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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Estudos sobre Mediunidade


Colocamos à disposição dos companheiros do Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora-MG, a apostila com os Estudos sobre Mediunidade.
 Este é um trabalho despretensioso, cujo objetivo não é esgotar os assuntos, mas apresentar as idéias básicas necessárias em um estudo sobre a Mediunidade. Não se trata de um livro espírita: as obras doutrinárias, em especial “O Livro dos Médiuns”, são de leitura obrigatória!
Este curso, baseado no COEM do Centro Espírita Luz Eterna (Paraná), tem enriquecido a formação espírita de trabalhadores da área mediúnica, bem como de expositores, doutrinadores, plantonistas, etc.
Após cada capítulo, apresentamos uma breve bibliografia que deve ser consultada sempre que possível.
Esperamos que este trabalho seja proveitoso a todos.


IDE-JF/CVDEE


1.     A MEDIUNIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS.............................................................................. 1
2.     a prece.......................................................................................................................................... 3
3.     Médium: Conceito, Classificação  E desenvolvimento mediúnico................ 5
4.     Classificação DOS fenômenos mediúnicos SEGUNDO SEUS efeitos........... 9
5.     Os Fluidos Espirituais......................................................................................................... 11
6.     O Perispírito.............................................................................................................................. 13
7.     Os Centros de Força e A Glândula Pineal............................................................. 15
8.     O Pensamento: Ideoplastia  E Criações Fluídicas.............................................. 19
9.     Concentração - Noções Gerais.................................................................................... 23
10.  Fluidoterapia........................................................................................................................... 24
11.  Influência Moral do Médium e do Meio....................................................................... 27
12.  O Papel do Médium nas Comunicações...................................................................... 32
13.  médiuns escreventes e falantes............................................................................... 35
14.  perigos e inconvenientes, perda e suspensão da faculdade mediúnica 37
15.  AS MANIFESTAÇÕES VISUAIS, BICORPOREIDADE E TRANSFIGURAÇÃO.................. 41
16.  Mediunidade de Cura........................................................................................................... 44
17.  desdobramento, catalepsia e letargia.................................................................. 46
18.  Obsessão: Conceito e Causas....................................................................................... 48
19.  Obsessão: Classificação................................................................................................. 50
20.  Obsessão: Tratamento, Prognóstico e Profilaxia............................................ 52
21.  As Doenças Mentais............................................................................................................. 55
22.  AS comunicações Mediúnicas......................................................................................... 57
23.  A Doutrinação......................................................................................................................... 63
24.  PARAPSICOLOGIA E ESPIRITISMO.......................................................................................... 67
25.  A disciplina como a Base da Caridade....................................................................... 71


Capítulo 1

A MEDIUNIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS

Introdução

Estudando as civilizações da Terra, vamos observar que a mediu­nidade tem-se manifestado, em todos os tempos e em todos os lugares, desde as mais remotas épocas. A crença na imortalidade da alma e a possibilidade da comunicação entre os "vivos" e os "mortos" sempre existiu.
Ao observarmos o passado, evocando a lembrança das religiões desaparecidas, das crenças mortas, veremos que todas elas tinham um ensinamento dúplice: um exterior ou público, com suas cerimônias bi­zarras, rituais e mitos, e outro interior ou secreto revestido de um caráter profundo e elevado. Os aspectos exteriores eram levados ao povo de um modo geral, enquanto que o aspecto interior era revelado apenas a indivíduos especiais. Chamados "iniciados" por algumas reli­giões, estes eram preparados desde a infância, às vezes por 20 a 30 anos.
Julgar uma religião, apenas levando em consideração o seu as­pecto exterior, será o mesmo que apreciar o valor moral de uma pessoa por suas vestes. Analisando o aspecto interior destas religiões, ob­servaremos que todos os ensinamentos estão ligados entre si como uma única doutrina básica, que os homens trazem intuitivamente, desde um passado longínquo. Vamos observar alguns aspectos interessantes das religiões do passado.

Índia

Na Índia, berço de todas as religiões da Humanidade, temos o Livro dos Vedas, datado de aproximadamente 1.500 a.C., que tem sido re­conhecido como o mais antigo código religioso da Humanidade; são qua­tro livros cujo conteúdo principal são cânticos de louvor. Os Brâmanes, seguidores dos Vedas, acreditam que este código religioso foi ditado por BRAHMA. Nos Vedas encontramos afirmati­vas claras sobre imortalidade da alma e a recriação:
"Há uma parte imortal no Homem, o AGNI, ela é que é preciso rescal­dar com teus raios, inflamar com os teus fogos(...).
(...)Assim como se deixam as vestes gastas, para usar novas vestes, também a alma deixa o corpo usado para recobrir novos corpos."
Ainda na Índia, encontramos KRISHNA, educado por ascetas nas florestas do cume do Himalaia, inspirador de uma doutrina religiosa, na verdade um reformulador da Doutrina Védica. Deixa claro a idéia da imortalidade da alma, as reencarnações sucessivas, e a possibilidade de comunicação entre vivos e mortos:
"O corpo envoltório da alma, que nele faz sua morada, é uma coisa finita, porém a alma que o habita é invisível, imponderável e eterna."
"Todo renascimento feliz ou infeliz é conseqüência das obras prati­cadas em vidas anteriores."
Estes são alguns aspectos dos ensinamentos de KRISHNA, que po­dem ser encontrados nos livros sagrados, conservados nos santuários ao sul do Industão.
Também na Índia, 600 a.C., vamos encontrar Siddartha Gautama, o Buda, filho de um rei da Índia, que certo dia saindo do castelo, onde até então vivera, tem contato com o sofrimento humano e, sendo tomado de grande tristeza, refugia-se nas florestas frias do Himalaia e, de­pois de aproximadamente 15 anos de meditação, retorna trazendo para a Humanidade uma nova crença, toda baseada na caridade e no amor:
"Enquanto não conquistar o progresso (Nirvana) o ser está condenado a cadeia das existências terrestres."
"Todos os Homens são destinados ao Nirvana."
Buda e seus discípulos praticavam o Dhyana, ou seja, a contem­plação aos mortos:
"Durante este estado, o Espírito entra em comunicação com as almas que já deixaram a Terra."

Egito

No Egito, o culto aos mortos foi muito praticado. As Ciências psíquicas atuais eram familiares aos sacerdotes da época; o conheci­mento das formas fluídicas e do magnetismo eram comuns. O destino da alma, a comunicação com os mortos, a pluralidade das existências da alma e dos mundos habitados eram, para eles, problemas solucionados e conhecidos. Egiptólogos modernos, estudando as pirâmides, os túmulos dos faraós, os papiros, deixam claro todos estes aspectos reconhecendo a grande sabedoria deste povo. Como em outras religiões, apenas os iniciados conheciam as grandes verdades, o povo, por interesse de po­der dos soberanos, praticamente mantinha-se ignorante a este respeito.

China

Na China, vamos encontrar Lao-Tsé e Confúcio, 600 a 400 a.C., que com os seus discípulos (iniciados), mantinham no culto dos ante­passados a base de sua fé. Neste culto, a idéia da imortalidade e a possibilidade da evocação dos mortos era clara.

Israel

Cerca de 15 séculos antes de Cristo, Moisés, o grande legisla­dor hebreu, observando a ignorância e o despreparo de sue povo, pro­cura através de uma lei disciplinar, educar os hebreus com relação a evocação dos mortos. Se houve esta proibição, é claro que a evocação dos mortos era comum entre este povo da Antiguidade. Moisés assim se referiu:
"Que ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para saber a verdade."
Não havia chegado o momento para tais revelações.
Estudando a vida de Moisés, vemos que ele era possuidor de uma mediunidade fabulosa que possibilitou o recebimento dos "Dez Mandamen­tos", no Sinai, que até hoje representa a base dos códigos de moral e ética no mundo.

Grécia

Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Vários filósofos, desta progressista civilização, se referem a estes fatos: Pitágoras (600 a.C.) Astófanes, Sófocles (400 a.C.) e a maravilhosa figura de Sócrates (400 a.C.). A idéia da unicidade de Deus, da pluralidade dos mundos habitados e da multiplicidade das existências era por eles transmitidas a todos os seus iniciados. Sócrates, o grande filósofo, aureolado por divinas claridades espirituais, tem uma existência que em algumas circunstâncias, aproxima-se da exemplificação do próprio Cristo:
"A alma quando despida do corpo, conserva evidentes, os traços de seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida."

Jesus

Jesus, o Médium de Deus, teve sua existência assinalada por fenômenos mediúnicos diversos. O Novo Testamento traz citações claras e belas de mediunidade em suas mais diferentes modalidades.

Idade Média

A Idade Média foi uma época em que o estudo mais profundo da religião era praticado apenas por sociedades ultra-secretas. Milhares de vidas foram sacrificadas sob a acusação de feitiçaria, por evocarem os mortos.
Nesta época, tão triste para a Humanidade, em vários aspectos, podemos citar como uma grande figura, Joana D'arc, que guiando o povo francês, sob orientação de "suas vozes", deixou claro a possibilidade da comunicação entre os vivos e os mortos.

O Espiritismo

Foi no século XIX (1848), na pacata cidade de Hydesville, no estado de New York (EUA), na casa da família Fox, que o fenômeno mediúnico começaria a ser conhecido em todo o mundo.
Chegara o momento em que todos as coisas deveriam ser reestabele­cidas. Foi quando surgiu no cenário terrestre, aquele que deu corpo à Doutrina dos Espíritos: Hippolyte Léon Denizar Rivail, ou ALLAN KARDEC, como ficou conhecido.
Em 1855, com a idade de 51 anos, Kardec iniciou um tra­balho criterioso e científico sobre o fenômeno mediúnico e após alguns anos de estudos sistematizados lançou, em 18 de abril de 1857, O Livro dos Espíritos; em 1859 - O Que é o Espiritismo; em 1861 - O Livro dos Médiuns; em 1864 - O Evangelho Segundo o Espiritismo; em 1865 - O Céu e Inferno e em 1868 - A Gênese.
Graças ao sábio lionês tivemos a Codificação da Doutrina Espí­rita reconhecida como a Terceira Revelação, o Consolador Prometido por Jesus.
Bibliografia
1) Depois da Morte - Léon Denis
2) História do Espiritismo - Arthur Conan Doyle
3) Allan Kardec - Zeus Wantuil e Francisco Thiesen


a prece

Conceitos

“Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expô-las.”
Este argumento não oferece muita lógica porque, independente de Deus conhecer as nossas necessidades, a prece proporciona, a quem ora, um bem-estar incalculável já que aproxima a criatura do seu Criador.
“A prece é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos encaminha para a senda que conduz a Deus.”
Não existe qualquer fórmula para orar.
"O Espiritismo reconhece como boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não de lábios somente.
A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa ".
A prece “Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades.”

QUADRO I - OBJETIVOS DA PRECE
Pedir
Louvar
Agradecer


“Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe idéias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas.”
Quando Jesus nos disse: “tudo o que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis” [Mateus-21:22] revelou-nos que o ato de orar é algo muito profundo do que se pode observar à primeira vista. Desta máxima: “concedido vos será o que quer que pedirdes pela prece”, fora ilógico deduzir que basta pedir para obter e fora injusto acusar a Providência se não acede a toda súplica que se lhe faça, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para o nosso bem. É como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses.”

Eficácia da Prece

Devemos cultivar o hábito de orar, porque a prece, inegavelmente, tem sua eficácia.
"O santuário doméstico que encontre criaturas amantes da oração e dos sentimentos elevados, converte-se em campo sublime das mais belas florações e colheitas espirituais "
“A prece não é movimento mecânico de lábios, nem disco de fácil repetição no aparelho da mente. É vibração, energia, poder. A criatura que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de inexprimível significação. Semelhante estado psíquico descortina forças ignoradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos em contato com as fontes superiores”
“Os raios divinos, expedidos pela oração santificadora, convertem-se em fatores adiantados de cooperação eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e iluminação da consciência.
Toda prece elevada é manancial de magnetismo criador e vivificante e toda criatura que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do sentimento, transforma-se, gradativamente, em foco irradiante de energias da Divindade”
Compreende-se também que, além da importância do cultivo da oração, devemos aprender a orar e a entender as respostas do Alto às nossas súplicas.
“Exporemos em prece ao Senhor os nossos obstáculos, pedindo as providências que se nos façam necessárias à paz e à execução dos encargos que a vida nos delegou; entretanto, suplicaremos também a Ele nos ilumine o entendimento, para que lhe saibamos receber dignamente as decisões.”
“Entre o pedido terrestre e o Suprimento Divino, é imperioso funcione a alavanca da vontade humana, com decisão e firmeza, para que se efetive o auxílio solicitado”
“Confiemos em Deus e supliquemos o amparo de Deus, mas, se quisermos receber a Benção Divina, procuremos esvaziar o coração de tudo aquilo que discorde das nossas petições, a fim de oferecer à Benção Divina clima de aceitação, base e lugar.”
“Em verdade, todos nós podemos endereçar a Deus, em qualquer parte e em qualquer tempo, as mais variadas preces; no entanto, nós todos precisamos cultivar paciência e humildade, para esperar e compreender as respostas de Deus.”

QUADRO  II - CARACTERÍSTICAS DA PRECE
É clara, simples, espontânea e breve;
Está acompanhada de sentimento de humildade e sinceridade;
Dispensa aparatos exteriores;
Independe do local, hora, atitude física e gestos.

1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec


Capítulo 3

Médium: Conceito, Classificação
E desenvolvimento mediúnico

Conceito de Médium e Mediunidade

A palavra médium é uma expressão latina que significa "meio" ou "intermediário". Allan Kardec apropriou-se dessa expressão para desig­nar as pessoas que são portadoras da faculdade mediúnica.
Kardec [LM-cap 32] conceitua:
Médium - pessoa que pode servir de intermediária entre os Espíritos e os ho­mens.
Mediunidade - a faculdade dos médiuns, ou seja, a faculdade que possibilita a uma pessoa servir de intermediária entre os Espíritos desencarnados e os homens.
Assevera ainda Kardec [LM-it 159] que:
"todo aquele que sente em qualquer grau a influência dos Espíritos é médium."
Diante da assertiva do Codificador da Doutrina Espírita poder-se-ia indagar: Somos todos médiuns?
De forma generalizada poderíamos afirmar que sim. Todos os indivíduos possuem rudimentos da faculdade mediúnica, já que podem ser influenciados pelos Espíritos. Através do pensamento, as entidades da esfera extra-física, podem atuar sobre todos nós, de forma imperceptível. Mostram os benfeitores espirituais da Codificação que esta influência "é maior do que supomos" [LE-qst 459]
Todavia, de forma particular, na prática espírita cotidiana, é não a resposta. Orienta Allan Kardec que se deve reservar esta ex­pressão apenas para as pessoas que permitem a produção de fenômenos patentes e de certa intensidade:
"Pode-se dizer, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, po­rém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma facul­dade bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou nos sensi­tiva." [LM-it 159]

Classificação Geral dos Médiuns

A faculdade mediúnica não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns tem geralmente aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas são as es­pécies de mediunidade, embora nada impeça que um médium venha a pos­suir mais do que uma aptidão.
Diversas são as classificações propostas, mas de forma bem prá­tica, podemos classificá-los de acordo com o tipo de mediunidade, nas seguintes categorias:
a) Médiuns de Efeitos Físicos: são aqueles aptos à produção de fenômenos que sensibilizam objetivamente os nossos sentidos, tais como: movimento de corpos inertes, ruídos, etc. Trata-se de uma cate­goria de médiuns bastante infreqüente em nossos dias, mas que teve fundamental importância na fase de implantação da Doutrina Espírita. Sub-categorias:
1. Tiptólogos: os que produzem ruídos e pancadas. Mesmo sem que o médium tome conhecimento, os Espíritos podem se utilizar de cer­tos recursos fluídicos que eles possuem para produzir o fenô­meno;
2. Motores: os que produzem movimentos dos corpos inertes;
3. De Translação e Suspensão: os que produzem a translação de obje­tos através do espaço ou a sua suspensão, sem qualquer ponto de apoio. Há também os que podem elevar-se a si mesmos (levitação);
4. De Transporte: os que podem servir aos Espíritos para o trans­porte de objetos materiais através de lugares fechados;
5. Pneumatógrafos: os médiuns que permitem a escrita direta (espécie de mediuninade onde os Espíritos, utilizando-se do ec­toplasma do médium, escrevem sobre determinados objetos sem se utilizarem de lápis ou caneta);
6. Pneumatofônicos: os médiuns que permitem a voz direta (fenômeno mediúnico onde os Espíritos emitem sons e palavras através de uma "garganta ectoplásmica", sem a utilização do aparelho vocal do medianeiro);
7. De Materialização: são aqueles que doam recursos fluídicos (ectoplasma) para a materialização do Espírito ou de parte do Espírito, ou, ainda, de certos objetos;
8. De Bicorporeidade: são aqueles capazes de materializarem seu corpo perispirítico em local FORA do corpo físico;
9. De Transfiguração: são aqueles aptos a promoverem modificações temporárias em seu corpo físico, através da vontade e do pensa­mento.
b) Médiuns Sensitivos: são os médiuns capazes de registrar a presença de Espíritos por uma vaga impressão. Ora esta impressão é boa ora é ruim, dependendo da natureza da entidade desencarnada. Esta va­riedade não apresenta caráter bem definido, pois todos médiuns são mais ou menos sensitivos;
c) Médiuns Intuitivos ou Inspirados: são aqueles que recebem comunicações mentais entranhas às suas idéias, vindas da esfera imate­rial. Na realidade, todos nós somos médiuns intuitivos, pois podemos assimilar inconscientemente o pensamento dos Espíritos, mas em algumas pessoas, essa capacidade é mais evidente. Os médiuns de pressentimento são uma variedade dos intuitivos, onde há uma vaga impressão de acon­tecimentos futuros;
d) Médiuns Audientes: são os médiuns que ouvem os Espíritos. Em algumas vezes é como se escutassem uma voz interna que lhes ressoasse no foro íntimo, doutras vezes, é uma voz exterior, clara, distinta;
e) Médiuns Videntes: são aqueles aptos a verem os Espíritos em estado de vigília. Kardec fazia referência à raridade desta faculdade e em nossos dias continua pouco comum;
f) Médiuns Falantes ou Psicofônicos: são aqueles que possibili­tam aos Espíritos a comunicação oral com outras pessoas encarnadas, utilizando dos recursos vocais do médium. É a variedade de médiuns mais comum em nossos dias;
g) Médiuns Escreventes ou Psicógrafos: são os médiuns aptos a receberem a comunicação dos Espíritos através da escrita. Foi pelos médiuns escreventes que Allan Kardec montou os pilares básicos da Co­dificação Espírita;
h) Médiuns Curadores: são aqueles aptos a curarem, através do toque, por um ato de vontade e pelo passe. Em realidade, todos somos capazes de curar enfermidades pela prece e pela transfusão fluídica, mas, também aqui, esta designação deve ficar reservada para aquelas pessoas onde a capacidade de curar ou aliviar as doenças é bem evi­dente;
i) Médiuns Psicômetras: são aqueles aptos a identificarem os fluidos presentes em determinados objetos e locais (Psicometria);
j) Médiuns Sonambúlicos ou de Desdobramento: são aqueles capa­zes de emanciparem seu corpo espiritual deixando a organização física num estado de sonolência ou apatia. Segundo Kardec, estes médiuns "vivem por antecipação a vida espiritual", pois são capazes de reali­zar inúmeras tarefas no mundo dos Espíritos.

Desenvolvimento Mediúnico

Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, no seu Pequeno Di­cionário Brasileiro da Língua Portuguesa, desenvolver significa: tirar invólucro, expor minuciosamente, progredir, alargar, instruir-se. E desenvolvimento é o ato ou efeito de desenvolver.
Desenvolvimento Mediúnico é o ato de fazer crescer, progredir, expor a faculdade que permite aos homens comunicarem-se com os Espíritos.
Se nós falamos somente em desenvolvimento mediúnico e não em “criar mediunidade ou médiuns, é, certamente porque esta faculdade não se cria numa determinada pessoa que não a possua. A mediunidade é uma faculdade tão natural no homem quanto qualquer outro dos cinco sentidos habituais (visão, audição, olfato, tato e paladar). Tomemos o paladar para exemplo. Ninguém inventa faculdade inata, pronta para ser utilizada, como que programada por milênios e milênios de existências anteriores, documentada na nossa memória espiritual. É preciso, con­tudo, em cada existência que se reinicia, reaprender a utilizá-lo ade­quadamente para selecionar alimentos, definir preferências ou recusar substâncias prejudiciais. Assim também é a mediunidade um atributo fí­sico do homem. Os Espíritos afirmam a Kardec [LM-it 226]:
"A faculdade mediúnica se radica no organismo".
O médium já nasce médium. Cabe-nos portanto, se possuidores da faculdade mediúnica, nos esforçarmos por exercê-la com devotamento e humildade.

Por que desenvolver a mediunidade

De posse destes conceitos, forma-se uma nova dúvida em nossa mente: Por que desenvolver a mediunidade? Presença de mediunidade sig­nifica necessidade de trabalho na Seara Espírita? Nós sabemos que na Terra estamos rodeados por Espíritos desencarnados que a todo ins­tante, através do pensamento, nos influenciam e são influenciados por nós. Sendo os médiuns, por características próprias de seu corpo fí­sico, indivíduos mais sensíveis, captam com maior facilidade a in­fluência dos Espíritos, podendo sofrer, às vezes, conseqüências desa­gradáveis em decorrência de possuir em uma faculdade que não conhecem e não dominam.
Além disso, nós sabemos que da faculdade mediúnica podem dis­por-se bons e maus Espíritos, podendo no caso dos maus, levarem o mé­dium ao desequilíbrio.
O Espírito da Verdade afirma [LM-cap 31 it 15]:
"...Todos os médiuns são incontestavelmente chamados a servir à causa do Espiritismo, na medida da sua faculdade..."
Em [Nos Domínios da Mediunidade] ouvimos as seguintes afirmativas do Espírito Albério (instrutor de André Luiz):
"Mediunidade, por si só não basta. É necessário sabermos que tipo de onda mental assimilamos, para conhecer a qualidade do nosso trabalho e julgar nossa direção. É perigoso possuir sem saber usar."
Assim, é a mediunidade uma faculdade inerente à própria vida, sendo semelhante ao dom da visão comum, peculiar a todas as criaturas, responsável por tantas glórias e por tantos infortúnios na Terra. En­tretanto, ninguém se lembrará de suprimir os olhos, porque milhões de pessoas, em face das circunstâncias imponderáveis da evolução, tenham se servido dos olhos para perseguir e matar nas guerras de terror e destruição. É necessário iluminá-los, orientá-los, esclarecê-los.

Etapas do Desenvolvimento Mediúnico

A mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas, antes de tudo, aprimoramento da personalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o médium possa tornar-se um filtro leal das Esferas Superiores com vistas à ascensão da Humanidade para o Progresso.
Mas então, como proceder ao desenvolvimento mediúnico? Allan Kardec e vários benfeitores espirituais nos orientam que, no desenvol­vimento mediúnico, temos de vencer três etapas: intelectual - material - moral.
a) Etapa Intelectual: é representada pela necessidade do es­tudo. Kardec afirma:
"...O estudo preliminar da teoria é indispensável, se quisermos evi­tar inconvenientes inseparáveis da inexperiência." [LM-it 211]
O estudo da faculdade mediúnica e o conhecimento da Doutrina Espírita são bases essenciais e indispensáveis.
b) Etapa Material: é o adestramento, uma forma de treinamento da facul­dade mediúnica, uma familiarização com as técnicas envolvidas no pro­cesso da mediunidade.
"Na verdade, até hoje, não existe sinal ou diagnóstico infalível para se chegar à conclusão que alguém possua essa faculdade; os si­nais físicos nos quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada tem de infalíveis. Ela se encontra, nas crianças e nos velhos, entre ho­mens e mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral. Não há senão um meio para lhes contatar a existência que é o experimentar." [LM-cap 17 it 200]
Esta experimentação deve ser: perseverante, assídua, séria, em grupo, local adequado, sob orientação experiente, desprovida de condi­cionamentos.
O candidato a médium deve ter persistência, exercitando-se para as comunicações em dias e horários certos da semana, pré-estabeleci­dos, de preferência em grupo. Kardec nos orienta [LM-it 207] que a reunião de pessoas com intenção semelhante forma um todo coletivo onde a força e a sensibilidade se encontram au­mentadas por uma espécie de influência magnética que ajuda o desenvol­vimento da faculdade.
A reunião deste grupo deve ser sob a direção de pessoas expe­rientes, conhecedoras da Doutrina Espírita e do fenômeno mediúnico.
Esta reunião deve ser também feita, de preferência em local apropriado, isto é, no Centro Espírita, onde estaremos sob o amparo e a orientação de Espíritos Bons, que são responsáveis pelos trabalhos mediúnicos da Casa. Além disto, todo Centro Espírita tem como que um isolamento magnético que nos protege espiritualmente durante os traba­lhos mediúnicos. É simples compreendermos, pois na Terra acontece o mesmo. Um acadêmico de Medicina inicia seu treinamento aos doentes num Hospital e sob a supervisão de um médico experiente para evitar desas­tres. Se for uma cirurgia será necessário um cuidado ainda maior - um centro cirúrgico.
O candidato a médium não deve desistir se, após 2, 3 ou 10 ten­tativas de comunicação com os Espíritos não obtiver qualquer resultado ou qualquer indício de comunicação. Como vimos, existem obstáculos de­correntes da própria organização mediúnica em desabrochamento, impedi­mentos materiais e psíquicos que, só com o tempo e a dedicação serão contornados.
Quanto ao médium que já controla bem sua faculdade, que permite aos Espíritos se comunicarem com facilidade, que seja, em uma pala­vra, um “médium feito”, seria um erro de sua parte, nos assevera Kardec [LM-it 216] crer-se dispensado de qualquer outra instrução. Não venceu senão uma resistência material, e é agora que começa para ele o verdadeiro desafio, as verdadeiras dificul­dades: vencer a terceira etapa - a moral.
c) Etapa Moral: Allan Kardec define como espírita-cristão ou verdadeiro espírita, aquele que não se contenta em admirar a moral es­pírita, mas a pratica e aceita todas as suas conseqüências. Convencido de que a existência terrena é uma prova passageira, aproveita todos os instantes para avançar no caminho do Progresso, esforçando-se em fazer o bem e anular seus maus pensamentos. A caridade em todas as coisas é a regra de sua conduta.
Sob o ponto de vista espírita, a mediunidade é uma iniciação religiosa das mais sérias, é um mandato que nos é oferecido pela Espi­ritualidade Superior a fim de ser fielmente desempenhada. Desta forma, o aspirante à mediunidade - Luz da Doutrina Espírita - deve partir da conscientização de seus ensinamentos e esforçar-se, desde o início de seu aprendizado, por ser um espírita-cristão. Isto significa trabalhar incessantemente por nossa reforma moral. Somente nossa evolução moral, nossa melhora e nosso crescimento para o Bem poderão garantir-nos o assessoramento dos bons Espíritos e o exercício seguro da mediunidade, por nossa sintonia com o Bem. E esta não é uma tarefa fácil, pois o que mais temos dentro de nós são sensações e experiências negativas e deformadas trazidas do passado. Por isso para nós ainda é mais fácil e cômodo, sintonizar com as atitudes negativas do que com as positivas.
E como faremos? Como nos livrarmos de condicionamentos inferio­res? Carregamos séculos de erros e alguns anos de boas intenções. É claro que não podemos mudar sem esforço, temos que trabalhar duro nesta reforma moral, que só nós saberemos identificar e sentir porque estará marcada em nosso íntimo. Trabalhemos com exercícios diários e constantes no bem, meditando e orando muito. Jesus, o Médium por Exce­lência, sintonizava-se constantemente com Deus, no entanto, após a convivência com o povo, sempre se afastava para orar e meditar em si­lêncio e solidão.
A diferença de um bom médium e um médium desajustado, não está na mediunidade, mas no caráter de um e de outro; na formação moral está a base de todo desenvolvimento mediúnico.
Alguns cuidados devem ser tomados por todos aqueles que aspiram ao desenvolvimento mediúnico:
* Culto do Evangelho no Lar: ele proporciona a renovação do clima espiritual do lar sob as luzes do Evangelho Redivivo, porque o lar é a usina maior de energia de que somos carentes, é onde compensa­mos nossa vibrações psíquicas em reajustamento.
* Culto de Assistência: rompimento com o egoísmo, interessando-nos pelo próximo, auxiliando-o sempre em todas as ocasiões, usando ao máximo nossa capacidade de servir desinteressadamente. Participação em atividades como: campanha do quilo, distribuição de alimentos, visita aos enfermos, idosos e creches, grupos de costura, evangelização, etc.
* Freqüência ao Centro Espírita: nas reuniões públicas e outras atividades oferecidas pelas Casas Espíritas. Aprenderemos a viver em grupos Humanos que nos permitirão o exercício da humildade. Evitemos as sessões mediúnicas nos lares; organização espiritual não se impro­visa.
* Estudo Coletivo: reunidos aos companheiros para o estudo das obras espíritas, evitemos as falsas interpretações. Assimilando as ex­periências de companheiros, estaremos alongando nossa visão e nossa percepção dos conteúdos espíritas; o que se torna mais difícil numa leitura solitária.
* Reforma Íntima: revisão e reconstrução de nossos atos e hábi­tos, permutando vícios por virtudes legitimamente cristãs que são as únicas que sobreviverão eternamente.
Como nos diz o instrutor Albério:
"... elevemos nosso padrão de conhecimento pelo estudo bem conduzido e apuremos a qualidade de nossa emoção pelo exercício constante das virtudes superiores..."
Dentro destes critérios de desenvolvimento da mediunidade, mesmo que nenhuma faculdade venha a desabrochar, tenhamos a certeza que estaremos desenvolvendo-nos espiritualmente e capacitando-nos para o exercício da mediunidade com Jesus.
Bibliografia
1) Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
3) Obras Póstumas - Allan Kardec
4) Médium: Quem é, Quem não é? - Demétrio Pavel
5) Diversidade dos Carismas - Hermínio Miranda
6) Missionários da Luz - André Luiz/Chico Xavier
7) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
8) Desenvolvimento Mediúnico - Roque Jacinto


Capítulo 4

Classificação DOS fenômenos mediúnicos
SEGUNDO SEUS efeitos

Introdução

Segundo os efeitos que produzem, podemos classificar os fenôme­nos mediúnicos em:
1. Fenômenos de efeitos materiais, físicos ou objetivos: são os que sensibilizam os nossos sentidos físicos, podendo se apresentarem de variada forma.
2. Fenômenos de efeitos inteligentes ou subjetivos: são os que ocorrem na esfera subjetiva, não ferindo os cinco sentidos, senão a racionalidade e o intelecto.

Fenômenos Objetivos

a) Materialização: fenômeno em que ocorre a materialização ou formação de objetos e de Espíritos, utilizando-se uma energia esbran­quiçada que o médium emite através dos orifícios de seu corpo, chamada ectoplasma. Esta denominação foi dada por Charles Richet, quando estudava este fenômeno.
Como exemplo mais eloqüente podemos citar as experiências de William Crookes com a médium Florence Cook possibilitando a materiali­zação do Espírito Katie King de 1870 a 1874;
b) Transfiguração: modificação dos traços fisionômicos do mé­dium. O Espírito utiliza fluidos do mundo espiritual e os expelidos pelo próprio médium e os manipula envolvendo o rosto do médium com uma capa fluídica sobre a qual modela sua fisionomia;
c) Levitação: erguimento de objetos e pessoas contrariando a lei da gravidade. Crawford, que estudou estes fenômenos, classificou-os como resultantes de a sustentação sobre colunas de fluidos conden­sados erguidas para suportar o peso dos objetos e erguê-los. São co­nhecidos por "colunas de Crawford";
d) Transporte: entrada e saída de objetos de recintos hermeti­camente fechados;
e) Bicorporeidade: aparecimento do Espírito do médium em outro local de forma materializada;
f) Voz Direta: vozes de Espíritos que soam no ambiente, inde­pendentemente do médium, através de uma garganta ectoplásmica.
g) Escrita Direta: palavras ou frases escritas diretamente pe­los Espíritos;
h) Tiptologia: sinais ou pancadas formando palavras e frases inteligentes;
i) Sematologia: movimento de objetos sem contato físico, tradu­zindo um desejo, um sentimento.

Fenômenos Subjetivos

a) Intuição: é o mecanismo mediúnico mais evoluído da espécie humana. O médium consegue captar conteúdos mentais da dimensão espiri­tual e de lá retirar imagens, idéias ou grupos de pensamentos;
b) Vidência: é a percepção visual dos fatos que se passam na dimensão espiritual;
c) Audiência: pode-se ouvir através dos órgão auditivos do corpo físico vozes, mensagens bem caracterizadas ou dentro do cérebro onde as vibrações atingem os centros nervosos ou, ainda, em alguma zona espiritual;
d) Desdobramento: o Espírito do médium desloca-se em desdobra­mento perispiritual às regiões espirituais ou aqui mesmo na Terra, mas sem se materializar;
e) Psicometria: é a faculdade mediúnica onde o indivíduo torna-se capaz de registrar e identificar os fluidos de objetos e locais;
f) Psicografia: manifestação mediúnica através da escrita. Pode ser observada em graus e aspectos diversos:
g) Psicofonia: é a manifestação mediúnica através da fala.

