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quinta-feira, 7 de abril de 2016

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – VII

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – VII
POR ALLAN KARDEC
 As três revelações Moisés, Cristo, o Espiritismo Parte -1

CAPÍTULO I

NÃO VIM DESTRUIR A LEI


1 – Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim para destruí-los, mas para dar-lhes cumprimento. Porque em verdade vos digo que o céu e a terra não passarão, até que não se cumpra tudo quanto está na lei, até o último jota e o último ponto. (Mateus, V: 17-18).


O título do capítulo indica o seu objetivo, ou seja compreender que os ensinos de Jesus não contrariam as leis naturais ou divinas, embora contrariem as leis dos homens.

Para isso, Kardec decidiu estabelecer raciocínios em torno das três revelações: Moisés, Cristo e o Espiritismo.
Lembremo-nos que a palavra revelação significa " ato ou efeito de revelar, ou de revelar-se. Manifestação, prova, testemunho..." Revelar quer dizer " tirar o véu a; descobrir, declarar, fazer conhecer, divulgar.

Kardec considerou como revelações divinas e maiores na história da humanidade terrena os ensinos de Moisés, de Jesus e do Espiritismo.

Inicia seu estudo por Moisés, a primeira grande revelação, visto que sempre, em todas as épocas e em todos os lugares, em todos os povos há revelações divinas através de Homens que se manifestam à frente do seu tempo, em conhecimentos e vivências.

Iniciando pois, os raciocínios em torno de Moisés, ele esclarece a existência de duas partes bem distintas nas suas leis: a lei de Deus, recebida no monte Sinai e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por Moisés, portanto, lei humana, necessária à aquele povo, à aquela situação, à aquela época.

A primeira é para todos os tempos, para toda a humanidade da Terra, mudando-se apenas a sua aplicação e vivência na medida da evolução da inteligência, da sensibilidade e da moral dos homens.

A segunda é sempre variável, transformando-se, conforme mudam-se os costumes e hábitos dos homens que compõem essa comunidade, esse povo para o qual essas leis foram feitas. Assim, toda mudança realizada pela maioria dos homens de uma nação, transforma-se em lei civil, como mostra claramente a história de cada nação.

A lei de Deus está demonstrada nos Dez Mandamentos:

I - Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás deuses estrangeiros diante de mim. Não farás para ti imagens de escultura, nem figura alguma de tudo o que há em cima do céu, e do que há embaixo na terra, nem de coisa que haja nas águas, debaixo da terra. Não adorarás, nem lhes darás culto.

II - Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.

III – Lembra-te de santificar o dia de Sábado

IV - Honrarás a teu pai e a tua mãe, para teres uma dilatada vida sobre a terra que o Senhor teu Deus te há de dar.

V - Não matarás.

VI – Não cometerás adultério.

VII – Não furtarás.

VIII - Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

IX - Não desejarás a mulher do próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem outra coisa alguma que lhe pertença.

Estes mandamentos constituíram-se na base da justiça da legislação humana, na base do amor que viria mais tarde, caracterizando a revelação de Jesus.

A primeira revelação buscou auxiliar os homens no desenvolvimento da justiça no relacionamento entre os mesmos.

Todas as outras leis, que fazem parte de lei mosaica, foram feitas por Moisés para um povo atrasado, indisciplinado, subordinado durante muito tempo à leis estranhas a sua cultura, com anseios de liberdade, mas também acomodados aos costumes do povo que o subjugava. Se ainda hoje, a maior parte da humanidade procura satisfações imediatas, com dificuldades de trabalhar por resultados a médio e longo prazo, com todo o progresso científico, tecnológico, e também o da moral (embora bem menor) realizado pela inteligência do homem, imaginemos as dificuldades encontradas por Moisés na condução daquele povo, durante quarenta anos, para chegar à terra prometida!

Precisou então, impor leis rigorosas e severas para atingir o objetivo que era de todos, mas nem todos estavam preparados para as dificuldades e sacrifícios necessários. Deu a essas leis a autoridade divina para que pudessem aceitá-las. E deu a Deus características de severidade e de rigor terríveis (Talvez Deus fosse assim também percebido por ele, como saber?).

