Colocamos à disposição dos companheiros do Instituto de Difusão Espírita
de Juiz de Fora-MG, a apostila com os Estudos sobre Mediunidade.
Este é um trabalho despretensioso,
cujo objetivo não é esgotar os assuntos, mas apresentar as idéias básicas
necessárias em um estudo sobre a Mediunidade. Não se trata de um livro
espírita: as obras doutrinárias, em especial “O Livro dos Médiuns”, são de
leitura obrigatória!
Este curso, baseado no COEM do Centro Espírita Luz Eterna (Paraná), tem
enriquecido a formação espírita de trabalhadores da área mediúnica, bem como de
expositores, doutrinadores, plantonistas, etc.
Após cada capítulo, apresentamos uma breve bibliografia que deve ser
consultada sempre que possível.
Esperamos que este trabalho seja proveitoso a todos.
IDE-JF/CVDEE
1. A MEDIUNIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS.............................................................................. 1
2. a prece.......................................................................................................................................... 3
3. Médium: Conceito, Classificação E desenvolvimento mediúnico................ 5
4. Classificação DOS fenômenos mediúnicos SEGUNDO SEUS
efeitos........... 9
5. Os Fluidos Espirituais......................................................................................................... 11
6. O Perispírito.............................................................................................................................. 13
7. Os Centros de Força e A Glândula Pineal............................................................. 15
8. O Pensamento: Ideoplastia E Criações Fluídicas.............................................. 19
9. Concentração - Noções Gerais.................................................................................... 23
10. Fluidoterapia........................................................................................................................... 24
11. Influência Moral do Médium e do Meio....................................................................... 27
12. O Papel do Médium nas Comunicações...................................................................... 32
13. médiuns escreventes e falantes............................................................................... 35
14. perigos e inconvenientes, perda e suspensão da
faculdade mediúnica 37
15. AS MANIFESTAÇÕES VISUAIS, BICORPOREIDADE E
TRANSFIGURAÇÃO.................. 41
16. Mediunidade de Cura........................................................................................................... 44
17. desdobramento, catalepsia e letargia.................................................................. 46
18. Obsessão: Conceito e Causas....................................................................................... 48
19. Obsessão: Classificação................................................................................................. 50
20. Obsessão: Tratamento, Prognóstico e Profilaxia............................................ 52
21. As Doenças Mentais............................................................................................................. 55
22. AS comunicações Mediúnicas......................................................................................... 57
23. A Doutrinação......................................................................................................................... 63
24. PARAPSICOLOGIA E ESPIRITISMO.......................................................................................... 67
25. A disciplina como a Base da Caridade....................................................................... 71
Capítulo 1
A MEDIUNIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS
Introdução
Estudando as civilizações da Terra, vamos observar que a mediunidade
tem-se manifestado, em todos os tempos e em todos os lugares, desde as mais
remotas épocas. A crença na imortalidade da alma e a possibilidade da
comunicação entre os "vivos" e os "mortos" sempre existiu.
Ao observarmos o passado, evocando a lembrança das religiões
desaparecidas, das crenças mortas, veremos que todas elas tinham um ensinamento
dúplice: um exterior ou público, com suas cerimônias bizarras, rituais e
mitos, e outro interior ou secreto revestido de um caráter profundo e elevado.
Os aspectos exteriores eram levados ao povo de um modo geral, enquanto que o
aspecto interior era revelado apenas a indivíduos especiais. Chamados
"iniciados" por algumas religiões, estes eram preparados desde a
infância, às vezes por 20 a 30 anos.
Julgar uma religião, apenas levando em consideração o seu aspecto
exterior, será o mesmo que apreciar o valor moral de uma pessoa por suas
vestes. Analisando o aspecto interior destas religiões, observaremos que todos
os ensinamentos estão ligados entre si como uma única doutrina básica, que os
homens trazem intuitivamente, desde um passado longínquo. Vamos observar alguns
aspectos interessantes das religiões do passado.
Índia
Na Índia, berço de todas as religiões da Humanidade, temos o Livro
dos Vedas, datado de aproximadamente 1.500 a.C., que tem sido reconhecido como
o mais antigo código religioso da Humanidade; são quatro livros cujo conteúdo
principal são cânticos de louvor. Os Brâmanes, seguidores dos Vedas, acreditam
que este código religioso foi ditado por BRAHMA. Nos Vedas encontramos afirmativas
claras sobre imortalidade da alma e a recriação:
"Há uma parte imortal no Homem, o AGNI, ela é que é preciso
rescaldar com teus raios, inflamar com os teus fogos(...).
(...)Assim como se deixam as vestes gastas, para usar novas
vestes, também a alma deixa o corpo usado para recobrir novos corpos."
Ainda na Índia, encontramos KRISHNA, educado por ascetas nas
florestas do cume do Himalaia, inspirador de uma doutrina religiosa, na verdade
um reformulador da Doutrina Védica. Deixa claro a idéia da imortalidade da
alma, as reencarnações sucessivas, e a possibilidade de comunicação entre vivos
e mortos:
"O corpo envoltório da alma, que nele faz sua morada, é uma
coisa finita, porém a alma que o habita é invisível, imponderável e
eterna."
"Todo renascimento feliz ou infeliz é conseqüência das
obras praticadas em vidas anteriores."
Estes são alguns aspectos dos ensinamentos de KRISHNA, que podem
ser encontrados nos livros sagrados, conservados nos santuários ao sul do
Industão.
Também na Índia, 600 a.C., vamos encontrar Siddartha Gautama, o
Buda, filho de um rei da Índia, que certo dia saindo do castelo, onde até então
vivera, tem contato com o sofrimento humano e, sendo tomado de grande tristeza,
refugia-se nas florestas frias do Himalaia e, depois de aproximadamente 15
anos de meditação, retorna trazendo para a Humanidade uma nova crença, toda
baseada na caridade e no amor:
"Enquanto não conquistar o progresso (Nirvana) o ser está
condenado a cadeia das existências terrestres."
"Todos os Homens são destinados ao Nirvana."
Buda e seus discípulos praticavam o Dhyana, ou seja, a contemplação
aos mortos:
"Durante este estado, o Espírito entra em comunicação com
as almas que já deixaram a Terra."
Egito
No Egito, o culto aos mortos foi muito praticado. As Ciências
psíquicas atuais eram familiares aos sacerdotes da época; o conhecimento das
formas fluídicas e do magnetismo eram comuns. O destino da alma, a comunicação
com os mortos, a pluralidade das existências da alma e dos mundos habitados
eram, para eles, problemas solucionados e conhecidos. Egiptólogos modernos,
estudando as pirâmides, os túmulos dos faraós, os papiros, deixam claro todos
estes aspectos reconhecendo a grande sabedoria deste povo. Como em outras
religiões, apenas os iniciados conheciam as grandes verdades, o povo, por
interesse de poder dos soberanos, praticamente mantinha-se ignorante a este
respeito.
China
Na China, vamos encontrar Lao-Tsé e Confúcio, 600 a 400 a.C., que
com os seus discípulos (iniciados), mantinham no culto dos antepassados a base
de sua fé. Neste culto, a idéia da imortalidade e a possibilidade da evocação
dos mortos era clara.
Israel
Cerca de 15 séculos antes de Cristo, Moisés, o grande legislador
hebreu, observando a ignorância e o despreparo de sue povo, procura através de
uma lei disciplinar, educar os hebreus com relação a evocação dos mortos. Se
houve esta proibição, é claro que a evocação dos mortos era comum entre este
povo da Antiguidade. Moisés assim se referiu:
"Que ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem
interrogue os mortos para saber a verdade."
Não havia chegado o momento para tais revelações.
Estudando a vida de Moisés, vemos que ele era possuidor de uma
mediunidade fabulosa que possibilitou o recebimento dos "Dez Mandamentos",
no Sinai, que até hoje representa a base dos códigos de moral e ética no mundo.
Grécia
Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Vários filósofos,
desta progressista civilização, se referem a estes fatos: Pitágoras (600 a.C.)
Astófanes, Sófocles (400 a.C.) e a maravilhosa figura de Sócrates (400 a.C.). A
idéia da unicidade de Deus, da pluralidade dos mundos habitados e da
multiplicidade das existências era por eles transmitidas a todos os seus
iniciados. Sócrates, o grande filósofo, aureolado por divinas claridades
espirituais, tem uma existência que em algumas circunstâncias, aproxima-se da
exemplificação do próprio Cristo:
"A alma quando despida do corpo, conserva evidentes, os
traços de seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os
atos de sua vida."
Jesus
Jesus, o Médium de Deus, teve sua
existência assinalada por fenômenos mediúnicos diversos. O Novo Testamento traz
citações claras e belas de mediunidade em suas mais diferentes modalidades.