Teoria das Manifestações Físicas

Se temos um efeito - o fenômeno físico - ele deve ter uma causa.
Vamos analisar os fenômenos mediúnicos produzidos pelos Espíritos desencarnados buscando saber como se opera esta ação, qual o seu mecanismo.
Notemos que estas teorias não nasceram de cérebros humanos, mas foram eles próprios, os Espíritos desencarnados, que as deram. Fize­ram-nos conhecer primeiro a sua existência, sua sobrevivência, inde­pendentemente do corpo físico ou carnal. Em segundo lugar, a existên­cia de um envólucro semi-material que lhes serve de corpo no mundo es­piritual e que tem possibilidades de ação sobre a matéria física. É o perispírito, termo criado por Allan Kardec para designar o corpo pe­rispiritual - a condensação do fluido (que tem origem no Fluido Cós­mico Universal - FCU) em torno de um foco de inteligência que é o Espírito. O perispírito é um subproduto do FCU e é variável em sua maior ou menor condensação. O que lhe dá propriedades especiais para agir sobre a matéria.
O perispírito é o intermediário entre o Espírito e corpo fí­sico, formando assim o complexo humano:
1 - Espírito
2 - perispírito
3 - corpo físico
O fenômeno mediúnico de efeito físico, isto é, aquele que sen­sibiliza nossos sentidos físicos, tem sua explicação na ação do peris­pírito. Para atuar sobre um objeto inanimado, o Espírito desencarnado combina o seu fluido perispiritual com o fluido que escapa do médium, satura os espaços interatômicos e intermoleculares da matéria e, com a força do pensamento, agindo como deseja. Temos como exemplo a movimentação de objetos e a comunicação por pancadas.

Manifestação Físicas Espontâneas

Em alguns lugares, tal como aconteceu com as irmãs Fox, em Hy­desville, em 1848, observam-se fenômenos mediúnicos ostensivos, como batidas ou levantamento de objetos, sem que nenhuma pessoa tivesse in­tenção de consegui-lo. Ocorrem espontaneamente, e muitas vezes ao dar origem aquilo que se costuma denominar de "casa mal assombrada".
Devemos analisar, primeiramente, se fenômenos como esses não são:
- frutos da imaginação ou alucinações;
- de causa física conhecida;
- mistificações, fraudes de pessoas inescrupulosas.
Excluídas as causas acima, iremos analisar o motivo pelo qual os fenômenos ocorrem ou são provocados:
1. perseguição de Espíritos;
2. desejo de comunicar-se com a finalidade de expor alguma preocu­pação ou intenção;
3. brincadeiras para assustar;
4. intenção de provar sua sobrevivência e que o Espírito é uma rea­lidade.
Como agir?
1. Não dar atenção quando o fenômeno for produzido por Espíritos brincalhões;
2. orientar, quando produzidos por Espíritos perturbadores e vinga­tivos;
3. atender às solicitações, quando justas, daqueles Espírito dentro de nossas possibilidades;
4. Orar. A prece sincera e partida do íntimo da alma, tocar-lhes-ão o coração e os ajudarão naturalmente.
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) No Invisível - Léon Denis
3) O Fenômeno Espírita - Gabriel Dellane
4) A História do Espiritismo - Arthur Conan Doyle
5) Nos Alicerces do Inconsciente - Jorge Andréa


Capítulo 5

Os Fluidos Espirituais

Introdução

O estudo dos fenômenos espíritas fez-nos conhecer estados de matéria e condições de vida que a Ciência havia longo tempo ignorado.
Ficamos sabendo que, além do estado radiante, a matéria, tor­nada invisível e imponderável, se encontra sob formas cada vez mais sutis que se denominam fluidos. À medida que se rarefaz, adquire novas propriedades e uma capacidade de irradiação sempre crescente; torna-se uma das formas da energia.
Esta força, gerada pelo próprio Espírito encarnado ou desencar­nado, tem sido designada sob os nomes de força ódica, fluído magné­tico, força elétrica, força psíquica e, mais recentemente, de Bioener­gia. É através dessa energia específica que os Espíritos interagem uns com os outros e exercem a sua influência no mundo corpóreo.

Conceitos Básicos

Em [LE-qst 27] dizem os benfeitores espiri­tuais que todas as coisas que existem no Universo podem ser sistemati­zadas em três elementos fundamentais deno­minados de TRINDADE UNIVERSAL. Esses elementos são:

DEUS - ESPÍRITO - MATÉRIA

Deus: a causa primária, a inteligência suprema, cuja na­tureza não nos é dada conhecer, agora;
Espírito: o princípio inteligente, uma "energia pen­sante", com inteligência e moralidade próprias;
Matéria: que na definição espírita é "tudo sobre o qual o Espírito exerce a sua ação."
Observa-se, portanto, que o conceito espírita de matéria trans­cende à definição da física oficial (tudo que tem massa e ocupa lugar no espaço). Se retirarmos do Universo os Espíritos e Deus, tudo o que restar é matéria.
Reconhece-se três tipos de matéria:
a) Matéria Ponderável: é a matéria do mundo físico, que preen­che o mundo dos encarnados e dá origem aos corpos físicos;
b) Matéria Imponderável: é a matéria do mundo espiritual, num tônus vibratório mais elevado que não nos é dado perceber. Forma o pe­rispírito, as construções do mundo espiritual e os fluidos espirituais.
c) Fluido Cósmico Universal (FCU): é a matéria elementar primitiva, dispersa por todo o Universo. Uma matéria extremamente su­til, cujas modificações e transformações vão constituir a inumerável variedade dos corpos da natureza. É nesse elemento primordial para a vida, que vibram e vivem todos os seres e todas as coisas: conste­lações e sóis, mundos e almas, como peixes no oceano. A manipulação desse fluido pelos Espíritos através de seus pensamentos e sentimen­tos, vai dar origem aos fluidos espirituais.

Mecanismo de Formação

O benfeitor André Luiz define Fluidos Espirituais como sendo
"um fluido vivo e multiforme, estuante e inestancável, a nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo até certo ponto, por subproduto do fluido cósmico, absorvido pela mente humana, em pro­cesso vitalista semelhante do Criador, esparsa em todo o cosmos, transubstanciando-a, sob a própria responsabilidade, para influen­ciar na Criação, a partir de si mesma."
Observa-se pela definição de André Luiz que todo um processo dinâmico e complexo envolve a formação dos Fluidos Espirituais. Ao ser absorvido pelo corpo espiritual, o Fluido Universal será manipulado na mente. A mente humana, sediada no Centro Coronário é um brilhante la­boratório de forças sutis, onde o pensamento e a vontade estão agluti­nando as partículas do Fluido Cósmico Universal e dando a elas as suas próprias características. O Fluido Espiritual específico da individua­lidade, será distribuído por todos os centros de força, ocupará as re­giões mais íntimas do perispírito e ao se exteriorizar para fora da organização espiritual irá constituir a aura, distribuindo-se, logo após, pelo ambiente, formando a atmosfera espiritual do local.

A Aura

A aura é o resultado da difusão dos fluidos espirituais para além da organização perispiritual. Forma em torno do Espírito um en­voltório fluídico, de cerca de 20 a 25 cm a partir da superfície do corpo, segundo Hernani Guimarães de Andrade, e vai se constituir no retrato de nosso mundo íntimo. O que somos, o que pensamos e o que sentimos será fielmente retratado em nosso campo áurico.
Todos os elementos da natureza possuem a sua aura típica, mas será no homem, devido aos seus diversos estados de sensibilidade e afetividade, que as irradiações áuricas irão sofrer as mais profundas modificações.
No ano de 1939, o técnico em Eletricidade Semyon Kirlian, coadjuvado por sua esposa Valentina, na Rússia, construiu uma câmara elétrica de alta freqüência na qual se pode obter fotografias das au­ras. Denomina-se KIRLIANGRAFIA a técnica que hoje estuda e interpreta a aura humana. Nos dias atuais, existem muitos trabalhos de registro dessas irradiações áuricas, mostrando, muitos deles, as mudanças do campo áurico relacionadas aos diversos estados emocionais, como também as mudanças relacionadas às condições de saúde e enfermidade.
Acredita-se que, no futuro, o estudo da aura, através da foto­grafia Kirlian, venha a ser de grande utilidade na Medicina, na Psico­logia e em muitas outras áreas da Ciência oficial, no entanto, no pre­sente momento, apesar
"De inúmeras observações ainda não se chegou a conclusões precisas de como interpretar as modificações desses campos e seus respectivos reflexos na zona física, principalmente em suas posições patológi­cas. (Jorge Andréa)

Características dos Fluidos

Os fluidos espirituais não possuem qualidade sui generis, mas sim, qualidades do indivíduo que os elaborou. Em decorrência então da evolução espiritual e das peculiaridades particulares de cada pessoa, os fluidos irão assumir características diversas:
a) Pureza: varia ao infinito e depende do grau de evolução mo­ral que a criatura já alcançou. Os fluidos menos puros, densos, gros­seiros, formam a atmosfera espiritual do planeta, em decorrência do atraso espiritual que ainda caracteriza a população de Espíritos vin­culados ao orbe terrestre. Os fluidos espirituais vão se eterizando e se sutilizando à medida que se afastam da crosta, assumindo um grau de pureza sempre crescentes. As esferas espirituais mais afastadas da su­perfície da Terra são formadas dos fluidos mais puros em virtude de serem habitadas por entidades moralmente mais elevadas.
b) Propriedades Físicas: os fluidos espirituais apresentam ca­racterísticas físicas como: odor, coloração, temperatura, etc. Pessoas portadoras de sensibilidade mediúnica podem perceber essas caracterís­ticas.
c) Qualidade dos Fluidos: têm conseqüências de importância ca­pital a qualidade dos fluidos espirituais. Sendo esses fluidos forma­dos a partir do pensamento e, podendo este modificar-lhes as proprie­dades, é evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar.
Será, portanto, a soma dos sentimentos da individualidade, o "raio da emoção", na expressão de André Luiz, que irá qualificar o fluido, dando a ele potencialidades superiores ou inferiores.
Nesse sentido, os fluidos vão trazer o cunho dos sentimentos de ódio, inveja, ciúme, hipocrisia, de bondade, de paz, etc. A qualidade dos fluidos será, em síntese, o reflexo de todas as paixões, das vir­tudes e dos vícios da humanidade.
Assim sendo, encontra-se-á fluidos balsamizantes, alimentícios, vivificadores, estimulantes, anestesiantes, curativos, soníferos, en­fermiços, etc.

Fluidos e Perispírito

Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica a dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quanto por sua expansão e sua irradiação com eles se confunde.Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno reage sobre o organismos materiais com que se acha em contato íntimo.
Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma im­pressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas e men­tais das mais sérias. Muitas enfermidades têm sua gênese nesta ab­sorção de natureza infeliz.
Bibliografia
1) A Gênese - Allan Kardec
2) No Invisível - Léon Denis
3) Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier


Capítulo 6

O Perispírito

A Visão do Perispírito antes do Espiritismo

Através das épocas mais remotas, as religiões e as filosofias procuraram um elemento fluídico ou semi-material que pudesse servir de traço de união entre o corpo físico - material, e o Espírito - quin­tessenciado e sutil, donde resultou, para o perispírito, uma variada e complexa sinonímia.
No Egito, a mais antiga crença, a dos “começos” (5.000 a.C.) já acreditava na existência de um corpo para o Espírito, denominado "kha", que quer dizer “o duplo”. Na Índia, o livro sagrado dos Vedas refere em seus cânticos ao "Linga Sharira". Na China, Confúcio falava sobre "corpo aeriforme". Para os antigos hebreus era o "Nephesch", que le­vava no seu íntimo o sopro Divino. Na Grécia, os filósofos adotavam variada nomenclatura para designarem o envoltório do Espírito; Pitágo­ras - "carne sutil da alma"; Aristóteles - "corpo sutil ou corpo eté­reo"; Hipócrates - "Eidolon".
Paracelso, precursor da Química moderna, deu-lhe o nome de "corpo astral", baseado na sua cor prateada e luminosidade própria. Para os pensadores da Escola de Alexandria, era denominado, "Astroidê", "corpo aéreo" e "veículo da alma".
Paulo em uma epístola [I Coríntios-cap 15 v.42,44] refere-se ao "corpo espiritual" ou "corpo incorruptível". Tertuliano chama-lhe de "corpo vital da alma". Santo Agostinho, São Bernardo, Santo Hilário e São Basílio, identificaram-no como invólucro da alma, "Pneuma".

A Visão Espírita do Perispírito

O termo perispírito foi criado por Allan Kardec:
"Envolvendo o gérmen do fruto, há o perisperma; do mesmo modo, um substância que, por comparação, se pode chamar de perispírito, serve de envoltório ao Espírito" [Le-qst 93]
É Allan Kardec que explica ser o perispírito laço de união en­tre a alma e o corpo físico, laço este semi-material, ou seja, de natureza intermediária entre o Espírito e o corpo físico.
Assim, podemos dizer que o homem é formado de três partes es­senciais:
a) O corpo físico, ou seja, corpo material, análogo ao dos ani­mais;
b) A alma, o Espírito encarnado, que tem no corpo sua habitação, o princípio inteligente, em que residem o pensamento, a vontade e o senso moral;
c) O perispírito, substância semi-material que serve de envoltório ao Espírito, ligando a alma ao corpo físico.
A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro, o Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode tornar-se visível e mesmo tangível, como sucedem nos fenômenos das aparições.
O Dr. Encause, escritor neo-espiritualista, que foi médico e professor da Escola de Paris, sugere em [Alma Humana] uma engenhosa comparação, própria para a sua época, mas muito explicativa: o homem encarnado é comparado a uma carroça puxada por um animal. O carro da carroça, que por sua na­tureza grosseiramente material e por sua inércia, corresponde bem ao nosso corpo físico. O cavalo seria nosso perispírito, que unido por tirantes ao carro e por rédeas ao cocheiro, move todo o sistema, sem participar da resolução da direção. O cocheiro é o Espírito, que di­rige e orienta a direção e a velocidade. O Espírito quer, o perispí­rito transmite, e o corpo físico executa a ordem na matéria.
O perispírito, ou corpo fluídico do Espírito, é um dos mais im­portantes produtos do Fluido Cósmico Universal; é uma "condensação" desse fluido em torno de um foco inteligente. Sabemos que o corpo fí­sico tem o seu princípio de origem nesse mesmo fluido, condensado e transformado em matéria tangível. No perispírito, a "transformação mo­lecular" se opera diferentemente, porquanto, o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispiritual e o corpo carnal tem, pois, origem no mesmo elemento primitivo - ambos são matéria - ainda que em dois estados diferentes.
Do meio onde se encontra, é que o Espírito extrai do Fluido Cósmico Universal o seu perispírito, dos fluidos do ambiente. Resulta daí que os elementos constitutivos do perispírito, naturalmente variam conforme o mundo.
A natureza do envoltório fluídico, está em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito: nos Espíritos puros será belo e etéreo; nos Espíritos infelizes materializado e grosseiro. O Espírito forma o seu perispírito das partes mais puras ou mais grosseiras do FCU peculiar ao mundo onde vive. Daí deduzirmos que a constituição ín­tima do perispírito não é a mesma em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que formam a humanidade terrestre. Como afirma Allan Kardec:
"O perispírito passa por transformações sucessivas, tornado-se cada mais etéreo, até a depuração completa, que é a condição dos Espíritos puros."
O perispírito não está absolutamente preso ao corpo do encar­nado, irradia mais ou menos fora dele, segundo a sua pureza, com diâ­metros variáveis de indivíduo para indivíduo, em cores e aspectos di­ferentes, constituindo a "aura do homem encarnado".
Toda a sensação que abala a massa nervosa do corpo físico, des­prende uma energia, uma vibração, à qual se deu muitos nomes: fluido nervoso, fluido magnético, força psíquica, etc. Esta energia age sobre o perispírito, para comunicar-lhe o movimento vibratório particular, segundo o território cerebral excitado, de maneira que a atenção da alma seja acordada e que se produza o fenômeno de percepção; o Espírito emite então a ordem da resposta, que, através do perispírito atinge o corpo e efetuará a manifestação material da resposta.

Estímulo
®

®

®

®



Corpo
Físico

Fluido
Nervoso

Períspirito

Espírito
Resposta
¬

¬

¬

¬


A vibração causada no perispírito pelo fluido nervoso ficará armazenada durante algum tempo a nível consciente, para posteriormente passar a ní­vel inconsciente. Temos assim, no perispírito, um arquivo de todas as experiências do corpo físico, desde o momento da concepção até a desencarnação.
Durante o processo reencarnatório, à medida que o novo corpo vai se formando, a união com o perispírito ocorre molécula a molécula, célula a célula. Assim, o pe­rispírito vai moldando o corpo físico que se forma, funcionando, segundo Emmanuel, como o
"Mantenedor de união molecular que organiza as configurações típicas de cada espécie."
Outra função importante do perispírito é na mediunidade. Um Espírito só consegue se manifestar em nosso meio, através da combinação de seus fluidos perispirituais com os fluidos perispirituais do médium, que passam a formar uma espécie de "atmosfera fluídico-espiritual" comum às suas individualidades, at­mosfera esta que torna possível os fenômenos mediúnicos nos seus di­ferentes tipos.
Resumindo, as principais funções do perispírito são:
1. servir de veículo de união do corpo físico com o Espírito;
2. arquivar nas suas camadas sutis e permanentes, os conhecimentos adquiridos através de nossa evolução individual;
3. irradiar-se em volta do corpo físico, interpenetrando-o, constituindo um dos componentes da aura humana;
4. servir de molde para a formação do corpo físico;
5. permitir a ocorrência dos fenômenos mediúnicos.

"Tão arrojada é a tentativa de transmitir informes sobre a questão aos companheiros encarnados, quão difícil se faria esclarecer à lar­garta com respeito ao que será ela depois de vencer a inércia da crisálida colocado no chão, arrastando-se pesadamente, o inseto não desconfia que transporta consigo os germes das próprias asas." (Emmanuel)
Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) A Gênese - Allan Kardec
3) Obras Póstumas - Allan Kardec
4) Antologia do Perispírito - José Jorge
5) Correnteza de Luz - José Raul Teixeira
6) Alma Humana - Antônio Freire


Capítulo 7

Os Centros de Força e A Glândula Pineal

Introdução

Sabemos que os Espíritos encarnados e desencarnados são dotados de um corpo fluídico, semi-material, isto é, composto de fluidos em diferentes estados de condensação. Esse corpo fluídico é o perispírito ou corpo espiritual.
O perispírito está intimamente regido por vários centros de força que trabalham vibrando uns em sintonia com os outros, sob o po­der diretor da mente. A mente é que determina o funcionamento mais ou menos equilibrado destes centros de força e são eles que dão condições para que o perispírito desempenhe as suas várias funções.
A localização desses centro de força no perispírito corresponde a dos plexos no corpo físico, com exceção dos que estão no crânio perispiritual, o coronário e o frontal, que se ligam aos centros encefálicos.
Plexos são feixes nervosos do corpo físico onde há maior con­centração de nervos.
Os centros de força são também denominados de discos energéticos e centros vitais, mas são vulgarmente conhecidos pelo nome de chacras, por causa das filosofias orientais.
Chacra é palavra sânscrita que significa “roda”, pois eles têm forma circular com mais ou menos 5cm de diâmetro, possuem vários raios de ação que giram, incessantemente, com a passagem da energia, lembrando um ventilador em movimento.
Cada um tem as suas cores próprias, características. Quanto mais evoluída a pessoa, mais brilhantes são essas cores, alcançam maior diâmetro e os seus raios giram com maior desenvoltura.
São eles que distribuem, controlam e dosam as energias que o nosso corpo físico necessita, como também regulam e sustentam os sentimentos, as emoções, e alimentam as células do pensamento.
É através dos centros de força que são levadas as sensações do corpo físico para o Espírito, pois são eles que captam as energias e as influências exteriores.
O Fluido Cósmico Universal ao ser absorvido é metabolizado pelo centro coronário, em fluido espiritual - uma energia vitalizadora - imprescindível para a dinâmica do nosso corpo físico, sentimentos, emoções e pensamentos.
Após a metabolização, essa energia circula pelos outros centros de força e é canalizada através da rede nervosa para todo o organismo com maior ou menor intensidade de acordo com o estado emocional da criatura, porque eles estão subordinados a impulsos da mente, irradiando-se, posteriormente, em seu derredor, formando a nossa aura, que é uma espécie de espelho fluídico capaz de refletir o que se passa no campo psíquico. Ela reflete o nosso estado de Espírito.
Hábitos, conduta e ações nocivas, todos os atos contrários às Leis Divinas, tornam os chacras desequilibrados e comprometem o funcionamento harmonioso do conjunto.
Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força correspondente que reagirá sobre o corpo físico.
Exemplo:
- maledicência, calúnia -> desequilibra o centro de força laríngeo;
- sentimentos inferiores (inveja, ciúme, egoísmo, vaidade, mágoa) -> desequilibram o centro de força cardíaco;
- sexo sem amor, sem respeito ou sem responsabilidade -> desequilibra o centro de força genésico.
Quanto mais equilibrados e harmônicos entre si, mais saúde fí­sica e psíquica para a criatura e maior carga de energias ou forças vitalizadoras teremos para doar no processo de irradiação.
O equilíbrio para os nossos chacras conseguiremos através da reforma íntima, pela reforma moral, através do burilamento das nossas facetas negativas, procurando desfazer-nos das imperfeições que ainda trazemos dentro de nós.
São em número de sete os principais centros de força:
a) Centro Coronário: é o mais importante pelo seu alto potencial de radiações.
Nele se assenta a ligação com a mente. Relaciona-se materialmente com a epífise ou glândula pineal, ligando os planos espiritual e material.
Recebe, em primeiro lugar, os estímulos do Espírito comandando os demais, vibrando, porém, com eles em regime de interdependência, isto é, são ligados entre si, obedecem ao comando do coronário, mas cada um tem a sua função própria. É como se todos formassem uma orquestra e o coronário fosse o regente.
Dele emanam as energias de sustentação de todo o sistema nervoso. É o grande assimilador das energias solares e captador dos raios que a espiritualidade superior envia para a Terra, capazes de favorecer a sublimação das almas. Esse centro de força desenvolve-se na proporção da evolução espiritual.
b) Frontal ou Cerebral: tem grande influência sobre os demais.
Relaciona-se materialmente com o córtex cerebral. Trabalha em movimen­tos sincrônicos e de sintonia com o centro coronário, do qual recolhe os estímulos mentais, transmitindo impulsos e anseios, ordens e sugestões aos órgãos e tecidos, células e implementos do corpo por que se expressa.
É responsável pelo funcionamento dos centros da inteligência. Comanda os 5 sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar.
Comanda através da hipófise todo o sistema glandular interno, com exceção do timo, tireóide e paratireóides.
Administra todo o sistema nervoso. O coronário fornece as energias e ele administra.
É por este centro de força que podemos, segundo a nossa von­tade, irradiar calma, alívio, equilíbrio, conforto a quem esteja ne­cessitando, bastando usar a força do pensamento. É responsável pelos poderes mentais.
c) Laríngeo: controla os órgãos da respiração, da fala e as atividades do timo, da tireóide e paratireóides. Relaciona-se com o plexo cervical. É um centro de força muito desenvolvido nos grandes cantores e oradores.
d) Cardíaco: controla, regula as emoções. Comanda os sentimento. É responsável pelo funcionamento do coração e do aparelho circulatório. Relaciona-se materialmente com o plexo cardíaco.
e) Esplênico: responsável pelo funcionamento do baço, pela for­mação e reposição das defesas orgânicas através do sangue. Relaciona-se materialmente com o plexo mesentérico e baço.
f) Gástrico ou Umbilical: responsável pelos aparelhos digestivos. Relaciona-se com o plexo solar. Responsável pela absorção dos alimentos.
g) Genésico ou Básico: relaciona-se com os plexos sacro e lombar. Responsável pelos órgãos reprodutores e das emoções daí advindas. Como diz André Luiz, nele se assenta o santuário do sexo. É responsá­vel não só pela modelagem de novos corpos físicos como pelos estímulos criadores com vistas ao trabalho, à associação e a realização entre as almas. São essas energias sexuais, quando equilibradas, que levam os homens a pesquisar no campo da Ciência, da tecnologia com vistas a descobrir remédios, vacinas, inventar aparelhos, máquinas que visem a melhorar a qualidade de vida dos homens.
Levam também as pessoas a criarem no ramo das Artes, da Literatura ou em qualquer outro ramo cultural ou educacional. Quando equilibradas, levam as pessoas a se dedicarem a obras beneméritas, a se associarem para promover os homens socialmente, para estabelecerem a paz e a concórdia entre a humanidade, defenderem a natureza, etc.
Quanto mais evoluída a pessoa, mais ampliação terá das forças sexuais em inúmeras atividades para o bem. Vai havendo maior diversificação na canalização dessas energias. Elas deixam de ser canalizadas somente para o erotismo, como acontece nas pessoas menos evoluídas. As que já conseguem viver em regime de castidade sem tormento mental podem canalizar estas energias para o trabalho em benefício do próximo, para o campo da Ciência, da Cultura, da Mediunidade.

A Glândula Pineal

Jorge Andréa, médico psiquiatra, expositor e escritor espí­rita, que há muitos anos tem se dedicado aos estudos da mediunidade e das obsessões, afirma-nos em [Nos Alicerces do Inconsciente]:
"A tríade por excelência, da mais alta expressão no mecanismo mediú­nico,seria representada:
a) pela glândula pineal;
b) pelos centros de energia vital ou chacras;
c) pelo sistema neuro-vegetativo."
Como podemos notar, a glândula pineal e o sistema neuro-vegetativo são órgãos do corpo físico e os centros de energia vital são órgãos do corpo perispiritual.
A glândula pineal foi bastante conhecida dos antigos, fato observado através de descrições existentes. A escola de Alexandria participou ativamente dos estudos da pineal que achavam-se ligados a questões religiosas. Os gregos conheciam-na como conarium, e os latinos como pinealis, semelhante à uma pinha. Estes povos, em suas dissertações, localizavam na pineal o centro da vida. Mais tarde, os trabalhos sobre a glândula pineal se enriqueceram com estudos de De Graff, Stenon e Descartes que, em 1677, fez uma minuciosa descrição da glândula, atribuindo-lhe papel relevante que se tornou conhecida até os nossos dias. Para ele:
"A alma é o misterioso hóspede da glândula pineal."
No início do séc. XIX, embriologistas relacionaram a pineal ao terceiro olho de alguns répteis lacertídeos da Nova Zelândia e passa­ram a considerá-la como um órgão vestigial, abandonado pela natureza, o que atrasou, em muito, os estudos sobre a pineal. Porém, em 1954, vários estudiosos publicaram um livro como o somatório crítico de toda a literatura existente sobre a glândula pineal, chegando a algumas conclusões que foram comprovadas em trabalhos subsequentes. Dentre estas:
Frontal ou Cerebral
 
Tireóide e Paratireóide
 
Pâncreas
 
Supra-renais
 
Baço
 
Cóccix
 
Coronário
 
Laríngeo
 
Cardíaco
 
Esplênico
 
Gástrico ou Umbilical
 
Genésico ou Básico
 
Pituitária
 
Coração e Timo
 
Pineal
 

·      que a glândula pineal passou de um órgão sensorial a uma glândula de secreção endócrina, entretanto, permanece sofrendo influência da luz, ou seja: a luz inativa a pineal e a ausência de luz, ativa a pineal;
·      a pineal teria influência sobre o amadurecimento das glândulas sexuais - ovários e testículos; quando atuante, a pineal inibiria o desenvolvimento destas glândulas, e a inatividade da pineal permitiria o seu desenvolvimento ocorrendo assim o aflorar da sexualidade;
·      seus hormônios favoreceriam o sono, diminuiriam crises convulsivas, sendo por isso conhecida como glândula da tranquilidade;
·      atuaria ainda como reguladora das funções da tireóide, pâncreas e supra-renais;
·      seria ainda uma reguladora global do sistema nervoso central.
Temos, até aqui, um ligeiro resumo do que a Ciência oficial conhece hoje sobre a glândula pineal Busquemos agora, algumas considerações espíritas. Allan Kardec [LM-it 226] questiona aos Espíritos:
O desenvolvimento da mediunidade guarda relação como o desenvolvi­mento moral do médium?
Não, a faculdade propriamente dita se radica no organismo não depende da moral.
Tecem a seguir valiosos comentários quanto ao problema do uso da faculdade. Interessa-nos, porém, a expressão textual dos Espíritos: a faculdade propriamente dita se radica no organismo, esta afirmação aguça-nos a sã curiosidade de pesquisar em torno da sede da mediunidade. Qual seria o órgão responsável por tal aquisição fundamental do Espírito encarnado? Na época em que Kardec codificou o Espiritismo pouco se conhecia da anatomia e estrutura microscópica da pineal e muito menos ainda de suas funções. Com o avanço da Ciência, porém, houve condições de recebermos informações mais amplas dos Espíritos através das obras complementares da codificação. André Luiz, é, sem dúvida alguma, o autor espiritual que mais amplas elucidações nos faz sobre o assunto.
Em [Missionários da Luz-cap I e II] André Luiz estudando um médium psicógrafo com o instrutor Alexandre, observa a epífise - ou pineal - do médium que está a emitir intensa luminosidade azulada, e o instrutor Alexandre esclarece:
"No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a pineal desempenha o papel mais importante.
André Luiz observa: - Reconheci que a glândula pineal do médium ex­pedia luminosidade cada vez mais intensa... a glândula minúscula transformara-se em núcleo radiante e ao redor, seus raios formavam um lótus de pétalas sublimes.
André Luiz prossegue narrando o que vê: - Examinei atentamente os demais encarnados, em todos eles a pineal apresentava notas de luminosidade, mas em nenhum brilhava como no médium em serviço.
Alexandre esclarece: pode reconhecer agora que todo centro glandular é uma potência elétrica. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera espiritual, é na pineal que reside o sentido novo dos homens, entretanto, na grande maioria, a potência divina dorme embrionária."
Em [Evolução em Dois Mundos-cap IX], que fala da Evolução do cérebro, André Luiz explica a evolução da pineal, que deixou de ser um olho exterior, como era nos lacertídeos da Nova Zelândia, para fazer parte do cérebro em seu interior na zona mais nobre o tálamo, relacionando às emoções mais sutis. Em [Missionários da Luz], o instrutor Ale­xandre fornece ainda outras informações a André Luiz:
"Não se trata de um órgão morto segundo as velhas suposições, é a glândula da vida mental. Ela acorda no organismos do homem na puberdade, as forças criadoras, e em seguida continua a funcionar como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. Aos 14 anos aproximadamente, a glândula reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus maravilhosos mundos de sensações e impressões da esfera emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examinando o inventário de suas paixões vividas em outras épocas, que reaparecem sob fortes impulsos. Ela preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Desata de certo modo os laços divinos da natureza, os quais ligam as existências umas às outras, na sequência de lutas pelo aprimoramento da alma e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras de que a criatura se acha investida."
Vemos então atribuídas à glândula pineal funções que só agora estão sendo esclarecidas pela Ciência oficial. Segundo revelações dos instrutores espirituais, ela domina o campo da sexualidade e estabelece contato com o mundo extra-corpóreo.
Continuando as elucidações doutrinárias, voltemos a [Missionários da Luz] e vamos encontrar André Luiz surpreso com a amplitude de funções da pineal, e, a certa altura, interroga a Alexandre sobre o papel das gônadas (testículos e ovários) no desencadeamento e preservação das energias sexuais. Alexandre esclarece:
"As glândulas genitais são demasiadamente mecânicas para guardarem os princípios sutis e quase imponderáveis da geração. Acham-se abso­lutamente controladas pelo potencial magnético de que a pineal é a fonte fundamental. As glândulas genitais segregam hormônios psíquicos ou unidades-força que vão atuar nas energias geradoras. Os cromossomas da bolsa seminal não lhe escapam à influenciação absoluta e determinada".
Alexandre prossegue fornecendo valiosas informações sobe a influência do nosso estado emocional, sobre as gônadas - via glândula pineal, o que é de grande importância para os padrões de conduta íntima que devem vigorar em cada um de nós.
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Missionários da Luz - André Luiz/Chico Xavier
3) Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier
4) Grilhões Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco
5) Entre a Terra e o Céu - André Luiz/Chico Xavier
6) Forças Sexuais da Alma - Jorge Andréa
7) Nos Alicerces do Inconsciente - Jorge Andréa


Capítulo 8

O Pensamento:
Ideoplastia  E Criações Fluídicas

Introdução

O Princípio Inteligente (P.I.), através de sua longa viagem pe­los Reinos da Natureza, foi desenvolvendo características e aptidões importantes e indispensáveis para a sua evolução. Funções rudimentares e simples, se transformaram, com o passar do tempo, em funções cada vez mais especializadas e complexas. Da função desenvolvida por uma única organela celular tivemos o aparecimento de maravilhosos e compe­tentes aparelhos e sistemas orgânicos. Tudo isso exigiu um controle eficiente e preciso; assim o P.I. foi desenvolvendo simultaneamente o sistema nervoso, para desempenhar esta tarefa. Após milênios, de evo­lução estava pronto o espetacular órgão do corpo humano, o cérebro, que passou a ser o dirigente e o gerente de cada repartição do corpo físico do homem.

