Nilza
Teresa Rotter Pelá
Em artigo anterior discorremos sobre os quatro pilares da
educação propostos pela UNESCO, em documento, que publicado no Brasil recebeu o
nome Educação: um tesouro a descobrir. São eles: aprender a aprender, aprender
a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Sendo essas dimensões importantes para a cultura da paz,
pois envolvem a dimensão do desenvolvimento moral e do desenvolvimento
intelectual sem os quais é impossível a busca do equilíbrio que possibilita que
os indivíduos tenham suas necessidades bio-psico-socio-emocionais e espirituais
atendidas, o que é importantíssimo para atingir uma vida digna.
Os Espíritos que trabalharam junto à Kardec na
codificação da Doutrina Espírita já apontaram essas dimensões como importantes
conforme podemos constatar em O Céu e o
Inferno ( capítulo III- O Céu ) : “A felicidade está na razão direta do
progresso... O progresso intelectual e o progresso moral raramente marcham
juntos , mas o que o Espírito não consegue em dado tempo, alcança em outro, de
modo que os dois progressos acabam por atingir o mesmo nível...A encarnação é
necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: o progresso
intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela
necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das
boas e más qualidades...Para o homem que vivesse insulado não haveria vícios nem
virtudes, preservando-se do mal pelo insulamento o bem de si mesmo se
anularia.”
Comparando os quatro pilares da Unesco ao texto acima se
pode constatar que os dois primeiros (aprender a aprender e aprender a fazer)
constituem-se no progresso intelectual e os dois últimos (aprender a conviver e
aprender a ser) constituem-se no progresso moral.
A Doutrina Espírita, entretanto apresenta uma dimensão a
mais na proposta de educação da UNESCO quando esclarece que o processo não
ocorre no espaço estreito e curto de uma única encarnação e quando revela que o
processo é contínuo para o Espírito esteja ele na condição de encarnado ou
desencarnado. Em A Gênese (capítulo XI-Gênese Espiritual) encontramos: “No
intervalo dessas encarnações, o Espírito progride igualmente, no sentido que aproveita,
para seu adiantamento os conhecimentos e experiências adquiridos na vida corpórea;
ele examina o que fez em sua permanência terrestre, passa em revista o que
aprendeu, reconhece suas faltas, organiza seus planos e toma as resoluções
segundo as quais conta guiar-se numa nova existência tratando de fazer o
melhor. Assim é que cada existência é um passo adiante na via do progresso, uma
espécie de escola de aplicação”.
O Espiritismo tem seu alicerce nos
ensinamentos de Jesus e seu fundamento pedagógico não podia ser outro senão aquele praticado pelo Cristo. Joanna de
Angelis (A pedagogia de Jesus-O Reformador-junho de 2004) assim apresenta essa
pedagogia: “Apontava diretrizes e induzia a criatura a segui-las fazendo a sua
parte, porquanto cada qual é responsável por tudo aquilo que se lhe torna
necessário ... Com Ele a convivência é aprendida mediante o resultado do
exercício da tolerância, do auxílio recíproco dignificador da espécie humana.
Jamais abriu espaço para a ociosidade, sugerindo que o reino dos Céus fosse
conquistado a esforço iniciando-se o seu labor na busca interna, superando os
impedimentos apresentados pelas paixões dissolventes ... Incessantemente
convida os Seus ouvintes ao autoconhecimento, para que se tornassem cartas
vivas do Evangelho ... Assim sendo, tornou-se o Pedagogo por excelência não
apenas ensinando a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, mas sobretudo,
demonstrando que ele o realizava. Tudo quanto ensinou vivenciou-o,
comportando-se como modelo imprescindível à
lição ministrada. Jamais desmentiu pelos atos o que lecionou por
palavras. O seu ministério é o ministério do exemplo, da ternura, do amor e da
compaixão ... Melhor pedagogia que a d’Ele não existe, pois que vem
atravessando os dois milênios já transatos com superior qualidade de
orientação. Este é o teu mandato de realmente aprenderes a viver”.
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