Idade Média
A Idade Média foi uma época em que o estudo mais profundo da
religião era praticado apenas por sociedades ultra-secretas. Milhares de vidas
foram sacrificadas sob a acusação de feitiçaria, por evocarem os mortos.
Nesta época, tão triste para a Humanidade, em vários aspectos,
podemos citar como uma grande figura, Joana D'arc, que guiando o povo francês,
sob orientação de "suas vozes", deixou claro a possibilidade da
comunicação entre os vivos e os mortos.
O Espiritismo
Foi no século XIX (1848), na pacata cidade de Hydesville, no
estado de New York (EUA), na casa da família Fox, que o fenômeno mediúnico
começaria a ser conhecido em todo o mundo.
Chegara o momento em que todos as coisas deveriam ser reestabelecidas.
Foi quando surgiu no cenário terrestre, aquele que deu corpo à Doutrina dos
Espíritos: Hippolyte Léon Denizar Rivail, ou ALLAN KARDEC, como ficou
conhecido.
Em 1855, com a idade de 51 anos, Kardec iniciou um trabalho
criterioso e científico sobre o fenômeno mediúnico e após alguns anos de
estudos sistematizados lançou, em 18 de abril de 1857, O Livro dos Espíritos;
em 1859 - O Que é o Espiritismo; em 1861 - O Livro dos Médiuns; em 1864 - O
Evangelho Segundo o Espiritismo; em 1865 - O Céu e Inferno e em 1868 - A
Gênese.
Graças ao sábio lionês tivemos a Codificação da Doutrina Espírita
reconhecida como a Terceira Revelação, o Consolador Prometido por Jesus.
Bibliografia
1) Depois da
Morte - Léon Denis
2) História
do Espiritismo - Arthur Conan Doyle
3) Allan
Kardec - Zeus Wantuil e Francisco Thiesen
a prece
Conceitos
“Há quem conteste a
eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as
nossas necessidades, inútil se torna expô-las.”
Este argumento não
oferece muita lógica porque, independente de Deus conhecer as nossas
necessidades, a prece proporciona, a quem ora, um bem-estar incalculável já que
aproxima a criatura do seu Criador.
“A prece é o orvalho
divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela
nos encaminha para a senda que conduz a Deus.”
Não existe qualquer
fórmula para orar.
"O Espiritismo
reconhece como boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não
de lábios somente.
A qualidade principal
da prece é ser clara, simples e concisa ".
A prece “Pode ter por
objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. As preces feitas a
Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades.”
QUADRO
I - OBJETIVOS DA PRECE
|
Pedir
|
Louvar
|
Agradecer
|
“Pela prece, obtém o
homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas
resoluções e a inspirar-lhe idéias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral
necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se
afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas
suas próprias faltas.”
Quando Jesus nos disse: “tudo
o que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis” [Mateus-21:22]
revelou-nos que o ato de orar é algo muito profundo do que se pode observar à
primeira vista. Desta máxima: “concedido vos será o que quer que pedirdes
pela prece”, fora ilógico deduzir que basta pedir para obter e fora injusto
acusar a Providência se não acede a toda súplica que se lhe faça, uma vez que
ela sabe, melhor do que nós, o que é para o nosso bem. É como procede um pai
criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses.”
Eficácia da Prece
Devemos cultivar o hábito
de orar, porque a prece, inegavelmente, tem sua eficácia.
"O santuário
doméstico que encontre criaturas amantes da oração e dos sentimentos elevados,
converte-se em campo sublime das mais belas florações e colheitas espirituais
"
“A prece não é
movimento mecânico de lábios, nem disco de fácil repetição no aparelho da
mente. É vibração, energia, poder. A criatura que ora, mobilizando as próprias
forças, realiza trabalhos de inexprimível significação. Semelhante estado
psíquico descortina forças ignoradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos
em contato com as fontes superiores”
“Os raios divinos,
expedidos pela oração santificadora, convertem-se em fatores adiantados de
cooperação eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e
iluminação da consciência.
Toda prece elevada é
manancial de magnetismo criador e vivificante e toda criatura que cultiva a
oração, com o devido equilíbrio do sentimento, transforma-se, gradativamente,
em foco irradiante de energias da Divindade”
Compreende-se também que,
além da importância do cultivo da oração, devemos aprender a orar e a entender
as respostas do Alto às nossas súplicas.
“Exporemos em prece ao
Senhor os nossos obstáculos, pedindo as providências que se nos façam
necessárias à paz e à execução dos encargos que a vida nos delegou; entretanto,
suplicaremos também a Ele nos ilumine o entendimento, para que lhe saibamos receber
dignamente as decisões.”
“Entre o pedido
terrestre e o Suprimento Divino, é imperioso funcione a alavanca da vontade
humana, com decisão e firmeza, para que se efetive o auxílio solicitado”
“Confiemos em Deus e
supliquemos o amparo de Deus, mas, se quisermos receber a Benção Divina,
procuremos esvaziar o coração de tudo aquilo que discorde das nossas petições,
a fim de oferecer à Benção Divina clima de aceitação, base e lugar.”
“Em verdade, todos nós
podemos endereçar a Deus, em qualquer parte e em qualquer tempo, as mais
variadas preces; no entanto, nós todos precisamos cultivar paciência e
humildade, para esperar e compreender as respostas de Deus.”
QUADRO
II -
CARACTERÍSTICAS DA PRECE
|
É clara, simples, espontânea e breve;
|
Está acompanhada de sentimento de
humildade e sinceridade;
|
Dispensa aparatos exteriores;
|
Independe do local, hora, atitude física e
gestos.
|
1) O
Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
Capítulo 3
Médium:
Conceito, Classificação
E desenvolvimento mediúnico
Conceito de Médium e Mediunidade
A palavra médium é uma expressão latina que significa
"meio" ou "intermediário". Allan Kardec apropriou-se dessa
expressão para designar as pessoas que são portadoras da faculdade mediúnica.
Kardec [LM-cap 32] conceitua:
Médium - pessoa que pode servir de intermediária entre os
Espíritos e os homens.
Mediunidade - a faculdade dos médiuns, ou seja, a faculdade
que possibilita a uma pessoa servir de intermediária entre os Espíritos
desencarnados e os homens.
Assevera ainda Kardec [LM-it 159] que:
"todo aquele que sente em qualquer grau a influência dos
Espíritos é médium."
Diante da assertiva do Codificador da Doutrina Espírita
poder-se-ia indagar: Somos todos médiuns?
De forma generalizada poderíamos afirmar que sim. Todos os
indivíduos possuem rudimentos da faculdade mediúnica, já que podem ser
influenciados pelos Espíritos. Através do pensamento, as entidades da esfera
extra-física, podem atuar sobre todos nós, de forma imperceptível. Mostram os
benfeitores espirituais da Codificação que esta influência "é maior do que supomos" [LE-qst 459]
Todavia, de forma particular, na prática espírita cotidiana, é não
a resposta. Orienta Allan Kardec que se deve reservar esta expressão apenas
para as pessoas que permitem a produção de fenômenos patentes e de certa
intensidade:
"Pode-se dizer, que todos são mais ou menos médiuns.
Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma
faculdade bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa
intensidade, o que depende de uma organização mais ou nos sensitiva."
[LM-it 159]
Classificação Geral dos Médiuns
A faculdade mediúnica não se revela em todos da mesma maneira. Os
médiuns tem geralmente aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos,
o que os divide em tantas variedades quantas são as espécies de mediunidade,
embora nada impeça que um médium venha a possuir mais do que uma aptidão.
Diversas são as classificações propostas, mas de forma bem prática,
podemos classificá-los de acordo com o tipo de mediunidade, nas seguintes
categorias:
a) Médiuns de Efeitos Físicos: são
aqueles aptos à produção de fenômenos que sensibilizam objetivamente os nossos
sentidos, tais como: movimento de corpos inertes, ruídos, etc. Trata-se de uma
categoria de médiuns bastante infreqüente em nossos dias, mas que teve
fundamental importância na fase de implantação da Doutrina Espírita.