Somente a ideia de um Deus, Senhor dos Exércitos, que castiga seus inimigos e premia seus amigos, severo, terrível na sua vingança, na sua cólera, poderia, pelo temor, conservar a união entre eles em torno do objetivo de chegar à terra prometida, mantendo a sua crença em um Deus único.

As leis de Moisés eram leis humanas adequadas à um povo, naquela época e, portanto, tinham o caráter provisório como toda lei humana.

Mais de mil anos depois, vem Jesus, dizendo que não veio destruir a lei ou os profetas, veio dar- lhes cumprimento.

No capítulo XI deste livro, Kardec transcreve um texto de Mateus, XXII: 34-40, no qual Jesus responde aos fariseus que o maior mandamento da lei é " Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento." "E o segundo, semelhante a este é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." E acrescenta "Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas."

Alterou Jesus os dez mandamentos recebidos por Moisés? Não. Se bem observarmos, os dois primeiros referem-se a Deus, ao relacionamento entre os homens e Deus, aos seus deveres para com Ele; os outros referem-se ao próximo, ou seja ao relacionamento dos homens entre si, estabelecendo os deveres de cada um para com o outro.

Jesus portanto, esclareceu que para o cumprimento verdadeiro desses mandamentos, em toda a sua extensão e profundidade, é necessário amar ao próximo.

Jesus veio para dar cumprimento ao amor e à justiça divina, que não abandona seus filhos, mas os auxilia no seu desenvolvimento intelectual e moral, enviando Espíritos Maiores a fim de despertar a humanidade rebelde que, ainda hoje. Tem dificuldade em apreender as leis de Deus. Jesus foi o maior de todos!

Jesus alterou sim (e muito!) as leis civis de Moisés, porque já era hora de iniciar-se na Terra a Era do Espírito, onde os valores espirituais sejam discutidos, analisados, aprendidos e vivenciados. Só então, o mal desaparecerá da Terra e o Bem prevalecerá para sempre.

A grandeza da missão de Jesus é demonstrada nos seus ensinos, na sua vivência de plenitude do amor e da sabedoria, dando aos mandamentos recebidos por Moisés, a amplitude de entendimento não só da justiça, característica da primeira

Na frase: “O céu e a terra não passarão, até que não se cumpra tudo quanto está na lei, até o último jota e o último ponto.", fica bem expressa a idéia da necessidade do cumprimento da lei divina na Terra em toda a sua pureza e em toda a sua sabedoria. A lei do progresso é inexorável e força tudo e todos ao desenvolvimento do seu potencial.

Assim interpretada, essa vivência de todos nessa lei iguala toda a humanidade no mesmo destino: Deus é Pai de todos, contrariando a idéia de povo eleito acima de outros.

Os ensinos de Jesus são pois, para todos os homens, para todos os tempos, sendo seu entendimento ampliado com o desenvolvimento intelectual e moral dos homens.

Jesus veio ensinar a lei do amor e o caminho a ser trilhado no desenvolvimento desse amor no coração e na inteligência de todos os homens.

Ensinou também, que a verdadeira vida, não se encontra na Terra, onde a lei da destruição é ainda necessária, para que tudo se transforme e evolua. A vida verdadeira, para a qual todos caminhamos é a do Reino de Deus, onde os Espíritos puros vivem a vida espiritual, de amor e trabalho, pois disse Jesus: " Meu Pai trabalha incessantemente e eu também."


Jesus, o Espírito mais perfeito que veio à Terra, falou das leis divinas, muitas vezes claramente, outras de forma mais velada, para que permanecendo nos seus ensinos, pudessem ser, mais tarde, esclarecidas, quando a ciência, fruto da inteligência dos homens permitisse mais e melhor entendimento. Então, o homem, mais esclarecido, mais amadurecido, mais sensível às coisa espirituais, poderia compreender melhor as leis do Pai.

E foi assim que no século XIX surgiu o Espiritismo, cumprindo a promessa de Jesus de enviar outro Consolador, "... que vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." (João, XIV: 26)

Leda Ebner
Dezembro / 2001

Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)

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