Dois
ricos desencarnados disputam a posse da riqueza
“A
influência das pessoas presentes contribui com alguma coisa”?
R. Quando
há incredulidade, oposição podem nos incomodar muito; gostamos bem mais de
fazer nossas provas com os crentes e pessoas versadas no Espiritismo; mas não
quero dizer que a má vontade poderia nos paralisar completamente. - (Allan Kardec, O livro dos
médiuns, Cap. V – q. 99;4)
Curioso
caso ocorreu em determinada noite quando, contrariando os procedimentos
habituais da equipe de médiuns, logo que um Espírito se manifestou com queixas
e reclamações através de um dos médiuns, outro “incorporou” em outro membro da
equipe e passaram a se falar, trocando acusações.
Apesar do
inusitado, tal coisa acontecia, sem nenhuma dúvida, com o consentimento e
supervisão dos orientadores espirituais da equipe. Todos se postaram de acordo
com o que exigia a situação, deixando ao dirigente encarnado a incumbência de
intermediar o litígio, cuja origem era uma caixa que supostamente continha
valores e que cada um dos litigantes reclamava para si, acusando o outro de
furto.
Deixou-se
a conversa entre os dois prosseguir por alguns minutos, enquanto o dirigente
tomava conhecimento dos detalhes através desse diálogo pouco amigável, ao mesmo
tempo que lhe vinham à mente, por intuição dos mentores, as linhas gerais do
caso.
Em
momento oportuno o dirigente interveio e pediu silêncio aos dois, solicitando a
ambos que respeitassem o local e as pessoas presentes, e que se explicassem com
mais calma, após ouvi-lo. O orientador encarnado recebeu a intuição de
“confiscar” provisoriamente a caixa e informar aos dois tal procedimento, até
que se apurasse a quem de fato aqueles valores pertenciam.
Os dois
envolvidos concordaram com o suposto confisco, e consentiram em refletir sobre
a própria situação.
Foi-lhes
recomendado olhar em volta, com atenção, ouvir o que se dizia, procurar
reconhecer o ambiente e, finalmente, a descrever o que percebiam.
Mencionaram
que o ambiente embaçado se iluminava um pouco mais.
Pediu-se
a eles que prestassem mais atenção por que logo pessoas amigas se aproximariam
para falar-lhes.
Aos
poucos foram percebendo sua condição de desencarnados e vendo, cada vez mais
claramente, o ambiente em que estavam. Chegaram a comentar a presença de muita
gente doente. Foram esclarecidos de que o local era uma espécie de
pronto-socorro espiritual que atendia a eles naquele momento e também a outros
que igualmente sofriam, mesmo que de outros males.
Finalmente,
foi perguntado a eles se queriam a caixa de volta. Olharam para um ponto fora
do alcance de nossos olhos, e perguntaram porque a caixa se transformara em
algo como lama. Explicamos que se tratava de uma fixação mental que ambos
alimentaram por longo tempo, em disputa por algo que ficara na Terra.
Um tanto
constrangidos, agradeceram e despediram-se acompanhados de enfermeiros da
Espiritualidade que os encaminhariam aos locais de recuperação e esclarecimento
de que necessitavam.
Eis um
ótimo exemplo do quanto podemos ser enganados pelos desejos e ambições que carregamos
conosco pela vida afora. Um objeto, algo que prezamos muito enquanto estamos na
Terra, uma jóia ou coisa assim, torna-se real e relativamente permanente na
vida extra-física.
Daí a
importância do desapego aos bens materiais, sejam objetos ou valores, mesmo
pessoas, pois tudo que é material é também transitório, apesar de podermos
criar na vida no Invisível praticamente tudo que prezamos, na condição de
fixação mental.
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Do livro
"Casos e Experiências com a Mediunidade", por Paulo R. Santos
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