Sub-categorias:
1. Tiptólogos:
os que produzem ruídos e pancadas. Mesmo sem que o médium tome conhecimento, os
Espíritos podem se utilizar de certos recursos fluídicos que eles possuem para
produzir o fenômeno;
2. Motores:
os que produzem movimentos dos corpos inertes;
3. De
Translação e Suspensão: os que produzem a translação de objetos através do
espaço ou a sua suspensão, sem qualquer ponto de apoio. Há também os que podem
elevar-se a si mesmos (levitação);
4. De
Transporte: os que podem servir aos Espíritos para o transporte de objetos
materiais através de lugares fechados;
5. Pneumatógrafos:
os médiuns que permitem a escrita direta (espécie de mediuninade onde os
Espíritos, utilizando-se do ectoplasma do médium, escrevem sobre determinados
objetos sem se utilizarem de lápis ou caneta);
6. Pneumatofônicos:
os médiuns que permitem a voz direta (fenômeno mediúnico onde os Espíritos
emitem sons e palavras através de uma "garganta ectoplásmica", sem a
utilização do aparelho vocal do medianeiro);
7. De
Materialização: são aqueles que doam recursos fluídicos (ectoplasma) para a
materialização do Espírito ou de parte do Espírito, ou, ainda, de certos
objetos;
8. De
Bicorporeidade: são aqueles capazes de materializarem seu corpo perispirítico
em local FORA do corpo físico;
9. De
Transfiguração: são aqueles aptos a promoverem modificações temporárias em seu
corpo físico, através da vontade e do pensamento.
b) Médiuns Sensitivos: são os médiuns
capazes de registrar a presença de Espíritos por uma vaga impressão. Ora esta
impressão é boa ora é ruim, dependendo da natureza da entidade desencarnada.
Esta variedade não apresenta caráter bem definido, pois todos médiuns são mais
ou menos sensitivos;
c) Médiuns Intuitivos ou Inspirados:
são aqueles que recebem comunicações mentais entranhas às suas idéias, vindas
da esfera imaterial. Na realidade, todos nós somos médiuns intuitivos, pois
podemos assimilar inconscientemente o pensamento dos Espíritos, mas em algumas
pessoas, essa capacidade é mais evidente. Os médiuns de pressentimento
são uma variedade dos intuitivos, onde há uma vaga impressão de acontecimentos
futuros;
d) Médiuns Audientes: são os médiuns
que ouvem os Espíritos. Em algumas vezes é como se escutassem uma voz interna
que lhes ressoasse no foro íntimo, doutras vezes, é uma voz exterior, clara,
distinta;
e) Médiuns Videntes: são aqueles aptos
a verem os Espíritos em estado de vigília. Kardec fazia referência à raridade
desta faculdade e em nossos dias continua pouco comum;
f) Médiuns Falantes ou Psicofônicos:
são aqueles que possibilitam aos Espíritos a comunicação oral com outras
pessoas encarnadas, utilizando dos recursos vocais do médium. É a variedade de
médiuns mais comum em nossos dias;
g) Médiuns Escreventes ou Psicógrafos:
são os médiuns aptos a receberem a comunicação dos Espíritos através da
escrita. Foi pelos médiuns escreventes que Allan Kardec montou os pilares
básicos da Codificação Espírita;
h) Médiuns Curadores: são aqueles
aptos a curarem, através do toque, por um ato de vontade e pelo passe. Em
realidade, todos somos capazes de curar enfermidades pela prece e pela
transfusão fluídica, mas, também aqui, esta designação deve ficar reservada para
aquelas pessoas onde a capacidade de curar ou aliviar as doenças é bem evidente;
i) Médiuns Psicômetras: são aqueles
aptos a identificarem os fluidos presentes em determinados objetos e locais
(Psicometria);
j) Médiuns Sonambúlicos ou de Desdobramento:
são aqueles capazes de emanciparem seu corpo espiritual deixando a organização
física num estado de sonolência ou apatia. Segundo Kardec, estes médiuns
"vivem por antecipação a vida espiritual", pois são capazes de realizar
inúmeras tarefas no mundo dos Espíritos.
Desenvolvimento Mediúnico
Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, no seu Pequeno Dicionário
Brasileiro da Língua Portuguesa, desenvolver significa: tirar invólucro,
expor minuciosamente, progredir, alargar, instruir-se. E desenvolvimento é
o ato ou efeito de desenvolver.
Desenvolvimento Mediúnico é o ato de fazer crescer,
progredir, expor a faculdade que permite aos homens comunicarem-se com os
Espíritos.
Se nós falamos somente em desenvolvimento mediúnico e não em
“criar” mediunidade ou médiuns, é, certamente porque esta faculdade não
se cria numa determinada pessoa que não a possua. A mediunidade é uma faculdade
tão natural no homem quanto qualquer outro dos cinco sentidos habituais (visão,
audição, olfato, tato e paladar). Tomemos o paladar para exemplo. Ninguém
inventa faculdade inata, pronta para ser utilizada, como que programada por
milênios e milênios de existências anteriores, documentada na nossa memória
espiritual. É preciso, contudo, em cada existência que se reinicia, reaprender
a utilizá-lo adequadamente para selecionar alimentos, definir preferências ou
recusar substâncias prejudiciais. Assim também é a mediunidade um atributo físico
do homem. Os Espíritos afirmam a Kardec [LM-it 226]:
"A faculdade mediúnica se radica no organismo".
O médium já nasce médium. Cabe-nos portanto, se possuidores da
faculdade mediúnica, nos esforçarmos por exercê-la com devotamento e humildade.
Por que desenvolver a mediunidade
De posse destes conceitos, forma-se uma nova dúvida em nossa
mente: Por que desenvolver a mediunidade? Presença de mediunidade significa
necessidade de trabalho na Seara Espírita? Nós sabemos que na Terra estamos
rodeados por Espíritos desencarnados que a todo instante, através do
pensamento, nos influenciam e são influenciados por nós. Sendo os médiuns, por
características próprias de seu corpo físico, indivíduos mais sensíveis,
captam com maior facilidade a influência dos Espíritos, podendo sofrer, às
vezes, conseqüências desagradáveis em decorrência de possuir em uma faculdade
que não conhecem e não dominam.
Além disso, nós sabemos que da faculdade mediúnica podem dispor-se
bons e maus Espíritos, podendo no caso dos maus, levarem o
médium ao desequilíbrio.
O Espírito da Verdade afirma [LM-cap 31 it 15]:
"...Todos os médiuns são incontestavelmente chamados a
servir à causa do Espiritismo, na medida da sua faculdade..."
Em [Nos Domínios da Mediunidade] ouvimos as seguintes afirmativas
do Espírito Albério (instrutor de André Luiz):
"Mediunidade, por si só não basta. É necessário sabermos
que tipo de onda mental assimilamos, para conhecer a qualidade do nosso
trabalho e julgar nossa direção. É perigoso possuir sem saber usar."
Assim, é a mediunidade uma faculdade inerente à própria vida,
sendo semelhante ao dom da visão comum, peculiar a todas as criaturas,
responsável por tantas glórias e por tantos infortúnios na Terra. Entretanto,
ninguém se lembrará de suprimir os olhos, porque milhões de pessoas, em face
das circunstâncias imponderáveis da evolução, tenham se servido dos olhos para
perseguir e matar nas guerras de terror e destruição. É necessário iluminá-los,
orientá-los, esclarecê-los.
Etapas do Desenvolvimento Mediúnico
A mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas,
antes de tudo, aprimoramento da personalidade mediúnica e nobreza
de fins, para que o médium possa tornar-se um filtro leal das Esferas
Superiores com vistas à ascensão da Humanidade para o Progresso.
Mas então, como proceder ao desenvolvimento mediúnico? Allan
Kardec e vários benfeitores espirituais nos orientam que, no desenvolvimento
mediúnico, temos de vencer três etapas: intelectual - material - moral.
a) Etapa Intelectual: é representada
pela necessidade do estudo. Kardec afirma:
"...O estudo preliminar da teoria é indispensável, se
quisermos evitar inconvenientes inseparáveis da inexperiência." [LM-it
211]
O estudo da faculdade mediúnica e o conhecimento da Doutrina
Espírita são bases essenciais e indispensáveis.
b) Etapa Material: é o adestramento,
uma forma de treinamento da faculdade mediúnica, uma familiarização com as
técnicas envolvidas no processo da mediunidade.
"Na verdade, até hoje, não existe sinal ou diagnóstico
infalível para se chegar à conclusão que alguém possua essa faculdade; os sinais
físicos nos quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada tem de infalíveis.
Ela se encontra, nas crianças e nos velhos, entre homens e mulheres, quaisquer
que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de desenvolvimento
intelectual e moral. Não há senão um meio para lhes contatar a existência que é
o experimentar." [LM-cap 17 it 200]
Esta experimentação deve ser: perseverante, assídua, séria, em
grupo, local adequado, sob orientação experiente, desprovida de condicionamentos.
O candidato a médium deve ter persistência, exercitando-se para as
comunicações em dias e horários certos da semana, pré-estabelecidos, de
preferência em grupo. Kardec nos orienta [LM-it 207] que a reunião de pessoas
com intenção semelhante forma um todo coletivo onde a força e a sensibilidade
se encontram aumentadas por uma espécie de influência magnética que ajuda o
desenvolvimento da faculdade.