O Cérebro

Ao nascimento, o cérebro humano pesa aproximadamente 500 gramas e possui cerca de 100 milhões de neurônios (células nervosas). No adulto o cérebro pesa aproximadamente 1500 gramas e tem também cerca de 100 milhões de neurônios. Sabemos, que a partir do nascimento, o homem vai desenvolvendo cada vez mais as suas aptidões, e este desen­volvimento, como vimos, não decorre da multiplicação das células ner­vosas. Hoje sabemos que este fato se dá pelo aumento crescente da união entre estas células, ou seja, de sinapses nervosas (nome que a Ciência dá à união entre as células nervosas).
Assim, o que diferencia o cérebro de uma criança do cérebro de um adulto é o número de sinapses nervosas. A Ciência atual aceita que a maior ou menor aptidão cerebral, se deve ao maior ou menor número de sinapses nervosas. Podemos também estender estes conhecimentos aos animais, diferenciando-os em aptidões de acordo com o número de sinap­ses nervosas.
O que é muito interessante, é que o fator determinante para termos mais ou menos sinapses é diretamente proporcional ao exercício e ao estímulo constante ao sistema nervoso, e também, que essa capaci­dade de formar sinapses, ao contrário que muitos pensam, é a mesma do nascimento ao túmulo, ou seja independe da idade do indivíduo demons­trando cientificamente que, realmente, nunca é tarde para estudar e aprender.
Qualquer atividade nossa é comandada pelo cérebro, desde as mais simples, como o piscar dos olhos, até as mais complexas como es­crever, falar, etc.
Se acompanharmos a evolução do P.I., vamos observar que as ap­tidões após serem conquistadas, são armazenadas como patrimônio eterno do ser. À medida que aptidões mais complexas se desenvolvem, as mais simples passam ao controle do inconsciente (automatismo). Podemos as­sim dizer que: o cérebro comanda o nosso corpo físico utilizando-se de ordens conscientes (falar, escrever, andar, etc.) e ordens inconscien­tes (piscar os olhos, bater o coração, respirar, etc.).
A Ciência da Terra consegue explicar como ocorrem as alterações cerebrais diante de um estímulo, qual a área do cérebro responsável pelo controle de certa função orgânica, explica como a ordem, partindo do cérebro, atinge o orgão efetor. A Ciência terrena se perde quando não consegue entender o motivo pelo qual, a um mesmo estímulo, duas pessoas respondem de forma tão diferente em certas circunstâncias. Por que duas pessoas ao ouvirem uma mensagem ou uma música, uma chega às lágrimas, enquanto a outra mostra-se indiferente.
Para entendermos este aspecto, temos de recorrer à ciência não convencional. O Espiritismo nos explica este fato com clareza.
Nós espíritas sabemos a diferença entre um Espírito encarnado e outro Espírito desencarnado, e entre outras coisas, que o encarnado por precisar atuar sobre a matéria densa, necessita do corpo físico. A Doutrina Espírita, nos ensina que o corpo físico desde o momento da concepção é formado tendo como molde o perispírito. Nosso corpo físico é uma cópia de nosso corpo perispiritual (réplica rudimentar). Guar­dando certos limites, podemos afirmar que o cérebro humano é uma ré­plica do cérebro perispiritual, e que este cérebro físico seria rudi­mentar quando comparado ao cérebro perispiritual, pois nem todas as características são passadas ao corpo físico, mas apenas as possíveis e necessárias a cada reencarnação. Seriam dois computadores de ge­rações diferentes.

O Pensamento

A ciência espírita nos ensina que a ordem realmente nasce na vontade do Espírito que, por uma "vibração nervosa", faz vibrar certa região de nosso cérebro perispiritual e este emite uma outra "vibração nervosa" que faz a área correspondente no cérebro físico emitir uma ordem ao órgão efetor do corpo físico.
Ou seja, quem realmente responde ao estímulo do meio é o Espírito, e a resposta ganha o corpo físico através do perispírito. O Espírito pensa e manda, o perispírito transmite e o corpo físico mate­rialmente responde. No exemplo que citamos, o Espírito ao ouvir a men­sagem ou a música responde ao estímulo. após julgá-lo utilizando-se de todo seu patrimônio moral e intelectual, adquirido em reencarnação su­cessivas, explicando assim a resposta diferente de dois Espíritos ao mesmo estímulo. Ou seja, ocorre na matéria a exteriorização de tudo aquilo que existe no Espírito como um todo. Albert Einstein afirmava que todos nós vivemos em um Universo de energias, que a matéria é, na verdade, a apresentação momentânea da energia, como a água, pode apre­sentar-se em seus três estados (sólido, líquido e gasoso).
O sábio cientista nos ensinou que toda fonte de energia propaga sua influência no Universo através de ondas (ex.: fonte de calor com ondas de calor, fonte sonora com ondas sonoras, fonte luminosa como ondas de luz, etc.), e que esta influência vai até ao infinito. Ao campo de influência, existente ao redor de toda fonte de energia (matéria), a Ciência deu o nome de "CAMPO DE INFLUÊNCIA DE EINSTEIN". Se analisarmos o campo de influência de uma fonte de energia, vamos conseguir deduzir aspectos importantes desta fonte, mesmo sem conhecê-la diretamente (o estudo feito pelos astrônomos com a irradiação emi­tida das estrelas). Cada fonte de energia tem o seu campo de influên­cia próprio.
Quando o Espírito pensa, estando encarnado ou não, pois como vimos, quem pensa é o Espírito e não o cérebro físico, ele funciona como uma fonte de energia, criando as ondas mentais (partículas men­tais) gerando em torno de si o CAMPO DE INFLUÊNCIA DA MENTE HUMANA, conhecido com o nome de hálito mental, como nos ensina o autor espiri­tual André Luiz. Como cada um de nós pensa de acordo com o seu patri­mônio intelecto-moral, emitimos ondas mentais diferentes, ou seja, cada um de nós tem o seu Hálito Mental próprio - HÁLITO MENTAL INDIVI­DUAL. Projetamos constantemente uma vibração nas partículas que compõem nosso perispírito de acordo com a nossa evolução (cor, cheiro, sensação agradável ou desagradável e alguém que se aproxima de nós, etc.).
A espiritualidade nos ensina que um grupo de Espíritos (encarnados ou desencarnados) que pensa da mesma forma (evolução seme­lhante) formam um Hálito Mental de um Grupo, HÁLITO MENTAL DE UMA CO­LETIVIDADE.
Como vimos, a energia de uma fonte se propaga através de ondas. A Física nos ensina que o que diferencia uma onda de outra, são suas características físicas como: amplitude, freqüência, comprimento, etc. Assim, uma onda seria luminosa, outra de calor, outra sonora, outra mental, segundo estas características físicas. Para simplificarmos a análise, utilizaremos apenas a freqüência de uma onda, ou seja, o nú­mero de ciclos em determinado tempo (ciclos por segundo). Assim tería­mos ondas de alta, média e baixa freqüência por exemplo. A física nos ensina que o campo de influência das ondas que esta fonte emite (ex.: emissoras de rádio que emitem ondas de mais elevada freqüência atingem maior distância de seu sinal). A espiritualidade nos ensina que esta lei é obedecida na Ciência espiritual, ou seja, quanto mais evoluído moralmente é o Espírito (encarnado ou desencarnado) mais alta a fre­qüência de suas ondas mentais. Assim Espíritos muito evoluídos emitem ondas de altíssima freqüência (maior o seu campo de influência) e Espíritos pouco evoluídos ondas de baixa freqüência (menor o campo de influência). Assim, obedecendo a uma lei física, podemos afirmar que o poder de influência do Bem é muito maior do que do Mal.
A Física da Terra nos ensina que fontes que emitem ondas de freqüências iguais se atraem e fontes que emitem ondas de freqüência deferentes se repelem. Assim também ocorre com o Espírito, esteja ele encarnado ou não. O local (dimensão) do Universo onde Espíritos que emitem o mesmo tipo de HÁLITO MENTAL se encontram recebe o nome de FAIXA VIBRATÓRIA, ou FAIXA DE PENSAMENTO, ou FAIXA DE INFLUÊNCIA. Quando se acha em uma faixa vibratória, o Espírito que aí está atrai e é atraído para esta faixa, ou seja, alimenta e é alimentado dos senti­mentos dessa faixa de pensamentos ou de sentimentos. Devemos nos buri­lar, no sentido de sempre estarmos em faixas vibratórias mais evoluí­das; tudo depende dos sentimentos (ondas) que criamos diuturnamente.

Ideoplastia

Ideoplastia - palavra de origem grega que trata do estudo das formas através do pensamento. Na literatura espírita, também podemos encontrar outras designações com o mesmo significado: criações fluídi­cas, formas-pensamento, imagens fluídicas, ou, ainda, construções men­tais. Sendo os fluidos espirituais a atmosfera dos seres espiri­tuais, os Espíritos tiram desse elemento os materiais sobre os quais ope­ram; é nesse meio que ocorrem os fenômenos perceptíveis a sua visão e a sua audição.

Mecanismo e Duração

Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais empregando o pensamento e a vontade, seus principais instrumentos de ação. Por este mecanismo, eles podem imprimir aos fluidos, direção, pode lhes aglome­rar, combinar, dispersar, organizar, podendo também, mudar-lhes as propriedades. É dessa forma que as águas podem ser fluidificadas, ad­quirindo certas qualidades curadoras.
O pensamento reflete-se no perispírito, que é sua base e meio de ação; ele reproduz todos os movimentos e matizes. Na medida em que o pensamento se faz, instantaneamente o corpo fluídico retrata as for­mas criadas, deixando de existir tão logo o mesmo pensamento cesse de agir naquele sentido.
Para o Espírito que é, também ele, fluídico, todas as criações mentais são tão reais como eram no estado material quando encar­nado; mas, pela razão de serem fruto do pensamento, sua existência é tão fu­gidia quanto a deste. O pensamento pode materiali­zar-se criando formas de longa duração conforme a persistência da onda em que se ex­pressa.

Classificação

As construções mentais podem resultar de uma intenção (voluntária) ou de um pensamento inconsciente (involuntária). Basta que o Espírito pense numa coisa para que esta se reproduza. Tenha um homem, por exemplo, a idéia de matar a outro, embora o corpo material se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa fluidi­camente o gesto. A imagem da vítima é criada e a cena toda é pin­tada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola na mente.
Isto permite entender por que todo e qualquer pensamento pode tornar-se conhecido: por evidenciar-se no corpo fluídico, pode ser per­cebido por outros Espíritos, encarnados ou desencarnados, que es­tejam vibrando em sintonia. Mas, é importante considerar que o que realmente é visto pelo observador é a intenção. Sua execução, toda­via, vai depen­der da persistência de propósitos, de circunstâncias que a favoreçam. Modificadas as intenções, os planos também sofrerão mudan­ças.
As criações fluídicas inconscientes retratam as preocupações ha­bituais do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus anseios, de­sígnios bom ou maus. Elas surgem e se desfazem alternadamente. As idéias, as lembranças vividas, em nível inconsciente, também gravitam em torno de quem as elabora.
As criações fluídicas, que são fruto de uma intenção, são progra­madas com um objetivo específico. Podem ser promovidas por men­tores es­pirituais ou obsessores. A técnica utilizada, tanto por Espíritos bons quanto por Espíritos inferiores, é a mesma.
Os mentores espirituais atiram as lembranças construtivas e plasmam quadros superiores que irão gerar renovação e força, equilí­brio, serenidade e confiança em Deus. Durante o passe, enquanto a pes­soa se encontra predisposta, mais eficazmente as construções supe­riores são registradas.

Licantropia (Zooantropia)

Alguns Espíritos podem mostrar-se com a forma semelhante a de determinados animais. São chamados fenômenos de zooantropia. Nestes ca­sos, é utilizado o poder hipnótico/magnético de uma mente mais po­derosa sobre a outra. A gênese de tais fenômenos encontra-se na cons­ciência culpada da vítima e, a base de ação, nos elementos plásticos do seu pe­rispírito. Os obsessores aproveitam sempre a idéia traumati­zante, o sentimento de culpa ou o rebaixamento moral voluntário, ex­plorando des­lizes presentes ou passados, bem como a ignorância dos in­cautos.

Recursos ideoplásticos nas Reuniões Mediúnicas

Em cada reunião espírita, orientada com segurança, existem Espíritos prestativos e operantes, eficientes e unidos que manipulam a ma­téria mental necessária à formação de quadros educativos. São re­cursos imprescindíveis à criação de formas-pensamento, com vistas à transfor­mação dos companheiros em sofrimento e desequilíbrio que se manifestam.
Para se recuperarem, é indispensável que recebam o concurso de imagens vivas sobre as impressões vagas e descontínuas a que se reco­lhem. Esses operadores agem com precedência, consultando-lhes as remi­nescências, observando-lhes o pretérito e anotando-lhes os labi­rintos psicológicos, a fim de que nos santuários mediúnicos, sejam conduzidos a metamorfoses mentais, imprescindíveis à vitória do bem.
Assim, formam-se jardins, templos, fontes, hospitais, escolas, oficinas, lares e quadros outros em que os Espíritos comunicantes sin­tam-se como que tornando à realidade pregressa, através da qual põem-se mais facilmente ao encontro da realidade espiritual, sensibili­zando-os nas fileiras mais íntimas. Pelo mesmo processo são-lhes re­vitalizadas a visão, a audição, a memória e o tato.
Importante: pelos mesmos recursos ideoplásticos são criados qua­dros para ajudar a mente dos encarnados que operam na obra assisten­cial dentro do Evangelho de Jesus. Para isso, é necessário oferecer o melhor material dos nossos pensamentos, palavras e atitu­des. Toda cau­tela é recomendável no esforço preparatório de uma reu­nião espírita para socorro a desencarnados menos felizes, mesmo quando não sejamos portadores de maiores possibilidades; através da oração convertamo-nos em canais de auxílio, apesar da precariedade dos nossos recursos. É im­prescindível tranquilidade, carinho, compre­ensão e amor para que a pro­gramação dos companheiros espirituais en­contrem em nós base segura na sua realização.
O homem é a sua vida mental. Aquele que se compraz na acei­tação da própria decadência acaba na posição de excelente incubador de bacté­rias e sintomas mórbidos. Quanto mais largo é o vôo, mais ra­diosas as claridades, mais inebriantes as alegrias senti­das, mais po­derosas as forças adquiridas, maiores possibilidades de ajuda.
Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Livro dos Médiuns - Allan Kardec
3) A Gênese - Allan Kardec
4) Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
5) Correnteza de Luz - José Raul Teixeira
6) Antologia do Perispírito - José Jorge
7) Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
8) Libertação - André Luiz/Chico Xavier
9) Sexo e Destino - André Luiz/Chico Xavier


Capítulo 9

Concentração - Noções Gerais

Introdução

Em [Nos Domínios da Mediunidade] o Instrutor Albério esclarece André Luiz: “Precisamos considerar que a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos...”. É através da mente que se manifestam os valores adquiridos pelo Espírito, as experiências acumuladas, as virtudes, os conhecimentos, os defeitos, os dramas vividos, as afeições, o rancor, a bondade, o ressentimento, a compreensão, a vingança, a alegria, a tristeza, o amor e o ódio. Todas estas características intrínsecas do Espírito exteriorizam-se através da mente, definindo o grau de evolução em que nos encontramos e a faixa vibratória em que vivemos.
Deus fez o homem para viver em sociedade. Nenhum homem possui faculdades completas - somente pela união social é que elas se completam, umas às outras. Dependemos dos nossos semelhantes, e constantemente agimos e reagimos uns sobre os outros. Estabelecemos laços, formamos grupos e nos influenciamos mutuamente. A natureza dos nossos pensamentos, as nossas aspirações, o nosso sistema de vida, a se expressarem através de atos, palavras e pensamentos, determinam a qualidade dos Espíritos que, pela lei de afinidades, serão compelidos a sintonizarem conosco nas tarefas cotidianas e, especificamente, nas práticas mediúnicas.
No [LM-it 232] somos alertados: “Fora erro acreditar alguém que precisa ser médium para atrair a si os seres do mundo invisível. Eles povoam o espaço; temo-los incessantemente em torno de nós, intervindo em nossas reuniões, seguindo-nos ou evitando-nos, conforme os atraimos ou repelimos, A faculdade mediúnica em nada influi para isto: ela mais não é do que um meio de comunicação.” Por isso a afirmativa: Mediunidade não basta só por si. O importante é a utilização que fazemos da faculdade.

Concentração

Existe um estado da mente em que ela se atém àquilo que a atrai naturalmente ou para o que ela se propõe a fazer, estado este que chamamos concentração. Este estado mental é alcançado de duas formas:
a) espontânea - inconsciente, involuntária;
b) programada - fruto de esforço e de exercício continuado, tendo em vista um objetivo (adaptação psíquica).
No caso do médium, o conhecimento deste mecanismo é fundamental. É através desta atitude mental que se abrirão as portas que permitem o trânsito do plano físico para o espiritual e vice-versa, ou seja, é um estado mental de predisposição perceptiva de outras condições vibracionais que não sejam as do sentidos físicos.
Podemos utilizar alguns métodos que facilitam alcançar este estado. Através de exercícios respiratórios, de música, de leituras edificantes, nos predispomos a um relaxamento físico e mental. Físico, em relação à musculatura do corpo físico; mental, em relação à abstração dos problemas que não dizem respeito à finalidade do momento.
Na concentração o médium cria um campo em torno de si, que exerce influência sobre si próprio. Emite vibrações que se estendem pelos espaços e, por um processo natural de sintonia, atuam em outras mentes que lhe são equivalentes, estabelecendo-se uma ligação com estas mentes.
O improviso nesta atividade mental, a invigilância, a falta de evangelho, o ociosidade mental e física irão provocar o cansaço psíquico, a inquietação em decorrência da instabilidade de pensamentos, a polivalência de idéias. Por isso é necessário uma constante preparação íntima, conseguida através da prece, de leituras salutares, do cultivo de pensamentos equilibrados, do trabalho no bem e dos cuidados com a saúde física.

Bibliografia
1) O Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier


Capítulo 10

Fluidoterapia

Introdução

Fluidoterapia: Tratamento pelo fluido; yratamento através do fluido.
Esboçava Kardec em 1869 uma nova obra, desta vez sobre as re­lações entre magnetismo e Espiritismo quando, vitimado pela ruptura de aneurisma, veio a desencarnar.
Mas desde o início da codificação, tratou em suas obras do mag­netismo, magnetizador que fora.
Aprendemos então que Magnetismo é fluido.
Daí a propriedade que as pessoas tem de irradiar um fluido ou uma energia que pode influenciar pessoas , animais, vegetais e o meio circundante.
No passado, dois nomes se destacaram no estudo e prática do magnetismo:
* Paracelso (1490-1541) - alquimista, médico que se projetou na Idade Média, chegando a ser afastado do cargo de professor pelas suas idéias renovadoras.
* Mesmer (1733-1815) - médico alemão que, na Era Moderna, despertou importantes movimentos de apoio, curiosidade e adesão pelo tratamento das doenças através do fluido.
É importante atentarmos para o fato de que magnetismo e Espiri­tismo são duas Ciências que se relacionam. Porém

Magnetismo
Espiritismo
trabalha-se pela cura através de técnicas
trabalha-se pela elevação moral da criatura
o indivíduo se habilita pelo conhecimento técnico e pelo preparo físico e mental para atuar no paciente
a criatura se moraliza e procura passar para os que a cercam virtudes de que seja portadora, com o concurso dos Espíritos

Sabemos hoje que realmente existe um tipo de fluido suscetível, passível de receber impressões, modificações ou qualidades, capazes de serem transferidos de um indivíduo para o outro - o que vem explicar o mecanismo do passe.
Experiências importantes nesse campo vem demonstrando que, de fato, o homem pode, a partir da sua vontade e do propósito, beneficiar ao outro, transmitir-lhe recursos energéticos que vão contribuir para suprirem certas deficiências vitais ou promoverrm o equilíbrio energé­tico do corpo físico e perispiritual do doente.

O Passe

No meio espírita o passe não se restringe ao magnetismo ordiná­rio, material, ao magnetismo propriamente dito, uma vez que sabemos que os Espíritos promovem recursos de grande valia nos processos de cura ou de alívio dos pacientes.
O passe espírita resulta, principalmente, das faculdades da alma, o corpo é instrumento da ação.Através de Allan Kardec identificamos a idéia básica, fundamen­tal na doação da bioenergia. Vejamos:
"Apenas sua ignorância lhe faz crer na influência desta ou daquela forma." Revista Espírita [1865-pg 254]
"A Ciência até hoje só conhece as substâncias tangíveis, não compre­ende a ação de um fluido impalpável tendo a vontade como propulsor." Revista Espírita [1868-pg 86]
"A vontade é o atributo do Espírito encarnado tanto quanto do Espírito errante, daí a potência do magnetizador, potência que sabemos estar na proporção da força da vontade." O Livro dos Médiuns [cap VIII-it 131]
"Quando se diz que um médico cura seu paciente com boas palavras es­tamos expondo uma verdade absoluta, pois o pensamento benfazejo, traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o físico tanto como sobre o moral." A Gênese [cap XIV-it 20]
"São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e re­clama tratamento prolongado no magnetismo ordinário. Doutras vezes é rápida como uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder que operam curas instantâneas nalguns doentes, por meio apenas da imposição das mãos ou até exclusivamente por ato da vontade." A Gênese [cap IV-it 31]
"... a fazer passes o médium curador infiltra um fluido regenerador pela simples imposição das mãos, graças ao concurso dos Espíritos, mas esse concurso só é conhecido à fé sincera e a pureza de in­tenção." Revista Espírita [1864-pg 7]
"A faculdade de curar pela imposição das mãos tem sem dúvida alguma o princípio numa força excepcional de expansão, suscetível de ser aumentada por vários motivos, entre os quais predomina a pureza de sentimentos, desinteresse, benevolência, desejo ardente de aliviar, prece e confiança em Deus." Obras Póstumas [parte I-it 92]

Deduzimos então, pelas colocações do Codificador, que o passe espírita não precisa de técnicas sofisticadas.
O passe é a passagem de uma pessoa para outra de uma certa quantidade de energia fluídica, dependendo esta, do estado de saúde do passista e do seu grau de desenvolvimento. É dado de mente para mente. É a mente que produz fluidos bons e não as mãos mexendo de baixo para cima, de cima para baixo no doente.
Desnecessária ainda a chamada "limpeza fluídica", quando, pre­tendendo retirar fluidos deletérios do organismo doente, o passista usa gestos de expulsão dos fluidos. Kardec elucida:
"O fluido bom expulsa o fluido ruim."
Os técnicos em magnetismo são os Espíritos. Nós somos instru­mentos motivados pelo amor ao nosso próximo. Há, numa Casa Espírita bem organizada, toda uma equipe espiritual coordenando o trabalho da bioenergia na sala de passes.
Precisamos dar um sentido ético e uma direção segura à doação fluídica, apenas estendendo as mãos sobre a cabeça do paciente. As mãos transmitem as energias que a mente do passista fabrica e capta.
A mente age como uma antena quando recebemos os recursos do plano superior e também quando retiramos estes recursos do próprio or­ganismo.
É importante o passista preparar-se sempre convenientemente, o mais que puder, e encarar a transmissão do passe como um ato eminente­mente fraternal doando o que de melhor tenha em sentimento e vibração.
Espiritismo é uma doutrina essencialmente consoladora, uma dou­trina de reeducação da alma - postula um novo caminho para o homem se elevar livre de dogmas, de rituais, de esquemas.
É necessário esclarecer o passista sobre esse "folclore", li­vrando-o desse conjunto de crenças, lendas, costumes, formados de um aparato mágico supostamente necessário para a transmissão do passe. Embora a Doutrina Espírita seja contrária a qualquer prática desti­tuída de fundamento, existe, no seu meio, o frequentador que, levado por condicionamento viciosos, fica aguardando passe sem qualquer reco­nhecida necessidade para isso.
A primeira função do Espiritismo é educar. Os seus princípios convocam a alma humana à luta pelo próprio desenvolvimento moral e in­telectual.
As propostas da Doutrina pairam acima de interesses imediatis­tas para ao homem acenar com resoluções mais seguras e definitivas.
Ter consciência espírita significa estar se esforçando no curso de cada dia para viver em amor; meta que pode ser atingida pela auto-disciplina. Contudo, um grande número de pessoas chegam às Casas Espí­ritas buscando a saúde do corpo. A abençoada mediunidade de cura chega ao mundo como instrumento de amparo às criaturas abatidas pelo sofri­mento. Curar o corpo é favorecer a alma na sua caminhada terrena. Mas, à luz da Doutrina Espírita, educar é a finalidade; curar é o meio de se chegar à finalidade.

Água Fluida

No capítulo da fluidoterapia temos na água fluidificada outro elemento de valor. É utilizada no meio espírita como complemento do passe, tornando-se portadora de recursos medicamentosos. Há todo um manejo de fluidos modificando a água através da química mental.
"Coloca o teu recipiente de água cristalina à frente de tuas orações e espera e confia." Emmanuel/Chico Xavier

Irradiação

Na irradiação, os fluidos também têm importância real.
Léon Denis [No Invisível-cap I] observa:
"A força magnética por certos homens projetada pode de perto ou de longe fazer sentir sua influência, aliviar, curar."

Passe a Distância

É uma modalidade da irradiação quando a sintonia é condição bá­sica.
[Nos Domínios da Mediunidade-cap 17]:
"- O passe pode ser dispensado a distância?
Sim, desde que haja sintonia entre o que recebe e o que adminis­tra."

Sessões Mediúnicas

Allan Kardec [Revista Espírita-ano 1866,pg 349]:
"No passe o fluido age de certo modo materialmente sob os órgãos afetados, ao passo que, na obsessão, deve agir moralmente sobre o Espírito obsessor."
Buscando o medianeiro ajuda espiritual, pois sem a assistência dos bons Espíritos fica o médium reduzido às suas próprias forças, in­suficientes por vezes, mas, centuplicadas em poder e eficácia se uni­das ao fluido depurado dos mensageiros de Jesus.

Conclusão

Nesse contexto todo, uma coisa é evidente e fundamental: o sen­timento com que a fluidoterapia é realizada, porque este é um trabalho que jamais deverá ser feito de forma maquinal.

Regra

Princípio
Segundo Allan Kardec está na evolução moral
Código

Norma



Recurso

Ajuda
Segundo Allan Kardec estão no pensamento, na vontade e no amor
Socorro

Auxílio



Não podemos mais conviver com teorias estranhas à Doutrina Es­pírita.
O passe é transmissão de energias humanas somadas com as ema­nações divinas encontradas nos reservatórios da natureza. Sustentando-se na prece, o passista é um intermediário consciente que humilde se ergueu para Deus. Nenhum passista pode dispensar a oração ao reconhe­cer, na prece, o benefício que ela proporciona. E a oração não tem fórmula, é vibração sincera da alma, e quanto mais sincera for maior teor vibratório alcança e mais energias soma. A essência do passe é o amor.
Herculano Pires alcança a questão com uma objetividade admirá­vel:
"É tão simples um passe que não podemos fazer mais do que dá-lo."
"O passe é um ato de amor."
Bibliografia
1) O Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Obras Póstumas - Allan Kardec
3) A Gênese - Allan Kardec
4) Passe e Passistas - Roque Jacinto
5) Obsessão - Passe - Doutrinação - Herculano Pires
6) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
7) Missionários da Luz - André Luiz/Chico Xavier
8) Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
9) Estudando a Mediunidade - Martins Peralva
10) A Obsessão, O Passe, A Doutrinação - Herculano Pires


Capítulo 11

Influência Moral do Médium e do Meio

Introdução

Allan Kardec [LM-it 226] propõe aos ben­feitores espirituais a seguinte indagação:
"- O desenvolvimento da mediunidade está em relação como o desenvol­vimento moral do médium?
R. Não. A faculdade propriamente dita é orgânica, não depende da mo­ral, mas o mesmo acontece com o seu uso, que pode ser bom ou mal, dependendo dos valores morais do medianeiro."
A assertiva dos benfeitores coloca a mediunidade como uma função neutra, como um sentido (o sexto sentido, na expressão de Charles Richet); por si só, a faculdade mediúnica não depende da moral, da in­teligência e da cultura, e isto ocorre, porque ela é orgânica, radi­cada no organismo físico do intermediário. No entanto, o que se pode conseguir com a mediunidade, os efeitos dela decorrentes, irão sofrer uma influência decisiva dos valores éticos do medianeiro. Quando per­guntaram ao benfeitor Emmanuel qual era a maior necessidade do médium, ele disse:
"A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo." e "vence nos labores mediúnicos o médium que detiver a maior carga de sentimento."

Afinidade Fluídica e Sintonia Vibratória

Os benfeitores espirituais nos fazem ver que os fenômenos me­diúnicos também são regidos por leis severas , inflexíveis, qual ocorre com as demais e que se não submetem as nossas vontades.
Allan Kardec orienta que "Para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium." Esta identificação não se pode verificar, se não houver entre um e outro, simpatia, e, se assim é lícito dizer-se, afi­nidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração ou de repulsão, conforme o grau de semelhança existente entre eles.
Esta afinidade ou simpatia apresenta duas condições distintas:
- afinidade fluídica;
- sintonia vibratória (afinidade moral).
a) Afinidade Fluídica: é de natureza estrutural, uma disposição inata do organismo, não dependendo dos valores morais, gostos, tendên­cias do Espírito e médium.
A facilidade das comunicações depende da categoria de seme­lhança existente entre os dois fluidos, que também vai estabelecer a intensidade da assimilação fluídica e a maior ou menor impressão cau­sada ao médium. Assim, determinado médium pode ser um bom instrumento para um Espírito e mau para outro. Disso resulta que de dois médiuns igualmente bem dotados e postos um do lado do outro, um Espírito que se dispõe à comunicação mediúnica se manifestará por meio de um, e não do outro médium, aonde não encontra a aptidão orgânica necessária. Mas, à proporção que o médium exercita-se no trabalho mediúnico, de­senvolve e adquire qualidades necessárias para a realização dos fenô­menos e entre em relação com um número maior de Espíritos comunican­tes. Com muita freqüência, o contato entre Espírito e médium se faz gradativamente, com o tempo; raramente se estabelece desde o primeiro momento. E o contato antecipado, que ocorre antes mesmo da sessão me­diúnica, tem o propósito de provocar e ativar a assimilação fluídica, fase esta que o Espírito Manoel Philomeno de Miranda denomina de "fase de pré-imantação fluídica", e que vem atenuar as dificuldades existen­tes.
b) Sintonia Vibratória (Afinidade Moral): pessoas de moral idêntica se atraem e de moral contrária se repelem.
Fundamenta-se esta lei no princípio de que para um Espírito as­similar os pensamentos de outro, necessita estar emitindo ondas men­tais na mesma freqüência vibratória. A afinidade moral depende intei­ramente das condições éticas, que se referem à conduta humana, susce­tível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal.
Através da afinidade moral, o Espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. O Espírito apro­xima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais.

O Médium na Reunião Mediúnica

Procuremos examinar de que forma os esforços que o medianeiro empreende em seu crescimento íntimo - os seus dotes morais - estarão influenciando nos labores mediúnicos.
a) Na Autenticidade da Comunicação: a autenticidade de uma co­municação é um dos maiores escolhos à prática mediúnica. Não a auten­ticidade no sentido de se saber quem é o Espírito comunicante, mas no sentido de saber o que é o Espírito. Se é um Espírito sério ou zombe­teiro, leviano ou interessado em aprender, bondoso ou irresponsável. E só existe uma forma de se reconhecer a natureza de um Espírito: atra­vés da impressão que os seus fluidos causam no medianeiro. Isto porque os Espíritos podem falsear a sua aparência, a sua voz, o seu estilo, mas jamais poderão falsificar os seus fluidos. Os Espíritos bons fa­bricam bons fluidos que causam no médium uma impressão agradável, pra­zerosa, de bem estaR. Os Espíritos inferiores, por sua vez, produzem fluidos pesados, densos que vão proporcionar ao médium uma impressão desagradável. No entanto, para registrarmos as características de um fluido espiritual é necessário que nós comparemos esses fluidos com os nossos próprios fluidos.
É necessário que haja um "choque de impressões" para que possa­mos registrar qualquer acontecimento exterior.
Assim sendo, um médium excessivamente ligado à usura, ao apego às coisas materiais, que venha a receber a comunicação de um Espírito avarento, nada de penoso sentirá com a aproximação desse Espírito, pois, os seus fluidos se equivalem.
Podemos então deduzir que quanto mais elevado moralmente for o médium, mais facilmente identificará os fluidos dos Espíritos desequi­librados, caracterizando a sua natureza.
Verificamos, portanto, que o grave problema das mistificações espirituais está diretamente vinculado às condições morais dos mé­diuns.
b) Na Comunicação de Espíritos Superiores: para que um Espírito se comunique em uma reunião mediúnica, precisa encontrar um médium que se ache em sintonia com as suas vibrações mentais. Do contrário, o in­termediário não conseguirá assimilar suas idéias e seus pensamentos. Os Espíritos superiores vibram em uma freqüência mental muito alta, daí a necessidade de médiuns bem equilibrados, sadios eticamente para que possam permitir a sintonia vibratória e a comunicação torne-se uma realidade.
Muitas vezes os bondosos mentores de nossos grupos mediúnicos desejam dar uma mensagem de incentivo, de estímulo, mas não conseguem encontrar um médium em condições morais que permita a comunicação.
Algumas vezes, quando estas mensagens são muito importantes, o Espírito superior pode atuar a distância, tendo como intermediário um outro Espírito em condições vibratórias menos elevadas.
Denomina-se este processo de Telemediunidade:



Espírito Superior “joga a idéia”

ï

Espírito do médium capta a idéia e reduz a frequência das ondas mentais

ï

Médium encarnado consegue assimilar a mensagem


c) Na Qualidade da Comunicação: O Espírito Erasto no item 230 do Livro dos Médiuns, compara a mediunidade com uma máquina de trans­missão telegráfica, afirmando que, da mesma forma que as influências atmosféricas atuam negativamente nas transmissões telegráficas, os re­cursos morais do médium poderão perturbar a transmissão das mensagens de além-túmulo.
Vamos então verificar que a moralidade do médium, seus recursos intelectuais, sua cultura, são elementos que terão uma participação efetiva nas comunicações espirituais. Sabemos que os Espíritos se uti­lizam dos valores do médium na elaboração de sua mensagem. Assim sendo, quanto mais aproximados forem esses recursos, mais facilidade vai encontrar o Espírito.
Se foi possível a concretização das obras notáveis de André Luiz, Emmanuel e outros, isto se deve à condição moral de Chico Xavier que deu condições espirituais para que os livros fossem ditados.
d) No Estado Geral do Médium: o estado físico-psíquico do mé­dium durante a comunicação mediúnica e, principalmente, ao término da comunicação, depende, também, intimamente dos esforços empreendidos por ele em seu progesso espirtitual. A sensação de mal estar, de medo, de angústia, as emoções desagradáveis que acompanham a comunicação, surgem em função da absorção de fluidos deletérios emitidos pela enti­dade em sofrimento.
Só existe uma forma de dissolver os fluidos ruins: antepondo-lhes fluidos bons. Os fluidos bons têm uma ação desagregadora das mo­léculas dos fluidos negativos.
Portanto, quanto mais sadia do ponto de vista moral, for a vida do médium, melhores serão os seus fluidos que, mais rapidamente, irão neutralizar as vibrações pestilentas dos comunicantes, devolvendo ao medianeiro a sensação de bem estar e de tranquilidade íntima.
e) Na Doação de Fluidos Salutares: quando uma entidade sofre­dora é levada a uma reunião de labores mediúnicos, deseja-se, obvia­mente, que ela seja orientada e esclarecida pelos doutrinadores. No entanto, deseja-se também que esta entidade venha a receber energias boas, fluidos salutares do grupo mediúnico, mas, principalmente, do médium. Denomina-se este encontro Espírito sofredor + fluidos do mé­dium de choque anímico.
Essas energias sadias absorvidas pela entidade durante a comu­nicação, terão um papel fundamental em sua recuperação espiritual "limpando" os seus centros de força e revigorando suas forças combali­das pelos pensamentos deprimentes.
Todavia, para que o medianeiro passa doar fluidos bons, é pre­ciso que tenha fluidos bons, e, só tem fluidos bons, quem vive bem.
f) Na Obsessão: A obsessão é um problema que o médium vai se defrontar durante toda a sua vida. Médiuns notáveis, portadores de fa­culdade mediúnicas extraordinárias e que vieram a cair drasticamente por influenciação obsessiva.
Só existe uma forma de precatar-se de um processo obsessivo: vivendo de tal forma que os Espíritos da sombra não possam atuar em nossos campos mentais.
A atitude mental superior, a prática constante do bem, o com­bate às viciações estarão elevando as nossas vibrações espirituais e nos colocando fora da faixa de influência dos Espíritos obsessivos.
Divaldo Franco assim se manifesta:
"Nosso caráter é a nossa defesa."

