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segunda-feira, 4 de abril de 2016

ESTUDO #6 EVANGEKHO SEGUNDO O ESPIRITISMO SÓCRATES E PLATÃO

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – VI

POR ALLAN KARDEC


RESUMO DA DOUTRINA DE SÓCRATES E PLATÃO


I – Existência de dois princípios: material e espiritual, ambos independentes, mas que se juntam no homem: corpo e alma.
O homem é uma alma encarnada, que tem uma vaga ideia do mundo de onde veio, ao qual aspira. A alma é, pois, preexistente e continua existindo depois da morte do corpo, voltando para o lugar de onde veio.
II – Encarnada a alma sofre a influência do corpo, considerando as coisas sob o ponto de vista material, confundindo-se. Todavia, se ela se volta para o que é puro, eterno, imortal, ou seja, para as coisas espirituais, da sua natureza, ela adquire a sabedoria.
O espiritismo ensina que para apreciar ou perceber as coisas, o homem deve isolar a alma do corpo, tudo observando sob o ponto de vista espiritual, da sua eternidade e imortalidade. Assim, suas conclusões serão baseadas na realidade da vida, que é eterna e não apenas do berço ao túmulo. Torna-se então um sábio. (cap. II, item 5)
III – As faculdades da alma encarnada são limitadas, expandindo-se após a separação do corpo pela morte. Por isso o conhecimento da verdade plena não pode dar-se na Terra. Por isso os verdadeiros filósofos não temem a morte. (Céu e Inferno, primeira parte, cap. 2 e Segunda parte, cap.1).
IV – As almas impuras, após a morte, permanecem na Terra, conservando alguma coisa da forma material, podendo ser percebidas pelos homens, como " fantasmas tenebrosos, como devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo sem estar inteiramente puras."
O espiritismo demonstra, através da mediunidade, o estado de perturbações, de sofrimentos, dos homens que viveram sob o domínio da matéria, desprezando valores espirituais. Esclarece também que na erraticidade, o Espírito pode arrepender-se, decidir melhorar-se, e reencarnar com menos defeitos. O progresso se faz nos dois planos: material e espiritual. (Céu e Inferno, segunda parte: exemplos).
As almas dos maus “são forçadas a errar nesses lugares (na Terra) , onde carregam as penas de sua vida passada, e onde continuam a errar, até que os apetites inerentes a sua forma material as devolvem a um corpo."
              É a lei da reencarnação. (Cap. IV).
V e VI – Há Espíritos a que se denominava daimon, démon, que acompanham os homens durante sua vida. São seres dos quais se distinguiam os superiores chamados deuses e os menos elevados que se comunicavam diretamente com os homens, os demônios propriamente ditos. Após a morte, levam as almas ao Hades 1, para o julgamento.
Eles preenchem o espaço que separa o céu da terra. Falam com os homens, durante o sono ou na vigília.
VII - Deve-se ter o maior cuidado com a alma, tendo em vista a sua imortalidade.
VIII - A alma sendo imaterial passa a viver em um mundo invisível e imaterial. Importante distinguir a alma pura que se nutre da ciência e de pensamentos, da alma mais ou menos manchada de impurezas materiais que a impedem de elevar-se ao divino. (Céu e Inferno Segunda parte).
IX – A morte não é a dissolução do homem. Se assim fosse os maus teriam grande vantagem, pois estariam livres, após a morte de seu corpo, de sua alma e dos seus vícios.
Não haveria, pois, responsabilidade moral, individual, o que seria um estímulo ao mal.
O homem que enriquece sua alma com virtudes e sabedoria não precisa temer a morte. Os maus sofrem as conseqüências do mal praticado. (Céu e Inferno, segunda parte, cap. 1).
X – A alma, após a morte, conserva os traços evidentes do seu caráter. Assim a maior desgraça que pode acontecer a um homem é ir para o outro mundo com a alma carregada de culpas.