A reunião deste grupo deve ser sob a direção de pessoas experientes,
conhecedoras da Doutrina Espírita e do fenômeno mediúnico.
Esta reunião deve ser também feita, de preferência em local
apropriado, isto é, no Centro Espírita, onde estaremos sob o amparo e a
orientação de Espíritos Bons, que são responsáveis pelos trabalhos mediúnicos
da Casa. Além disto, todo Centro Espírita tem como que um isolamento magnético
que nos protege espiritualmente durante os trabalhos mediúnicos. É simples
compreendermos, pois na Terra acontece o mesmo. Um acadêmico de Medicina inicia
seu treinamento aos doentes num Hospital e sob a supervisão de um médico
experiente para evitar desastres. Se for uma cirurgia será necessário um
cuidado ainda maior - um centro cirúrgico.
O candidato a médium não deve desistir se, após 2, 3 ou 10 tentativas
de comunicação com os Espíritos não obtiver qualquer resultado ou qualquer indício
de comunicação. Como vimos, existem obstáculos decorrentes da própria
organização mediúnica em desabrochamento, impedimentos materiais e psíquicos
que, só com o tempo e a dedicação serão contornados.
Quanto ao médium que já controla bem sua faculdade, que permite
aos Espíritos se comunicarem com facilidade, que seja, em uma palavra, um
“médium feito”, seria um erro de sua parte, nos assevera Kardec [LM-it 216]
crer-se dispensado de qualquer outra instrução. Não venceu senão uma
resistência material, e é agora que começa para ele o verdadeiro desafio, as
verdadeiras dificuldades: vencer a terceira etapa - a moral.
c) Etapa Moral: Allan Kardec define como
espírita-cristão ou verdadeiro espírita, aquele que não se contenta em admirar
a moral espírita, mas a pratica e aceita todas as suas conseqüências.
Convencido de que a existência terrena é uma prova passageira, aproveita todos
os instantes para avançar no caminho do Progresso, esforçando-se em fazer o bem
e anular seus maus pensamentos. A caridade em todas as coisas é a regra
de sua conduta.
Sob o ponto de vista espírita, a mediunidade é uma iniciação
religiosa das mais sérias, é um mandato que nos é oferecido pela Espiritualidade
Superior a fim de ser fielmente desempenhada. Desta forma, o aspirante à
mediunidade - Luz da Doutrina Espírita - deve partir da conscientização de seus
ensinamentos e esforçar-se, desde o início de seu aprendizado, por ser um espírita-cristão.
Isto significa trabalhar incessantemente por nossa reforma moral.
Somente nossa evolução moral, nossa melhora e nosso crescimento para o Bem
poderão garantir-nos o assessoramento dos bons Espíritos e o exercício seguro
da mediunidade, por nossa sintonia com o Bem. E esta não é uma tarefa fácil,
pois o que mais temos dentro de nós são sensações e experiências negativas e
deformadas trazidas do passado. Por isso para nós ainda é mais fácil e cômodo,
sintonizar com as atitudes negativas do que com as positivas.
E como faremos? Como nos livrarmos de condicionamentos inferiores?
Carregamos séculos de erros e alguns anos de boas intenções. É claro que não
podemos mudar sem esforço, temos que trabalhar duro nesta reforma moral, que só
nós saberemos identificar e sentir porque estará marcada em nosso íntimo.
Trabalhemos com exercícios diários e constantes no bem, meditando e orando
muito. Jesus, o Médium por Excelência, sintonizava-se constantemente com Deus,
no entanto, após a convivência com o povo, sempre se afastava para orar e
meditar em silêncio e solidão.
A diferença de um bom médium e um médium desajustado, não está na
mediunidade, mas no caráter de um e de outro; na formação moral está a
base de todo desenvolvimento mediúnico.
Alguns cuidados devem ser tomados por todos aqueles que aspiram ao
desenvolvimento mediúnico:
* Culto do Evangelho no Lar: ele proporciona a renovação do clima
espiritual do lar sob as luzes do Evangelho Redivivo, porque o lar é a usina
maior de energia de que somos carentes, é onde compensamos nossa vibrações
psíquicas em reajustamento.
* Culto de Assistência: rompimento com o egoísmo, interessando-nos
pelo próximo, auxiliando-o sempre em todas as ocasiões, usando ao máximo nossa
capacidade de servir desinteressadamente. Participação em atividades como:
campanha do quilo, distribuição de alimentos, visita aos enfermos, idosos e
creches, grupos de costura, evangelização, etc.
* Freqüência ao Centro Espírita: nas reuniões públicas e outras
atividades oferecidas pelas Casas Espíritas. Aprenderemos a viver em grupos
Humanos que nos permitirão o exercício da humildade. Evitemos as sessões
mediúnicas nos lares; organização espiritual não se improvisa.
* Estudo Coletivo: reunidos aos companheiros para o estudo das
obras espíritas, evitemos as falsas interpretações. Assimilando as experiências
de companheiros, estaremos alongando nossa visão e nossa percepção dos
conteúdos espíritas; o que se torna mais difícil numa leitura solitária.
* Reforma Íntima: revisão e reconstrução de nossos atos e hábitos,
permutando vícios por virtudes legitimamente cristãs que são as únicas que
sobreviverão eternamente.
Como nos diz o instrutor Albério:
"... elevemos nosso padrão de conhecimento pelo estudo bem
conduzido e apuremos a qualidade de nossa emoção pelo exercício constante das
virtudes superiores..."
Dentro destes critérios de desenvolvimento da mediunidade, mesmo
que nenhuma faculdade venha a desabrochar, tenhamos a certeza que estaremos
desenvolvendo-nos espiritualmente e capacitando-nos para o exercício da
mediunidade com Jesus.
Bibliografia
1) Livro dos
Espíritos - Allan Kardec
2) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
3) Obras
Póstumas - Allan Kardec
4) Médium:
Quem é, Quem não é? - Demétrio Pavel
5) Diversidade
dos Carismas - Hermínio Miranda
6) Missionários
da Luz - André Luiz/Chico Xavier
7) Nos Domínios
da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
8) Desenvolvimento
Mediúnico - Roque Jacinto
Capítulo 4
Classificação DOS fenômenos mediúnicos
SEGUNDO SEUS efeitos
Introdução
Segundo os efeitos que produzem, podemos classificar os fenômenos
mediúnicos em:
1. Fenômenos
de efeitos materiais, físicos ou objetivos: são os que sensibilizam os nossos
sentidos físicos, podendo se apresentarem de variada forma.
2. Fenômenos
de efeitos inteligentes ou subjetivos: são os que ocorrem na esfera subjetiva,
não ferindo os cinco sentidos, senão a racionalidade e o intelecto.
Fenômenos Objetivos
a) Materialização: fenômeno em que
ocorre a materialização ou formação de objetos e de Espíritos, utilizando-se
uma energia esbranquiçada que o médium emite através dos orifícios de seu
corpo, chamada ectoplasma. Esta denominação foi dada por Charles Richet,
quando estudava este fenômeno.
Como exemplo mais eloqüente podemos citar as experiências de
William Crookes com a médium Florence Cook possibilitando a materialização do
Espírito Katie King de 1870 a 1874;
b) Transfiguração: modificação dos
traços fisionômicos do médium. O Espírito utiliza fluidos do mundo espiritual
e os expelidos pelo próprio médium e os manipula envolvendo o rosto do médium
com uma capa fluídica sobre a qual modela sua fisionomia;
c) Levitação: erguimento de objetos e
pessoas contrariando a lei da gravidade. Crawford, que estudou estes fenômenos,
classificou-os como resultantes de a sustentação sobre colunas de fluidos
condensados erguidas para suportar o peso dos objetos e erguê-los. São conhecidos
por "colunas de Crawford";
d) Transporte: entrada e saída de
objetos de recintos hermeticamente fechados;
e) Bicorporeidade: aparecimento do
Espírito do médium em outro local de forma materializada;
f) Voz Direta: vozes de Espíritos que
soam no ambiente, independentemente do médium, através de uma garganta
ectoplásmica.
g) Escrita Direta: palavras ou frases
escritas diretamente pelos Espíritos;
h) Tiptologia: sinais ou pancadas
formando palavras e frases inteligentes;
i) Sematologia: movimento de objetos
sem contato físico, traduzindo um desejo, um sentimento.