O Meio

Existem três fatores básicos na comunicação mediúnica: o Espírito, o médium e o meio. Vamos analisar o meio em seus dois aspectos: material e espiri­tual.

a) Meio Material: local em que se desenrola o trabalho mediúnico. Fatores a serem observados:
- Área física;
- Componentes encarnados: dirigente, doutrinadores e médiuns.
b) Meio Espiritual: conjunto de fatores predisponentes que facili­tam e orientam o trabalho mediúnico:
- Espíritos orientadores;
- Espíritos em tratamento;
- Fluidos resultantes das emanações dos dois planos (espiritual e material);
- Intenções dos participantes.

Segundo Manoel Philomeno de Miranda [Nos Bastidores da Obsessão], os fatores citados acima são requisitos para uma reunião séria, desde a área física, até as intenções e vi­brações dos componentes.
Em [LM-it 231,qst 1] Allan Kardec pergunta:
"O meio, no qual se acha o médium, exerce uma influência nas mani­festações?
R. Todos os Espíritos que cercam o médium o ajudam tanto no bem como no mal."
Em [Temas da Vida e da Morte] Manoel Philomeno de Mi­randa diz:
"Que o meio ambiente exerce efeitos e predisposições nos seres vi­vos. Embora o meio sócio-cultural seja conseqüência da ação do ho­mem, torna-se-lhe fator de vigorosos efeitos no comportamento, o que tem levado muitas pessoas a concluir que - o homem é o produto do meio - salvo as inevitáveis exceções."
É compreensível, portanto, que a influência do meio moral e emocional seja prevalente nos fenômenos mediúnicos.
Além da inevitável influência do médium, em decorrência dos seus componentes íntimos, o psiquismo do grupo responde por grande nú­mero de resultados nos cometimentos da mediunidade.
Do ponto de vista moral, os membros que constituem o núcleo, atraem, por afinidade, os Espíritos que lhe são semelhantes, em razão da convivência mental já existente entre eles. Onde quer que se apre­sentam os indivíduos, aí também estarão seus consórcios espirituais.
Assim, fica fácil entender o poder da associação de pensamento dos assistentes. Se o Espírito for, de qualquer maneira, atingido pelo pensamento, como nós somos pela voz, vinte pessoas unidas numa mesma intenção terão, necessariamente, mais força que uma só. Mas, para que todos os pensamentos concorram para o mesmo fim, é necessário que vi­brem em uníssono, que se confundam por assim dizer em um só, o que não poderá acontecer sem concentração.
Para bem compreender o que se passa nestas circunstâncias, é importante se conhecer a influência do meio. É necessário representar cada indivíduo como que cercado por um certo número de companheiros invisíveis que identificam com o seu ca­ráter, os seus gostos e as suas tendências. Allan Kardec [LM-it 331] diz:
"Uma reunião é um ser coletivo cujas qualidades e propriedades são a soma de todas as dos seus membros, formando uma espécie de feixe; ora este feixe terá tanto mais força quanto mais homogêneo for."
Todos os componentes da reunião são acompanhados de Espíritos que lhe são simpáticos. Segundo o seu número e a sua natureza, esses companheiros podem exercer sobre a reunião ou sobre as comunicações um influência boa ou má. Uma reunião perfeita seria aquela em que todos os seus membros, animados do mesmo amor pelo bem, só levassem consigo Espíritos bons. Na falta da perfeição, a melhor reunião será aquela em que o bem supera o mal.
Por outro lado, o Espírito chegando a um meio que lhe é intei­ramente simpático sente-se mais à vontade. Contudo, se os pensamentos forem divergentes, provocam um entrechoque e idéias desagradáveis para o Espírito e, portanto, prejudicial à comunicação.
Sendo os Espíritos desencarnados muito impressionáveis, sofrem acentuadamente a influência do meio.
Toda reunião espírita deve, pois, procurar a maior homogenei­dade possível.
O êxito das sessões espíritas se encontra na dependência dos fatores objetivos que as produzem, das pessoas que as compõem e do programa estabelecido nos dois planos (material e espiritual):
a) As Intenções:
"As intenções, fundamentadas nos preceitos evangélicos do amor e da caridade, do estudo e da aprendizagem, são as que realmente atraem os Espíritos superiores, sem cuja contribuição valiosa, os resulta­dos decaem para a frivolidade, a monotonia e não raro para a ob­sessão." (Manoel Philomeno de Miranda)
b) O ambiente ou Meio Espiritual:
"Não sendo apenas o de construção material, o ambiente deve ser ela­borado e mantido por meio de leitura edificante e da oração, deba­tendo-se os princípios morais capazes de criar uma atmosfera pacifi­cadora, otimista e refazente." (Manoel Philomeno de Miranda)
c) Os Membros Componentes:
Os médiuns, segundo Emmanuel,
"em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que con­trariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso."
Assim, todo médium deve resguardar-se na humildade, na modéstia, convicto de que é uma alma em processo de redenção e aperfeiçoa­mento, pelo trabalho e o estudo.
A seriedade de uma reunião, entretanto, não é sempre suficiente para haver comunicações elevadas. É indispensável a harmonização dos sentimentos e o amor para atrair os bons Espíritos. Por isso os compo­nentes da reunião devem esforçar-se por manter os requisitos mínimos, instruindo-se e elevando-se moralmente.
Os médiuns deverão manter disciplina interior, equilibrando suas emoções, seus pensamentos, palavras e atos para se tornarem ma­leáveis às instruções dos Espíritos superiores. A faculdade mediúnica não os isenta das responsabilidades morais imprescindíveis à própria renovação e esclarecimento, o que irá facilitar a sintonia com os men­tores da reunião e melhores condições de exercerem a enfermagem liber­tadora aos Espíritos trazidos para tratamento.
O Dirigente deverá possuir os requisitos mínimos para li­derar o grupo mediúnico que são: amor, boa vontade, estudo e atitudes corretas. Segundo André Luiz [Nos Domínios da Mediunidade], o dirigente deverá ter:
"devoção à fraternidade, correção no cumprimento dos deveres, fé ar­dorosa, compreensão, boa vontade, equilíbrio, prudência e muito amor no coração."
Os Doutrinadores devem, igualmente, evangelizar-se estu­dando a Doutrina e capacitando-se para entender e elaborar nos diver­sos misteres do serviço de esclarecimento e tratamento Espiritual.
Na mesma linha de deveres dos médiuns, não poderão descurar do problema psíquico da sintonia, a fim de estabelecerem contato com o dirigente do plano espiritual que supervisiona os empreendimentos de tal natureza.
O doutrinador exerce a posição de elemento-terra, o mediador consciente da Espiritualidade, que deverá analisar os problemas e as idéias de modo equilibrado e inteiramente lúcido, revestindo-as com as luzes do Evangelho de Jesus e em coerência com os ensinamentos codifi­cados por Allan Kardec.
Não poderemos deixar de analisar a influência dos Espíritos que são trazidos em tratamento às reuniões mediúnicas.
Invariavelmente, aqueles que sabem perseverar, sem adiarem o trabalho de edificação interior, se fazem credores da assistência dos Espíritos interessados nas sementeira da esperança e da felicidade na Terra - programa sublime presidido por Jesus, das altas esferas.
Nas reuniões sérias, os seus membros não podem compactuar com a negligência aos deveres estabelecidos em prol da ordem geral e da har­monia, para que a infiltração dos Espíritos infelizes não as transfor­mem em celeiros de balbúrdia, de desordem e perturbação.
"Para que uma sessão espírita possa interessar aos instrutores espi­rituais, não poderá abstrair do elevado padrão moral de que se devem revestir todos os participantes, (... principalmente o médium onde a exteriorização dos seus fluidos, isto é, a vibração do seu próprio Espírito, que é resultante dos atos morais praticados, o distingue das diversas criaturas, oferecendo material específico aos instruto­res espirituais para as múltiplas operações que se realizam nos abençoados núcleos espiritistas sérios, que têm em vista o santifi­cante programa de desobsessão espiritual." (Allan Kardec, Livro dos Médiuns, Cap. XXIX).
"A influência do meio decorre dos Espíritos e da maneira porque agem sobre os seres vivos. Dessa influência cada qual pode deduzir por si mesmo as condições mais favoráveis para uma sociedade que aspire atrair a simpatia dos Espíritos bons, obtendo boas comunicações e afastando as más."
Essas condições dependem inteiramente das disposições morais dos assistentes.
Podemos resumi-las nos seguintes pontos:
- perfeita comunhão de idéias e sentimentos;
- benevolência recíproca entre todos os membros;
- renúncia de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã;
- desejo uníssono de se instruir e de melhorar-se pelo ensina­mento dos Espíritos bons e aproveitando os seus conselhos;
- exclusão de tudo o que, nas comunicações solicitadas aos Espíritos, só tenha por objetivo a curiosidade;
- concentração e silêncio respeitosos durante as conversações com os Espíritos;
- concurso de todos os médiuns com renúncia a qualquer senti­mento de orgulho, de amor próprio e de supremacia, com o desejo único de se tornarem úteis.
Se cumpríssemos estes itens teríamos a "reunião ideal", dentro do que preceitua a codificação espírita.
"As condições do meio serão tanto melhores, quanto maior homogenei­dade houver para o bem, com mais sentimentos puros elevados, mais sincero desejo de ajudar e aprender, sem segundas intenções." (Livro dos Médiuns, Cap. XXI, item 233).
A lógica, o discernimento nos aconselham prudência, disciplina e equilíbrio para que sejamos bem orientados espiritualmente, já que a influência do meio, isto é, "a conseqüência da natureza dos Espíritos e de seu modo de ação sobre os seres vivos" nos fará deduzir em quais condições obteremos resultados mais favoráveis, em nossa reuniões me­diúnicas.
Vamos seguir as diretrizes traçadas por Allan Kardec e termos reuniões mais produtivas, mais disciplinadas e harmônicas.
"Tendo por objetivo a melhoria dos homens, o Espiritismo não vem procurar os perfeitos, mas os que se esforçam em o ser, pondo em prática os ensinos dos Espíritos. O verdadeiro espírita não é o que alcançou a meta, mas o que seriamente quer atingi-la." (Allan Kar­dec, Revista Espírita, 1861, pág. 394, item 11).
"Estudem antes de praticar porque é a única forma de não adquirirem experiência através do próprio sofrimento." Allan Kardec.
A mediunidade bem exercida é roteiro de iluminação que propor­ciona aventuras inimagináveis, quando a afeição e o amor a abraçam em favor da humanidade. Assim considerada e vivida, serão superados os fatores do meio que, ao invés de influenciar sempre, passam a sofrer-lhe a influenciação, estabelecendo-se psicosfera benéfica quão salutar para todos aqueles que constituem o grupo no qual ela se desdobra.
Cabe ao médium sincero sobrepor-se às influências do meio onde opera as suas conquistas pessoais, gerando, em sua volta, uma psicos­fera positiva quão otimista sob todos os aspectos propícios à execução do compromisso a que se dedica.
"Não se descarte, pois, a influência do meio, que deve ser superior, nem a do médium, que se deve apresentar equipado dos recursos pró­prios, de modo que se recolham boas e proveitosas comunicações, am­pliando-se o campo de percepção do mundo espiritual, causal e pul­sante, no qual se encontra mergulhado em escala menor, o físico, por onde se movimentam homens, no processo de crescimento e evolução." (Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco, Temas da Vida e da Morte).
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Nos Bastidores da Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco
3) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
4) Tramas do Destino - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco
5) Diversidade dos Carismas - Hermínio Miranda


Capítulo 12

O Papel do Médium nas Comunicações

Introdução

Em que pese o fato do Espiritismo ser uma Ciência experimental, valorizando todas as pesquisas, com base na fé raciocinada, um elemen­tar raciocínio nos diz que, para uma campo novo de estudo, teremos no­vas leis a observar.
E assim como na Química e na Física, há que se considerar cri­teriosamente determinadas leis materiais: a questão da temperatura, pressão, luminosidade e certos elementos a combinar para se obter os resultados desejados no trato com as coisas espirituais, necessário se faz buscar as condições vibratórias suficientes, entender e orientar pelas leis que regem os mecanismos da comunicação entre os dois planos - material e espiritual.
Já sabemos que existem três fatores básicos a observar na comu­nicação mediúnica: o Espírito, o meio e o médium. Vamos analisar um destes fatores isoladamente, verificando o papel do médium nas comuni­cações.
O apóstolo Paulo [II Coríntios-4:7] afirma:
"Temos este tesouro em vaso de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nosso."
Exalta, assim, a responsabilidade e a renúncia com que se deve revestir a tarefa mediúnica.
A mediunidade funciona como um refletor da vida espiritual. Quanto melhores as condições do aparelho, tanto mais fiéis as im­pressões transmitidas. O oposto, igualmente ocorre, gerando imper­feições e distorções na transmissão da mensagem.
O médium é a fonte receptora que irá transmitir conforme as suas condições e capacidades moral, cultural e emocional, A fonte transmissora é o Espírito comunicante que projeta as vibrações com limpidez e vai depender do médium a transmissão do seu pensamento.
Segundo estas condições do receptor, teremos a comunicação me­diúnica com maior ou menor nitidez e fidelidade.
O médium sempre participa do fenômeno mediúnico e é importante o seu papel no desempenho dessa faculdade. Em [LM-cap XIX] Allan Kardec se dedica ao estudo do papel do médium na comunicação.
O Espírito do médium é o filtro do pensamento do Espírito comunicante.
Allan Kardec faz uma comparação do Espírito do médium como sendo o intérprete do Espírito que deseja comunicar, porque está li­gado ao corpo que serve para falar e por ser necessário um elo entre o médium e o Espírito, como é necessário um fio elétrico para comunicar a grande distância uma notícia, e na extremidade do fio ou aparelho, uma pessoa inteligente que receba e transmita.
Os fenômenos mediúnicos são regidos por leis severas que não se submetem aos caprichos e exigências dos participantes.
A organização neuro-psíquica do médium deve ajustar-se às leis de sintonia e afinidade, acionando amplos equipamentos, para que a co­municação seja equilibrada e atinja o objetivo.
Jorge Andréa nos fala que a tríade do mecanismo mediúnico é composta de:

Perispírito:
afinização fluídica e vibratória;
Sistema Neuro Vegetativo:
antenas da mediunidade
Glândula pineal:
aferição das vibrações energéticas

Allan Kardec inicia o [LM-cap XIX] com a se­guinte indagação:
"O médium, no momento em que exerce a sua faculdade está num estado perfeitamente normal?
R. Está num estado de crise mais ou menos pronunciado (...). Na maioria das vezes seu estado não difere do normal, principalmente nos médiuns escreventes."
Crise é tudo aquilo que foge aos parâmetros da normalidade. Es­tado de crise denota uma situação que está além do estado de transe ou de exteriorização perispiritual.
São inúmeras as variações estudadas por Allan Kardec, no Cap. XIV, do Livro dos Espíritos, quando trata da emancipação da alma e ex­plica aos fenômenos de sonambulismo e êxtase.
Este estado de crise ou de exteriorização perispiritual é muito importante para a compreensão do estado do médium e sua participação no fenômeno mediúnico.
Dependendo do grau de exteriorização perispiritual a faculdade mediúnica apresentará diferentes graus de percepção.
Na psicofonia, nos médiuns com grande exteriorização do peris­pírito, que Kardec chamava de sonambúlicos, poderá ocorrer com maior freqüência o fenômeno de animismo - em que o médium poderá ser médium de si mesmo.
Em [LM-it 223] Kardec indaga:
"As comunicações escritas ou verbais podem provir do próprio Espírito do médium?
R. A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra. Se ela goza de algum grau de liberdade, recobra a sua qualidade de Espírito."
E prossegue Kardec indagando:
"Como distinguir se a comunicação é do próprio médium ou de Espírito desencarnado?
R. Pela natureza das comunicações. Estudem as circunstâncias e lin­guagem e vocês distinguirão. Estudar e observar."
Em torno deste estudo Allan Kardec tece importantes conside­rações sobre o papel do médium nas comunicações:
- Qualquer que seja a natureza das comunicações, elas se pro­cessam através da irradiação do pensamento.
- O Espírito que se comunica requer elementos necessários para dar vestimenta a este pensamento. Não há linguagem articulada no mundo espiritual.
- A comunicação terá a forma e a "cor" do pensamento do médium.
Ele cita o exemplo das lunetas coloridas: é como se observásse­mos paisagens diferentes através de lunetas verdes, azuis e brancas. Embora as paisagens sejam diversificadas, terão a coloração da luneta com que se observe.
Outro exemplo é de um músico que, para executar determinada me­lodia, dispusesse de um violino, uma flauta, um piano e um assobio ba­rato. Sua execução seria de diferentes níveis se utilizasse o violino ou o piano, ou se apenas contasse com o assobio.
Com relação aos médiuns que não estejam em condições ideais para transmitir uma mensagem por falta de conhecimento, Kardec nos diz em [Obras Póstumas-qst 51]:
"Por ser o instrumento para receber e transmitir o pensamento do Espírito, segundo a impressão mecânica que lhe é dada, poderá o médium produzir o que está fora da órbita de seus conhecimentos se for do­tado de flexibilidade e aptidão mediúnica necessárias. É por esta lei que existem médiuns desenhistas, pintores, músicos alheios a es­tas artes. É ainda por esta lei que quem não sabe ler ou escrever pode receber mensagens psicográficas."
Erasto [LM-cap XIX] diz:
"Assim quando encontramos um médium com o cérebro cheio de conheci­mento anterior latente, dele nos servimos de preferência, porque com ele, o esforço da comunicação nos é muito mais fácil do que com um médium cuja inteligência fosse limitada e cujos conhecimentos ante­riores tenham sido insuficientes."
"Certamente que poderemos falar de Matemática através de médiuns que desconheçam esta matéria, na atual encarnação, mas, frequentemente, o Espírito deste médium já passou este conhecimento em forma la­tente, isto é, pessoal ao ser fluídico e não ao ser encarnado (...)"
"Enfim, temos o meio de elaboração penosa ao usar médiuns completa­mente estranhos ao assunto tratados, ajuntando as letras e as pala­vras como em tipografia."
Kardec acrescenta as seguintes observações:
"O Espírito comunicante tira do cérebro do médium não suas idéias, mas o material necessário para exprimi-las; quanto mais rico for este cérebro, mais fácil é a comunicação."
E com relação a uma língua estranha ao médium, diz:
"Se o Espírito fala numa língua familiar ao médium, ele irá encon­trar em seu cérebro as palavras formadas para revestir a idéia;
Se é numa língua estranha, o Espírito comunicante não encontra as palavras, mas simplesmente as letras, no caso do médium saber ler e escrever;
Se a língua é estranha ao médium e e este não sabe ler e nem escre­ver, o cérebro não possui nem as letras e o Espírito comunicante terá que conduzir a mão do médium como se faz com um escolar ao ser alfabetizado."

Conclusão

Vimos como o médium participa do fenômeno mediúnico e muitas vezes ao iniciarmos o desenvolvimento, quando estamos come­çando a dar as primeiras comunicações, somos assaltados com indagações e dúvidas:
"Como saberá o médium se o pensamento é seu ou do Espírito co­municante?"
Martins Peralva [Estudando a Mediunidade] nos diz:
"Com o estudo edificante, a meditação e o discernimento adquiriremos a capacidade de conhecer a nossa freqüência vibratória. Saberemos comparar o nosso próprio estilo, pontos de vista, hábitos e modos, com os revelados durante o transe mediúnico, ou a simples inspiração quando escrevemos ou pregamos a doutrina. Não será problema tão di­fícil separar o nosso, do pensamento do Espírito comunicante. A aplicação aos estudos espíritas, com sinceridade, dar-nos-á, sem dú­vida, a chave de muitos enigmas."
Bibliografia
1) Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
3) Obras Póstumas - Allan Kardec
4) Revista Internacional do Espiritismo, 06/92 - Lauro F. de Carvalho
5) Médiuns e Mediunidades - Vianna de Carvalho/Divaldo P. Franco
6) Nos Alicerces do Psiquismo - Jorge Andréa
7) Estudando a Mediunidade - Martins Peralva


Capítulo 13

médiuns escreventes e falantes

introdução

Os Espíritos podem manifestar-se entre os encarnados através de inúmeras maneiras. A primeira condição para que haja um intercâm­bio en­tre as duas esferas da vida, é que o encarnado seja portador da capaci­dade mediúnica. Faculdade essa, que não se revela da mesma ma­neira em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenôme­nos desta ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades quantas são as espécies de manifestações.
Segundo o Instrutor Aulus [Nos Domínios da Mediunidade] "cada vaso recebe de conformidade com a estrutura que lhe é própria", ou seja, o médium em atividade me­diúnica é envolvido pela emissão mental do Espírito comunicante, a se registrar sob a forma de impressões. Essas impressões se apóiam nos centros de força do perispírito que, de imediato atingem os cabos do sistema nervoso e, simultaneamente, o cérebro - onde encontram os cen­tros motores em cujos comandos se processam as ações e reações mentais e fí­sicas. As impressões agem como estímulos a acionarem no psiquismo do médium os mecanismos das aptidões já desenvolvidas ou em desenvolvimen­to. São funções automáticas que se refletem nos sentidos e órgãos, realizando assim, as várias formas de manifestações mediú­nicas. Cabe ao sistema nervoso a dupla função de condutor das im­pressões recebidas e das ordens a serem realizadas.

Conceitos e Objetivos

a) Psicografia: meio de comunicação mediúnica a se traduzir através da escrita. Tem a vantagem de assinalar, de modo mais mate­rial, a intervenção de uma força oculta. Faculta a análise da comuni­cação e a devida apreciação do seu valor. Tem como objetivo instruir a humani­dade, informar e consolar os encarnados acerca dos seus entes queridos já desencarnados, bem como inspirar e sensibilizar o homem através da arte. Desenvolve-se pelo exercício.
b) Psicofonia: intercâmbio mediúnico a se realizar através da fala. Objetiva acelerar o progresso do médium com o auxílio que presta a Espíritos em sofrimento. Essa forma de manifestação também permite a assistência e orientação a grupos mediúnicos e Casas Espí­ritas pelos Espíritos Superiores.

Classificação dos Médiuns Escreventes Segundo o Modo de Execução

a) Médiuns Escreventes Mecânicos: a aptidão do médium permite ao Espírito comunicante atuar diretamente no centro motor corresponden­te à mão, impulsionando-a de modo independente da sua von­tade. A mão se move sem interrupção e sem embargo. O que caracte­riza o fenômeno é o total desconhecimento do médium sobre o que es­creve. É uma faculdade preciosa, pois não deixa dúvida alguma sobre a indepen­dência do pensa­mento daquele que se comunica. O papel do mé­dium mecâ­nico se assemelha ao de uma máquina copiadora. São raros os médiuns portadores dessa ca­pacidade.
b) Médiuns Escreventes Semi-mecânicos: o médium sente que a sua mão uma impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem cons­ciência do que escreve à medida que as palavras se formam. É mais co­mum esse tipo de capacidade.
c) Médiuns Escreventes Intuitivos: aqueles com quem os Espíritos se comunicam pelo pensamento e cuja mão é conduzida voluntaria­mente. O médium sente sua vontade dirigida por outra, sua postura é mais atuan­te. O papel do médium então, é o de transmitir o pensamento do Espírito, livre como o faria um intérprete. Tem plena consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento. No prin­cípio do desenvol­vimento da faculdade, o médium tem dificuldade em distinguir o que é seu e o que não é. Segundo Kardec, é possível re­conhecer-se o pensa­mento sugerido, por não ser nunca preconcebido, nasce à medida que a escrita vai sendo traçada e, algumas vezes, é contrária à idéia que antecipadamente se formara.
Tem como característica a espontaneidade da comunicação e, após o intercâm­bio, mesmo que o médium tenha conhecimento do assunto, difi­cilmente ele se lembrará das palavras textuais ou da sua ordem, perden­do-se, assim, a beleza da mensagem.
Podemos também ser intuídos ou inspirados nos trabalhos de Evangelização de crianças, na doutrinação em reuniões mediúnicas, nas orientações do Atendimento Fraterno, nas Palestras e etc.

Classificação dos Médiuns Falantes Segundo a Mecânica do Processo Mediúnico

a) Médiuns Falantes Inconscientes: a psicofonia inconsciente se processa sem a ligação dos centros conscientes do cérebro mediúnico à mente do hóspede que a utiliza. Este psiquismo mediúnico cede es­pontaneamente seus recursos ao Espírito comunicante, sem qualquer di­ficuldade para desligar-se, de maneira automática, do campo sensório, perdendo, proviso­riamente, o contato com os centros motores da vida cerebral. Por isso é que o Espírito comunicante tem maior possibili­dade de intervenção "material", tais como: alteração no tom de voz, caracterização de sota­que, podendo até alterar momentaneamente a fi­sionomia do médium que, ao sair do transe, não guardará lembrança do ocorrido no momento do fenômeno. O médium pode permanecer mais pró­ximo e atento ao organismo físico ou mais tranqüilo e afastado, em­bora sem­pre presente e responsá­vel. O que determina o maior ou menor afasta­mento é o estado de equilí­brio e o grau evolutivo do Espírito comuni­cante.
Importante: a psicofonia inconsciente se eviden­cia em duas condições:
1º - aos médiuns que possuam méritos morais suficientes à pró­pria defesa;
2º - nos obsessos que se renderam às forças vampirizadoras.
b) Médiuns Falantes Semi-conscientes: o médium cederia ao Espírito comunicante o comando do centro motor correspondente à fala, mas se manteria informado do fenômeno, ou seja, teria de forma mais ou me­nos lúcida, consciência do que o Espírito estaria falando ou fa­zendo através do seu corpo. Os médiuns semi-conscientes costumam guardar com maior clareza as sensações e as emoções. Com relação às palavras a lem­brança é mais vaga. Esta faculdade aparece com mais freqüência.
c) Médiuns Falantes Conscientes: os centros motores cerebrais do médium perma­necem no comando das suas funções e o médium se man­tém informado de tudo o que acontece, podendo conhecer as palavra na sua formação, ar­quivando-as de maneira automática, no centro da memó­ria.

Classificação dos Médiuns Segundo o Grau de Desenvolvimento da Faculdade

a) Médiuns Novatos: são inseguros, resistentes aos fenômenos ou descontrolados. As faculdades não devidamente adestradas traduzem as comunicações de forma lenta, destorcidas, mal filtradas. O médium tem maior dificuldade de refazimento. Geralmente duvida da veracidade da comunicação.
b) Médiuns Experimentados: a transmissão das comunicações é feita com facilidade e presteza, sem hesitação. Concebe-se que este seja resultado de exercício metódico, continuado e regular. O médium experi­mentado tem condições de fazer distinção dos Espírito comuni­cantes. É resultado de um estudo sério de todas as dificuldades que se apresentam na prá­tica do Espiritismo.
Segundo Kardec, o mal é que muitos médiuns confundem experiên­cia - fruto do estudo, com aptidão - produto da organização física.
c) Médiuns Improdutivos: os que não chegam a obter mais do que coisas insignificantes, monossílabos, traços ou letras sem conexão, frases incompletas, idéias corriqueiras, etc... Por outro lado, tam­bém podem ser prolixos, com comunicações sobrecarregadas de repe­tições e termos impróprios.
"O médium por si mesmo nada representa, e jamais deverá adotar a pre­tensão de realizar isto ou aquilo sem antes observar se, real­mente, é influenciado pelas verdadeiras forças espirituais su­periores." Yvonne A. Pereira
bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
3) Memórias de um Suicida - Yvonne A. Pereira
4) Recordações da Mediunidade - Yvonne A. Pereira


Capítulo 14

perigos e inconvenientes,
perda e suspensão da faculdade mediúnica

Perigos e Inconvenientes da Faculdade Mediúnica

Após uma centena de anos recebendo os mais variados ataques, que iam da fraude às manifestações demoníacas, surgem novos oposito­res que não discutem quanto à existência do fenômeno mediúnico espí­rita, somen­te acham que a prática da mediunidade é suscetível de le­var para cami­nhos perigosos quem a ela se dedicar. Não se pode negar que o Es­piritismo, na sua parte prática, realmente oferece perigos aos impru­dentes que, sem estudo e preparo, sem método adequado e sem proteção eficaz, se lançam a aventuras experimentais por passatempo ou frívola diversão, atraindo, para si, elementos inferiores do mundo in­visível cuja influên­cia maléfica fatalmente sofrerão.
Estes perigos, no entanto, são por demais exagerados pelos de­tratores da Doutrina Espírita, a fim de desestimular a aproximação do homem da fonte capaz de matar-lhe a sede de conhecimento acerca de seu destino futuro, terreno este, que foi monopolizado pelas religiões tra­dicionalistas, as quais não suportam o mais leve exame da lógica e da razão.
Há necessidade de precaução em toda prática ou experimentação que se faça. Ninguém, por exemplo, sem ter conhecimento, pelo menos ru­dimentar, sobre Química, entraria em um laboratório e se poria a mani­pular substâncias desconhecidas, a não ser que quisesse colocar em risco sua segurança e a sua saúde. Qualquer coisa poderá ser boa ou má, conforme o uso que se lhe der. É injusto, porém, ressaltar os pos­síveis perigos da mediunidade sem assinalar os extraordinários be­nefícios que propicia, dentre os quais, a comprovação da imortalidade da alma, ponto que sozinho é suficiente para anular a angústia natu­ral do homem, transmitindo-lhe a certeza da continuidade da vida após a sepultura.
Nenhum progresso, nenhum avanço, nenhuma descoberta se alcança sem esforço, sem sacrifícios e sem certos riscos. Se os grandes navega­dores não tivessem tentado suas viagens através dos oceanos, enfren­tando o desconhecido e as forças naturais, até hoje, permanece­ríamos vi­vendo em núcleos isolados ainda de forma primitiva, porque a falta de entrosamento e de troca de experiência nos manteria nos li­mites tradi­cionalistas, herdados de nossos antepassados. No oceano do mundo invi­sível palpitam outros seres, outras sociedades, outros mun­dos que estão à nossa espera, e dos quais nos chegam os informes, pelo correio da me­diunidade, para que deles usufruamos a experiência vi­vida.
Deus nos colocou em um verdadeiro oceano de vida, que é um re­servatório inesgotável de energias e, dando-nos a inteligência, a consciência e a razão, quis Ele que conhecêssemos essas forças e aprendês­semos a manipulá-las, convenientemente, para nosso benefício espiritual. Este exercício constante permite que nós mesmo nos desen­volvamos até alcançar o império sobre a Natureza, o domínio do Espírito sobre a ma­téria.
"Essa conquista é o mais elevado objetivo a que possamos consagrar a nossa vida. Em vez de afas­tar dele o homem, ensinemos-lhe a caminhar ao seu encontro, sem hesitação. Estudemos, escrute­mos o Universo em to­dos os seus aspectos, sob todas as formas."
As dificuldades da experimentação mediúnica estão em proporção com o desconhecimento das leis psíquicas que regem os fenômenos, desco­nhecimento este que mergulha o homem em um lago de ignorância ou no es­tímulo para a criação de crendices e absurdos nas quais procura se agarrar.
"Em tais condições, pode acontecer que a experimentação espírita re­serve numerosas ciladas, muito mais, entretanto, aos médiuns que aos observadores. O médium é um ser nervoso, sensível, impressionável; e envolto numa atmosfera de calma, de paz e be­nevolência, que só a presença dos Espíritos adiantados pode criar. A prolongada ação fluídica dos Espíritos inferiores lhe pode ser funesta, arruinar-lhe a saúde, provocando os fenômenos de ob­sessão e posses­são..." (No Invisível, Cap. XXII)
Todo cuidado que tomarmos, incentivando-nos ao conhecimento pelo estudo e ao aperfeiçoamento moral pela prática das virtudes cristãs, será o cumprimento tão somente dos nossos deveres perante a mediuni­dade.
"É necessário adotar precauções na prática da mediunidade. As vias de comunicação que o Espiritismo facilita entre o nosso mundo e o mundo oculto, podem servir de veículos de invasão às al­mas perversas que flu­tuam em nossa atmosfera, se lhes não soubermos opor resistên­cia vigi­lante e firme. Muitas almas sensíveis e delicadas, encarna­das na Terra, têm sofrido em conseqüência de seu comércio com esses Espíritos maléfi­cos, cujos desejos, apetites e remorsos os atraem cons­tantemente para perto de nós."(idem)
Pela lei de afinidade vibratória que condiciona o enlace psíqui­co entre a criaturas, criando a simpatia e a antipatia, cons­tantemente estamos rodeados de entidades atraídas a nós pelo nosso "hálito men­tal", que, se mau, atrairá os maus, se bom, atrairá os bons.
"As almas elevadas sabem mediante seus conselhos, preservar-nos dos abusos, dos perigos, e nos guiar pelo caminho da sabedoria; mas sua proteção será ineficaz, se por nossa parte não fizermos esforços para nos melhorarmos. É destino do homem desenvolver suas forças, edificar ele próprio sua inteligência e sua consciência. É preciso que saibamos atingir um estado moral que nos ponha ao abrigo de toda agressão das individualidades inferiores. Sem isso, a presença de nossos guias será impotente para nos salvaguardar."(Idem)
Assim, pois, não basta apenas que os mentores nos queiram defen­der; antes de mais nada, é preciso que saibamos nos conservarmos em perma­nente elevação de propósitos, de pensamentos, de idéias e de ações. Caso contrário, estaremos sujeitos à obsessão, que é a ação persistente de um mau Espírito determinando uma influência perniciosa sobre o esta­do de equilíbrio psíquico da criatura e até sobre sua saúde física. É a moral descuidada e menosprezada gerando estados las­timáveis de Espírito e de corpos também.

