. Popularmente emprega-se o termo "encosto" para esse envolvimento.

Por outro lado, os estados de euforia, sem motivo aparente, resultam do contato com benfeitores espirituais que imprimem em nosso psiquismo algo de suas vibrações alentadoras.

-Hoje estou em estado de graça. Acordei bem disposto, feliz , sem nenhum "grilo" na cabeça - diz alguém , sem saber que tal disposição é fruto de ajuda recebida no plano espiritual durante as horas de sono físico , favorecendo-lhe um "alto astral".
*****

Importante lembrar, também, o ambiente como fator de indução que pode precipitar estados de depressão, ou euforia.

Num velório, onde os familiares do morto deixam-se dominar pelo desespero, em angústia extrema, marcada por gritos e choro convulsivo, muitas pessoas se sentirão deprimidas, porquanto os sentimentos negativos são tão contagiosos como uma gripe. Se não possuímos defesas espirituais tenderemos a assimilá-los com muita facilidade.

Inversamente, comparecendo a uma reunião de cunho religioso, onde se cultua a prece, no empenho de comunhão com a Espiritualidade, ouvindo exortações relacionadas com a virtude e o bem, experimentaremos maravilhosa sensação de paz, como se houvéssemos ingerido milagroso elixir.

Há outro aspecto muito interessante, abordado pelo Espírito François de Genève , no capítulo V , de "O Evangelho Segundo o Espiritismo":

"Sabeis porque, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que o vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia e vos julgais infelizes.

"Crede-me, resisti com energia a essas impressões, que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor; mas, não a busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que lê vos reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação, para vos ajudar a romper os liames que vos mantém cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante o vosso degredo na Terra, tendes que desempenhar uma missão de que não suspeitais, quer dedicando-vos à vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou. Se, no curso desse degredo-provação , exonerando-vos dos vossos encargos , sobre vós desabarem os cuidados , as inquietações e tribulações , sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que, jubilosos por ver-vos de novo entre eles, vos estenderão braços , a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra."
*****

Podemos concluir, em resumo, que a ciclotimia de nossa personalidade ocorre em função de pressões ambientes, de influências espirituais, do peso do passado e das saudades do além.

E como superar as variações de humor, mantendo a serenidade e a paz em todas as situações?

É evidente que não a faremos da noite para o dia, como quem opera um prodígio, mesmo porque isso envolve uma profunda mudança em nossa maneira de pensar e agir, o que pede o concurso do tempo.

Considerando, entretanto, que influências boas ou más passam necessariamente pelos condutos de nosso pensamento, podemos começar com o esforço por disciplinarmos nossa mente, não nos permitindo ideais negativas.

O apóstolo Paulo, orientando a comunidade cristã, em relação aos testemunhos necessários, ressalta bem isso, ao proclamar, na Epístola aos Filipenses (4:8):

"Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento".

(Página extraída da obra Espírita: “Uma Razão Para Viver”)


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