George Abreu de Sousa
As manifestações espirituais são lembranças de Deus, verdadeiros alertas da existência de vida inteligente nos planos paralelos ao que vivemos.
Essas demonstrações do Espírito fazem muitas pessoas repensarem o seu modo de ver o mundo; para outras, essas evidências não são suficientes para qualquer mudança.
Por decisão do Governador da Terra, veio ter entre os encarnados aquele que ficaria conhecido por Allan Kardec. Foi quem nos mostrou a estrutura física dos Espíritos, o que fazem, quais efeitos provocam na nossa vida, quais as suas diferenças evolutivas, e ainda nos surpreendeu com a revelação de uma perfeita meritocracia nos diversos planos espirituais.
Kardec mostrou que os Espíritos são os habitantes de todo o Universo e estão completamente integrados aos planetas físicos a que historicamente se vinculam.
Na Terra, esses seres invisíveis aos olhos físicos estão em toda parte, movimentando-se num intenso vai e vem, na busca dos seus diversos afazeres, concentrados em trabalhos específicos, havendo entre eles, como entre nós, os desocupados, os vulgares e brincalhões, os maus e até os criminosos. Não podemos nos queixar da própria Humanidade que formamos, com nossos descasos e conhecidas histórias de crueldades.
Compreendeu-se que esse intercâmbio não descansa, e sua intensa atuação acontece, diariamente, na vida de religiosos, de ateus, de pessoas comuns, sendo a interferência psíquica uma realidade para todos.
Curioso o que assinalou Lucas, discípulo e companheiro de viagem de Paulo, na segunda parte do seu Evangelho, posteriormente denominada Atos dos Apóstolos, no capítulo 5, versículo 16:
E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados.
Emmanuel estuda essa passagem no livro Pão Nosso (ed. FEB, psicografia de Chico Xavier), na lição 175, intitulada Tratamento de obsessões. Ele nos diz: A igreja cristã dos primeiros séculos [...] era viva, cheia de apelos e respostas. Semelhante a ela, o Espiritismo evangélico abre hoje as suas portas benfeitoras a quem sofre e procura caminho salvador.
Assinala ainda o instrutor: É curioso notar que o trabalho enorme dos espiritistas de agora, no socorro às obsessões complexas e dolorosas, era da intimidade dos apóstolos. Eles doutrinavam os Espíritos perturbados, renovando pelo exemplo e pelo ensino, não só os desencarnados sofredores, mas também os médiuns enfermos que lhes padeciam as influências.
Pelas palavras de Emmanuel, as instituições espíritas estão fazendo o seu papel. As reuniões espíritas fortalecem ainda mais as aptidões dos médiuns, permitindo uma intensa manifestação espiritual, favorecendo a observação, o estudo e o tratamento de atormentados.
Entretanto, a obsessão continua sendo um problema grave fora das fronteiras das Casas Espíritas, tanto para desconhecedores da Doutrina como para grande parte dos espíritas, e até mesmo para participantes das reuniões de desobsessão. Recai sobre os leigos a atenuante da ignorância no assunto, mas os espíritas não podem ser invigilantes, pois toda distração terá como consequência encontros frequentes com Espíritos que não se distraem, quando o objetivo é o de causar sofrimento. Aos espíritas, o ônus do conhecimento.
Lembremos os ensinamentos de Jesus: Porque a todo aquele a quem muito foi dado, muito será pedido, e ao que muito confiaram, mais contas lhe tomarão (Lucas, 12: 48).
Levando a vantagem das leituras explicativas, das palestras e estudos em grupo, o espírita reúne um cabedal de informações que não se coaduna com deslizes vulgares, com vícios grosseiros, com conversas de natureza inferior, sob pena de ter sua fragilidade aproveitada por entidades que lhe atendem ao campo vibracional.
Quando, de verdade, admitirmos a possibilidade da obsessão vir também sobre nós, teremos mais cautela e deixaremos de ser as presas fáceis que somos.
Façamos um breve alerta: os lamentos, os murmúrios, os suspiros, expressam contrariedades à vida e suas provas. As reclamações íntimas e sucessivas não são inofensivas, pois acabam por desarmar poderosas forças protetoras. A negatividade vai tomando forma gradativamente e acaba por se imantar à criatura.
Deve-se prestar especial atenção, relendo até a real compreensão, o capítulo 5 de O Evangelho segundo o Espiritismo, no seu item 18, onde o benfeitor Lacordaire ensina:
O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem.
Ao contrário do que vulgarmente se pensa, o desânimo não é um direito que a pessoa disponha, mas uma falta.
Pelas Leis, a covardia em enfrentar as dificuldades impostas pelos desígnios superiores é uma atitude que pode custar a supressão da ajuda dos benfeitores. Isso acontecerá se não houver merecimento, uma atenuante em todas as circunstâncias da vida.
Não havendo méritos suficientes, os vínculos de afinidade indesejáveis começam a ser estabelecidos, dentro da área de fragilidade de cada um. Sem a proteção, o campo espiritual ficará aberto para os vampirizadores, atraídos pela atmosfera psíquica do desânimo. Surgem os espíritos galhofeiros, os trapaceiros, os viciados de todas as naturezas, sempre tentando tentando criar as situações de constrangimento e a consequente perda da autoestima.
Inúmeros e graves problemas tiveram início em almas que se deixaram enfraquecer por pensamentos e palavras de desânimo.
De desanimado a irritado é tênue a fronteira de separação. Depois de afastadas as forças espirituais que apoiam a criatura, restará sua própria energia, mas essa, já em colapso pelas sugestões negativas, cederá ao cansaço e à irritação. Nessas circunstâncias, uma pessoa, mesmo sem ter uma índole má, fará maldade, pois seu psiquismo estará rodeado de sugestões negativas.
Sintonizar com entidades sombrias significa desfecho imprevisível, sempre ruim. Existem criaturas malfazejas que gostam de disseminar a discórdia, de criar o clima de animosidade entre as pessoas, pois sabem que isso sempre trará algum lucro aos seus objetivos de desordem, talvez até um resultado criminoso. Se essa atração se fizer com espíritos mais sutis e com maior poder de influência, as complicações poderão ser ainda de maior monta. Há espíritos que gostam de mandar, de ter as criaturas sob sua ordem, na condição de serviçais humilhados, atendendo a seus caprichos de natureza inferior.
Os romances espíritas frequentemente mostram os benfeitores aconselhando o fortalecimento da vontade, pois sabem que o desânimo é falha de grande magnitude, com danos no equilíbrio emocional do indivíduo.
O combate ao desânimo é excelente estratégia pessoal.
Com o esforço pela energia da coragem, diante dos próprios desafios, os milagres acontecem: a criatura adquire confiança no seu trabalho, na sua capacidade, sem que a natural necessidade de sobrevivência ofenda o direito de ninguém.
Tendo o psiquismo da coragem como um aliado no enfrentamento da vida, as boas ideias fluirão e, na nossa consciência, o mérito pelo acerto pesará mais que o demérito pelo erro.
Com coragem, nosso coração agradecido terá o justo sentido do que possuímos, e devido a esse estado de realização, nos libertaremos de qualquer influência que possa obstruir nosso prazer de viver.
Guardando a bênção recebida para si somente, o espírito, muitas vezes, apenas se adorna, mas, espalhando a riqueza de que é portador, cresce constantemente.
Fonte viva Emmanuel
SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
Boletim SEI: E-mail: boletimsei@gmail.com
Edição 2260 Maio 2016
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