Fenômenos Subjetivos
a) Intuição: é o mecanismo mediúnico
mais evoluído da espécie humana. O médium consegue captar conteúdos mentais da
dimensão espiritual e de lá retirar imagens, idéias ou grupos de pensamentos;
b) Vidência: é a percepção visual dos
fatos que se passam na dimensão espiritual;
c) Audiência: pode-se ouvir através
dos órgão auditivos do corpo físico vozes, mensagens bem caracterizadas ou
dentro do cérebro onde as vibrações atingem os centros nervosos ou, ainda, em
alguma zona espiritual;
d) Desdobramento: o Espírito do médium
desloca-se em desdobramento perispiritual às regiões espirituais ou aqui mesmo
na Terra, mas sem se materializar;
e) Psicometria: é a faculdade
mediúnica onde o indivíduo torna-se capaz de registrar e identificar os fluidos
de objetos e locais;
f) Psicografia: manifestação mediúnica
através da escrita. Pode ser observada em graus e aspectos diversos:
g) Psicofonia: é a manifestação
mediúnica através da fala.
Teoria das Manifestações Físicas
Se temos um efeito - o fenômeno físico - ele deve ter uma causa.
Vamos analisar os fenômenos mediúnicos produzidos pelos Espíritos
desencarnados buscando saber como se opera esta ação, qual o seu mecanismo.
Notemos que estas teorias não nasceram de cérebros humanos, mas
foram eles próprios, os Espíritos desencarnados, que as deram. Fizeram-nos
conhecer primeiro a sua existência, sua sobrevivência, independentemente do
corpo físico ou carnal. Em segundo lugar, a existência de um envólucro
semi-material que lhes serve de corpo no mundo espiritual e que tem
possibilidades de ação sobre a matéria física. É o perispírito, termo criado
por Allan Kardec para designar o corpo perispiritual - a condensação do fluido
(que tem origem no Fluido Cósmico Universal - FCU) em torno de um foco de
inteligência que é o Espírito. O perispírito é um subproduto do FCU e é
variável em sua maior ou menor condensação. O que lhe dá propriedades especiais
para agir sobre a matéria.
O perispírito é o intermediário entre o Espírito e corpo físico,
formando assim o complexo humano:
1 - Espírito
2 - perispírito
3 - corpo físico
O fenômeno mediúnico de efeito físico, isto é, aquele que sensibiliza
nossos sentidos físicos, tem sua explicação na ação do perispírito. Para atuar
sobre um objeto inanimado, o Espírito desencarnado combina o seu fluido
perispiritual com o fluido que escapa do médium, satura os espaços
interatômicos e intermoleculares da matéria e, com a força do pensamento,
agindo como deseja. Temos como exemplo a movimentação de objetos e a
comunicação por pancadas.
Manifestação Físicas Espontâneas
Em alguns lugares, tal como aconteceu com as irmãs Fox, em Hydesville,
em 1848, observam-se fenômenos mediúnicos ostensivos, como batidas ou
levantamento de objetos, sem que nenhuma pessoa tivesse intenção de
consegui-lo. Ocorrem espontaneamente, e muitas vezes ao dar origem aquilo que
se costuma denominar de "casa mal assombrada".
Devemos analisar, primeiramente, se fenômenos como esses não são:
- frutos da imaginação ou alucinações;
- de causa física conhecida;
- mistificações, fraudes de pessoas inescrupulosas.
Excluídas as causas acima, iremos analisar o motivo pelo qual os
fenômenos ocorrem ou são provocados:
1. perseguição
de Espíritos;
2. desejo de
comunicar-se com a finalidade de expor alguma preocupação ou intenção;
3. brincadeiras
para assustar;
4. intenção
de provar sua sobrevivência e que o Espírito é uma realidade.
Como agir?
1. Não dar
atenção quando o fenômeno for produzido por Espíritos brincalhões;
2. orientar,
quando produzidos por Espíritos perturbadores e vingativos;
3. atender às
solicitações, quando justas, daqueles Espírito dentro de nossas possibilidades;
4. Orar. A
prece sincera e partida do íntimo da alma, tocar-lhes-ão o coração e os
ajudarão naturalmente.
Bibliografia
1) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
2) No
Invisível - Léon Denis
3) O Fenômeno
Espírita - Gabriel Dellane
4) A História
do Espiritismo - Arthur Conan Doyle
5) Nos
Alicerces do Inconsciente - Jorge Andréa
Capítulo 5
Os Fluidos Espirituais
Introdução
O estudo dos fenômenos espíritas fez-nos conhecer estados de
matéria e condições de vida que a Ciência havia longo tempo ignorado.
Ficamos sabendo que, além do estado radiante, a matéria, tornada
invisível e imponderável, se encontra sob formas cada vez mais sutis que se
denominam fluidos. À medida que se rarefaz, adquire novas propriedades e
uma capacidade de irradiação sempre crescente; torna-se uma das formas da
energia.
Esta força, gerada pelo próprio Espírito encarnado ou desencarnado,
tem sido designada sob os nomes de força ódica, fluído magnético, força
elétrica, força psíquica e, mais recentemente, de Bioenergia. É através dessa
energia específica que os Espíritos interagem uns com os outros e exercem a sua
influência no mundo corpóreo.
Conceitos Básicos
Em [LE-qst 27] dizem os benfeitores espirituais que todas as
coisas que existem no Universo podem ser sistematizadas em três elementos
fundamentais denominados de TRINDADE UNIVERSAL. Esses elementos são:
DEUS -
ESPÍRITO - MATÉRIA
|
Deus: a causa primária, a
inteligência suprema, cuja natureza não nos é dada conhecer, agora;
Espírito: o princípio
inteligente, uma "energia pensante", com inteligência e moralidade
próprias;
Matéria: que na definição
espírita é "tudo sobre o qual o Espírito exerce a sua
ação."
Observa-se, portanto, que o conceito espírita de matéria transcende
à definição da física oficial (tudo que tem massa e ocupa lugar no espaço). Se
retirarmos do Universo os Espíritos e Deus, tudo o que restar é matéria.
Reconhece-se três tipos de matéria:
a) Matéria Ponderável: é a matéria do
mundo físico, que preenche o mundo dos encarnados e dá origem aos corpos
físicos;
b) Matéria Imponderável: é a matéria do mundo
espiritual, num tônus vibratório mais elevado que não nos é dado perceber.
Forma o perispírito, as construções do mundo espiritual e os fluidos
espirituais.
c) Fluido Cósmico Universal (FCU): é a
matéria elementar primitiva, dispersa por todo o Universo. Uma matéria
extremamente sutil, cujas modificações e transformações vão constituir a
inumerável variedade dos corpos da natureza. É nesse elemento primordial para a
vida, que vibram e vivem todos os seres e todas as coisas: constelações e
sóis, mundos e almas, como peixes no oceano. A manipulação desse fluido pelos
Espíritos através de seus pensamentos e sentimentos, vai dar origem aos
fluidos espirituais.
Mecanismo de Formação
O benfeitor André Luiz define Fluidos Espirituais como
sendo
"um fluido vivo e multiforme, estuante e inestancável, a
nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo até certo ponto, por
subproduto do fluido cósmico, absorvido pela mente humana, em processo
vitalista semelhante do Criador, esparsa em todo o cosmos, transubstanciando-a,
sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si
mesma."
Observa-se pela definição de André Luiz que todo um processo
dinâmico e complexo envolve a formação dos Fluidos Espirituais. Ao ser
absorvido pelo corpo espiritual, o Fluido Universal será manipulado na mente. A
mente humana, sediada no Centro Coronário é um brilhante laboratório de
forças sutis, onde o pensamento e a vontade estão aglutinando as
partículas do Fluido Cósmico Universal e dando a elas as suas próprias
características. O Fluido Espiritual específico da individualidade, será
distribuído por todos os centros de força, ocupará as regiões mais
íntimas do perispírito e ao se exteriorizar para fora da organização
espiritual irá constituir a aura, distribuindo-se, logo após, pelo ambiente,
formando a atmosfera espiritual do local.
A Aura
A aura é o resultado da difusão dos fluidos espirituais para além
da organização perispiritual. Forma em torno do Espírito um envoltório
fluídico, de cerca de 20 a 25 cm a partir da superfície do corpo, segundo
Hernani Guimarães de Andrade, e vai se constituir no retrato de nosso mundo
íntimo. O que somos, o que pensamos e o que sentimos será fielmente retratado
em nosso campo áurico.
Todos os elementos da natureza possuem a sua aura típica, mas será
no homem, devido aos seus diversos estados de sensibilidade e afetividade, que
as irradiações áuricas irão sofrer as mais profundas modificações.
No ano de 1939, o técnico em Eletricidade Semyon Kirlian,
coadjuvado por sua esposa Valentina, na Rússia, construiu uma câmara elétrica
de alta freqüência na qual se pode obter fotografias das auras. Denomina-se
KIRLIANGRAFIA a técnica que hoje estuda e interpreta a aura humana. Nos dias
atuais, existem muitos trabalhos de registro dessas irradiações áuricas, mostrando,
muitos deles, as mudanças do campo áurico relacionadas aos diversos estados
emocionais, como também as mudanças relacionadas às condições de saúde e
enfermidade.
