CONSUMO RESPONSÁVEL
D. Villela
Embora a riqueza, ou seja, a concentração de recursos nas mãos de
determinada pessoa (ou de algumas poucas pessoas), seja bem conhecida desde a
Antiguidade, o consumo em escala maior, como ocorre hoje, é fenômeno moderno,
associado à produção, diversificação e constante melhoria de bens e serviços
observadas após as revoluções comercial e industrial que alteraram
profundamente a economia mundial.
Todos sabemos que a pobreza e até a miséria atingem ainda extensas
populações, numa situação vergonhosa e inaceitável em uma sociedade que se
afirma conhecedora de valores e direitos humanos, que figuram, aliás, em
documentos aceitos e firmados pela comunidade das nações (as Declarações de
Direitos). Tal conjuntura é tão mais aberrante quando se sabe existirem já
condições técnicas e recursos que, convenientemente direcionados, permitiriam
reverter, em tempo relativamente curto, esse quadro, que somente se explica
pela presença do egoísmo que ainda prepondera no relacionamento humano. O ainda
na frase anterior provém do fato de constatar-se, já há algum tempo, o
surgimento de movimentação em sentido contrário, que levou à criação de
organismos internacionais e ao estabelecimento de metas (os Objetivos do
Milênio) com vistas à mudança dessa situação dolorosa.
Mas... nas áreas já beneficiadas por condições materiais melhores outra
manifestação existe, igualmente danosa, de egoísmo e imaturidade, que se
caracteriza justamente pelo oposto da carência: a tendência a adquirir-se e
acumular coisas não necessárias – o supérfluo – que, inutilmente, enche
armários e onera orçamentos. Precisamos, então, de cuidado, da vigilância de
que falou Jesus, pois a comunicação de massa nos envolve diariamente e
incentiva ao consumismo, ao associar aquisição e posse com felicidade, o que
todos sabemos não ser verdadeiro.
Não existe uma fórmula que permita estabelecer, com exatidão, o limite
entre necessário e supérfluo, que exige, assim, constante aplicação do
bom-senso. A propósito, contudo, um critério simples costuma ser lembrado:
quando determinada peça de vestuário ou equipamento não são usados por nós
durante dois ou mais anos, é provável que eles não sejam realmente necessários
e mereçam destinação mais útil.
Futuramente, quando o bem predominar na Terra, o equilíbrio entre
necessidade e suprimento se estabelecerá naturalmente, pois, se como lembrou
Jesus, as Leis Divinas alimentam os pássaros, não situados ainda no patamar da
razão, com mais propriedade cuidarão do homem, assegurando-lhe as condições
também materiais para a felicidade e o progresso.
Até lá, que possamos encontrar na simplicidade e na fraternidade
indicações seguras para sermos usuários responsáveis dos bens da vida.
“O Livro dos Espíritos” (questão 715).
SERVIÇO ESPÍRITA DE
INFORMAÇÕES
Boletim SEI: E-mail: boletimsei@gmail.com
Janeiro 2013 – no 2220
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