Mediunidade e Estados Petológicos

No início do Movimento Espírita, observações superficiais, cons­tatando o grande número de pessoas desequilibradas, levantaram a hipó­tese de que a mediunidade seria um estado patológico, ou seja, doença da mente do médium. Perguntados sobre a questão, eis como os Espíritos responderam:
“a faculdade mediúnica é um estado "anômalo, às vezes, po­rém, não patológico; há médium de saúde robusta; os doentes os são por outras causas." [LM-cap XVIII]
Acreditava-se também que o exercício prolongado da faculdade me­diúnica produzia alguma fadiga sobre o médium e que isto podia ser mo­tivo de contra-indicar o seu uso. Note-se, porém, que o uso de qual­quer faculdade por tempo prolongado causa o cansaço e a fadiga, porém, estes serão do corpo, do organismo do intermediário e nunca do Espírito, que até se fortalecerá de acordo com a natureza do trabalho que efetue.
Atualmente, as pesquisas no campo da Parapsicologia já eviden­ciaram o fato aceito e preconizado pelo Espiritismo há mais de cem anos: "Os fenômenos paranormais não são patológicos" [Robert Amadou - Pa­rapsicologia, VI parte, Cap. IV, nº 5]; "Até hoje nada in­dicou qual­quer elo especial entre funções psicopatológicas e parapsi­cológicas" [J.B. Rhine, Fenômenos e Psiquiatria, pg 40].
"Poderia a mediunidade produzir a loucura?
R. Não mais do que qualquer outra coisa, desde que não haja pré-dis­posição para isso, em virtude de fraqueza cerebral. A mediunidade não produzirá a loucura, quando esta já não exista em gér­men; porém, exis­tindo este, o bom-senso está a dizer que se deve usar de caute­las, sob todos os pontos de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudi­cial."[LM-capXVIII]
O que se observa na prática é a existência de inúmeros casos, que são rotulados como doença mental segundo os cânones científicos, eu que nada mais é que simples perturbação espiritual, que tratada con­venientemente, cede por completo.
Há casos em que a mediunidade não encarada como merecedora de cuidados especiais, gera obsessões de curto, médio e longo cursos, que somente um tratamento adequado e paciencioso poderá resolver. As­sim, nem todos os que apresentam sintomas de desequilíbrio psíquico devem ser encarados como médiuns em potencial, e até, pelo contrário, não se deve estimular o exercício mediúnico nas pessoas de caracteres impres­sionáveis e fracos, a fim de evitar conseqüências desagradá­veis.
"Do seu exercício cumpre afastar, por todos os meios possíveis, as que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de excentricidade nas idéias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porquanto, nessas pesso­as, há pré-disposição evidente para a loucura, que se pode manifestar por efeito de qualquer sobreexcitação."(Idem)

Mediunidade na Infância

Outro perigo e inconveniente da mediunidade é estimulá-la nas crianças. Embora boa parte do material que serviu para fundamentar a Doutrina Espírita tenha vindo através da mediunidade de inocentes jo­vens, despreparadas intelectualmente para desempenharem papel ativo nas comunicações, devemos levar em conta que o fato se dava à revelia das próprias médiuns, pois os fenômenos tinham caráter eminentemente espon­tâneo. Aquelas crianças que manifestarem espontaneamente a fa­culdade, devem ser cercada de cuidados especiais, procurando, por to­dos os meios, evitar seu incentivo, buscando instruí-las e formar sua personalidade. Somente depois que elas venham a amadurecer orgânica e psicologicamente é que se deve orientar o seu desenvolvimento mediú­nico propriamente dito.

"Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças?
R. Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delica­dos sofreriam por essa forma grandes aba­los, e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas idéias, ou, quando nada, não lhes fa­lar do assunto, senão do ponto de vista das conseqüências mo­rais."(Idem)

Perda e Suspensão da Faculdade Mediúnica

As características de quem abusa do exercício mediúnico são:
- acreditar-se privilegiado por possuir a faculdade;
- não atender às solicitações de estudo da Doutrina;
- achar que o guia espiritual ensina tudo;
- não ter horário para trabalhar mediunicamente, entregando-se à prática a qualquer hora, ocasião e local;
- fazer trabalhos mediúnicos habitualmente em casa domiciliar;
- cobrar monetária ou moralmente pelos bens que eventualmente possa obter pela faculdade mediúnica.
O médium que emprega mal a sua faculdade está se candidatando:
- a ser veículo de comunicações falsas;
- a ser vítima dos maus Espíritos;
- à obsessão;
- a se constituir em veículo de idéias fantasiosas nascidas de seu próprio Espírito orgulhoso e pretensioso;
- à perda ou suspensão da faculdade mediúnica.
A faculdade mediúnica pode ser retirada em determinadas circuns­tâncias da vida?
Eis a resposta de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xa­vier:
"Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o pa­trimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se in­digno da confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multi­plicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divi­nas; toda­via se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade, da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolo­rosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débi­tos irrefletidos." [O Consolador-qst389]
Existem casos em que a interrupção demonstra uma prova de bene­volência do Espírito protetor para com o médium, segundo nos es­clarece Allan Kardec [LM-it 220]. Nesta situa­ção, há três aspectos a considerar:
1º - Quando o Espírito amigo e protetor quer provar que a co­municação mediúnica não depende dele, médium, e que assim, este não se deve vanglo­riar ou envaidecer;
2º - Quando o médium está debilitado fisicamente e precisa de repouso;
3º - Quando se fizer necessário por à prova a paciência e a perseve­rança do médium ou lhe dar tempo para meditar nas instruções recebidas dos Espíritos.
Como vemos, a mediunidade pode ser considerada como verdadeiro instrumento de redenção da criatura humana, que, ao usá-la com digni­dade e coração, tem oportunidade de exercitar as virtudes cristãs como a humildade, o perdão, o amor e a caridade.
Sendo uma faculdade como as outras que possuímos, pode de uma hora para outra sofrer interrupções. Isto acontece porque a produção mediúnica ocorre através do concurso dos Espíritos, sem eles nada pode o médium; a faculdade continua a existir em essência mas os Espíritos não podem ou não querem se utilizar daquele instrumento me­diúnico.
Os bons Espíritos se afastam dos médiuns por vários motivos.
Analisemos alguns:
a) Advertência: quando o médium se serve da faculdade mediú­nica para atender a coisas frívolas ou com propósitos ambiciosos e desvirtu­ados.
Como coisas frívolas, citamos a prática dos "ledores da sorte". Infelizmente, este desvirtuamento da verdadeira prática mediúnica existe em larga escala, e, mais cedo ou mais tarde, tais médiuns terão que pres­tar contas ao Senhor da aplicação feita dos talentos recebi­dos.
Os chamados "profissionais da mediunidade" não se agastam em receber pagamentos, quer sob a forma de dinheiro, presentes, favores, privilégios ou até mesmo dependência afetiva ou emocional.
Recordemos as palavras do Espírito Manoel Philomeno de Mi­randa:
"(...) o médium, habituando-se aos negócios e interesses de baixo teor vibratório, embrutece-se, desarmoniza-se (...). A mediuni­dade com Jesus, liberta, edifica e promove moralmente o homem, en­quanto que, com o mundo, aturde, escraviza e obsidia a criatura." [Seara do Bem, Profissionais da Mediunidade]
Quando os Espíritos que sempre se comunicam por um determinado médium deixam de o fazer, o fazem para provar ao médium e a todos que eles são indispensáveis, e que, sem o seu concurso simpático, nada se ob­terá. Muitas vezes, tal atitude se prende à forma pela qual o mé­dium vem se conduzindo, deixando a desejar sob o ponto de vista moral e dou­trinário.
Geralmente, este tipo de suspensão é por algum tempo e a facul­dade volta a funcionar, cessada a causa que motivou a suspensão.
b) Benevolência: quando as forças do médium estão esgotadas e seu poder de defesa fica reduzido, para que não caia como presa fácil nas mãos de obsessores, sua faculdade é suspensa, temporariamente, até que volte aos seu estado normal e possa exercitar com eficiência. As­sim,
"A interrupção da faculdade nem sempre é uma punição, demonstra às ve­zes a solicitude do Espírito para com o médium, a quem consagra afei­ção, tendo por objetivo proporcionar-lhe um repouso material de que o julgou necessitado, e neste caso não permite que outros Espíritos o substi­tuam." [LM-it 220]
Léon Denis [No Invisível-cap IV] afirma que:
"A intensidade das manifestações está na razão direta do estado fí­sico e mental do médium. A saúde do médium parece-nos ser uma das condições de sua faculdade. Conhecemos um grande número de médiuns que gozam per­feita saúde; temos notado mesmo que, quando a saúde se lhes altera, os fenômenos se enfraquecem e cessam de se produzir."
Por que sinal se pode reconhecer a censura na interrupção da me­diunidade?
"Que interrogue o médium a sua consciência e pergunte a si mesmo que uso tem feito da sua facul­dade, que benefícios têm resultado para os outros, que proveito tem tirado dos conselhos que lhe deram, e terá a resposta." [LM-it 220]
Vianna de Carvalho nos diz que
"O mau uso da faculdade mediúnica pode entorpecê-la e até mesmo fazê-la desaparecer, tornando-se para o seu portador, um verdadeiro prejuízo, uma rude provação. Algumas vezes como advertência, inter­rompe-se-lhe o fluxo medianímico e os Espíritos superiores, por afeição ao médium, permitem que ele perceba, a fim de mais adestrar-se, buscando descobrir a falha que propiciou a sus­pensão, restau­rando o equilíbrio; outras ve­zes, é-lhe concedida com o objetivo de facultar-lhe algum repouso e re­fazimento.”
c) Provação: quando o médium, apesar de se conduzir com acerto, ter o merecimento por boa conduta moral e não necessitar de descanso, tem suas possibilidades mediúnicas diminuídas ou interrom­pidas, Allan Kardec nos diz que:
"Servem para lhes por a paciência à prova e para lhes experimentar a perseverança. Por isso é que os Espíritos nenhum termo, em geral, assi­nam, à suspensão da faculdade mediúnica; é para ve­rem se o mé­dium desa­nima. Muitas vezes, serve também para lhes dar tempo de me­ditar as ins­truções recebidas.
Outra causa é quando o médium não aproveita as instruções nem os conse­lhos que os protetores es­pirituais propiciam. O Espírito prote­tor acon­selha sempre para o bem, sugerindo bons pensamentos ou ampa­rando nas aflições o seu tutelado mas, em situação alguma, desres­peita o livre-arbítrio de quem quer que seja. (...) Afasta-se, quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos infe­riores. Mas não o abando­na completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem que tapa os ou­vidos. O pro­tetor volta desde que este o chame." [Le-qst 495]
No caso de não mais funcionar a faculdade mediúnica, isto ja­mais se deve ao fato de o médium ter encerrado a sua missão, como se costuma dizer, porque toda missão encerrada com sucesso é prenúncio de nova tarefa que logo se lhe segue, e assim, sucessivamente. O que ocorre nes­tes caso é a perda por abuso da mediunidade ou por doença grave.
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Livro dos Espíritos - Allan Kardec
3) No Invisível - Léon Denis
4) Médiuns e Mediunidades - Vianna de Carvalho/Chico Xavier
5) O Consolador - Emmanuel/Chico Xavier


Capítulo 15

AS MANIFESTAÇÕES VISUAIS,
BICORPOREIDADE E TRANSFIGURAÇÃO

Das Manifestações Visuais

Por sua natureza e em seu estado normal o perispírito é invisí­vel, tendo isso em comum com uma imensidade de fluidos que sabe­mos existir e que não vemos, por exemplo, o ar atmosférico. Pode também, como alguns fluidos, sofrer modificações que o torna visível, quer seja por uma espécie de condensação (por falta de um termo mais apro­priado), quer por uma mudança em sua disposição molecular. Pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo sólido e tangível, para retomar, em seguida, seu estado etéreo e invisível. É possível fazer-se idéia desse efeito pelo que acontece com o vapor (vapor-água-gelo).
Esses diferentes estados do perispírito resultam da von­tade do Espírito, e não de uma causa física exterior, como é o caso dos ga­ses. Quando um Espírito desencarnado faz-se visível, este condensa o seu perispí­rito num estado próprio para torná-lo visível; mas, nem sempre basta a vontade para que ele torne-se visível: é preciso o concurso de outras circunstâncias, que não dependem dele.
É preciso ainda, que ao Espírito seja permitido tornar-se vi­sível a tal pessoa, o que nem sempre lhe é concedido. Ne­cessita ainda, no caso de ser um Espírito desen­carnado, da participa­ção de um mé­dium, que deverá ceder fluidos ne­cessários ao processo, pois a modi­ficação no perispírito opera-se me­diante uma combinação deste com o fluido pe­culiar ao médium. Essa combinação nem sempre é possível, o que explica não ser generalizada a visibilidade dos Espíritos.
Assim, não basta que o Espírito queira mos­trar-se nem tampouco que uma pessoa queira vê-lo, é necessário que entre eles haja uma es­pécie de afinidade, e também, que a emissão de fluidos da pessoa seja sufici­entemente abundante para operar a trans­formação do perispírito e, pro­vavelmente, que se verifiquem outras condições que ainda desco­nhecemos.
Pode pois, numa reunião, mostrar-se a apenas a uma pessoa ou a diversas que nela estejam presentes. Daí resulta que, se duas pessoas igualmente dotadas desta ap­tidão se encontrarem juntas, pode o Espírito operar a combinação fluí­dica com apenas uma da duas, a quem ele queira mostrar-se ou com aquele que a combinação fluídica se opere mais facilmente.
As manifestações visuais ocorrem na maioria das vezes du­rante o sono, por meio do que chamamos muitas vezes de sonhos: são as visões. Quando as manifestações visuais ocorrem no estado de vigília, chamamos de aparições.
Podendo assumir todas as aparências, o Espírito se apre­senta da forma que mais se torne reconhecível, se o quiser. Apresenta-se em ge­ral de forma vaporosa e diáfana, algumas vezes vaga e impre­cisa, e ou­tras de formas nitidamente desenhadas, de modo que uma pessoa pode diante de um Espírito nestas condições, supor tratar-se de um encar­nado, sem sequer suspeitar que tem diante de si um Espírito.
As aparições não constituem novidades, pois em todos os tempos se produziram e delas temos vários exemplos na história.

Bicorporeidade

Este fenômeno é uma variedade das manifestações vi­suais e ba­seia-se no princípio das propriedades do pe­rispírito, quer se encon­tre no mundo dos Espíritos, quer se encontre no mundo dos encarna­dos.
A faculdade que possui o Espírito encarnado de emancipar-se e de desprender-se do corpo durante a vida, pode permitir a ocorrência de fenômenos análogos aos que os Espíritos desencarnados produzem. En­quanto o corpo se acha sob o efeito do sono, o Espírito pode trans­portar-se revestido pelo perispírito a lugares diversos, tornando-se visível e aparecendo a outros indivíduos, quer este­jam estes acordados ou dormindo, pelo mesmo processo de condensação ou de transformação já estudados. Além de visível torna-se também tangí­vel, de uma forma tão próxima da realidade que permite aos indivíduos afirmarem tê-lo visto em dois lugares ao mesmo tempo. Ele realmente estava em ambos, mas apenas num se achava o corpo material, achando-se no outro o Espírito. Ao despertar o indivíduo, os dois cor­pos se reúnem e a vida volta ao corpo material. A este fenômeno denomi­namos bicorporeidade.
Por mais que possa parecer extraordinário, este fenômeno, como tantos outros, está na ordem dos fenômenos natu­rais, pois que depende de propriedades do perispírito e de uma lei natural, e tem sua explica­ção nas propriedades de condensação e transformação do peris­pírito.
Deste fenômeno temos vários exemplos amplamente comprovados e divulgados, tanto na literatura Espírita quanto Eclesiástica.
Santo Alfonso de Liguori foi canonizado antes do tempo necessá­rio por ter se mostrado em dois lugares ao mesmo tempo, o que se pas­sou como sendo um milagre. Enquanto os seus companheiros o viam em sua cela, em estado de êxtase, em Arienzo, na província de Nápoles, ele era visto simultaneamente em Roma assistindo ao Papa Clemente XIV, em seus últimos minutos, e ao despertar deu aos colegas de con­vento a no­tícia da desencarnação do Papa, que foi confirmada bem mais tarde por notíci­as oficiais, em decorrência da distância que separava os dois lugares.
Santo Antônio de Pádua, estava na Espanha e enquanto aí pre­gava, seu pai, que estava em Pádua, ia ao suplício, acusado de uma morte. Neste momento, Santo Antônio aparece, demonstra a inocência de seu pai e revela o verdadeiro culpado que, mais tarde, sofre o cas­tigo. Foi constatado que neste momento, Santo Antônio não havia dei­xado a Espanha.
Eurípedes Barsanulfo, notável médium que viveu em Sacra­mento - MG, dotado de moral irrepreensível, por várias vezes se fez no­tar no fenômeno da bicorporeidade. Encontramos alguns relatos bas­tante inte­res­santes, principalmente por terem sido presenciados por testemunhos nem sempre afeitos à Doutrina dos Espíritos.
Eurípedes era professor, sendo o fundador do Colégio Allan Kar­dec em Sacramento (o primeiro colégio espí­rita em todo o mundo). Era médium dotado de variados tipos de mediunidade, desta­cando-se a mediu­nidade de cura e o receituário mediúnico. Muitas vezes entrava em transe durante uma aula e se prestava a socorrer necessita­dos através da bicorporeidade; certa vez, após um transe, dirige-se aos alunos e diz:
"- Prestem atenção. Acabo de fazer um parto difícil, numa residência atrás da Igreja do Rosário. O marido não sabe que a criança já nas­ceu e está a caminho daqui, para solicitar ajuda. Quando ele entrar na sala os senhores devem ficar de pé para o cumprimentarem.
E o homem entrou logo em se­guida, muito aflito, de roupa de montaria e chapéu, pedindo a Eurípedes que fosse até a sua residência, com urgên­cia fazer o parto pois sua mulher estava muito mal e a parteira não es­tava conseguindo resolver o caso.
- Acalme-se, respondeu o médium sorrindo, já fiz o parto há 5 mi­nutos atrás...
- Não é possível disse o homem, há 5 minutos eu o teria visto no cami­nho.
- O senhor não me viu porque eu fui em Espírito, mas eu vi o senhor, respondeu Eurípedes, e pode voltar para sua casa sos­segado, a menina que nasceu é linda e forte.
O homem porém duvidou e só saiu dali com Eurípedes junto. Chegando a casa se deparou com a es­posa que segurava no leito a filhinha. A partu­riente ao ver o mé­dium exclamou:
- O senhor não precisava vir de novo seu Eurípedes, eu e o bebê es­tamos passando muito bem!
Em várias outras ocasiões este médium pôde ser visto simultaneamente em dois lugares.
Os livros Eclesiásticos relatam a história de Maria D'Agreda, que ainda muito jovem tornou-se superiora do convento de Imaculada Conceição de Maria na Espanha. Maria D'Agreda era um Espírito nobre e extremamente preocupada com a salvação do próximo, e, em suas preces, pe­dia ardentemente a Deus que permitisse a ela fazer algo pela sal­vação destas almas que não conheciam a Deus. Certo dia, du­rante seus momentos de oração, ela se viu arrebatada em êxtase a uma região lon­gínqua de clima e vegetação diversos do clima espanhol, sendo esta re­gião reco­nhecida como o Novo México, na América do Norte. Neste lo­cal Maria d'Agreda encontrou uma nação indígena que passou a catequi­zar, durante estes períodos de êxtase que se repeti­ram por cerca de 8 anos com aproximadamente 500 êxtases, seguidos do fenômeno de bicor­poreidade. Maria d'Agreda exerceu assim seu aposto­lado doutrinário em região muito distante da Espanha sem de lá se afastar em corpo fí­sico, apenas o fazendo em corpo espiritual. (Vide Revista Espírita de novem­bro de 1860).

Transfiguração

O fenômeno da transfiguração decorre do princípio de que pode o Espírito dar ao seu perispírito a aparência que desejar; que me­diante modificações na disposição molecular, pode dar-lhe visibili­dade, tangi­bilidade e a opacidade; que o perispírito de um encar­nado possui as mesmas propriedades, que essa mudança se opera pela combi­nação dos fluidos.
Imaginemos pois o perispírito de um encarnado, não despren­dido do corpo, mas exteriorizado em volta de seu corpo, de maneira a en­volvê-lo como uma espécie de vapor. Neste es­tado se torna passível das mesmas modificações de que o seria se es­tivesse se­parado do corpo. Po­derá então o perispírito mudar de as­pecto, tornar-se bri­lhante, se tal for a vontade do Espírito ou se ele dispuser de poder para tanto. Um outro Espírito, combinando seus fluidos com os dele poderá, a essa combinação de perispíritos, dar a forma que dese­jar, mudando tempora­riamente a forma original e assumindo aquela da en­tidade espiritual que sobre ele atua. Esta parece ser a causa do fenôm­eno da transfigu­ração.
Allan Kardec relata no Livro dos Médiuns vários casos de trans­figuração.
Um dos mais belos exemplos de transfiguração encontra-se no Evangelho [Marcos-IX,2-8]:
"Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João e os levou em parti­cular ao Monte Tabor. E foi transfigurado diante deles, suas vestes tornaram-se resplandecentes e muito bran­cas, como nenhum lavadeiro sobre a Terra as pode alvejar."
Eliseu Rigonatti, médium, escritor e expositor espírita conta em [O Evangelho das Recordações], um caso bastante ilustra­tivo do fenômeno da transfiguração. Segundo este autor, uma das mé­diuns participantes da reunião mediúnica por ele dirigida naquela oca­sião era muito estrábica do olho direito, a ponto de aparecer apenas a escleró­tica, com pequena parte da íris, num cantinho da pálpe­bra. O olho es­querdo era normal. Certo dia ela comunicou ao dirigente que faltaria por uma semana, pois iria a São Paulo submeter-se a uma ci­rurgia corre­tiva para o problema. Mas no sábado seguinte lá estava ela para os tra­balhos mediúnicos, e durante uma comunicação Eliseu notou que a jovem mantinha os olhos bem abertos e que eles estavam normais, sem qualquer sinal do estrabismo. Ao final da reunião en­tretanto, quando ele se di­rigiu à jovem para comemorar o sucesso da cirurgia, notou que a jovem mostrava o mesmo estrabismo de sempre e ela lhe disse que por motivos econômicos tivera que adiar a viagem, e que du­rante a comunicação me­diúnica, sentira um forte pressão nos olhos.
Vimos assim, de forma sucinta, alguns esclarecimentos básicos para se entender os fenômenos da bicorporeidade e da transfiguração. Para aumentar os seus conhecimentos no assunto, sugerimos que leia a biblio­grafia recomendada abaixo.
Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Livro dos Médiuns - Allan Kardec
3) Obras Póstumas - Allan Kardec
4) A Gênese - Allan Kardec
5) Revista Espírita - novembro de 1860
6) O Evangelho das Recordações - Eliseu Rigonatti
7) O Apóstolo da Caridade - Eurípedes de Barsanulfo
8) Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel


Capítulo 16

Mediunidade de Cura

Introdução

Aquilo que está realmente acontecendo neste mundo é bem dife­rente do que parece estar ocorrendo, tal como se expressa nas manche­tes dos jornais ou em textos convencionais.
E o que na realidade está ocorrendo é uma ansiosa busca de espi­ritualidade. Quer aprovem todas as pessoas ou não aprovem, esta­mos hoje em meio a um processo de transição para uma nova era, aquilo que muitos estudiosos chamam de "despertar espiritual".
Este encontro do Homem contemporâneo com o pensamento metafísi­co têm-se acompanhado de uma insistente busca da Medicina alternativa. Aculpuntura, Medicina Antroposófica, Bioenergética e principalmente, as terapias ditas espirituais. Milhares e milhares de pessoas decepciona­das com a Medicina Convencional têm buscado nos Centros Es­píritas, ou em outras correntes religiosas, o restabeleci­mento de sua saúde.
Daí a importância do estudo das diversas modalidades terapêuti­cas oferecidas pela Casa Espírita.

Modalidades de Terapia Espiritual

a) Fluidoterapia Convencional: trata-se do Passe Magnético, da água fluidificada e da irradiação a distância. São modalidades terapêu­ticas onde se trabalha com fluidos curadores, encontradas em quase to­dos os centros espíritas;
b) Assistência Através de Médiuns Receitistas: o médium recei­tista, segundo Allan Kardec (que os denominava também de médiuns medici­nais), são aqueles cuja especialidade é a de servirem mais fa­cilmente aos Espíritos que fazem prescrições médicas. Lembra o codi­ficador que não se deve confundi-los com os médiuns curadores, porque nada mais fa­zem do que transmitir o pensamento do Espírito e não exer­cem, por si mesmos, nenhuma influência. Benfeitores espirituais do­tados de conheci­mentos sobre Medicina, que ditam através do médium (geralmente por psi­cografia) os medicamentos e as orientações que deve seguir para o seu restabelecimento. A maioria deles trabalha com Meci­dina Homeopática, lançando mão também de chás, ervas e drogas di­tas naturais;
c) Assistência Espiritual Direta: consiste na atuação terapêuti­ca dos Espíritos sem a participação direta de médiuns. Tal­vez seja a mais comum das modalidades terapêuticas espíritas, onde os Ben­feitores estarão mobilizando recursos fluídicos específicos em be­nefício dos ne­cessitados sem que eles, muitas vezes, percebam. Esta modalidade pode desenrolar-se nos centros espíritas ou mesmo nas re­sidências dos enfer­mos. Em determinadas situações o doente é levado em corpo espiritual a certos hospitais do mundo extra-físico e lá são submetidos a complexos processos de reparação perispiritual;
d) Operações Espirituais: essa modalidade terapêutica caracteri­za-se pela atuação de Espíritos desencarnados incorporados e médiuns específicos. No Brasil, ganhou muito destaque a partir dos mé­diuns José Arigó e Edson Queirós. Utilizando-se das mãos do médium ou de instru­mentais cirúrgicos, os cirurgiões desencarnados mobilizam re­cursos flu­ídicos diretamente junto ao corpo físico e espiritual do doente.
Interrogado quanto à utilização desses instrumentos cirúrgicos neste tipo de assistência espiritual, o expositor Divaldo Franco assim se expressou:
"Na minha forma de ver, trata-se de ignorância do Espírito Comuni­cante, que deve ser esclare­cido devidamente, e de presunção do mé­dium, que deve ter alguma frustração e, se realiza desta forma, ou de uma exibi­ção, ou ainda para gerar melhor aceitação do consulente, que condicio­nado pela aparência, fica mais receptivo. Já que os Espíritos se podem utilizar dos médiuns que, nor­malmente não os usam, não vejo porque re­correr à técnica humana quando eles a possuem su­perior." (Diretrizes de Segurança).
O Dr. Jorge Andréa, médico e escritor espírita, adverte quanto à generalização deste tipo de modalidade terapêutica:
"existem desajustes na prática desse tipo de tratamento que devem mere­cer, por parte dos solici­tante, uma análise cautelosa, porquanto os abusos são inúmeros e as mistificações, consciente ou inconscien­tes, abundantes." (Psicologia Espírita)
Com relação aos resultados destas operações espirituais, o Dr. Jorge Andréa esclarece que eles vão depender de fatores ligados ao mé­dium e ao do­ente. Os primeiros se relacionam à seriedade, honestidade de princípios e moralidade. Os fatores relacionados aos doentes são a fé, o mereci­mento e a programação cármica.

Espiritismo e Médium Curador

A mediunidade curadora deve ser examinada tal qual qualquer ou­tra modalidade mediúnica. Nesse sentido o médium de cura deve pro­curar canalizar seus recursos fluídicos para o bem, sustentado pelos princí­pios espíritas e pela moral evangélica. Aquele que se vê com esses do­tes mediúnicos deve procurar nortear sua conduta a partir dos seguin­tes ítens:
a) Vinculação a um Centro Espírita: a maior parte dos proble­mas observados com os médiuns curadores reside no fato de não se sub­meterem aos regimes doutrinários de um Centro Espírita. Muitas vezes optam por um trabalho isolado, quando não constroem seu próprio cen­tro espírita, estruturado em idéias errôneas e práticas inadequadas. Mui­tos inconve­nientes seriam evitados se ele se integrasse a um Cen­tro Espírita como qualquer outro trabalhador de Jesus e amparado pe­las forças dos compa­nheiros encarnados e desencarnados sofreria uma pro­teção muito mais efetiva;
b) Estudo Sistemático Do Espiritismo: não se pode separar a prá­tica mediúnica do estudo constante dos postulados espíritas. Sem esse conhecimento doutrinário, facilmente o médium cairá nas malhas dos Espíritos da sombra ou de pessoas inescrupulosas e aproveitado­ras;
c) Gratuidade Absoluta: a Doutrina espírita não se coaduna com qualquer tipo de cobrança para prestação de serviço espiritual. A gra­tuidade está também relacionada com a questão melindrosa dos "presentes" e das "doações para instituições" que muitas vezes nada mais são do que formas disfarçadas de cobrança;
d) Exercício Constante da Humildade: Allan Kardec assevera que o maior escolho à boa prática mediúnica é a vaidade e o orgulho. Nesse sentido, o médium de cura deve se conscientizar de que ele é apenas um elemento na complexa engrenagem organizada pelo mundo maior, engrena­gem esta, que vai encontrar no Cristo o seu condutor maior.

Finalidade das Curas Espirituais

Sabemos que o grande papel desempenhado pelo Espiritismo está relacionado à moralização da humanidade. Assim sendo, pergunta-se por­que assume a Doutrina Espírita compromissos com as curas espiri­tuais? Qual a finalidade da existência de médiuns curadores? Quem responde é Divaldo Franco:
"A prática do bem, do auxílio aos doentes. O apóstolo Paulo já di­zia: Uns falam línguas estran­geiras, outros profetizam, outros impõe as mãos... Como o Espiritismo é o Consolador, a mediuni­dade, sendo o campo, a porta pelos quais os Espíritos Superiores semeiam e agem, a faculdade cu­radora é o veículo da misericórdia para atender a quem pa­dece, despertando-o para as realidades da Vida Maior, a Vida Ver­dadeira. Após a recuperação da saúde, o paciente já não tem direito de manter dúvidas nem suposições negativas ante a realidade do que ex­perimentou.
O médium curador é o intermediário para o chamamento aos que sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do comportamento, inte­grando-se na esfera do bem."
Bibliografia
1) Diretrizes de Segurança - Divaldo e Raul Teixeira
2) Psicologia Espírita - Dr. Jorge Andréa
3) Mãos de Luz - Dra. Barbara Brenan


Capítulo 17

desdobramento, catalepsia e letargia

Desdobramento (Sonambulismo)

O fenômeno de desdobramento espiritual, denominado também "experiência fora do corpo" ou "projeção do eu" e que Allan Kardec re­conhecia com o nome de "Sonambulismo", é uma condição relativamente freqüente e que tem sido muito estudada nos dias de hoje.
A quantidade de obras e artigos não espíritas ou mesmo espíri­tas já publicadas sobre o tema é imensa. Seu número cresce dia a dia, pois é um assunto de magna importância e que tem indiscutível impli­cação na questão da sobrevivência após a morte.
O médium sonambúlico (de desdobramento), segundo Kardec, é aquele "que vive por antecipação a vida dos Espíritos".
Ele desfruta da capacidade de desprender-se do seu corpo fí­sico, deixando-o num estado de sonolência, e desloca-se no espaço ape­nas com seu perispírito.
Durante o desdobramento, o Espírito pode sair para longe de seu corpo e visitar locais distantes, conhecidos ou não. Estes locais po­derão encontrar-se em nosso plano físico ou nas esferas espiri­tuais. Podem, também, entrar em contato com outros Espíritos, visitar enfer­mos, assistir Espíritos perturbados, etc.
A faculdade sonambúlica, lembra Kardec "é uma faculdade que de­pende do organismo e nada tem a ver com a elevação, o adiantamento e a condição moral do sujeito."
No entanto, os esforços que o medianeiro empreende em sua me­lhoria pessoal deverão ser responsáveis pelo tipo de atividade que irá desenvolver em "suas viagens".
Com relação ao grau de consciência, os médiuns de desdobra­mento podem ser classificados em três tipos: conscientes, semi-cons­cientes e inconscientes. Os primeiros lembram-se perfeitamente de tudo o que realizaram durante o desdobramento, os segundos têm uma re­cordação re­lativa, mas os terceiros nada recordam.
O desdobramento pode ser ainda: natural ou provocado (magnético). No primeiro caso, o médium afasta-se de seu corpo sem que seja necessária a atuação de uma outra pessoa. Pode verificar-se em função de uma enfermidade, do sono, prece ou meditação. O desdo­bramento magnético ou provocado é aquele produzido pela ação fluí­dico-magnética de outra pessoa, encarnada ou desencarnada. Os médiuns ades­trados são muitas vezes afastados de seu corpo por seus mentores espi­rituais, durante o sono físico e levados para reuniões de estudo e trabalho no mundo espiritual. Pode acontecer também, que o desdo­bramento seja provocado por Espíritos viciosos, que desejam envolver o medianeiro em atitudes infelizes, promovendo, muitas vezes, processos obsessivos graves.
Allan Kardec dá o nome de "êxtase" a um tipo de desdobramento mais apurado, onde a alma do médium tem maior grau de independência e pode deslocar-se para locais muitos distantes.