Acredita-se que, no futuro, o estudo da aura, através da fotografia
Kirlian, venha a ser de grande utilidade na Medicina, na Psicologia e em
muitas outras áreas da Ciência oficial, no entanto, no presente momento,
apesar
"De inúmeras observações ainda não se chegou a conclusões
precisas de como interpretar as modificações desses campos e seus respectivos
reflexos na zona física, principalmente em suas posições patológicas. (Jorge
Andréa)
Características dos Fluidos
Os fluidos espirituais não possuem qualidade sui generis,
mas sim, qualidades do indivíduo que os elaborou. Em decorrência então da
evolução espiritual e das peculiaridades particulares de cada pessoa, os
fluidos irão assumir características diversas:
a) Pureza: varia ao infinito e depende
do grau de evolução moral que a criatura já alcançou. Os fluidos menos puros,
densos, grosseiros, formam a atmosfera espiritual do planeta, em decorrência
do atraso espiritual que ainda caracteriza a população de Espíritos vinculados
ao orbe terrestre. Os fluidos espirituais vão se eterizando e se sutilizando à
medida que se afastam da crosta, assumindo um grau de pureza sempre crescentes.
As esferas espirituais mais afastadas da superfície da Terra são formadas dos
fluidos mais puros em virtude de serem habitadas por entidades moralmente mais
elevadas.
b) Propriedades Físicas: os fluidos
espirituais apresentam características físicas como: odor, coloração,
temperatura, etc. Pessoas portadoras de sensibilidade mediúnica podem perceber
essas características.
c) Qualidade dos Fluidos:
têm conseqüências de importância capital a qualidade dos fluidos espirituais.
Sendo esses fluidos formados a partir do pensamento e, podendo este
modificar-lhes as propriedades, é evidente que eles devem achar-se impregnados
das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar.
Será, portanto, a soma dos sentimentos da individualidade, o
"raio da emoção", na expressão de André Luiz, que irá qualificar o
fluido, dando a ele potencialidades superiores ou inferiores.
Nesse sentido, os fluidos vão trazer o cunho dos sentimentos de
ódio, inveja, ciúme, hipocrisia, de bondade, de paz, etc. A qualidade dos
fluidos será, em síntese, o reflexo de todas as paixões, das virtudes e dos
vícios da humanidade.
Assim sendo, encontra-se-á fluidos balsamizantes, alimentícios,
vivificadores, estimulantes, anestesiantes, curativos, soníferos, enfermiços,
etc.
Fluidos e Perispírito
Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica a dos
fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe
de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais
direta, quanto por sua expansão e sua irradiação com eles se confunde.Atuando
esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno reage sobre o organismos
materiais com que se acha em contato íntimo.
Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão
salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os
eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas e mentais das mais sérias.
Muitas enfermidades têm sua gênese nesta absorção de natureza infeliz.
Bibliografia
1) A Gênese -
Allan Kardec
2) No
Invisível - Léon Denis
3) Evolução
em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier
Capítulo 6
O Perispírito
A Visão do Perispírito antes do Espiritismo
Através das épocas mais remotas, as religiões e as filosofias
procuraram um elemento fluídico ou semi-material que pudesse servir de traço de
união entre o corpo físico - material, e o Espírito - quintessenciado e sutil,
donde resultou, para o perispírito, uma variada e complexa sinonímia.
No Egito, a mais antiga crença, a dos “começos” (5.000
a.C.) já acreditava na existência de um corpo para o Espírito, denominado
"kha", que quer dizer “o duplo”. Na Índia, o livro sagrado dos
Vedas refere em seus cânticos ao "Linga Sharira". Na China,
Confúcio falava sobre "corpo aeriforme". Para os antigos hebreus era
o "Nephesch", que levava no seu íntimo o sopro Divino. Na
Grécia, os filósofos adotavam variada nomenclatura para designarem o envoltório
do Espírito; Pitágoras - "carne sutil da alma"; Aristóteles -
"corpo sutil ou corpo etéreo"; Hipócrates - "Eidolon".
Paracelso, precursor da Química moderna, deu-lhe o nome de
"corpo astral", baseado na sua cor prateada e luminosidade própria.
Para os pensadores da Escola de Alexandria, era denominado, "Astroidê",
"corpo aéreo" e "veículo da alma".
Paulo em uma epístola [I Coríntios-cap 15 v.42,44] refere-se ao
"corpo espiritual" ou "corpo incorruptível". Tertuliano
chama-lhe de "corpo vital da alma". Santo Agostinho, São Bernardo,
Santo Hilário e São Basílio, identificaram-no como invólucro da alma, "Pneuma".
A Visão Espírita do Perispírito
O termo perispírito foi criado por Allan Kardec:
"Envolvendo o gérmen do fruto, há o perisperma; do mesmo
modo, um substância que, por comparação, se pode chamar de perispírito, serve
de envoltório ao Espírito" [Le-qst 93]
É Allan Kardec que explica ser o perispírito laço de união entre
a alma e o corpo físico, laço este semi-material, ou seja, de natureza intermediária
entre o Espírito e o corpo físico.
Assim, podemos dizer que o homem é formado de três partes essenciais:
a) O corpo físico, ou seja, corpo material, análogo ao
dos animais;
b) A alma, o Espírito encarnado, que tem no corpo sua
habitação, o princípio inteligente, em que residem o pensamento, a vontade e o
senso moral;
c) O perispírito, substância semi-material que serve
de envoltório ao Espírito, ligando a alma ao corpo físico.
A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro, o Espírito
conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no
estado normal, mas que pode tornar-se visível e mesmo tangível, como sucedem
nos fenômenos das aparições.
O Dr. Encause, escritor neo-espiritualista, que foi médico e
professor da Escola de Paris, sugere em [Alma Humana] uma engenhosa comparação,
própria para a sua época, mas muito explicativa: o homem encarnado é comparado
a uma carroça puxada por um animal. O carro da carroça, que por sua natureza
grosseiramente material e por sua inércia, corresponde bem ao nosso corpo
físico. O cavalo seria nosso perispírito, que unido por tirantes ao carro e por
rédeas ao cocheiro, move todo o sistema, sem participar da resolução da
direção. O cocheiro é o Espírito, que dirige e orienta a direção e a
velocidade. O Espírito quer, o perispírito transmite, e o corpo físico executa
a ordem na matéria.
O perispírito, ou corpo fluídico do Espírito, é um dos mais importantes
produtos do Fluido Cósmico Universal; é uma "condensação" desse
fluido em torno de um foco inteligente. Sabemos que o corpo físico tem o seu
princípio de origem nesse mesmo fluido, condensado e transformado em matéria
tangível. No perispírito, a "transformação molecular" se opera
diferentemente, porquanto, o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas
qualidades etéreas. O corpo perispiritual e o corpo carnal tem, pois, origem no
mesmo elemento primitivo - ambos são matéria - ainda que em dois estados
diferentes.
Do meio onde se encontra, é que o Espírito extrai do Fluido
Cósmico Universal o seu perispírito, dos fluidos do ambiente. Resulta daí que
os elementos constitutivos do perispírito, naturalmente variam conforme o
mundo.
A natureza do envoltório fluídico, está em relação com o grau de
adiantamento moral do Espírito: nos Espíritos puros será belo e etéreo; nos
Espíritos infelizes materializado e grosseiro. O Espírito forma o seu
perispírito das partes mais puras ou mais grosseiras do FCU peculiar ao mundo
onde vive. Daí deduzirmos que a constituição íntima do perispírito não é a
mesma em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que formam a humanidade
terrestre. Como afirma Allan Kardec:
"O perispírito passa por transformações sucessivas,
tornado-se cada mais etéreo, até a depuração completa, que é a condição dos
Espíritos puros."
O perispírito não está absolutamente preso ao corpo do encarnado,
irradia mais ou menos fora dele, segundo a sua pureza, com diâmetros variáveis
de indivíduo para indivíduo, em cores e aspectos diferentes, constituindo a
"aura do homem encarnado".
Toda a sensação que abala a massa nervosa do corpo físico, desprende
uma energia, uma vibração, à qual se deu muitos nomes: fluido nervoso, fluido
magnético, força psíquica, etc. Esta energia age sobre o perispírito, para
comunicar-lhe o movimento vibratório particular, segundo o território cerebral
excitado, de maneira que a atenção da alma seja acordada e que se produza o
fenômeno de percepção; o Espírito emite então a ordem da resposta, que, através
do perispírito atinge o corpo e efetuará a manifestação material da resposta.