Na prisão, Sócrates dizia a seus discípulos que mais vale sofrer que cometer uma injustiça e que devemos nos aplicar em ser um homem de bem e não apenas em parecer ser. (cap. XII, Mateus V: 38 a 42 e números 7 e 8).
XI – A morte é apenas uma mudança, uma passagem para um lugar em que os mortos devem se reunir, na felicidade do reencontro.
XII – “Não se deve nunca retribuir a injustiça com a injustiça, nem fazer o mal a ninguém, qualquer que seja o mal que nos tenham feito."
XIII - “É pelos frutos que se conhece a árvore. É necessário qualificar cada ação segundo o que ela produz: chamá-la má quando a sua conseqüência é má, e boa quando produz o bem." A primeira frase aparece nos Evangelhos, textualmente.
XIV –"A riqueza é um grande perigo" (cap. XVI)
XV – "As mais belas preces e os mais belos sacrifícios agradam menos à Divindade do que uma alma virtuosa, que se esforça por assemelhar-se a ela” ... "ó são verdadeiramente sábios e justos os que, por suas palavras e seu atos resgatam o que devem aos deuses e aos homens. (Cap. X, itens 7 e 8)
XVI –"O amor está por toda a natureza e incita-nos a exercer a nossa inteligência: encontramo-lo até mesmo no movimento dos astros" "... É ele que traz a paz aos homens, a calmaria ao mar, o silêncio aos ventos e o sossego à dor".
Foi-lhe considerada crime a frase: “o amor não é um deus, nem um mortal, mas um grande demônio", isto é um grande Espírito que preside ao amor universal.
XVII – “A virtude não pode ser ensinada; ela vem por um Dom de Deus aos que a possuem."
Não é o que o espiritismo demonstra. Ela é conquistada pelos Espíritos, através dos seus esforços, nas inúmeras reencarnações. Mas combina com a teoria das graças das religiões cristãs. Segundo o espiritismo a graça seria a força que Deus concede aos homens que querem fazer o bem e livrar-se do mal.
XVIII – O homem tem uma tendência a perceber os defeitos alheios e não os seus. (Cap. X, Mateus, VII: 3 a 5, números 9 e 10)
XIX – “Se os médicos fracassam na maior parte das doenças é porque tratam do corpo sem a alma..."
O espiritismo, demonstrando as relações entre corpo e alma e as influências de um sobre o outro, oferece à ciência um campo muito maior de atuação no tratamento de determinadas moléstias.
XX –"Todos os homens, desde a infância, fazem mais mal do que bem."
Sócrates constata a predominância do mal na Terra em relação ao bem. Todavia, a lei do progresso é uma lei divina e a progressão se faz sempre. O espiritismo demonstrando a pluralidade dos mundos habitados e do destino da Terra, esclarece que o mal vai desaparecer da Terra, quando seus habitantes forem melhores. (Capítulos II, III e V).
XXI – “A sabedoria está em não pensares que sabes aquilo que não sabes."
Estamos muito longe do conhecimento da verdade. Precisamos ter a humildade de reconhecer nossa pobreza espiritual, esforçando-nos para sermos tolerantes conosco, não julgarmo-nos sábios, buscando sempre estudar cada vez mais, na certeza de que, um dia, conheceremos a Verdade e ela nos libertará.
E Kardec cita as palavras de Platão, que complementam este pensamento de Sócrates: “Tentemos primeiro torná-los (os homens), se possível mais honestos nas palavras; se não o conseguirmos, não nos ocupemos mais deles, e não busquemos mais do que a verdade. Tratemos de nos instruir, mas não nos aborreçamos."
Após, concita os espíritas a seguir o conselho de Platão em relação aos contraditores da doutrina dos espíritos, lembrando que " as grandes verdades novas, levantando contra elas os interesses e os preconceitos que ferem, não podem ser estabelecidas sem lutas e sem mártires."
Neste resumo das ideias de Sócrates e Platão, não podemos deixar de proclamá-los precursores da doutrina do Cristo e do Espiritismo, codificado por Allan Kardec.
1 Quem é Hades, mitologia grega, deus grego, figura mitológica, imagem, escultura, Cérbero.

Leda Ebner
Novembro / 2001

Centro Espírita Batuira
Ribeirão Preto (SP)

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