Catalepsia e Letargia

A catalepsia e a letargia derivam do mesmo princípio, que é a perda temporária da sensibilidade e do movimento do corpo físico, diante de um estado de emancipação profunda da alma (desdobramento). Não são enfermidades físicas, mas uma faculdade que, como qualquer ou­tra faculdade mediúnica insipiente ou incompreendida, ou ainda des­curada e mal orientada, torna-se prejudicial ao seu possuidor.
Caracteriza-se a catalepsia pela suspensão parcial ou total da sensibilidade e dos movimentos voluntários, acompanhada de extrema ri­gidez dos músculos, acarretando a conservação passiva das atitudes da­das aos membros, ao tronco ou à face. Assim, se lhe for erguido um braço, nesta posição ficará indefinidamente. Nesse estado, os olhos permanecem grandemente abertos, fixos, com semblante imobilizado, apresentando o paciente uma fisionomia impassível, sem emoção e sem fadiga.
A catalepsia pode ocorrer naturalmente, sem uma causa apa­rente, ou pode ser provocada (hipnotismo ou obsessão). Neste último estado, embora o paciente não possa ter atividade alguma voluntária, age, no entanto, sob a sugestão do operador.
A letargia é uma apresentação mais profunda que a catalepsia. O letárgico nada ouve, nada sente, não vê o mundo exterior, a própria consciência se lhe apaga, fica num estado que se assemelha à morte. O paciente jaz imóvel, os membros pendentes, moles e flácidos, sem ri­gidez alguma e, se erguidos, quando novamente soltos recaem pesada­mente; sua respiração e o pulso são quase imperceptíveis, as pupilas mais ou menos dilatadas, não reagem mais à luz; o sensório está to­talmente adormecido e a inércia da mente parece absoluta. É exata­mente dentro da letargia que se incluem os casos de mortes aparentes regis­tradas no Novo Testamento (ressurreição de Lázaro, da filha de Jairo e do filho da viúva de Naim).
Entre os casos que constituem exemplos clássicos de letargia cita-se o do Cardeal de Donnet, que quase foi enterrado vivo em vir­tude de estado letárgico que nele se manifestou, conforme relata José Lapponi [Hipnotismo e Espiritismo]:
"Em 1826 um jovem padre, quando pregava no púlpito de uma igreja, cheia de devotos, foi impre­vistamente acometido de um desmaio. Um médico o declarou morto e deu licença para as horas fúne­bres no dia imediato. O bispo da catedral, onde se verificara o caso, já tinha recitado as últi­mas orações ao pé do morto, já haviam sido tomadas as medidas do ataúde e se aproximava a noite, no começo da qual se devia consumar o enterramento. São fáceis de imaginar as angústias do jovem padre, que, estando vivo, recebia nos ouvidos os rumores de todos esses preparativos. Afinal, ouviu a voz comovida de um seu amigo de infância, e essa voz, provocando nele uma crise sobre hu­mana, produziu maravilhoso resultado. No dia seguinte, o jovem padre voltava ao seu púlpito."
Vejamos agora o que disseram os Espíritos, respondendo às per­guntas formuladas por Allan Kardec sobre esse interessante assunto:
"Os letárgicos e os catalépticos, em geral, vêem e ouvem o que em derredor se diz e faz, sem que possam exprimir o que estão vendo ou ouvindo. É pelos olhos e pelos ouvido que têm essas per­cepções?
R. Não. É pelo Espírito. O Espírito tem consciência de si, mas não pode comunicar-se." [LE-qst 422]
"Na letargia pode o Espírito separar-se inteiramente do corpo, de modo a imprimir-lhe todas as aparências da morte e voltar a habitá-lo?
R. Na letargia o corpo não está morto, porquanto há funções que con­tinuam a executar-se. Sua vi­talidade se encontra em estado latente, porém, não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha ligado,. Em se rompendo, por efeito da morte real e pela desa­gregação dos órgãos, os laços que prendem um ao outro. integral se torna a separação e o Espírito não volta mais ao seu envoltório. Desde que um homem, aparentemente morto, volve à vida, é que não era completa a morte." [LE-423]
Sendo a catalepsia e a letargia uma faculdade, patrimônio psí­quico da criatura e não propriamente uma enfermidade, compreender-se-á que nem sempre a sua ação comprova inferioridade do seu possuidor, pois que uma vez adestrados, ambos poderão prestar excelentes servi­ços à causa do bem, tais como as demais faculdades mediúnicas que, não adestradas, servem de pasto a terríveis obsessões.
Um Espírito encarnado, por exemplo, já evoluído, ou apenas de boa vontade, poderá cair em transe letárgico ou cataléptico volunta­riamente, alçar-se ao espaço para desfrutar o convívio dos amigos es­pirituais, dedicar-se a estudos profundos, colaborar com o bem e de­pois retornar à carne, reanimado e apto a excelentes realizações.
Bibliografia
1) Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) Magnetismo Espiritual - Michaelus
3) Hipnotismo e Espiritismo - José Lapponi
4) Recordações da Mediunidade - Yvonne A. Pereira
5) Diversidades dos Carismas - Hermínio C. Miranda
6) Nos Domínios da Mediunidade- André Luiz/Chico Xavier


Capítulo 18

Obsessão: Conceito e Causas

Definição

Allan Kardec define obsessão como sendo a "ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo." [ESE-cap XXVIII].
Esta definição apresentada pelo Codificador dá margem a vários comentários:
- A obsessão é sempre um processo mantido, contínuo, persis­tente onde as forças em litígio estão se enfrentado num processo bem estabelecido. Não se reconhece como obsessão aquelas condições fortui­tas, ocasionais, onde assimilamos pensamentos infelizes de forma breve e sem grandes conseqüências.
- A qualificação de Espírito mau, apresentada por Kardec, deve ser bem entendida. O obsessor, na realidade, não é um Espírito mau, como se entende este adjetivo, mas sim, uma entidade em sofrimento, com defeitos e virtudes, capaz de grandes atitudes afetivas para com outras pessoas. É, sobretudo, alguém que foi ferido, magoado, humi­lhado no passado e que por sofrer tanto, quer fazer os outros sofrerem também.
- Em muitas oportunidades a obsessão não estará sendo organi­zada por um único Espírito, mas sim, por uma falange de Espíritos.
- A obsessão pode atingir não apenas um indivíduo, mas toda uma coletividade, uma família, uma cidade.
- A definição apresentada restringe a obsessão a apenas uma de suas formas, quando um Espírito estará desenvolvendo o processo obses­sivo em direção a um encarnado. Pode ocorrer o inverso, quando um en­carnado passa a subjugar o Espírito.
Pode-se observar também obsessão entre encarnados e entre de­sencarnados.

Patologias

Como se desenvolve a "ação" a que se referia Allan Kardec?
- O Espírito infeliz estará atuando sobre o encarnado em dois níveis:
* Mente a mente: constrição mental;
* Perispírito a perispírito: envolvimento fluídico.

a) Constrição Mental: o obsessor instala a sua onda mental na mente da pessoa visada. Forma-se uma ponte magnética, através da qual, o perseguidor vai enviando os seus pensamentos e suas idéias, promo­vendo uma verdadeira hipnose:
"Você é infeliz..."
"Sua vida não presta..."
"Mate-se..."
A princípio o indivíduo pode reagir fugindo da faixa de atuação do obsessor. No entanto, se ele se entrega àquelas idéias ou se com­praz com este conúbio mental, o processo pode agravar-se, chegando ao grau máximo de obsessão, que é a subjugação moral, onde o obsediado perde completamente o seu livre-arbítrio.
Depois que o cerco se completa, pode tornar-se necessária pre­sença do obsessor ao lado do encarnado, pois ele pode continuar exer­cendo o domínio psíquico a distância.
É o que André Luiz denomina de "loucura por telepatia alucina­tória."
Algumas vezes, coadjuvando o processo de constrição mental, os Espíritos obsessores poderão se utilizar de certos "aparelhos espe­ciais" para manter o processo. Manoel Philomeno de Miranda fez refe­rência a um pequeno aparelho, semelhante à um "micro-gravador" que os Espíritos introduziram no cérebro do encarnado e que objetivava refor­çar o processo de hipnose mental.
b) Envolvimento Fluídico: ao envolver o indivíduo, o persegui­dor identifica os seus fluidos com os dele, há uma aproximação das au­ras, os perispíritos se assimilam. Este convívio perispiritual vai permitir ao Espírito sugar energias vitais do encarnado, o que vai contribuir para o emagrecimento, o cansaço e as infecções que acompa­nham com freqüência as vítimas da obsessão. O envolvimento fluídico vai permitir também que o Espírito transmita para o encarnado fluidos deletérios fabricados por ele.

Causas

Sinteticamente, podemos reconhecer quatro causas fundamentais, envolvendo as obsessões:
a) Ódio ou Vingança: na maioria das vezes a obsessão é uma vin­gança exercida por um Espírito que foi prejudicado e que sofreu muito nas mãos do atual obsediado. Este Espírito pode ter sido prejudicado numa outra encarnação onde eles estiveram juntos, ou nessa mesma exis­tência.
O aborto criminoso é um acontecimento que muitas vezes responde por obsessões graves cuja causa está na mesma encarnação;
b) Carência Afetiva: é uma causa de obsessão, muitas vezes in­consciente, denominada comumente de "encosto". São Espíritos que de­sencarnam sem uma preparação espiritual adequada e que, ao despertarem no mundo dos Espíritos, se vêem desorientados, perdidos, angustiados. Ao identificarem um indivíduo que se afinize com eles, podem aproxi­mar-se dele e iniciar uma obsessão, muitas vezes, inconsciente.
Geralmente, são processos de fácil tratamento, pois não há vín­culo de ódio entre os seres envolvidos;
c) Vampirismo: o vampirismo é uma causa de obsessão relacionada á satisfação de vícios e paixões.
Vampiro, na definição de André Luiz: "é toda entidade ociosa que se vale indevidamente das possibilidade alheias".
O vampirismo vai caracterizar aqueles Espíritos viciosos, ape­gados a certas emoções materializadas, que se aproximam dos encarna­dos, portadores dos mesmos vícios, para absorverem as suas emanações fluídicas. Existem vampiros do fumo, do álcool, da gula, dos tóxicos, do sexo, etc.;
d) Orgulho do Falso Saber: esta expressão é utilizada por Allan Kardec para caracterizar certos Espíritos vaidosos, orgulhosos, fal­sos-sábios que desenvolvem uma obsessão do tipo fascinação.
Iludem determinados médiuns para que, por seu intermédio, pos­sam disseminar idéias falsas, sistemáticas e em contradição com os princípios espíritas.
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) A Gênese - Allan Kardec
3) Dramas da Obsessão - Bezerra de Menezes/Yvonne A. Pereira
4) Obsessão - Desobsessão - Suely Caldas Schubert
5) Nos Bastidores da Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco


Capítulo 19

Obsessão: Classificação

Introdução

Embora os conceitos iniciais da doença obsessão (enfermidade de caráter espiritual) já houvessem sido abordadas por Kardec, em 1857 no Livro dos Espíritos, a descrição completa da obsessão só foi publicada por Kardec em 1861, no Cap. XXIII do Livro dos Médiuns, onde ele de­fine a doença, enumera suas causas, classifica seus diferentes tipos e propõem uma terapêutica eficiente.
Afirmava Kardec que a obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir, e que resultam do grau de constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é um termo ge­nérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas princi­pais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.

Obsessão Simples

Na obsessão simples o Espírito inferior procura, através de sua tenacidade e persistência, intrometer-se na vida do obsediado, dando-lhe sugestões que, na grande maioria das vezes, são contrárias a sua forma habitual de pensar. Quando se trata, por exemplo, de um médium acometido por obsessão simples, o Espírito inferior se intromete nas suas comunicações e o impede de se comunicar com outros Espíritos, ou se apresenta substituindo e se fazendo passar por outros. Entretanto, esclarece Kardec, ninguém está obsediado pelo fato de ser enganado por um Espírito mentiroso. A obsessão consiste na ação persistente de um Espírito, e do qual não se consegue desembaraçar, à pessoa sobre quem ele atua. O melhor médium pode ser enganado, sobretudo no começo, que lhe falta a experiência necessária, pode-se pois, ser enganado sem ser obsediado.
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda afirma-nos:
"A obsessão simples, é uma parasitose comum em quase todas as cria­turas, considerando o natural intercâmbio psíquico existente em to­dos os setores do Universo."
Entretanto, o problema reside na fixação, pois o próprio signi­ficado da palavra obsessão, como vimos, revela idéia fixa, o que ca­racteriza o instalação do processo obsessivo. Surgem, assim, como si­nais e sintomas da obsessão simples, as desconfianças excessivas, os estados de insegurança pessoal, as enfermidades sem causas definidas, etc. Observamos também, mudanças algo súbitas no temperamento habitual do obsediado, em razão das mensagens telepáticas emitidas pelo obses­sor e reforçadas nos clichês mentais que ressurgem dos arquivos do in­consciente. Podemos incluir nessa categoria os casos de obsessão de efeitos físicos, isto é, a que consiste nas manifestações ruidosas e obstinadas de alguns Espíritos, que fazem se ouçam, espontaneamente pancadas, ruídos. Pelo que chamamos manifestações físicas espontâneas ou obsessão de efeitos físicos.

Fascinação

Na fascinação, as conseqüências são mais sérias. É uma ilusão, produzida pela ação direta do Espírito obsessor sobre o pensamento do médium, e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio e o seu julgamento relativamente às comunicações. O fascinado não acredita que o estejam enganando e o Espírito fascinador tem a capacidade de lhe inspirar confiança cega, que o impede de compreender o absurdo do que escreve ou fala, ainda que este absurdo esteja claro a todos os que os cercam. A ilusão pode mesmo ir ao ponto de fazê-lo ver o sublime na linguagem mais ridícula. O fascinado não se sente incomodado com a presença e a influência do obsessor, muitas vezes até gosta, e forma-se então o verdadeiro processo de simbiose psíquica. O médium fasci­nado se acredita guiado por uma entidade espiritual de alto gabarito, pois que usa nome de personagens famosos ou de Espírito de valor. O Espírito obsessor nesses casos é hábil, astuto e profundamente hipó­crita, pois usa uma imagem que esconde suas verdadeiras intenções. Usa com freqüência as palavras caridade, humildade e amor a Deus como cre­denciais, mas, através de tudo, deixa transparecer sinais de inferio­ridade. A fascinação é difícil de ser tratada porque o obsediado re­cusa orientação e tratamento, pois não acredita estar sob influência obsessiva, e até, às vezes, acredita que todos os demais é que se en­contram obsediados, magoa-se e afasta-se das pessoas que o podem es­clarecer. Geralmente, os médiuns fascinados vagueiam de um centro ao outro e, muitas vezes, terminam por criarem seus próprios centros es­píritas onde serão onipotentes.

Subjugação

A subjugação é o tipo de obsessão em que existe a paralisia da vontade do obsediado e o obsessor assume o domínio completo de sua ví­tima, que é escravizada, perdendo a vontade própria. A subjugação pode ser moral ou corporal (física).
Na subjugação física, o Espírito obsessor atua sobre os órgãos materiais e provoca atos motores involuntários, variando, desde si­tuações, como por exemplo, necessidade de escrever nas horas mais ino­portunas até situações ridículas como gestos involuntários, etc. Na subjugação física, o indivíduo age contra a sua vontade e tem cons­ciência do ridículo a que se expõe e que não consegue evitar, sofrendo muito com isso. Pode, algumas vezes, praticar atos violentos.
Na subjugação moral ou psíquica, o subjugado é levado a tomar resoluções freqüentemente absurdas e comprometedoras, muito diversas da sua vontade, que, por uma espécie de ilusão, ele crê sensatas.
O paciente subjugado vai sendo dominado mentalmente, tombando em estado de passividade, geralmente sob tortura emocional, chegando a perder por completo a lucidez (consciência).
O subjugado perde temporária ou definitivamente, durante a sua atual reencarnação, o controle sobre a área da consciência, não po­dendo se expressar livremente.
A visão, a audição e os demais sentidos confundem a realidade objetiva. Por fim, o obsessor toma conta dos centros de comando motor e domina fisicamente a vítima que lhe fica inerte, subjugada moral e fisicamente, agindo como um louco vulgar.
A subjugação é de mais fácil reconhecimento, mas de difícil tratamento, e é raro haver cura sem deixar seqüelas. Não devemos supor na subjugação, o Espírito obsessor tome lugar no corpo do obsediado, há, sim, uma supremacia da sua vontade dominando completamente a do médium.
Lembramos ainda que a obsessão é o peso que tomba sempre sobre os ombros das consciências comprometidas.
A Doutrina Espírita veio desvendar o processo de nossa liber­tação, revelando que a cura só ocorrerá se os envolvidos no processo, reconhecendo seus débitos, procurarem a melhora. Vem demonstrar que a nossa libertação deve ser conquistada a cada dia com o empenho de to­das as nossas energias e o selo de nossa responsabilidade. Dos tormen­tosos processos obsessivos o homem só se libertará quando compreender o quanto é responsável pelo próprio tormento, e pelos que causa, aos que hoje lhe batem às portas do coração, roubando a paz que julgava merecer. Liberdade e responsabilidade. Para merecermos a primeira te­mos que assumir a segunda!
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) A Gênese - Allan Kardec
3) Nas Fronteiras da Loucura - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
4) Grilhões Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
5) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
6) Ação e Reação - André Luiz/Chico Xavier


Capítulo 20

Obsessão: Tratamento, Prognóstico e Profilaxia

Introdução

Antes de Jesus, os obsediados eram marginalizados; objetos de curiosidade e de terror. Isolados pelos próprios familiares, padeciam sob a ação ainda maior dos "inimigos" espirituais. Com a vinda do Mes­tre, chegou a lição do amor. Como remédio e como alimento para ambos os doentes: obsessor e obsediado. O verdadeiro trabalho de desobsessão se iniciou com Jesus ensinando aos homens que o amor deve ser o ali­cerce de toda terapêutica.
Com o passar dos tempos, os homens se esqueceram, deturparam também estes ensinamentos e foi necessária a vinda da terceira reve­lação, o Consolador Prometido, para que a luz novamente se fizesse. Foi a Doutrina Espírita que realmente traçou diretrizes lógicas, segu­ras e eficazes para o tratamento da obsessão.
O processo obsessivo, para realmente ser resolvido, necessita a atuação terapêutica no obsessor e no obsediado.
Poderíamos dividir o estudo do tratamento da obsessão, anali­sando a terapêutica espírita e a terapêutica médica, que devem ser avaliadas adequadamente.

Tratamento

a) Reforma Moral (Auto-desobsessão):
"No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais, o pa­ciente é, também, o agente da própria cura." Manoel Philomeno de Mi­randa
A reforma moral ou auto-desobsessão é o ato de promover a pró­pria pessoa a sua desobsessão, através da auto-evangelização.
Muitas pessoas pensam, erroneamente, quando imaginam que o Cen­tro Espírita pode libertar o obsediado de todos os males, pensam que o Centro Espírita resolverá todos os problemas, como por encanto.
Ao procurarem o Centro Espírita, passam para os Espíritos toda a responsabilidade do tratamento, mas, ao verificarem que seus proble­mas não estão sendo resolvidos com a rapidez que imaginavam, desilu­dem-se e vão buscar ajuda em outro Centro Espírita, ou em outras reli­giões.
É fundamental esclarecermos ao paciente e a sua família quanto a sua participação é importante, o quanto é condição básica para êxito do tratamento. A falta de participação do enfermo é, muitas vezes, a causa de quadros obsessivos de difícil resolução, às vezes, atraves­sando uma ou mais encarnações.
A auto-desobsessão tem um item óbvio que é a reforma moral do obsediado. É um trabalho consciente e necessário, de mudanças de hábi­tos e pensamentos. Substituindo os hábitos por pensamentos e sentimen­tos de elevado conteúdo moral. Como sabemos, a conduta e os hábitos do obsediado atuam como causa secundária, facilitando a instalação do processo obsessivo, em conjunto com a causa primária (débito do pas­sado).
A reforma moral é esta auto-educação de valores e sentimentos. O meio mais fácil de atingir este objetivo é pela prática da caridade com Jesus. A caridade é terapia. Conseguirá o obsediado, aos poucos, convencer o seu obsessor de sua renovação moral e também desfrutará de elevadas companhias espirituais.
b) Fluidoterapia:
"O obsediado fica envolto e impregnado de seu fluido pernicioso... é deste fluido que importa desembaraçá-lo." (A Gênese, Cap. XIV, item 46)
O obsessor envolve fluidicamente o obsediado, absorvendo-lhe os fluidos benéficos, substituindo-os por fluidos deletérios.
Só existe um meio de retirarmos estes maus fluidos, é substi­tuindo-os por bons fluidos, como afirmava o sábio mestre lionês. Para isso, é fundamental a fluidoterapia, feita pelo passe e pela água fluidificada.
c) Freqüência ao Centro Espírita: a freqüência do obsediado ao Centro Espírita é muito importante no tratamento: permite a instrução espírita, facilita o hábito de bons pensamentos, permite a prática da caridade com Jesus, permite o acesso mais fácil à fluidoterapia, etc.
Um fato importante, é que em grande número de casos, quando o obsediado penetra no Centro Espírita, leva consigo o seu obsessor(es), fato permitido pela espiritualidade maior, para propiciar o auxílio renovador também para o "irmãozinho perseguidor".
A freqüência ao Centro Espírita deverá ser cobrada ao obsediado e também à sua família.
d) Culto no Lar: Joanna de Ângelis afirma que o lar é como o porto para um navio, local de reparos, repouso e preparação para en­frentar o oceano bravio, daí, o papel importante do equilíbrio no lar, como base para o equilibro de todos nós. O obsediado, mais do que nin­guém, precisa de um porto seguro e bem aparelhado. Como sabemos, é muito comum o envolvimento dos familiares do obsediado no quadro ob­sessivo, pois, muitas vezes, são grupos de Espíritos devedores que se reúnem para enfrentarem o mesmo problema expiatório.
O culto do evangelho no lar facilita a freqüência de bons Espíritos no lar do obsediado, permite a penetração do Evangelho de Jesus na vida de todos, e é também, um elemento importante na fluidoterapia, pela água fluidificada.
Todos esses elementos envolverão obsediado(s) e obsessor(es), em um clima de amor, base fundamental para a recuperação de ambos.
e) Laborterapia: todos nós já enfrentamos momentos de tédio, já tivemos a mente invadida de maus pensamentos, tudo isso fruto do "não fazer nada".
Quando trabalhamos, seja qual for o tipo de trabalho, ocupamos nossa mente, e os maus pensamentos, a influência dos Espíritos menos felizes, são repelidas. Mãos ocupadas, eis um bom antídoto contra a obsessão.
É importante libertar o obsediado da falsa impressão de que, por estar enfermo, é preciso ficar em repouso. É fundamental ocupar a mente do obsediado, e a forma mais fácil e eficaz é ocupar as suas mãos.
f) Participação da Família: não somente o obsediado deve ser conscientizado da importância de sua participação na terapêutica de­sobsessiva, mas também os seus familiares. Muitas vezes, o desequilí­brio do obsediado chega a tal ponto que a participação da família as­sume ainda maior importância.
Outro fator importante, como já mencionamos, é o fato do quadro obsessivo, muitas vezes, envolver toda a Família, ou seja, todo o grupo errou, todos precisam reparar o erro. É nítido o resultado mais positivo, nos casos em que toda a família participa da ajuda ao obse­diado.
g) Apoio de Um Grupo Mediúnico: a ação da equipe espiritual de ajuda, se tornará mais evidente, quando houver a participação de um grupo mediúnico sério. Ambos Espíritos envolvidos serão beneficiados. O envolvimento carinhoso, o esclarecimento evangélico e doutrinário, realizado por um grupo mediúnico, serão extremamente benéficos ao ob­sessor e ao obsediado.
Importante enfatizar, que a presença do obsediado à reunião me­diúnica é dispensável e até mesmo prejudicial. A freqüência de uma pessoa desequilibrada na reunião mediúnica é muito danosa, entre ou­tros inúmeros fatores, quebra a harmonia do grupo, fator fundamental para um trabalho eficiente de desobsessão.
O aposento destinado à reunião de desobsessão sempre deve ser dentro do Centro Espírita, ambiente preparado pela espiritualidade maior para este fim. A reunião de desobsessão é um pronto socorro para os doentes morais e, como um pronto socorro, deve estar localizado em região adequada para isso. A sala reservada para tais atividades, foi comparada por André Luiz a uma sala cirúrgica, "que requer isolamento, respeito, silêncio, assepsia, isolada de olhos indiscretos, curiosos e despreparados". Por isso, jamais devem ser abertas ao público, e nunca deve ser trabalho para iniciantes. O trabalho exige grupo preparado, harmônico e local adequado para isso.
h) A Terapêutica Médica: algumas pessoas têm a falsa idéia que a terapêutica médica e a terapêutica espírita estariam chocando uma contra a outra, quando fossem utilizadas no auxílio ao quadro obses­sivo.
A terapêutica desobsessiva deve sempre ser orientada tendo como base estes dois aspectos: a terapêutica espiritual e a terapêutica mé­dica, pois a não utilização de uma delas pode levar a um tratamento ineficiente e incompleto.
Como Espírito encarnado, possuindo Espírito, perispírito e corpo físico, o obsediado terá alterações psíquicas e orgânicas varia­das e importantes, desde o início do quadro e no decorrer do mesmo. Para o equilíbrio, o êxito, a terapêutica desobsessiva deve estar ali­cerçada sobre dois suportes:

A TERAPÊUTICA MÉDICA E A ESPIRITUAL

O uso de medicamentos psiquiátricos são vistos, algumas vezes, com certa restrição pela população geral, inclusive pelo obsediado e seus familiares. Isto é fruto da má informação e de idéias falsas pré-concebidas. Hoje, com o progresso da farmacologia, dispomos de muitos medicamentos seguros, eficientes e com efeitos colaterais inexistentes ou controláveis. O medicamento é extremamente importante para muitos obsediados pois permite sua socialização, a sua reintegração familiar, o retorno ao trabalho, sua melhor íntima, dispensando alguns interna­mentos, etc.
A psicoterapia e o internamento em alguns quadros de obsessão assumem papel muito importante. Sempre que indicados pelo médico as­sistente devem ser incentivados e respeitados por nós.

Prognóstico

A palavra prognóstico, sob o ponto de vista médico, significa a mensuração da evolução de uma doença, tentando prever o seu final.
Para o prognóstico de uma doença física, entre vários fatores, três são os principais para serem avaliados: a capacidade do agente causador da doença, a resistência do paciente à doença e a ação do meio onde ocorre o quadro. Naturalmente, inúmeros fatores irão contri­buir para um bom ou mau prognóstico de um quadro obsessivo. Para resu­mir, poderíamos, comparativamente com uma doença física, avaliar tam­bém três fatores:
1) a persistência, a inferioridade moral, a capacidade intelec­tual e a intensidade do ódio do obsessor;
2) a resistência física, psíquica e moral do obsediado;
3) a utilização eficaz da terapêutica espírita e médica.
Salientamos aqui, o valor da vontade do obsediado, o "querer melhorar", pois todos os outros dependem sobretudo desta disposição do doente.
Para completar, faríamos as observações:
1) quadros obsessivos existem, que levarão mais de uma encar­nação para terem sua solução;
2) que nunca devemos desanimar, pois tudo que fizermos estará contribuindo para a redução de tempo, e também, amenizando sofrimen­tos;
3) que mais cedo ou mais tarde, todos os quadros de obsessão - por mais grave que sejam - serão solucionados, pois o amor sempre ven­cerá o ódio;
4) que o obsessor e o obsediado nem sempre se curam simultanea­mente.

Profilaxia

Profilaxia é o conjunto de medidas que tentam evitar, prevenir o aparecimento de certa doença.
Existe obsessão porque existe inferioridade em nós, porque fi­zemos sofrer e sofremos, porque temos dificuldade de perdoar.
O caminho eficiente para evitarmos obsessões, é aquele que leva á Jesus. "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." A única profilaxia efi­caz é a do Evangelho, é praticar o bem e ser bom. O amor é o único an­tídoto realmente infalível.
Quando aprendemos a amar sem reservas, sem interesse, sem exi­gências, quando houver em nós o amor em toda sua plenitude, então não haverá mais lugar para ódios, maldades, disputas e muito menos ob­sessões.
Bibliografia
1) O Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Grilhões Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
3) Obsessão e Desobsessão - Suely Caldas Schubert
4) Diálogo com as Sombras - Hermínio C. Miranda


Capítulo 21

As Doenças Mentais

Introdução

Dados estatísticos recentes informam que cerca de 25% da popu­lação mundial sofre de algum problema relacionado ao sistema nervoso.
Nos Estados Unidos da América, 25% da verbas liberadas pelo Congresso Americano destinam-se às Neurociências (ramo da medicina que engloba a Psiquiatria, a Neurologia e a Psicologia). De cada dois lei­tos hospitalares, um é ocupado pela Psiquiatria.
Essas informações dão-nos uma pálida idéia da importância das enfermidades mentais na sociedade contemporânea: milhares e milhares de pessoas têm vivenciado problemas diversos vinculados à função psí­quica.
No entanto, apesar de todo o interesse que estas enfermidades têm despertado, não se vislumbra ainda o instante em que as ciências oficiais deverão estudá-las com a sonda reencarnatória.
Somente o conhecimento de que já vivemos, a idéia precisa das vidas sucessivas, levará o homem às causas fundamentais das doenças mentais.
Somente a Psicologia integral (expressão de Gabriel Delanne), aquela que vê no homem os seus três elementos (corpo, Espírito e pe­rispírito) poderá, definitivamente, equacionar o problema sério das perturbações psíquicas.

Classificação

Sob uma visão espírita podemos sistematizar as doenças mentais em três grupos:

QUADRO III - Doenças Mentais
doenças orgânicas
auto-obsessão
obsessões

a) Doenças Orgânicas: são as doenças mentais onde se observa um fundamento orgânico. São as enfermidades em que há uma evidente lesão física que justifica as alterações do psiquismo. Muitas condições pa­tológicas podem acompanhar-se de alterações psíquicas, como aneurismas cerebrais, tumores, arteriosclerose dos vasos cerebrais, sífilis cere­bral, oligofrenias, etc.
Nesse grupo de enfermidades psíquicas o Espírito poderá encon­trar-se lúcido, ciente do problema que o acomete, já que a lesão é eminentemente física.
As faculdades intelectuais do Espírito estão perfeitas. O que ocorre é um bloqueio à manifestação destas faculdades em decorrência de um cérebro doente.
Allan Kardec estuda este grupo de doenças no Livro dos Espíritos (2ª parte - Idiotia e Loucura).
b) Auto-Obsessões: em Obras Póstumas, há uma passagem em que Allan Kardec afirma que muitas vezes "o Espírito pode ser o obsessor de si próprio'. E esta condição, bastante freqüente, estará respon­dendo por parcela significativa dos casos de enfermidades mentais.
São casos de perturbações emocionais ou psíquicas, às vezes configurando a loucura propriamente dita, onde não se encontra uma lesão em nível físico, nem se observa, tampouco, a atuação maléfica de Espíritos desencarnados.
O indivíduo, por si mesmo, apresenta suas faculdades psíquicas alteradas. Os quadros de auto-obsessões estão quase sempre vinculados a faltas sérias cometidas pelo Espírito em vivências anteriores no orbe. Algumas vezes a falta responsável pelo aparecimento da enfermi­dade encontra-se na mesma existência. Podemos entender as auto-ob­sessões como sendo a "liberação de um inconsciente culpado", pois na base deste grupo de doenças estará quases sempre o "complexo de culpa".
Feridas morais sérias insculpidas no inconsciente que passam a emitir vibrações deterioradas, que ao se chocarem com a consciência atual vão se manifestar sobre a forma de angústia, de depressão, de fobias, de delírios, etc.
Devemos lembrar, no entanto, que muitas vezes algumas distonias emocionais (ansiedade e depressão, principalmente) estarão surgindo sem grandes vínculos com existências pretéritas, mas como resultado de conflitos íntimos atuais.
Fazendo parte do grupo das auto-obsessões vamos encontrar as enfermidades descritas pela Psiquiatria como sendo as neuroses e as psicoses.
c) Obsessões: segundo o psiquiatra espírita Dr. Inácio Ferreira cerca de 30% dos casos de loucura surgem em decorrência de uma atuação espiritual obsessiva. Espíritos perversos ou inconseqüentes que diri­gem suas vibrações de teor enfermiço em direção de mentes culpadas, desencadeando reações emocionais e psíquicas doentias.

Diagnóstico Diferencial

A grande questão que se coloca na prática espírita está rela­cionada aos critérios que vamos utilizar para distinguirmos os dife­rentes doentes, enquadrando-os em um dos três grupos citados.
As enfermidades do primeiro grupo (orgânicas) são diagnostica­das facilmente através de exames complementares e não configuram pro­blemas para a prática espírita.
No entanto, o mesmo não acontece nos grupos de auto-obsessão e de obsessão.
Na realidade, não existem sinais infalíveis que poderão auxi­liar-nos nesta diferenciação, pois os doentes portadores de auto-ob­sessão e obsessão, propriamente dita, apresentam-se com as mesmas ma­nifestações.
O importante então, não é uma distinção adequada, mas sim um tratamento efetivo.
E a terapia espírita será a mesma para os dois grupos de enfer­mos.

