BOA NOVA
D. Villela
Questionam os estudiosos o período escolhido pelo monge Dionísio, o
Pequeno, no século VI d.C., como sendo o do nascimento de Jesus e início da era
cristã, que, segundo aqueles especialistas, deveria recuar cerca de quatro
anos. Não é difícil, no entanto, reconhecer a importância relativa dessa
precisão ante a grandeza da missão de Jesus, pelo que os orientadores
espirituais em seus comentários sobre o Natal, destacam sempre a extraordinária
significação da Boa Nova para a evolução da Humanidade.
Observando-se o fato em perspectiva, é possível identificar a cuidadosa
preparação que o antecedeu e que incluiu a unidade administrativa do Império
Romano, possibilitando a livre circulação de pessoas e ideias por todo o seu
vasto território; o idioma grego, espalhado cerca de 300 anos antes por
Alexandre, o Grande, em toda a costa do Mar Mediterrâneo e conhecido também
pelas pessoas mais cultas; a excelência da mensagem trazida pelo Mestre, que
nos falava do Pai, amoroso e justo, e do mundo espiritual que nos envolve e ao
qual também pertencemos por nossa própria natureza e, por fim, o extraordinário
valor dos seus primeiros divulgadores, espíritos de escol, que não vacilavam
ante o sacrifício de suas vidas por fidelidade a Jesus, condições estas que
possibilitaram estivesse a mensagem cristã, em algumas poucas décadas,
espalhada nos territórios dominados pelos romanos, e isto sem qualquer apoio
material, enfrentando, não raro, incompreensão e hostilidade e sem dispor dos
modernos meios de comunicação de massa.
Todos sabemos dos desvios posteriores do movimento cristão, que se
afastou da simplicidade e autenticidade originais, adotando o culto externo,
ligando-se ao poder humano e praticando, mais tarde, extensamente, a opressão e
a violência, devendo ressaltar-se, no entanto, que tal não se deveu a alguma
deficiência da mensagem cristã, mas à nossa imaturidade espiritual,
perfeitamente conhecida pelo Mestre que, aliás, prometeu a vinda do Consolador
para lembrar-nos o que Ele dissera e trazer-nos novos ensinamentos.
É interessante e instrutivo, por outro lado, observar que a chegada da
Boa Nova, desde a manjedoura humilde até a crucificação, absurda e cruel,
realizou-se sem qualquer alarde, desconhecida pelos poderosos da época, apenas
notada e hostilizada pelos integrantes do Sinédrio judaico, por ameaçar com
suas propostas de religiosidade verdadeira, as vantagens e privilégios de que
desfrutavam. Esse período apresenta, contudo, lições de valor permanente para
os seguidores de Jesus em todas as épocas, cujo esquecimento acarreta,
fatalmente, o insucesso de qualquer ação no bem: simplicidade, sinceridade,
desinteresse pessoal, a organização como meio e a mensagem como finalidade.
Interessante assinalar, por fim, que o ciclo, só recentemente elaborado
e popularizado pela administração: planejar, executar, avaliar e corrigir
desvios, iniciando, então, novo ciclo, é perfeitamente identificável nesse
processo. É assim que a Espiritualidade Superior trabalha, sem esquecermos de
que ao lado da racionalidade e objetividade desse procedimento, temos a
permeá-lo, constantemente, o sentimento do amor, que acrescenta outra dimensão
àquelas quatro etapas, cuja sucessão nos conduz à felicidade no alinhamento de
nossas vidas com as Leis Divinas, que nos ensinam a construir invariavelmente o
bem de todos, logo, também nosso, na criação da alegria e da paz para todos,
percebidas, igualmente, como também nossas.
SERVIÇO ESPÍRITA DE
INFORMAÇÕES
Boletim SEI: E-mail: boletimsei@gmail.com
Dezembro 2012 – no 2219
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