Estímulo
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®
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Corpo
Físico
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Fluido
Nervoso
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Períspirito
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Espírito
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Resposta
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A vibração causada no perispírito pelo fluido nervoso ficará
armazenada durante algum tempo a nível consciente, para posteriormente passar a
nível inconsciente. Temos assim, no perispírito, um arquivo de todas as
experiências do corpo físico, desde o momento da concepção até a desencarnação.
Durante o processo reencarnatório, à medida que o novo corpo vai
se formando, a união com o perispírito ocorre molécula a molécula, célula a
célula. Assim, o perispírito vai moldando o corpo físico que se forma,
funcionando, segundo Emmanuel, como o
"Mantenedor de união molecular que organiza as
configurações típicas de cada espécie."
Outra função importante do perispírito é na mediunidade. Um
Espírito só consegue se manifestar em nosso meio, através da combinação de seus
fluidos perispirituais com os fluidos perispirituais do médium, que passam a
formar uma espécie de "atmosfera fluídico-espiritual" comum às suas
individualidades, atmosfera esta que torna possível os fenômenos mediúnicos
nos seus diferentes tipos.
Resumindo, as principais funções do perispírito são:
1. servir de
veículo de união do corpo físico com o Espírito;
2. arquivar
nas suas camadas sutis e permanentes, os conhecimentos adquiridos através de
nossa evolução individual;
3. irradiar-se
em volta do corpo físico, interpenetrando-o, constituindo um dos componentes da
aura humana;
4. servir de
molde para a formação do corpo físico;
5. permitir a
ocorrência dos fenômenos mediúnicos.
"Tão arrojada é a tentativa de transmitir informes sobre a
questão aos companheiros encarnados, quão difícil se faria esclarecer à largarta
com respeito ao que será ela depois de vencer a inércia da crisálida colocado
no chão, arrastando-se pesadamente, o inseto não desconfia que transporta
consigo os germes das próprias asas." (Emmanuel)
Bibliografia
1) O Livro
dos Espíritos - Allan Kardec
2) A Gênese -
Allan Kardec
3) Obras
Póstumas - Allan Kardec
4) Antologia
do Perispírito - José Jorge
5) Correnteza
de Luz - José Raul Teixeira
6) Alma
Humana - Antônio Freire
Capítulo 7
Os Centros de Força e A Glândula Pineal
Introdução
Sabemos que os Espíritos encarnados e desencarnados são dotados de
um corpo fluídico, semi-material, isto é, composto de fluidos em diferentes
estados de condensação. Esse corpo fluídico é o perispírito ou corpo espiritual.
O perispírito está intimamente regido por vários centros de força
que trabalham vibrando uns em sintonia com os outros, sob o poder diretor da
mente. A mente é que determina o funcionamento mais ou menos equilibrado destes
centros de força e são eles que dão condições para que o perispírito desempenhe
as suas várias funções.
A localização desses centro de força no perispírito corresponde a
dos plexos no corpo físico, com exceção dos que estão no crânio perispiritual,
o coronário e o frontal, que se ligam aos centros encefálicos.
Plexos são feixes nervosos do corpo físico onde há maior concentração
de nervos.
Os centros de força são também denominados de discos energéticos e
centros vitais, mas são vulgarmente conhecidos pelo nome de chacras, por causa
das filosofias orientais.
Chacra é palavra sânscrita que significa “roda”, pois eles
têm forma circular com mais ou menos 5cm de diâmetro, possuem vários raios de
ação que giram, incessantemente, com a passagem da energia, lembrando um
ventilador em movimento.
Cada um tem as suas cores próprias, características. Quanto mais
evoluída a pessoa, mais brilhantes são essas cores, alcançam maior diâmetro e
os seus raios giram com maior desenvoltura.
São eles que distribuem, controlam e dosam as energias que o nosso
corpo físico necessita, como também regulam e sustentam os sentimentos, as
emoções, e alimentam as células do pensamento.
É através dos centros de força que são levadas as sensações do
corpo físico para o Espírito, pois são eles que captam as energias e as
influências exteriores.
O Fluido Cósmico Universal ao ser absorvido é metabolizado pelo
centro coronário, em fluido espiritual - uma energia vitalizadora -
imprescindível para a dinâmica do nosso corpo físico, sentimentos, emoções e
pensamentos.
Após a metabolização, essa energia circula pelos outros centros de
força e é canalizada através da rede nervosa para todo o organismo com maior ou
menor intensidade de acordo com o estado emocional da criatura, porque eles
estão subordinados a impulsos da mente, irradiando-se, posteriormente, em seu
derredor, formando a nossa aura, que é uma espécie de espelho fluídico capaz de
refletir o que se passa no campo psíquico. Ela reflete o nosso estado de Espírito.
Hábitos, conduta e ações nocivas, todos os atos contrários às Leis
Divinas, tornam os chacras desequilibrados e comprometem o funcionamento
harmonioso do conjunto.
Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro
de força correspondente que reagirá sobre o corpo físico.
Exemplo:
- maledicência, calúnia -> desequilibra o centro de força
laríngeo;
- sentimentos inferiores (inveja, ciúme, egoísmo, vaidade,
mágoa) -> desequilibram o centro de força cardíaco;
- sexo sem amor, sem respeito ou sem responsabilidade ->
desequilibra o centro de força genésico.
Quanto mais equilibrados e harmônicos entre si, mais saúde física
e psíquica para a criatura e maior carga de energias ou forças vitalizadoras
teremos para doar no processo de irradiação.
O equilíbrio para os nossos chacras conseguiremos através da
reforma íntima, pela reforma moral, através do burilamento das nossas facetas
negativas, procurando desfazer-nos das imperfeições que ainda trazemos dentro
de nós.
São em número de sete os principais centros de força:
a) Centro Coronário: é o mais importante pelo seu alto
potencial de radiações.
Nele se assenta a ligação com a mente. Relaciona-se materialmente
com a epífise ou glândula pineal, ligando os planos espiritual e material.
Recebe, em primeiro lugar, os estímulos do Espírito comandando os
demais, vibrando, porém, com eles em regime de interdependência, isto é, são
ligados entre si, obedecem ao comando do coronário, mas cada um tem a sua
função própria. É como se todos formassem uma orquestra e o coronário fosse o
regente.
Dele emanam as energias de sustentação de todo o sistema nervoso.
É o grande assimilador das energias solares e captador dos raios que a
espiritualidade superior envia para a Terra, capazes de favorecer a sublimação
das almas. Esse centro de força desenvolve-se na proporção da evolução
espiritual.
b) Frontal ou Cerebral: tem grande influência sobre os
demais.
Relaciona-se materialmente com o córtex cerebral. Trabalha em
movimentos sincrônicos e de sintonia com o centro coronário, do qual recolhe
os estímulos mentais, transmitindo impulsos e anseios, ordens e sugestões aos
órgãos e tecidos, células e implementos do corpo por que se expressa.
É responsável pelo funcionamento dos centros da inteligência.
Comanda os 5 sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar.
Comanda através da hipófise todo o sistema glandular interno, com
exceção do timo, tireóide e paratireóides.
Administra todo o sistema nervoso. O coronário fornece as energias
e ele administra.
É por este centro de força que podemos, segundo a nossa vontade,
irradiar calma, alívio, equilíbrio, conforto a quem esteja necessitando,
bastando usar a força do pensamento. É responsável pelos poderes mentais.
c) Laríngeo: controla os órgãos da respiração, da fala
e as atividades do timo, da tireóide e paratireóides. Relaciona-se com o plexo
cervical. É um centro de força muito desenvolvido nos grandes cantores e
oradores.
d) Cardíaco: controla, regula as emoções. Comanda os
sentimento. É responsável pelo funcionamento do coração e do aparelho
circulatório. Relaciona-se materialmente com o plexo cardíaco.
e) Esplênico: responsável pelo funcionamento do baço,
pela formação e reposição das defesas orgânicas através do sangue.
Relaciona-se materialmente com o plexo mesentérico e baço.
f) Gástrico ou Umbilical: responsável pelos aparelhos
digestivos. Relaciona-se com o plexo solar. Responsável pela absorção dos
alimentos.
g) Genésico ou Básico: relaciona-se com os plexos
sacro e lombar. Responsável pelos órgãos reprodutores e das emoções daí
advindas. Como diz André Luiz, nele se assenta o santuário do sexo. É responsável
não só pela modelagem de novos corpos físicos como pelos estímulos criadores
com vistas ao trabalho, à associação e a realização entre as almas. São essas energias
sexuais, quando equilibradas, que levam os homens a pesquisar no campo da
Ciência, da tecnologia com vistas a descobrir remédios, vacinas, inventar
aparelhos, máquinas que visem a melhorar a qualidade de vida dos homens.
