CURSO
DE MÉDIUNS - Doutrinação de Sofredores e de Obsessores
Capítulo:
Ainda as Desobsessões - Livro: Gotas de Luz / Ramatis
Pergunta: Apesar dos
ensinamentos de Kardec, através da obras “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos
Médiuns”, e das observações judiciosas de Hermínio de Miranda em várias
oportunidades, através de suas publicações, podemos verificar com pesar que a
forma de diálogo entre os chamados “doutrinadores” e os Espíritos obsessores,
ainda é muito rudimentar, chegando mesmo a parecer um misto de curiosidade e de
inquisição.
Como cremos (e isso
tem sido confirmado) que nesses diálogos possa e deva haver um “esclarecimento”
tendente a modificar comportamento e idéias (e não imposição e atitudes),
resta-nos uma grande interrogação:
Como deveremos
conversar com os chamados Espíritos inferiores, nesses processos de tentativa
de desobsessão? Poderíeis nos complementar esclarecimentos a respeito?
Ramatis: Allan Kardec, o
codificador da Doutrina Espírita, criou e desenvolveu a prática da desobsessão
nos moldes atuais, que enseja a cura através do esclarecimento doutrinário,
substituindo todas as praticas esdrúxulas e antifraternas empregadas na
Antiguidade, quando qualquer desequilíbrio mental era tido como ”possessão
demoníaca”.
No caso da vossa
pergunta, convém, antes, conceituar que todas as alienações de ordem mental,
afora os casos naturais de lesões cerebrais, se originam diretamente do
desequilíbrio da própria alma.
A obsessão, regra
geral, é muito sutil, pois todos a possuem em menor ou maior escala, pelo
descaso evangélico do próprio homem; toda alma desequilibrada se torna repasto
fácil para os desencarnados viciosos e vingativos, que agem ardilosamente do
astral inferior. O próprio obsediado engendrou as conseqüências dolorosas que depois
vem a sofrer. Ele também feriu ou traiu aquele que o persegue.
Não há injustiças
no organizado processo da evolução espiritual, criado por Deus. Conforme os
justos princípios da Lei do Carma, a interferência de Espíritos cruéis e
enfurecidos, tentando obsediar os encarnados, não acontece acidentalmente, ou
por uma atitude injusta, mas sim, como efeito de alguma causa infeliz ou
trágica do passado.
Obrigar o
afastamento do Espírito obsessor, de junto de sua vítima, não resolve problemas
obscuros, com raízes fixadas há muitos séculos, num passado todo feito de
tropelias e crueldade mútuas!
O obsessor afastado
violentamente de junto do obsediado, apenas aguarda o momento oportuno para
retornar, ainda mais enfurecido, sobre a vítima, e continuar sua vingança
odiosa.
A cura requer o
desatamento voluntário e espontâneo das algemas que os prendem há longo tempo,
o que somente será possível pela força do perdão e da humildade.
Só a conversão,
tanto do obsessor quanto do obsediado, é que, de fato, proporciona a solução
espiritual, que a violência e a força nunca poderão resolver.
Os Espíritos
obsessores não só atuam por própria conta, exercendo vinganças e explorando
incautos terrenos como, também, se incubem em serviço alheio, na aceitação do
trabalho abominável de instrumentos de vingança, de outros. Revezando-se em
suas próprias crueldades e vinganças, em comum acordo, instruídos e orientados
pelos mais antigos e traquejados, esses Espíritos delituosos agem num
organizado e contínuo trabalho exercido do Além, sobre os desencarnados.
Mas nem todos os
obsessores estão plenamente conscientes de suas participações nas tarefas
torpes ou vinganças cruéis, pois muitos há que, tomados pela loucura ou
desespero, agarram-se fortemente à vítima indefesa; o melhor a oferecer nesses
casos é o socorro do amor e da ternura espiritual, tentando, antes de tudo,
aliviá-los das suas dores angustiantes e torturas psíquicas, e não apenas
pretender afastá-los de junto dos encarnados distraídos que, devido aos seus
próprios vícios e descuido espiritual, os atraem incessantemente.
Deveis saber que,
sob o patrocínio do Alto, há uma ordem e uma harmonia controlando e presidindo
todo o trabalho mediúnico de intuito redentor!
Nas desobsessões, o
trabalho maior fica sempre a cargo de Espíritos responsáveis por essa tarefa no
mundo espiritual.
Como medianeiro de
instruções e esclarecimentos da vida espiritual, o doutrinador espírita, deve
inteirar-se das comunidades do Além que se dedicam às tarefas benfeitoras de
cura e tratamento desobsessivo.
A boa sintonia do
médium com o Plano Espiritual, é fator imprescindível para a harmonia e o
equilíbrio do ambiente que deveis preparar, antecipadamente, com preces e
vibrações amorosas em benefício de todos, encarnados e desencarnados.
O amor possui vibrações
revitalizantes!
Assim esses
Espíritos que são levados ao trabalho de desobsessão pelas entidades que os
estão socorrendo, podem melhor sentir e receber ajuda espiritual, despertando
para sentimentos mais elevados, que desconheciam quando encarnados.
Inicialmente, há
que distinguir, com muita observação, os bons e os não esclarecidos, os
sofredores e os mistificadores.
Não existem regras
específicas na doutrinação, porque, como sabeis, cada processo obsessivo traz
em si um conjunto de manifestações individuais e distintas. O amor não se impõe
pelas palavras rebuscadas e nem tampouco pelo gesto amoroso, mas deve ser
sentido e manifestado na sincera vontade de ajudar.
Como doutrinadores
espíritas, deveis viver o que verbalizais! Uma existência digna, por atos e
intenções elevadas!
Tratai o obsessor
com autoridade moral, a única autoridade que podeis ter perante os Espíritos
inferiores.
Mostrai segurança,
mas doutrinai com humildade e amor.
Usai de
sinceridade!
Evitai ameaças,
desafios, julgamentos e quaisquer interrogatórios, ou comentários que possam
ferir a suscetibilidade do Espírito. Um trabalho de desobsessão não é um
tribunal e nem tampouco se presta à identificação de desencarnados.
Usai o
esclarecimento da Doutrina Espírita, que afirma a existência de um Pai amoroso,
incapaz de castigar seus filhos e muito menos de fazê-los sofrer eternamente.
Argumentai assim a verdade, que ajudará o Espírito na recuperação das suas
forças e esperanças, dando-lhe a certeza de breve libertação do sofrimento de sua
culpa.
Na realidade, todos
vós sofreis mais ou menos a influência de atuações de Espíritos desencarnados.
Mas não deveis esquecer que existem, também, Espíritos bons, em tarefa
benfeitora, para todos vós, encarnados, que buscais a vossa reabilitação espiritual.
Cuidai, para não
descurardes do vosso apuro moral, do estudo superior e do vosso controle
emotivo e mental, para que possais vencer desejos inferiores e paixões
violentas, se desejais livrar-vos da presença de Espíritos inferiores.
Confiai!
Mas estudai muito,
aprofundando vossos conhecimentos da bibliografia espírita.
Intermediários dos
ensinamentos e diretrizes do mundo espiritual, não podeis prescindir do estudo
doutrinário.
A doutrinação
espírita praticada com plena convicção desses princípios, equilibrada e
amorosamente, muito beneficia e modifica a todos, encarnados e desencarnados,
que comparecem ao trabalho de desobsessão.
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