AS CARTAS DE CHICO XAVIER
Três mortes, três acusados, três absolvições e três testemunhos de que
a vida continua após a morte. As histórias aconteceram entre 1976 e 1980, em
Mato Grosso do Sul e Goiânia, mas chamaram a atenção do mundo mais uma vez para
a mediunidade de Francisco Cândido Xavier e para um fato até então inédito na
história da Justiça: a absolvição de três acusados de assassinato mediante o
depoimento de suas próprias vítimas através de cartas psicografadas, anexadas
aos processos.
Os casos foram relembrados em 4 de novembro, no programa “Linha direta
justiça”, da TV Globo, no episódio “As cartas de Chico Xavier”, cuja exibição
foi anunciada com destaque por diversos jornais, dentre os quais o jornal
“Extra”, do Rio de Janeiro, em 31 de outubro. A reportagem, das jornalistas
Vivianne Cohen e Ana Bárbara Elias, ouviu alguns dos envolvidos, dentre os
quais João Marcondes, levado a julgamento após matar com um tiro acidental, em
sua casa, em Campo Grande (MS), a esposa Gleide Maria Dutra, Miss Campo Grande
1975.
“Acho
que fui um instrumento de Deus para mostrar a todos que existe vida após a
morte” – disse Marcondes, que após o acontecido tornou-se espírita e deu o nome
de Gleide a uma de suas filhas do segundo casamento. “A personalidade das duas
é muito parecida. É como uma volta ao passado” – afirmou.
Antes de Marcondes, contudo, a polêmica quanto ao uso de cartas
psicografadas em questões legais já havia se instalado, com o julgamento de
dois casos. O primeiro o de Henrique Gregoris, morto em 1976, aos 23 anos, por
João França após uma brincadeira de roleta-russa; e o segundo, de Maurício
Garcez, de 15 anos, assassinado pelo amigo José Divino Nunes, de 18, por
disparo acidental de arma de fogo. A absolvição de Divino veio também pelas
mãos do juiz Orimar de Bastos, recebendo confirmação do júri depois que o
Ministério Público entrou com recurso.
“Tenho a convicção de que fiz justiça” – declarou Orimar de Bastos, que
não é espírita e na ocasião sofreu perseguição dos colegas de profissão. O juiz,
hoje aposentado, contou um fato curioso por ele vivido ao redigir a primeira
sentença.
“Havia batido à máquina as considerações iniciais e me lembro de ouvir
o relógio da cidade (Piracanjuba) bater 21 horas. Não sei se entrei em transe,
mas, quando dei por mim, estava escutando as badaladas das 24 horas. E a
sentença estava pronta. Não me recordo de ter redigido nada. Levei um susto. Havia
escrito, além das três páginas das quais me lembrava, seis sem sentir. E quando
a gente batia à máquina, era comum cometer alguns erros de datilografia, mas
nas últimas folhas não havia nenhum. Fiquei intrigado e resolvi ir embora. No
dia seguinte, ao me sentar no ônibus para reler a sentença antes de
pronunciá-la, acabei dormindo. Eu havia absolvido o rapaz” – revelou.
A explicação para o fato, inclusive sobre o seu envolvimento nos dois
casos, só veio depois, quando se encontrou com Chico Xavier. O médium mineiro
psicografou uma mensagem do juiz Adalberto Pereira da Silva, desencarnado em
1951, na qual revelava a Orimar que a sua transferência para Goiânia havia sido
planejada pelo Plano Espiritual, para que também pudesse atuar no caso do
Divino.
O ex-juiz hoje ministra palestras em Goiânia sobre o caso e se prepara
para lançar um livro no qual contará a história de sua decisão.
SERVIÇO ESPÍRITA DE
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Sábado, 20/11/2004 - no 1912
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