Tratamento

Torna-se desnecessário reafirmarmos a importância do acompanha­mento médico e psicológico para os doentes do psiquismo. A Psiquiatria e a Psicologia possuem recursos diversos que deverão ser empregados nos portadores de perturbações psíquicas. As drogas, a psicoterapia e, algumas vezes, a internação tornam-se necessárias em muitos doentes.
A contribuição espírita na recuperação destes enfermos consiste nas seguintes medidas:
a) Fluidoterapia através do passe e da água magnetizada;
b) Instituição do culto do evangelho no lar, com o exercício constante da prece e da leitura edificante;
c) Freqüência ao Centro Espírita em reuniões de estudo evangé­lico-doutrinário (jamais em reuniões de intercâmbio mediúnico);
d) Ocupação constante do tempo com atividades gratificantes, principalmente aquelas com objetivos altruístas;
e) Exercício constante de pensamentos elevados, buscando nor­tear a sua vida de acordo com os princípios filosóficos apresentados no Evangelho de Jesus.
Bibliografia
1) Loucura e Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
2) Nas Fronteiras da Loucura - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
3) Grilhões Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
4) No Mundo Maior - André Luiz/Chico Xavier
5) Visão Espírita das Distonias Mentais - Jorge Andréa


Capítulo 22

AS comunicações Mediúnicas

Introdução

Nos momentos iniciais da Codificação Espírita, quando começa­ram a chegar até Allan Kardec as primeiras mensagens do além-túmulo, algo despertou a atenção do Codificador: verificou Allan Kardec a grande diversidade de caracteres, de tendências e de estilos que es­tavam pre­sentes nas comunicações mediúnicas. O Codificador, desde as horas ini­ciais, percebeu que muito cuidado deveria ser tomado por to­dos aqueles que passassem a se dedicar ao mister mediúnico, no sen­tido de tentarem identificar a natureza das diversas mensagens dos desencarnados. Kar­dec afirmava que, depois da obsessão, a identifi­cação da natureza dos Espíritos comunicantes era o maior escolho da prática espírita. Além disso, vários outros aspectos deveriam ser levados em consideração no intercâmbio com os Espíritos desencarnados.

A Natureza das Comunicações

a) Grosseiras: são aquelas comunicações que contêm expressões que ferem o decoro ou agridem os princípios da moral. Repugnam a toda pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade. São, às vezes, obscenas, insolentes ou arrogantes; quase sempre malévolas, denotando a pre­sença de uma entidade de natureza inferior, Espíritos viciosos ou vingati­vos. São comunicações de fácil identificação;
b) Frívolas: estas comunicações não são de Espíritos necessaria­mente maus, mas de Espíritos vadios, levianos, inconseqüen­tes.
São comunicações que versam sobre assuntos insignificantes, va­zios, inúteis, vinculados às puerilidades do dia a dia.
Algumas vezes, são entidades espirituosas, engraçadas, e que por terem uma conversação divertida, agradam às pessoas, tomando o tempo da reunião. O certo é que nada acrescentam de útil, pois partem de entida­des que nada têm a nos ensinar e nada querem aprender;
c) Instrutivas: as comunicações instrutivas são aquelas que têm por finalidade veicular ensinamentos. São comunicações de almas eleva­das, dotadas de altos valores morais e intelectuais e versam so­bre te­mas científicos, filosóficos ou morais. Lembra Allan Kardec que, para uma mensagem ser considerada INSTRUTIVA, é imperioso que ela seja ver­dadeira, vincule pensamentos corretos e, de alguma forma, objetive o crescimento das pessoas ou da sociedade.
d) Sérias: são as comunicações que tratam de assuntos graves e de maneira ponderada. Excluindo-se as comunicações grosseiras, as frí­volas e as instrutivas, todas as outras poderiam ser incluídas nesta categoria.
É importante frisar que nem toda comunicação séria é necessaria­mente verdadeira, pois, muitas vezes, Espíritos mistificado­res se utili­zam de um estilo grave, sério e ponderado para veicularem mentiras e dis­córdias, gerando embaraço para as pessoas e as reu­niões.
Lembra Kardec a necessidade de examinar-se com atenção a lingua­gem do Espírito comunicante, ou seja, as características de sua mensa­gem, o conteúdo de suas idéias.
Objetivando facilitar esta tarefa, o Codificador vai apresen­tar no [LM-cap XXIV] algumas "regras" que, se bem examina­das, poderão contribuir na distinção que devemos sempre fazer entre uma comunicação de Espírito bom e de Espírito inferior.

Da Identidade dos Espíritos

a) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre e sem qualquer mistura de trivialidade;
b) Os Espíritos bons só ensinam o bem. Todo conselho que não for estritamente conforme a mais pura caridade evangélica não pode provir de Espíritos bons;
c) Os Espíritos bons jamais se ofendem, somente os maus se me­lindram;
d) Os Espíritos bons só dão conselhos racionais. Toda recomenda­ção que se afaste da linha reta do bom senso ou das Leis imu­táveis da Natureza acusa a presença de um Espírito estreito. Toda he­resia cientí­fica notória, todo princípio que choque o bom senso re­vela a fraude;
e) Os Espíritos levianos são reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação;
f) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade, eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras;
g) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são auto­ritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facil­mente;
h) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Os maus exageram nos elogios, excitam o orgulho e a vaidade e procuram exaltar a importân­cia pessoal daqueles que desejam conquistar;
i) Desconfiai das comunicações que revelam um caráter místico e estranho ou que prescrevem cerimônias e práticas bizarras. Há sem­pre nesses casos legítimo motivo de suspeita;
j) Os Espíritos nobres dizem tudo com simplicidade e modéstia; nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu saber nem de sua posição entre os demais.

Perguntas aos Espíritos

A comunicação entre o Espírito encarnado e o Espírito desencar­nado vem ocorrendo desde as mais remotas épocas. Na história de todos os povos encontramos provas irrefutáveis deste fato.
Estando o Ser Humano, encarnado na Terra, na faixa evolutiva própria de nosso planeta, não é de se estranhar que logo visse na pos­sibilidade de comunicação com os "mortos" uma maneira de tirar algum proveito. A evocação era praticada por alguns povos da Antiguidade, sem o verdadeiro respeito, afeição ou piedade; era, antes, um re­curso para brincadeiras e adivinhações, exploradas pelo charlatanismo e pela superstição. Por este motivo, o legislador hebreu, Moisés, 1500 a.C., para educar o seu povo, utilizou-se de uma Lei Disciplinar e proi­biu a comunicação com os mortos.
Muitas religiões do passado, tinham no culto e comunicação com os mortos, a base de sua Doutrina. Entretanto, somente os ditos inicia­dos po­deriam praticar o intercâmbio com os mortos, o povo em ge­ral era proibido de conhecer ou exercitar esta prática. Na Idade Mé­dia, como em outras épocas, os feiticeiros e bruxos eram queimados em praça públi­ca, como um exemplo para amedrontar o povo.
Allan Kardec [LM-cap XXVI] estuda detalhada­mente a comunicação entre os "vivos e os mortos", e esta aná­lise rece­beu o nome de: "Perguntas que se podem fazer aos Espíritos". É impor­tante, para todos nós, analisarmos alguns aspectos, do sábio estudo do mestre lionês.
Quando nos dirigimos a algum Espírito para perguntar-lhe algo, dois fatos importantes devem estar em nossa mente para que a comunica­ção seja eficiente. O primeiro deve ser a forma pela qual in­terrogamos. Esta forma deve obedecer uma clareza e uma precisão; quando vamos res­ponder a uma pergunta, respondemos melhor se tivermos entendido clara­mente a pergunta. Outro aspecto também importante na forma, é obedecer a uma ORDEM lógica, quando estudamos os livros da codificação, nos en­cantamos com a ordem das perguntas colocadas por Allan Kardec, facili­tando-nos a compreensão dos fatos.
Além da forma, o fundamento da questão é o outro fato importan­te. A natureza da pergunta pode provocar uma resposta exata ou falsa. Devemos nos lembrar que existem perguntas que os Espíritos não podem responder, por três motivos principais:
1 - não sabem a resposta;
2 - não querem responder; e
3 - não têm permissão para responder.
Quando insistimos nestas perguntas, os Espíritos sérios se afastam e os Espíritos inferiores podem, às vezes, responder.
Vamos analisar alguns pontos importantes, colocados por Allan Kardec:
a) Os Espíritos sérios respondem de bom grado às perguntas que têm por obje­tivo o nosso progresso e o bem da Humanidade, os Espíritos infelizes res­pondem a tudo.
b) Uma pergunta séria não nos dará a certeza de uma resposta também séria.
c) Não é a pergunta que afasta o Espírito leviano, mas o ca­rá­ter moral daquele que pergunta.
Vejamos agora alguns tipos de perguntas:
Perguntas Sobre o Futuro: grande é a curiosidade do Homem em saber o seu futuro. Mesmo não vivendo de maneira adequada o seu presen­te e tendo motivos para arrepender-se muito de seu passado, o Homem quer co­nhecer o seu futuro. Este tipo de comportamento tem fa­cilitado, desde as épocas mais remotas e até os dias atuais, o char­latanismo. Muitas pes­soas aceitam de bom grado a "adivinhação do fu­turo", com o uso de arti­fícios variados, como jogo de cartas, de con­chas, bolas de cristal, etc. O Codificador do Espiritismo deixa claro vários aspectos relacionados à previsão do futuro:
a) em princípio, o futuro é sempre oculto ao Homem; ex­cepcional­mente permite Deus seja ele revelado.
b) o conhecimento do fu­turo pode ser extremamente prejudicial ao Homem.
c) o futuro depende forçosamente de nosso presente, e nosso pre­sente não é fruto do acaso, mas sim da uti­lização de nosso livre arbí­trio.
São características das predições falsas: feitas a toda hora e em qualquer local, feitas sempre que solicita­das, marcam o momento exato dos acontecimentos previstos, respondem a so­licitações pueris.
Perguntas sobre Existências Passadas: a curiosidade do Espírito en­carnado em saber o que foi em existências anteriores, não é menor. Espera que tenha sido um sábio, um grande cientista, um rei. A ló­gica nos mostra que a natureza não dá saltos e, sendo assim, estu­dando o nosso comportamento atual, nossas tendências e sentimentos, com certa facilidade poderemos imaginar o que fomos no passado. As per­guntas sobre nossas vidas passadas dificilmente serão respondidas pela Espiritualidade Maior; quando isso ocorre, quase sempre se faz de modo espontâneo e com finalidade superior.
Perguntas sobre a Sorte dos Espíritos: todo aquele que se dis­tancia, momentaneamente de um ente querido que desencarnou, fica ansio­so para receber deste um conselho, um consolo, uma notícia. É co­mum pessoas pro­curarem os Centros Espíritas em busca de infor­mações (o nosso Chico Xavier, se defronta com milhares de pessoas a procurá-lo em busca de boas notícias). Sobre isso, vejamos alguns as­pectos impor­tantes: muitas vezes o Espírito que desencarnou necessita de algum tempo para reequilibrar-se antes de comunicar; às vezes, a separação temporária é necessária e impor­tante para ambos. A insis­tência em con­seguir notíci­as poderá gerar sofri­mento para o Espírito desencarnado, como também gerar a oportunidade de falsas notícias, trazidas por Espíritos levia­nos. A orientação é ter paciência, orar muito, pois, se for possível e útil, a notícia virá espontaneamente e em ocasião opor­tuna. O tempo e o espaço são grandezas insig­nificantes quando compara­das ao poder do amor.
Perguntas Sobre a Saúde: Qual o remédio a tomar? Qual exame a fazer? Operar ou não operar? São perguntas freqüentes à espiritualida­de. Algumas pessoas se esquecem que a doença do corpo é, muitas vezes, o remédio para a cura do Espírito e querem, de qualquer forma, a cura do corpo sem saber que podem estar desprezando a cura do Espírito. De­vemos lembrar sempre que a medicina da Terra não com­pete e não é ini­miga da medicina espiritual, elas se somam e se com­pletam. Se a medici­na da Terra cresceu em conhe­cimento e recursos, é porque isso é neces­sário a todos nós. Da mesma forma, como aqui na Terra, algumas pessoas têm a capacidade de prescre­ver, orientar e es­clarecer sobre este as­pecto, também no Mundo Espiri­tual existem Espíritos capazes de desen­volverem tal tarefa. No entanto, se interro­garmos sem critério, seremos vítimas de Espíritos levianos. As orien­tações virão obedecendo nosso merecimento, nossa real necessidade e pela misericórdia do Pai.
Existem ainda neste capítulo do LM outros esclarecimentos, outros ti­pos de perguntas que merecem ser lidas e estudadas.

Evocações

Muitos médiuns interrogam quanto a prática das evo­cações nas reuniões mediúnicas.
Diz-se evocar um Espírito quando, em uma reunião, nós o chama­mos para manifestar-se, não esperando que isso ocorra espontanea­mente. Na época da codificação, este fato se fazia necessário, pois Allan Kardec elaborou detalhadamente todo o estudo que se fazia ne­cessário para o conhecimento da Terceira Revelação, tudo isso com a permissão prévia da Espiritualidade Superior, e assim, naquela ocasião, as evo­cações eram fato comum.
Nas reuniões mediúnicas de auxílio a desencarnados, mais co­muns nos dias atuais, evitamos as evocações, deixando a cargo da Es­piritualidade Superior, que dirige os trabalhos, o planejamento da mesma, pois torna-se difícil, ou, às vezes impossível, sabermos qual o Espírito que pode ou não se manifestar. Vários fatores podem impedir a manifestação de um Espírito, tais como:
- falta de afinidade e/ou sintonia vibratória entre o Espírito desencarnado e o médium;
- falta de permissão da espiritualidade superior para tal (época inoportuna, falta de motivo útil, falta de preparo do Espírito comuni­cante, etc.);
- favorecimento das mistificações, etc.
Esclarecimentos sobre o assunto, dados pelo Espírito Emmanuel, orientam:
"- O Homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência que dis­põe o assunto ... qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâ­neo ... quando e como julgar melhor os Mentores Espi­rituais... não so­mos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum... podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa na­tureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codifi­cador..."
Como regra geral, as evocações devem ser evitadas nas reuniões mediúnicas.

A Caridade no Intercâmbio com os Espíritos Desencarnados

Na época da Codificação do Espiritismo, a mediunidade desempe­nhou basicamente a finalidade de esclarecimento aos Homens sobre a ver­dade dos ensinamentos de Jesus. Aos poucos, toda a Doutrina Espí­rita foi reve­lada. Após este período, além de exercer a função de esclare­cimento, através de psicografia de livros doutrinários, a me­diunidade veio ter também a missão da prática da caridade. Nas reu­niões mediúni­cas, os Espíritos desencarnados em sofrimento, doentes, revoltados, se co­municam buscando consolo, esclarecimento e carinho. Se no início do Espiritismo prevale­cia o verbo receber, hoje preva­lece ou deveria prevalecer o verbo doar, sendo que receber vem como conse­qüência.
A prática da caridade necessita disciplina, como afirma Emma­nuel. Assim, analisemos alguns aspectos necessários de serem obede­cidos nas reu­niões mediúnicas:
1 - Afastar a curiosidade no intercâmbio com os Espíritos de­sencarnados. Estamos reunidos para auxiliar, curiosidade não trará qualquer bene­fício;
2 - Manter respeito em todos os intercâmbios. Todos nós esta­mos situa­dos no local característico de nossa evolução; o que nos pa­rece absurdo hoje, era aceitável ontem e o que nos parece certo hoje, po­derá ser motivo de arrependimento no futuro. Os Espíritos, muitas ve­zes, nos vêem como juízes; devemos fazê-los ver que somos, na ver­dade, irmãos e que também carregamos muitos erros e defeitos;
3 - Ter paciência, pois necessitamos de tempo para mudar situa­ções alicerçadas por passado longínquo;
4 - Estudar sempre. O conhecimento doutrinário nos permite usar a pa­lavra certa no momento adequado. Dedicação constante no es­tudo au­mentará muito a nossa possibilidade de auxílio;
5 - Valorizar o trabalho em grupo. Seremos mais fortes, mais eficien­tes, quando somarmos nossas forças. A reunião mediúnica é um grupo de trabalhadores em constante sintonia;
6 - Lembrar que mais importante no intercâmbio com as pessoas, sejam elas encarnadas ou desencarnadas, é o trabalho com AMOR. A pala­vra con­sola, o conhecimento esclarece, mas é o amor que realmente con­quista o Espírito necessitado, estimulando-o à reforma. Algumas vezes, diante do Espírito em grande sofrimento, as palavras e argumen­tos não serão sufi­cientes. Nestes casos, só a vibração do amor verda­deiro pode­rá operar verdadeiros prodígios de consolo e de trans­formação espiri­tual, fazendo brilhar a luz do amor de Jesus no mais es­curo dos cora­ções.

Fraudes, Mistificações, Contradições

Fraudes

A significação do termo é burla, logro, engano. Pressupõe uma atitude pensada previamente com a finalidade de fazer parecer verdadeira uma coisa que é falsa.
Os que não admitem os fenômenos espíritas tendo como causa uma inteligência invisível, ou melhor, um Espírito desencarnado, atri­buem-lhes como causa a fraude. Mas temos que levar em consideração que nin­guém iria falsificar uma coisa que não existisse realmente, e toda frau­de pressupõe uma intenção de ganho, de lucro.
Nas fraudes, podemos considerar que elas podem ser produzidas por:
Falsos médiuns: espertalhões e pessoas pouco escrupulosas que usam a falsa mediunidade para explorarem as pessoas que os procu­ram. Utilizam a prestidigitação, o ilusionismo, auferindo lucros ma­teriais e vantagens pessoais.
Verdadeiros médiuns: indivíduos que apesar de realmente possu­írem a faculdade mediúnica, sem qualidades morais que enobrecem este dom, não medem esforços em "ajudar" a realização dos fenômenos quando os Espíritos não os provocam, ou, ainda, quando demoram a agir ou se au­sentam.
As fraudes acontecem mais freqüentemente na realização dos fe­nômenos objetivos ou efeitos físicos, tais como: materialização, transporte, transfiguração, operações espirituais, etc.
Pelo fato de pessoas inescrupulosas utilizarem o dom mediúnico para fraudarem, ou falsos médiuns falsearem manifestações dos Espíritos, não é argumento suficiente para dizer que a mediunidade não existe. Outro fator importante é analisarmos se existe o interesse pessoal ou vantagens financeiras, pois como afirma Allan Kardec [LM-it 314] "Onde nada há a ga­nhar, ne­nhum interesse há em enganar."
Garantias contra as fraudes:
a) Desinteresse material e pessoal na realização dos fenômenos ou prática mediúnica;
b) Conhecimento do Espiritismo que explica o mecanismo das comu­nicações e o intercâmbio entre os dois planos material e espiri­tual;
c) Moralidade notória dos médiuns;
d) Estudo prévio da Doutrina Espírita para todos os que vão par­ticipar de atividades mediúnicas;
e) Ausência de todas as causas de interesse material ou de amor próprio estimulando a provocação dos fenômenos.

Mistificações

Mistificar significa enganar, burlar, ludi­briar, abusar da credulidade dos outros. O exercício correto da mediunidade requer determinadas normas e disciplinas, seriedade e propósitos elevados para que o fenômeno seja equilibrado e produtivo.
Porque a faculdade mediúnica está radicada no organismo hu­mano, seu uso deverá ser controlado, regular, sem abusos.
Embora todos os cuidados que o exercício da mediunidade exigem, nenhum médium está isento de ser mistificado.
Nas mistificações, o medianeiro é colocado em situações ridícu­las, apresentando comunicações absurdas, mentirosas, vazias em seu con­teúdo. Os Espíritos agem e o médium não participa da farsa. Ele po­derá, algumas vezes, deixar passar informa­ções de sue próprio incons­ciente, sem a presença de entidades espiritu­ais, mas, neste caso, é um fenômeno anímico e não se trata de mistifica­ção;
Geralmente, as mistificações ocorrem com maior freqüência nos fenômenos subjetivos, de natureza inteligente, como a psicofonia e a psicografia.
Allan Kardec nos aconse­lha:
"Como garantia contra a mistificações, não devemos exigir do Espiri­tismo, senão o que ele pode e deve nos oferecer; seu fim é a me­lhoria moral da humanidade; se nós não nos afastarmos deste ponto, ja­mais seremos enganados, porque não há duas maneiras de compreender a verdadeira moral, aquela que pode ser admitida por todo homem de bom senso."
E continua a nos orientar:
"O papel dos Espíritos não é de ensiná-los as coisas deste mundo, mas de guiá-los de modo seguro naquilo que lhes pode ser útil no ou­tro."
Em [LM-it 303] Kardec indaga:
"Por que Deus permite que pessoas sinceras e que aceitam o Espiri­tismo de boa fé, sejam mistifi­cadas, isto não lhes acarretaria o in­conveniente de abalar a crença?"
R - "Se isto lhes abalar a crença, é porque sua fé não é muito só­lida, quem renuncia ao Espiritismo por um simples desapontamento prova que não o compreende e não o toma em sua parte séria. Deus permite as mis­tificações para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que fazem do Espiritismo um objeto de diverti­mento."
As mistificações mais comuns são:
- Revelação de tesouros ocultos;
- Anúncios de herança ou outras fontes de riqueza;
- Predição com épocas determinadas;
- Indicações relativas a interesses materiais;
- Teorias ou sistemas científicos ousados;
Enfim, tudo o que se afasta do objetivo moral das comuni­cações.

Contradições

São pontos de atrito, de divergências nos ensi­nos dos Espíritos. As contradições podem ser:
- Devidas aos homens;
- Em virtude de ensinos dos Espíritos.
Devemos considerar que as divergências devidas aos homens são decorrentes de nossa condição moral. Há diversos graus de evolução e o conhecimento humano é diferenciado pela compreensão e interpretação dos ensinos dados pelos Espíritos.
Tudo o que for elaborado pela mente humana e não estiver coeren­te com os ensinos dados pelos Espíritos superiores na codifi­cação espí­rita, deverá ser rejeitado. Mas as divergências doutriná­rias ainda existem em virtude de nossa pouca evolução espiritual.
As contradições devidas aos ensinamentos dos Espíritos é conse­qüência também dos diferentes graus de evolução que apresentam. Na es­cala espírita, somente os Espíritos perfeitos possuem a sabedo­ria e a superioridade moral.
Assim como na Terra existem os falsos sábios, também no mundo es­piritual há os pseudo-sábios, semi-sábios denotando sua inferiori­dade moral.
Allan Kardec [LM-it 299] diz:
"As contradições de origem espírita não têm outra causa senão a diver­sidade das inteligências, os conhecimentos, o raciocínio e a moralidade de certos Espíritos que ainda não estão em con­dições de tudo conhecer e de tudo compreender."
As contradições que se apresentam nas comunicações espíritas po­dem ser devidas às causas seguintes:
- Ignorância de certos Espíritos;
- Velhacaria de Espíritos inferiores usurpando nomes, etc.;
- À interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma explicação segundo seus preconceitos;
- À insuficiência dos meios de comunicação que sempre permite ao Espírito transmitir todo o seu pensamento;
- À insuficiência da linguagem humana para expressar o que exis­te no mundo espiritual.
Recomenda-nos Allan Kardec [LM-it 302],
"O estudo, a observação, a experiência e abjuração de todo senti­mento de amor-próprio são os únicos que podem ensinar a distinguir estes diversos matizes."

Abusos no Exercício da Mediunidade

Sabemos que os objetivos da Faculdade Mediúnica são:
a) Progresso moral da humanidade;
b) Ensejo de evolução e resgate do próprio médium;
c) Prática do bem desinteressado.
Para atender a tão nobres objetivos, o médium deverá ter um com­portamento moral elevado buscando sua reforma íntima e adequar-se ao exercício de sua faculdade com esclarecimentos constantes e estudo sé­rio e metódico.
São as seguintes as características de quem abusa do exercício mediúnico:
- Acreditar-se privilegiado;
- Não estudar a Doutrina Espírita;
- Achar que o guia sabe tudo;
- Não ter horário para trabalhar mediunicamente;
- Fazer trabalhos mediúnicos, habitualmente, em casa domici­liar;
- Cobrar monetária ou moralmente pelos bens que eventualmente possa obter através da faculdade mediúnica.
Vianna de Carvalho [Médiuns e Mediunidades] nos diz:
"Face ao mau uso, quando se apresentam os desconcertos mediúnicos, se­jam por indução obsessiva ou decorram da indisciplina moral de interme­diário, a marcha na direção do abismo é lamentável e quase sempre irre­versível.
Médiuns, pois, que vivem em situações psíquicas de altos e baixos, no exercício do ministério a que se prestam, destrambelham a facul­dade abençoada que deveriam dignificar, porque, sem ex­ceção, pedi­ram-na an­tes do renascimento por saberem que o seu uso correto lhes concederia a palma da vitória, num retorno à Pátria em paz, o que, face à levian­dade e à loucura de que se deixam possuir, não se dará, impondo-lhes futuras experiências no corpo sob o açodar de dores inomináveis, que agora poderiam evitar."
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Médiuns e Mediunidades - Vianna de Carvalho/Chico Xavier
3) O Céu e o Inferno - Allan Kardec
4) Estudando a Mediunidade - Martins Peralva
5) Diálogo com as Sombras - Hermínio C. Miranda
6) O Consolador - Emmanuel/Chico Xavier


Capítulo 23

A Doutrinação

Conceito

Doutrinar é argumentar com lógica e com base no Evangelho, demonstrar que as atitudes incorretas prejudicam principalmente quem as praticam, levando o necessitado a modificar sentimentos cristalizados, des­torcidos, errôneos.


QUADRO IV - Doutrinação
Minorar sofrimentos
Confortar
Infundir esperanças
Despertar a fé

Quem Vamos Doutrinar?

A técnica de esclarecer Espíritos foi criada por Allan Kardec, em substituição às práticas bárbaras de exorcismo, muito usadas na An­tiguidade. O mestre de Lion utilizou a doutrinação como forma de esclare­cimento através de reunião mediúnica.
Para nosso conhecimento, colocou no Livro dos Espíritos [LE-qst 100 a 127], uma classificação se baseando no grau de imperfei­ções dos Espíritos ainda não vencidas e qualidades adquiri­das; esclare­cendo, contudo, que a classificação nada tem de absoluta, pois, de um grau a outro, a transição é insensível, que nos limites, as di­ferenças se apagam como nos reinos da natureza, nas cores do arco-íris.
Admite Kardec 3 grandes divisões:

1ª ordem


Espíritos Puros



2ª ordem


Espíritos Bons



3ª ordem


Espíritos Imperfeitos

No momento interessa-nos a 3ª ordem, pois na arte de doutrinar estaremos lidando com uma gama de Espíritos de hierarquias infelizes e diversas, sendo importante que tenhamos em mente que a doutrinação é um convite à transformação interior, um apelo à reflexão sobre os proble­mas de que o Espírito é portador. Vejamos as características desses Espíritos:

QUADRO V - Espíritos Imperfeitos
Propensão ao mal
Predominância da matéria
Conhecimento limitado sobre a vida espiritual

Subdivisões:
a) Espíritos impuros: passam conceitos maldosos, insuflam a dis­córdia, usam de disfarces para melhor enganar. Suas comunicações reve­lam a baixeza de suas inclinações. Fazem do mal o objeto de suas preo­cupações;
b) Espíritos pseudo-sábios: seus conceitos são uma mistura de verdades com erros absurdos. Neles prevalecem a inveja e a presunção;
c) Espíritos neutros: nem bons, nem maus, apegados às coisas do mundo (família, haveres, posses);
d) Espíritos levianos: metem-se em tudo e a tudo respondem. São mentirosos, inconseqüentes, zombeteiros, fazem intrigas usando uma lin­guagem por vezes engraçada.
Esta escala nos oferece um quadro psicológico da pouca evo­lução espiritual dos homens.
Os Espíritos inferiores usam de artimanhas que nos iludem e se vangloriam quando o conseguem.
Os Espíritos levianos, irônicos, são talvez os mais difíceis para o diálogo. Vêm para provocar o doutrinador. Necessárias a humil­dade e a paciência no trato com esses irmãos. Somente uma atitude muito serena pode desarmá-los.
Dialogar com os Espíritos que pedem espaço através da mediunida­de com propostas iluminativas é, então, a arte de compreen­der os que ignoram o desequilíbrio em que de debatem.
Cabe ao doutrinador apontar-lhes o rumo, despertando-os para as verdades eternas, numa visão ampla da vida.
Cada doutrinação, face aos fatores que a motivam, tem caracterís­ticas especiais, embora, genericamente sejam semelhantes.
Há que se levar em conta as resistências morais do comuni­cante, já que vem de desajustes vários.
O fundamental é despertá-lo para uma visão real da própria si­tuação.
Ao considerarmos os casos mais comuns de manifestações, verifica­mos que os Espíritos comunicantes são de 2 categorias princi­pais:
a) Os que comparecem espontaneamente obedecendo à própria von­tade, atraídos por determinadas condições;
b) Os que são trazidos pelos mentores; são Espíritos pertur­bados, vin­gativos, habitantes de zonas purgatoriais.

A Necessidade da Doutrinação

Por que os Espíritos não são atendidos no plano espiritual?
Por que precisam receber esclarecimento em sessão mediúnica?

Precisamos ressaltar que:
a) Os Espíritos são atendidos também no plano espiritual;
b) Nem todos estão em condições de serem socorridos ali, em vir­tude da grosseira materialidade que lhes flagela o campo mental tornan­do-os insensíveis à cooperação de entidades superiores.
O contato com a organização física do médium fá-los-á sentir mais intensamente a ajuda doutrinária e vibracional destinada ao rea­juste. O fluido humano emanado do organismo do médium é-lhes e necessá­rio ao equilíbrio.
Léon Denis esclarece:
"Esses Espíritos perturbados pela morte, acreditam ainda muito tempo depois, pertencerem à vida terrestre. Não lhes permitindo seus flui­dos grosseiros o entrarem em relação com Espíritos mais adiantados, são le­vados aos grupos de estudo para serem instruídos acerca de sua nova condição."
André Luiz adverte:
"São companheiros que trazem ainda a mente em teor vibratório idên­tico ao da existência na carne. Na fase em que estagiam, mais de­pressa se ajustam com o auxílio dos encarnados, em cuja faixa de im­pressões ainda respiram."
Daí, desaparecerem as possíveis dúvidas quanto ao nosso dever de auxiliar o necessitado através do diálogo em um grupo mediúnico.

Como Doutrinar

Perante os Espíritos perturbados, pensemos primeiro na nossa si­tuação íntima antes de dialogar com eles - apresentam eles o resul­tado do desacato às soberanas leis do equilíbrio ora colhidos pela dor.
Vêm em busca de auxílio (embora muitas vezes não tenham cons­ciência disso).
"Dialoguemos com a ternura de um irmão e o respeito de um amigo."
Socorrê-los é o objetivo da doutrinação.
O amor que lucida em ti e te apazigua, leni-los-á e o argumento since­ro, sem floreios nem aze­dume desperta-los-á." Joanna de Ângelis
Diante deles, portanto, os desencarnados que sofrem, coloquemo-nos na posição de quem usa a terapêutica do amor em si mesmo. Eles não são seres diferentes de nós, são iguais, e os problemas por sua equi­valência, merecem o mesmo tratamento. Carregam as mesmas virtudes e defeitos que assinalam a posição evolutiva de todos nós.
A população da erraticidade inferior difere pouco da população terrestre. Todo conceito nobre ajuda-los-á se os tivermos incorpora­dos ao nosso comportamento cotidiano, porque eles nos acompanharão a veri­ficarem se falamos a verdade, se vivemos o que falamos.
Não serão apenas as palavras que irão convencer o irmão obses­sor, mas todo sentimento solidário, sincero, amoroso, de todo o grupo.
Nesse trabalho de resgate, a solidariedade precisa ser exer­cida para que o socorro se efetue real. Participando das reuniões ca­ridosas de intercâmbio com sofredores desencarnados, aprende-se a aquilatar o valor do amor. Percebe-se a "não-violência" poderosa do amor, o resul­tado dos fluidos magnéticos manipulados pelos sentimen­tos e, acima de tudo, a magia sublime da presença de Jesus, pelos laços criados atra­vés da oração.
É a atividade do coração. Não há espaço para meias-verdades, in­diferença ou comodismo.
Em toda doutrinação há de se levar em conta a conduta espírita e a responsabilidade moral do doutrinador, porquanto, a instrução que não se faz acompanhar do exemplo não possui a tônica da verdade.
Colocamos como essenciais as virtudes:
. Formação doutrinária;
. Conhecimento evangélico;
. Autoridade moral;
. Psicologia cristã;
. Ética e método;
. Paciência e humildade;
. Fato e prudência;
. Fé e serenidade;
. Sensibilidade;
. Amor.
E ainda é preciso que haja, da parte do doutrinador, muita abnega­ção, a fim de que o trabalho que os amigos invisíveis realizam por nosso intermédio, tenha base segura.
Na formação dos quadros fluídicos, sentimos essa contribuição. São arquitetos espirituais que fazem parte de reunião de esclareci­mento que quando bem conduzidas, temo-los operantes, eficientes, mani­pulando a matéria mental necessária à formação dos quadros educati­vos, retirando dos médiuns os recursos imprescindíveis à criação de formas-pensamento quais sejam: paisagens, telas, com objetivo à transformação dos Espíritos dementados que buscamos socorrer. Muitos necessitam para que se re­cuperem, do concurso de imagens vivas sobre as impressões descontínuas, frustrantes, infelizes a que se recolhe­ram . É assim que se formam jar­dins, fontes, cachoeiras, quadros ou­tros através da força mental do grupo, que é manipulada pelos dese­nhistas na organização de fenômenos que possam revitalizar a visão, a memória, a audição e o tato dos Espíritos ainda em trevas mentais.
O diálogo na doutrinação vai se desenvolvendo a partir de uma espécie de monólogo, pois, no princípio é preciso deixar o Espírito fa­lar para que informe sobre si mesmo.
O doutrinador, apenas ele, deve conduzir a conversa sem apar­tes por parte dos médiuns, pois é sobre o doutrinador que atuam os mento­res (pode acontecer o doutrinador indicar um companheiro para o diá­logo).
Os médiuns devem se manter atentos à conversação, mas sem nela se envolverem nem mesmo por palavras pensadas.
E o diálogo prossegue. Os elementos para se formar um juízo vão seguindo seu curso. Quais as fixações do Espírito?
Todo processo obsessivo tem o seu núcleo:
traição - vingança - desamor - violência
E o doutrinador, com habilidade, vai mudando o rumo de seus pensa­mentos, permitindo que ele fale também.
Além das fixações penosas, os Espíritos conturbados costumam apresentar cacoetes sob a forma de contrações, tudo ligado ao pro­blema anterior que os atormenta.
Por muitas, inúmeras vezes, o doutrinador tem de recorrer à prece.
A prece tem o poder de fazer calar a imensa maioria dos Espíritos desajustados, mesmo os mais violentos. Muito raramente pro­curam eles perturbar a prece - geralmente, ouvem-na em silêncio. Al­guns, entre­tanto, zombam, tentam dramatizar, ironizar, riem.
Na verdade, têm medo da emoção que os leva à crise e da crise que os leva à dor que os espera no longo caminho de volta.
Temos ainda o recurso do passe, que deve ser dado no momento certo.
Passe para serenar, adormecer, sensibilizar.
Quando acontece de um Espírito chegar agressivo, ameaçador, de­vemos apazi­guá-lo, levando-o a quebrar o terrível círculo vicioso em que se deba­te. É ter paciência e esperar - a cólera passa, pois é di­fícil sustentá-la contra quem não nos oferece resistência.
O melhor argumento ante um Espírito recalcitrante, com idéia fixa de vingança, não é pedir que perdoe ou esqueça (isso costuma revol­tá-lo ainda mais), é dizer que agindo assim ele está cada vez mais se afastando da sua destinação como Espírito eterno - O Bem. Ao desejar a vingança ele se afasta dessa estrada.
A fase da aceitação chega por pequeninos e quase imperceptí­veis sinais:
- ouvem-nos mais;
- abaixam o tom de voz;
- menor agressividade.
Se o Espírito se mantiver avesso às apreciações do doutrinador devemos pedir a colaboração dos mentores, para que ele seja encami­nhado a orga­nizações adequadas na erraticidade. Utiliza-se a hipnose benéfica, as­serenando o Espírito perturbado, afastando-o do organismo medianeiro pelo passe anestesiante.
Nós espíritas temos 3 tipos de adversários no Além:
1º - nossos adversários pessoais do passado;
2º - os adversários daqueles a quem pretendemos ajudar - o que é natu­ral;
3º - os adversários da causa do bem que querem a promiscuidade que aí está.
As doutrinações são terapias de longo curso. Só o amor é antído­to para o ódio. O tempo passa e o amor com que plantamos nossa vida - convence.
Hermínio Miranda encerra [Diálogo com as som­bras] com esta frase;
- "Se me fosse pedido o segredo da doutrinação diria apenas uma pa­lavra - amor."

Algumas Questões Práticas

Selecionamos algumas questões que merecem análise:
a) É importante para o esclarecimento, o doutrinador saber o nome do Espírito comunicante?
- Se for um Espírito familiar sim, como identificação. Mas o nome pouco importa e pode acontecer o Espírito involuído usar um nome falso.
b) Como o doutrinador deve proceder quando manifestarem-se Espíritos que, procurando desarmonizar o ambiente, incitam o médium ao uso de palavras chulas, grosseiras, rudes?
- Cabe ao doutrinador cortar imediatamente tais vocabulários que não irão beneficiar ninguém; pedindo ao Espírito que se retire, volte quando se achar em condições de manter um diálogo menos gros­seiro. Isso pode acontecer quando o Espírito encontra no cérebro do médium este tipo de arquivo. O relacionamento médium x doutrinador deve ser de esti­ma e respeito; daí, o doutrinador conversar com o mé­dium no sentido de um esforço maior na sua mudança íntima.
c) Pode o doutrinador usar de energia com o Espírito comunican­te?
- Quando isso se faz necessário, sim. Muitas vezes a doutri­nação exige atitude enérgica, firme - que não está no tom da voz mas naquilo que dizemos. A única autoridade legítima é a que se estrutura na moral. Os Espíritos sentem essa autoridade e se dobram a ela em virtude da força moral de que disponha o doutrinador, força moral que só é conse­guida através de uma vivência evangélica.
d) A faculdade de ver Espíritos pode ajudar na doutrinação?
- Somos daqueles que pedem cautela na vidência, pois não pode­mos ter absoluta confiança no que eles apresentam. Espíritos maus e inteli­gentes facilmente podem simular aparências enganadoras manipu­lando os fluidos. A percepção apurada na prática desfará os enganos, e acresce que qualquer consideração, no decorrer da doutrinação, preju­dica mais do que ajuda. E mais: cada médium vê dependendo da faixa vi­bratória em que se encontra.
e) Precisa o doutrinador fazer com que o Espírito conheça sua condição de desencarnado ao iniciar o diálogo?
- Há de se perguntar: quem de nós está em condições de receber a notícia de que vai morrer amanhã, com a serenidade que seria de se es­perar? Dizer ao Espírito que deixou a família, que foi colhido pelo fenômeno da morte física, necessita habilidade a fim de evitar-lhe "choques da alma".
É ato de invigilância e às vezes de leviandade dizer-lhe que já não tem o corpo físico sem o devido preparo para tanto.
A tarefa da doutrinação é consolar.
f) Para onde vão os Espíritos que são doutrinados? O que acon­tece a eles?
- São muitos os caminhos que se abrem diante deles. Geralmente, são levados a um local de repouso e tratamento.
Trabalhadores espirituais os conduzem à reeducação.
Quase todos precisam mergulhar numa nova reencarnação, quanto antes, e assim que estejam em condições, começa-se o preparo para o re­começo.
Muitas vezes ainda, o trabalho de doutrinar continua no plano espiritual. Espíritos amigos já disseram que verdadeiras sessões me­diúnicas são realizadas com médiuns desdobrados pelo sono físico.
As doutrinações se projetam ao longo dos dias e seguem nas rea­lizações da noite, quando, em desdobramento, acompanhamos os mento­res nos contatos e nas tarefas que se desenrolam no mundo dos Espíritos.
Bibliografia
1) Diálogo com as sombras - Hermínio C. Miranda
2) Correnteza de Luz - Camilo/Raul Teixeira
3) Leis Morais da Vida - Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco
4) Diretrizes de Segurança - Divaldo P. Franco e Raul Teixeira
5) Vozes do Grande Além - Espíritos Diversos/Chico Xavier


Capítulo 24

PARAPSICOLOGIA E ESPIRITISMO

Fenômeno Anímico e Mediúnico

Podemos sistematizar todos os fenômenos da Natureza em dois grandes grupos: fenômenos físicos e fenômenos psíquicos.
Os fenômenos físicos são aqueles produzidos pelas forças da pró­pria natureza, estudados pelas Ciências físicas, químicas, astronômi­cas, biológicas, etc.
Os fenômenos psíquicos, como o nome indica, são aqueles produzi­dos pelo psiquismo humano (Psiquê+mente=Espírito).
Hernani Guimarães Andrade, conceituado parapsicólogo espírita, divide os fenômenos psíquicos produzidos por pessoas hígidas ou sa­dias em:
a) Fenômenos Psíquicos Normais: aqueles cujo mecanismo causal se enquadra no conjunto das leis conhecidas. São fenômenos aceitos e estu­dados pela Ciência convencional.
Ex.: Leitura, agressividade, medo, escrita, etc.;
b) Fenômenos Psíquicos Paranormais: são os fenômenos psíquicos que não encontram ainda uma explicação plausível, cujo mecanismos ainda não fazem parte do conjunto das leis naturais conhecidas. Esses fenôme­nos, pelo fato de não poderem ser explicados, não são aceitos ainda pela Ciência Oficial. Os fenômenos paranormais são de dois ti­pos funda­mentais: anímicos e mediúnicos.
Anímicos: o termo animismo, já existente, foi utilizado com novo significado por Alexandre Aksakof, profundo estudioso das Ciên­cias psíquicas, conselheiro científico da Academia Russa de Ciência. Este autor apropriou-se da expressão latina "anima" (=alma) para de­signar os fenômenos paranormais que eram produ­zidos pela própria alma hu­mana.
Mediúnicos: o termo mediunidade foi usado pela primeira vez por Allan Kardec para designar a faculdade inerente a todas as pes­soas, que as colocavam em comunicação com seres extra-corpóreos. Por­tanto, os fenômenos mediúnicos são aqueles fenômenos paranormais que, para a sua produção, necessitam da atuação de seres desencarnados.

Fenômeno Anímico
Fenômeno Mediúnico
a) Não há interferência de seres espirituais
a) Há interferência de seres es­pirituais
b) Participam do fenômeno um ou mais elementos encarnados
b) Participam do fenômeno pelo menos dois elementos: en­carnado e desencarnado
c) agente gerador: sensitivo (metagnomo)
c) agente gerador: médium
d) Fenômenos estudados pela Parapsicologia
d) Fenômenos estudados pelo Espiritismo

Principais Fenômenos Anímicos

a) Telepatia: consiste na percepção do conteúdo mental ou da emoção de outro indivíduo, ou, como se diz correntemente, a trans­missão do pensamento. A telepatia é um fenômeno quase geral entre os Espíritos desencarnados, mas quando evidenciada entre dois seres en­carnados, vai configurar um fenômeno anímico.
b) Clarividência: consiste na visualização de coisas do mundo físico através de corpos opacos ou a distância. Através da clarividên­cia, o sensitivo é capaz de identificar aspectos no corpo humano à seme­lhança de um aparelho de raios X, identificar cenas que estão se desen­rolando em locais distantes e mesmo visualizar coisas dentro de caixas ou recipientes hermeticamente fechados. Não devemos confundi-la com a VIDÊNCIA, que é a visualização de cenas ou en­tidades do mundo espi­ritual, portanto, um fenômeno mediúnico.
c) Clariaudiência: trata-se da percepção paranormal de sons da esfera física. Ruídos, frases, músicas não audíveis pelas pessoas co­muns e que são registrados pelo sensitivo. Difere da audiência, onde são captados sons do mundo espiritual.
d) Pré-cognição: é o conhecimento antecipado de um fato que ainda não ocorreu. Conhecida também com o nome de Pressentimento ou Premonição.
e) Retro-cognição: é o registro de um fato acontecido no pas­sado através da percepção extra-sensorial, ou seja, sem a utilização dos sentidos comuns.
f) Psicocinesia: trata-se da fenomenologia anímica que permite ao sensitivo agir sobre a matéria utilizando-se apenas da força emi­tida pela sua mente. Através da energia liberada pela mente do para­normal, são evidenciadas transformações em objetos, materializações diversas e mesmo modificações na forma e na fisiologia humanas.
g) Automatismo Psicológico: esta expressão foi empregada por Pierre Janet (considerado o pai da Psicologia) para designar aquelas situações onde o inconsciente do indivíduo assume a mente consciente e passa a liberar idéias e emoções lá arquivadas. Podemos encontrar este tipo de fenômeno nos casos de recordação espontânea de vidas passadas, nos casos raros quando o indivíduo assume personalidades anteriores (Personalidades múltiplas), ou, ainda, nas reuniões mediúni­cas, quando o inconsciente do médium se comunica através dele. Esta última con­dição, comumente designada através do termo ANIMISMO, é re­lativamente comum nos médiuns iniciantes, e tende à dissolução com progressivo bu­rilamento da faculdade mediúnica.

Análise Crítica da Divisão Anímico-Mediúnico

Esta classificação dos fenômenos paranormais em anímicos e me­diúnicos é puramente teórica e objetiva apenas uma sistematização di­dática para facilitar a compreensão do tema.
O que se observa na prática é que os fenômenos estão comumente interligados.
Nos fenômenos mediúnicos, donde os seres espirituais desempe­nham papel relevante, o intermediário (médium) jamais está inativo, partici­pando de forma dinâmica na produção do fenômeno. Com isto, fica claro que em todo fenômeno mediúnico há um forte componente anímico.
Os fenômenos anímicos, por sua vez, muitas vezes são secunda­dos pelos Espíritos amigos, que contribuem diretamente na sua pro­dução, o que nos leva a afirmar que muitas vezes nos fenômenos aními­cos se evi­dencia um envolvimento mediúnico bem definido.
Muitas vezes, portanto, na prática diária torna-se impossível determinar eficientemente se um fenômeno que nos é apresentado tem um componente anímico ou mediúnico preponderante, pois, teoricamente, pode­ria ser classificado em ambas as categorias.
Exemplos de fenômenos que podem ser ora anímicos e ora mediúni­cos: intuição, cura, desdobramento, bicorporeidade, transfigu­ração, translação de objetos, levitação, psicometria, etc.

O que é a Parapsicologia

É uma disciplina científica de investigação dos fenômenos inabi­tuais, de ordem psíquica e psicofisiológica. E uma nova forma de desen­volvimento da Psicologia, pois estuda as fronteiras desconheci­das da Psicologia. (Psicologia é o estudo das idéias e sentimentos do ser humano, estudando os fenômenos psíquicos habituais). O obje­tivo da Parapsicologia é o estudo dos fenômenos psíquicos não habi­tuais, mas ape­sar disso, naturais.
Não é uma Ciência nova, pois é milenar. Fatos paranormais têm acompa­nhado o homem desde as mais remotas épocas. Como Ciência, foi pre­cedida pela Metapsíquica, criada por Charles Richet na Universi­dade de Paris, que fez vários estudos de fenômenos paranormais. Pode­ríamos dizer que a Metap­síquica seria a Parapsicologia antiga. Outros notá­veis metapsiquistas, foram: Willian Crookes, Eugênio Osty, Gus­tavo Ge­ley, Alexandre Aksakof, Oliver Lodge, César Lombroso, etc. Suas teo­rias eram combatidas mais por preconceitos do que por falta de méritos científicos.
Em 1922, Charles Richet, apresentou em Paris o "Tratado de Metapsí­quica", dividindo os fenômenos metapsíquicos em SUBJETIVOS e OBJETIVOS, que equivalem a PSI-GAMA e PSI-KAPA para a Parapsicologia.
A Parapsicologia teve sua origem no ano de 1930 com o Profes­sor Joseph Banks Rhine, que dirigiu o primeiro laboratório de Parapsicolo­gia do mundo, na Duke University, em Carolina do Norte, Estados Unidos da América. Podemos considerar o Prof. Rhine como o pai da Parapsico­logia Moderna, que inicialmente estudou, com deta­lhes, a tele­patia e a clarividência. Em l940, após dez anos de estudos sérios, o Prof. Rhine, afirmou:
"O Homem pode perceber por outra via que não a dos sentidos físicos. Esta percepção extra-sensorial é ex­tra-física, e pode ser estudada em laboratório".
A Parapsicologia moderna, tem duas grandes escolas: ESCOLA DE RHINE, que aceita os fenômenos parapsicológicos como fenômenos extra-físicos; ESCOLA DE LEONID VASSILIEV (Escola Russa), que aceita os fe­nômenos paranormais como de natureza fisiológica (materiais, do corpo físico). Estas discrepâncias não invalidam nem prejudicam o de­senvolvimento da Parapsicologia, que se processa com a mesma rapidez nos dois campos ideológicos. Assim, poderíamos dizer que a Parapsico­logia, estuda os fenômenos paranormais e discute a sua origem. De acordo com a Escola, a explicação poderia ser ou não simpática à idéia da sobrevivência espiritual do Homem. A controvérsia existe no campo parapsicoló­gico como em qualquer outro.

A História do Psi

PSI é uma letra grega, que foi escolhida por Weisner e Thou­les para designar, do ponto de vista científico, os fenômenos para­normais. Era necessário dar a esses fenômenos uma designação livre de implica­ções interpretativas. O uso dos termos "fenômeno espiritual", "espiritóide", "metapsíquico", "hipnótico" seriam aceitos por uns e rejeitados por outros estudiosos, por este fato, escolheram o termo PSI, pois mostra que se trata de fenômeno paranormal, sem se definir entretanto qual a sua origem.
Os fenômenos PSI dividem-se em dois tipos aceitos por pratica­mente todos os parapsicólogos:
a)PSI-GAMA: ou os subjetivos de Richet, os efei­tos mentais como: telepatia, clarividência, clariaudiência, xenoglosia, etc.;
b)PSI-KAPA: ou os objetivos de Richet, os efeitos físicos, ação da mente so­bre a matéria: como levitação, transportes, desvios de pe­quenos corpos, etc.
Alguns parapsicólogos modernos aceitam uma ter­ceira categoria de fenômenos paranormais:
c)PSI-TETA: fenômenos paranormais com interferência do "mundo dos mortos".

Os Fenômenos Psi-Gama

Os dois efeitos PSI-GAMA mais estudados pela Parapsicologia são: a clarividência e a telepatia.
Clarividência é a capacidade de ver a distância através de ob­jetos. Foi o primeiro fenômeno paranormal estudado e comprovado pela Parapsicologia - por Rhine em 1940 - utilizando-se de um baralho (Cartas de ZENER). O paranormal "adivinhava" qual carta apareceria de uma forma estatisticamente significativa. A clarividência está aceita e comprovada por todos os parapsicólogos; o seu mecanismo que é discu­tido. Seria de origem física ou extra-física?
Telepatia é a capacidade de se comunicar a distância, sem o uso da fala. É a linguagem do pensamento. Tem sido fartamente estu­dada em todo mundo com vários interesses, inclusive astronáuticos e milita­res. É outro fenômeno aceito mundialmente, sendo discutido sua origem, se física ou extra-física (Escola de Rhine ou Escola de Vas­siliev).
Outro fenômeno estudado e aceito pela maioria dos parapsicólo­gos modernos é a Regressão de Memória; esta regressão poderá chegar a vida intra-uterina ou mesmo a vidas anteriores. Os primeiros estudos cientí­ficos são de Albert De Rochas, do Instituto Politécnico de Pa­ris, usan­do o hipnotismo como método de regressão de memória. Rochas e outros de sua época, foram ridicularizados. A Parapsicologia mo­derna aceita e estuda profundamente a regressão de memória, alguns, inclu­sive, para vi­das anteriores. Eis algumas teorias para explicar o fenô­meno paranor­mal:
1 - Teoria Reencarnatória: o fenômeno seria mesmo a reprodução de outra vida.
2 - Teoria da Memória Genética ou Cromossômica: o sensitivo li­beraria uma memória gravada em seus cromossomas, vivida por seus an­cestrais.
3 - Teoria de liberação de Recalques: o sensitivo liberaria seus projetos e desejos recalcados. Existem ainda várias teo­rias ten­tando explicar a Regressão de Memória.

Os Fenômenos Psi-Kapa

Seriam os fenômenos paranormais evidenciados pelo efeito da mente sobre a matéria. São conhecidos desde a Antiguidade, como as ben­zeduras, etc. Para Rhine, o fenômeno Psi-Kapa ocorre sem qualquer fator intermediário entre a mente e a matéria: "A mente possui uma força ca­paz de agir sobre a matéria. Produz sobre o meio físico efei­tos inex­plicáveis por meio de uma energia ainda desconhecida". Estes estudos tiveram início na Duke University, em 1934, utilizando-se de dados e de "gotas d'água" que eram manipulados pela mente, do paranor­mal. Para al­guns outros parapsicólogos, para que a mente, possa agir sobre a maté­ria, existiria um agente intermediário, ectoplasma (nome criado por Charles Richet). Caring­ton, Soal, Price, Thoules, Crawford, Herculano Pires e outros, aceitam a necessidade da interfe­rência do ectoplasma para que o fenômeno ocorra.

Os Fenômenos Psi-Teta

É o estudo dos fenômenos paranormais aceitando-se a interferên­cia de "pessoas mortas" para que o fenômeno ocorra. O grupo de pesqui­sadores dos fenômenos TETA também surgiu na Duke University, sob a di­reção do Prof. Pratt. Escolheram a oitava letra grega, TETA, pois tam­bém esta é a letra com que se escreve a palavra morte . O fenômeno PSI-TETA se revela, ou se mistura, com os outros dois tipos de fenôme­nos PSI. Assim temos:
a)TETA-PSI-GAMA, ou seja, clarividência com a participação de pessoas mortas, só assim tornando o fenômeno possível.
b)TETA-PSI-KAPA, ou seja, psicocinesia com a participação ou in­terferência de "mortos".

A Memória Extra Cerebral

O estudo da Memória Extra Cerebral (M.E.C.), termo criado pelo Prof. Hamendras Nat Barnejee, é a preocupação mais recente da Parapsi­cologia. Foi o Prof. Barnejee, na Universidade de Rajasthan, na cidade Jaipur, Índia, quem primeiro fez estes estudos cientificamente . Até l985, quando faleceu, este eminente pesquisador tinha em seu fichá­rio aproximadamente 2.000 casos de comprovação de recordação de vidas pas­sadas. A recordação de vidas anteriores, ou seja, o es­tudo da M.E.C., pode se dar pela recordação espontânea das reencar­nações ante­riores (Método utilizado por Barnejee, Stevenson, Hernani Guimarães de An­drade, etc) ou pelo uso do hipnotismo (Rochas, Raikov, Júlia Prieto Peres, etc).
O estudo da M. E. C. mostra o quanto o estudo da Parapsicologia tem crescido no sentido da verdade da sobrevivência do Homem. A po­sição Espírita, tão rejeitada pela Ciência, é a mesma adotada pela Ciência na atualidade. A reencarnação passa a ser assunto de cientis­tas e de universidades.

Conclusão

Como vimos, o estudo da Parapsicologia caminha a passos largos para explicar, cientificamente, o que o Espiritismo afirma há mais de um século. Para os parapsicólogos, o Espiritismo representa uma fase anti­ga e superada no trato com o paranormal. Para o Espiritismo, a Pa­rapsicologia representa esforço científico para a explicação dos fenô­menos espíritas, louvável esforço que fará os homens da Ciência compreende­rem a verdade do Espiritismo, dando-lhes uma visão mais bela e mais am­pla da vida universal, como afirma Herculano Pires.
Finalizamos com as palavras do codificador da Doutrina Espí­rita, Allan Kardec, considerado por muitos estudiosos dos fenômenos paranormais, como um dos mais eminentes parapsicólogos:
"Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humani­dade."
BIBLIOGRAFIA
1) O Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) Parapsicologia Experimental - Hernani Guimarães Andrade
3) Médium, Quem é e quem não é - Demétrio Pável
4) Diversidade dos Carismas - Hermínio Miranda
5) Parapsicologia Hoje e Amanhã - J. Herculano Pires
6) Enfoques Científicos na Doutrina Espírita - Jorge Andréa


Capítulo 25

A disciplina como a Base da Caridade

Introdução

No [LM-it 324] Allan Kardec clas­sifica as reuniões mediúnicas em: frívolas, experimentais, instruti­vas. Alerta que as reuniões frívolas são constituídas de pessoas que se interessam, predominantemente, pelo aspecto de passatempo e diver­timento. As reuniões experimentais têm, por finalidade, a produção de manifestações físicas, de fenômenos ditos objetivos. As reuniões ins­trutivas, como o próprio nome indica, são as que ensejam orientações e experiências de crescimento intelectual e moral para as pessoas que delas participam, tanto encarnados como desencarnados.
Na atualidade, as reuniões instrutivas prevalecem no movimento espírita, conhecidas como reuniões mediúnicas.
Como todas as tarefas espíritas, as reuniões mediúnicas devem ser encaradas com muita responsabilidade e disciplina, um dos pilares fundamentais ao bom desenvolvimento.
Em todos os aspectos da vida, devemos nos lembrar que a disci­plina funciona como peça fundamental na realização de qualquer tarefa. Emmanuel afirma:
"A disciplina é a base na realização da caridade."
A reunião mediúnica é trabalho que se desenvolve entre os dois planos da vida, o espiritual e o físico, havendo, portanto, duas equi­pes interagindo para obtenção de bons resultados; ambas as equipes de­vem obedecer à disciplina.

Da Reunião Propriamente Dita

a) A Escolha do Local da Reunião Mediúnica: é a sala de reunião mediúnica de um Centro Espírita, local de grande importância. Deve ser escolhida com atenção, pois sabemos que o trabalho ali executado não se prende ao momento da reunião, pois o ambiente é preparado antecipa­damente. Da mesma maneira, após o término, muitos permanecerão no re­cito recebendo tratamento complementar, dialogando com os instrutores espirituais, recebendo mais carinho. Por este e outros motivos o local é especial; o ambiente deve ficar protegido de qualquer influência ne­gativa. Se o nosso Centro for espaçoso o suficiente, uma sala deverá ficar reservada exclusivamente para a reunião mediúnica.
Uma pergunta deve ser analisada: e se o nosso Centro Espírita não for tão grande? E se precisarmos da sala para outras atividade também importantes, como a evangelização de crianças, reuniões de es­tudos, atendimento fraterno? Embora a lógica nos auxilie a resposta, usaremos a autoridade de Divaldo P. Franco e de Chico Xavier para res­ponder:
"Poucos locais de um Centro Espírita terão o equilíbrio e flui­dos tão benéficos como a salinha de evangelização. Onde trabalharmos em nome de Jesus, o ambiente será sempre o melhor de todos..." O que vale uma sala vazia se não temos onde estudar, evangelizar ou auxiliar Espíritos encarnados necessitados? O importante é que nos concientize­mos do respeito necessário, mantendo sempre o padrão positivo de pen­samentos e vibrações.
b) A Música na Reunião Mediúnica: a música verdadeiramente ela­borada é fonte de grande harmonização de vibrações. Nós, Espíritos de pouca evolução, necessitamos muitas vezes de algo que nos favoreça a elevação de pensamentos e a harmonização de vibrações. É opinião fre­qüente entre os autores espíritas, de que a música para preparar o am­biente da reunião é muito importante. Naqueles minutos que antecedem o trabalho, a música cantada pelos que já chegaram, evitará falatório desnecessário, conversa perturbante e até comportamento não próprio. É tão comum, e até explicável, que um grupo de amigos, como é um grupo mediúnico, queira conversar, falar da semana, pois estiveram distantes por alguns dias; isso certamente atrapalhará o preparo do ambiente.
Importante é escolhermos músicas doutrinárias, cantá-las baixi­nho, já envolvendo com carinho todos no ambiente. Muitas letras de mú­sicas doutrinárias são verdadeiras lições de esclarecimento e consolo.
c) O Estudo na Reunião Mediúnica: toda a oportunidade de estudo é importante. Além do benefício do conhecimento doutrinário, o estudo desempenha outro fatores importantes: a harmonização dos pensamentos dos presentes e o esclarecimento de muitos Espíritos desencarnados.
Naturalmente que o tempo e o conteúdo do estudo será adequado ao tipo de reunião mediúnica. A reunião de iniciantes poderá ter um estudo mais prolongado (por exemplo 20 a 30 minutos) e o tema deve ser mais leve. Já a reunião mais madura, poderá ter um estudo de duração menor (por exemplo 10 a 15 minutos, levando em consideração que o tra­balho mediúnico, propriamente dito, será maior) e com um conteúdo mais profundo.
d) Duração da Reunião Mediúnica: o tempo de uma reunião, em mé­dia, não deve ultrapassar de uma hora e trinta minutos a duas horas e é importante que seja sempre o mesmo.
Devemos, sempre, realizar a nossa reunião mediúnica, suspen­dendo-a somente por motivo justo. Feriado por exemplo, não deve ser motivo de suspensão dos trabalhos. Se todos não puderem estar presen­tes, os que estiverem devem realizar o encontro.
e) Importância da Avaliação Final: avaliar um trabalho é veri­fica se seus objetivos estão sendo alcançados. A ajuda está sendo pro­veitosa? A instrução dos médiuns está ocorrendo?
Alguns aspectos devem ser salientados: - todo médium deve dar a sua opinião e fazer a sua auto-avaliação; avaliar a doutrinação, se tocou ou não o Espírito sofredor; avaliar as impressões por que pas­sou, etc. Deverá sempre haver franqueza e sinceridade na avaliação, tanto do médium para o doutrinador como deste para o médium. Não deve­mos deixar que o melindre e a vaidade ocupem espaço na avaliação. O dirigente, de alguma forma, deverá acompanhar a evolução da faculdade mediúnica de cada membro, anotando em uma ficha se julgar necessário, para futuras comparações.

Dos Componentes da Reunião Mediúnica

a) A Formação do Grupo: A reunião mediúnica possui dois grande grupos de trabalho: o grupo dos desencarnados - que é composto de Espíritos extremamente preparado - e o grupo dos encarnados.
Afirma Hermínio C. Miranda [Diálogo com as Sombras]:
"A organização de um grupo mediúnico começa muito antes de dar-se início às suas tarefas propriamente ditas, com o estudo sistemático das obras básicas, e das complementares da Doutrina Espírita... não devemos querer aprender mediunidade na reunião mediúnica, mas es­tudá-la profundamente ante do início da tarefa."
Um grupo preparado com carinho, com médiuns estudiosos, terá a maior chance de sucesso. Lembremos da vida: o médico demora aproxima­damente 8 anos par poder exercer com segurança a sua Ciência, o enge­nheiro de 5 a 6 anos, o dentista de 4 a 5, como querer exercer a fa­culdade mediúnica sem o devido preparo?
Daí a necessidade de preparar-se adequadamente os membros da reunião mediúnica, antes de se iniciarem no intercâmbio com os Espíritos.
b) Número de Médiuns por Reunião Mediúnica: o número exato de médiuns em cada reunião mediúnica depende de vários fatores, tais como: tipo de reunião mediúnica, o número de reuniões mediúnicas dis­poníveis, capacidade do dirigente da reunião, preparo dos médiuns que vão formar o grupo. Devemos nos lembrar que, o número pequeno difi­culta o trabalho, como também, o número exagerado de trabalhadores pode tornar o trabalho quase impossível.
Os autores também colocam um número variável, uns sugerem 8 a 10, outros de 12 a 15, outros até 20; poderíamos dizer que a média ideal será de 15 médiuns por cada reuniões mediúnicas.
c) Da presença de Estranhos e Obsediados: A presença de ele­mento estranho é totalmente desanconselhável, quanto mais a presença de um doente como é o obsediado. Curiosidade é quase sempre sinônimo de irresponsabilidade. Allan Kardec [LM-it 31] afirma:
"... o melhor método do ensino espírita é o que se dirige à razão e não aos olhos."
Divaldo P. Franco [Palavras de Luz] comenta o assunto:
"Peço licença para usar um conceito forte: é um comportamento leviano, de desrespeito..."
O local correto para o curioso ou obsediado em um Centro Espí­rita, não é na sala de reunião mediúnica, mas sim, nas reuniões públi­cas doutrinárias, nos grupos de estudo, na sala de atendimento fra­terno, nos trabalhos de assistência do Departamento de Assistência So­cial. Preparar-se, equilibrar-se antes do trabalho mediúnico é obriga­tório.
d) Do Dirigente da Reunião Mediúnica: deve ser uma pessoa que conheça profundamente a Doutrina Espírita, e mais que isso, que pro­cure viver seus postulados, tendo assim a autoridade moral imprescin­dível aos trabalhos.
Deve ser alguém que o grupo confie e respeite, e da confiança da direção da casa, que represente no grupo o verdadeiro sentido de trabalho da casa.
É muito importante que tenha um substituto e que esteja sempre preparando futuros dirigentes de reuniões mediúnicas.
e) Do Doutrinador: Esclarecer, doutrinar, envolver, exige mui­tas qualidades, mas acima de tudo, muito amor. Pois este sentimento sempre vencerá qualquer argumento e qualquer vibração menos feliz.
Deverá ter o conhecimento doutrinário evangélico para melhor argumentos possuir na doutrinação. Hábito freqüente da leitura para usar o argumento mais propício e mais convincente para a ocasião. Para receber a intuição necessária, dada pelo instrutor espiritual, terá que ter bagagem doutrinária e evangélica. Não se coloca um disco para tocar, se não houver nele uma música previamente gravada. Como afirma Hermínio C. Miranda: "evangelho no coração e doutrina no entendi­mento."
f) Número de Comunicação por Médiuns: Naturalmente que este nú­mero deverá variar em função da quantidade de médiuns psicofônicos de cada reunião, com o tipo de Espírito comunicante, com o tipo da reu­nião mediúnica, etc. O número máximo de comunicações por médium, em cada reunião de esclarecimento, deverá ser de duas. Todos os médiuns, assim, terão chance de participar.

Outros Aspectos Importantes

a) O preparo para a Reunião Mediúnica: O dia da reunião mediú­nica deve ser encarado como um dia especial por parte do médium. É im­portante abster-se dos excessos, dos vícios... Seria como se estivés­semos em estado de pré-operatório, o paciente deve se alimentar leve­mente, não fumar ou beber, manter-se calmo e descansado Manoel Philo­meno de Miranda afirma que até dormir por mais horas na noite da vés­pera da reunião, se possível, deve ser feito.
Devemos enfatizar que se tudo isso tem sua importância, mas o mais importante é a higiene mental (a leitura e o estudo edificantes, os bons pensamentos e vigília nos atos). Vamos iniciar fazendo isso no dia da reunião mediúnica até conseguirmos fazer isso diariamente, lem­brando que o bom médium pode ser chamado a trabalhar no sono físico, a qualquer dia e não só no dia da reunião mediúnica.
b) O Uso da Vidência: André Luiz no seu livro Nos Domínios da Mediunidade, explica que a vidência guarda variações de acordo com o grau de desenvolvimento da faculdade mediúnica de cada vidente; ou seja, um fato, uma imagem, um paisagem, etc., poderá ser vista de ma­neira diferente por médiuns videntes diferentes; isso é explicado como sendo uma questão de sintonia vibratória.
Assim, a utilização da faculdade de vidência pode ser, em mui­tos casos, perigosa e prejudicial. O doutrinador, os outros médiuns poderão ser induzidos a ver algo que não é exatamente a verdade. O ideal seria, como afirmam Divaldo P. Franco e Raul Teixeira, a parti­cipação do médium vidente no momento da avaliação final, dizendo o que viu e como viu, e não durante a realização dos trabalhos.
c) O Quanto Esperar pelo Desenvolvimento da Faculdade Mediú­nica: seria produtivo aguardar que um médium em desenvolvimento fi­casse participando da reunião de forma incompleta eternamente? Psico­grafando ou tentando psicografar algo não tão proveitoso por anos a fio? Envolvido por Espírito sem nada produzir? É dúvida comum do diri­gente: esperar até quando?
Divaldo P. Franco [Palavras de Luz] adverte:
"O médium, que durante certo período não realize maiores progressos, deve passar a controlar as suas manifestações e a colaborar como mé­dium da caridade, de socorro e pela prece."
Bibliografia
1) Desobsessão - André Luiz/Chico Xavier
2) Estudando a Mediunidade - Martins Peralva
3) Diálogo com as Sombras - Hermínio C. Miranda
4) Palavras de Luz - Divaldo P. Franco
5) Diretrizes de Segurança - Divaldo P. Franco e Raul Teixeira


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