Levam também as pessoas a criarem no ramo das Artes, da Literatura
ou em qualquer outro ramo cultural ou educacional. Quando equilibradas, levam
as pessoas a se dedicarem a obras beneméritas, a se associarem para promover os
homens socialmente, para estabelecerem a paz e a concórdia entre a humanidade,
defenderem a natureza, etc.
Quanto mais evoluída a pessoa, mais ampliação terá das forças
sexuais em inúmeras atividades para o bem. Vai havendo maior diversificação na
canalização dessas energias. Elas deixam de ser canalizadas somente para o
erotismo, como acontece nas pessoas menos evoluídas. As que já conseguem viver
em regime de castidade sem tormento mental podem canalizar estas energias para
o trabalho em benefício do próximo, para o campo da Ciência, da Cultura, da
Mediunidade.
A Glândula Pineal
Jorge Andréa, médico psiquiatra, expositor e escritor espírita,
que há muitos anos tem se dedicado aos estudos da mediunidade e das obsessões,
afirma-nos em [Nos Alicerces do Inconsciente]:
"A tríade por excelência, da mais alta expressão no
mecanismo mediúnico,seria representada:
a) pela glândula pineal;
b) pelos centros de energia vital ou chacras;
c) pelo sistema neuro-vegetativo."
Como podemos notar, a glândula pineal e o sistema neuro-vegetativo
são órgãos do corpo físico e os centros de energia vital são órgãos do corpo
perispiritual.
A glândula pineal foi bastante conhecida dos antigos, fato
observado através de descrições existentes. A escola de Alexandria participou
ativamente dos estudos da pineal que achavam-se ligados a questões religiosas.
Os gregos conheciam-na como conarium, e os latinos como pinealis,
semelhante à uma pinha. Estes povos, em suas dissertações, localizavam na
pineal o centro da vida. Mais tarde, os trabalhos sobre a glândula pineal se enriqueceram
com estudos de De Graff, Stenon e Descartes que, em 1677, fez uma minuciosa
descrição da glândula, atribuindo-lhe papel relevante que se tornou conhecida
até os nossos dias. Para ele:
"A alma é o misterioso hóspede da glândula pineal."
No início do séc. XIX, embriologistas relacionaram a pineal ao
terceiro olho de alguns répteis lacertídeos da Nova Zelândia e passaram a
considerá-la como um órgão vestigial, abandonado pela natureza, o que atrasou,
em muito, os estudos sobre a pineal. Porém, em 1954, vários estudiosos
publicaram um livro como o somatório crítico de toda a literatura existente
sobre a glândula pineal, chegando a algumas conclusões que foram comprovadas em
trabalhos subsequentes. Dentre estas:
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que a glândula pineal passou de um órgão
sensorial a uma glândula de secreção endócrina, entretanto, permanece sofrendo
influência da luz, ou seja: a luz inativa a pineal e a ausência de luz, ativa a
pineal;
·
a pineal teria influência sobre o amadurecimento
das glândulas sexuais - ovários e testículos; quando atuante, a pineal inibiria
o desenvolvimento destas glândulas, e a inatividade da pineal permitiria o seu
desenvolvimento ocorrendo assim o aflorar da sexualidade;
·
seus hormônios favoreceriam o sono, diminuiriam
crises convulsivas, sendo por isso conhecida como glândula da tranquilidade;
·
atuaria ainda como reguladora das funções da
tireóide, pâncreas e supra-renais;
·
seria ainda uma reguladora global do sistema
nervoso central.
Temos, até aqui, um ligeiro resumo do que a Ciência oficial
conhece hoje sobre a glândula pineal Busquemos agora, algumas considerações
espíritas. Allan Kardec [LM-it 226] questiona aos Espíritos:
O desenvolvimento da mediunidade guarda relação como o
desenvolvimento moral do médium?
Não, a faculdade propriamente dita se radica no organismo não
depende da moral.
Tecem a seguir valiosos comentários quanto ao problema do uso da
faculdade. Interessa-nos, porém, a expressão textual dos Espíritos: a faculdade
propriamente dita se radica no organismo, esta afirmação aguça-nos a sã
curiosidade de pesquisar em torno da sede da mediunidade. Qual seria o órgão
responsável por tal aquisição fundamental do Espírito encarnado? Na época em
que Kardec codificou o Espiritismo pouco se conhecia da anatomia e estrutura
microscópica da pineal e muito menos ainda de suas funções. Com o avanço da
Ciência, porém, houve condições de recebermos informações mais amplas dos
Espíritos através das obras complementares da codificação. André Luiz, é, sem
dúvida alguma, o autor espiritual que mais amplas elucidações nos faz sobre o
assunto.
Em [Missionários da Luz-cap I e II] André Luiz estudando um médium
psicógrafo com o instrutor Alexandre, observa a epífise - ou pineal - do médium
que está a emitir intensa luminosidade azulada, e o instrutor Alexandre
esclarece:
"No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a pineal
desempenha o papel mais importante.
André Luiz observa: - Reconheci que a glândula pineal do médium
expedia luminosidade cada vez mais intensa... a glândula minúscula
transformara-se em núcleo radiante e ao redor, seus raios formavam um lótus de
pétalas sublimes.
André Luiz prossegue narrando o que vê: - Examinei atentamente
os demais encarnados, em todos eles a pineal apresentava notas de luminosidade,
mas em nenhum brilhava como no médium em serviço.
Alexandre esclarece: pode reconhecer agora que todo centro
glandular é uma potência elétrica. Através de suas forças equilibradas, a mente
humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa
esfera espiritual, é na pineal que reside o sentido novo dos homens,
entretanto, na grande maioria, a potência divina dorme embrionária."
Em [Evolução em Dois Mundos-cap IX], que fala da Evolução do
cérebro, André Luiz explica a evolução da pineal, que deixou de ser um olho
exterior, como era nos lacertídeos da Nova Zelândia, para fazer parte do
cérebro em seu interior na zona mais nobre o tálamo, relacionando às emoções
mais sutis. Em [Missionários da Luz], o instrutor Alexandre fornece ainda
outras informações a André Luiz:
"Não se trata de um órgão morto segundo as velhas
suposições, é a glândula da vida mental. Ela acorda no organismos do homem na
puberdade, as forças criadoras, e em seguida continua a funcionar como o mais
avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. Aos 14 anos
aproximadamente, a glândula reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus
maravilhosos mundos de sensações e impressões da esfera emocional. Entrega-se a
criatura à recapitulação da sexualidade, examinando o inventário de suas
paixões vividas em outras épocas, que reaparecem sob fortes impulsos. Ela
preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão
no corpo etéreo. Desata de certo modo os laços divinos da natureza, os quais
ligam as existências umas às outras, na sequência de lutas pelo aprimoramento
da alma e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras de que a criatura
se acha investida."
Vemos então atribuídas à glândula pineal funções que só agora
estão sendo esclarecidas pela Ciência oficial. Segundo revelações dos
instrutores espirituais, ela domina o campo da sexualidade e estabelece contato
com o mundo extra-corpóreo.
Continuando as elucidações doutrinárias, voltemos a [Missionários
da Luz] e vamos encontrar André Luiz surpreso com a amplitude de funções da
pineal, e, a certa altura, interroga a Alexandre sobre o papel das gônadas
(testículos e ovários) no desencadeamento e preservação das energias sexuais.
Alexandre esclarece:
"As glândulas genitais são demasiadamente mecânicas para
guardarem os princípios sutis e quase imponderáveis da geração. Acham-se absolutamente
controladas pelo potencial magnético de que a pineal é a fonte fundamental. As
glândulas genitais segregam hormônios psíquicos ou unidades-força que vão atuar
nas energias geradoras. Os cromossomas da bolsa seminal não lhe escapam à
influenciação absoluta e determinada".
Alexandre prossegue fornecendo valiosas informações sobe a influência
do nosso estado emocional, sobre as gônadas - via glândula pineal, o que é de
grande importância para os padrões de conduta íntima que devem vigorar em cada
um de nós.
Bibliografia
1) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
2) Missionários
da Luz - André Luiz/Chico Xavier
3) Evolução
em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier
4) Grilhões
Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco
5) Entre a
Terra e o Céu - André Luiz/Chico Xavier
6) Forças
Sexuais da Alma - Jorge Andréa
7) Nos
Alicerces do Inconsciente - Jorge Andréa
Capítulo 8
O Pensamento:
Ideoplastia E Criações Fluídicas
Introdução
O Princípio Inteligente (P.I.), através de sua longa viagem pelos
Reinos da Natureza, foi desenvolvendo características e aptidões importantes e
indispensáveis para a sua evolução. Funções rudimentares e simples, se
transformaram, com o passar do tempo, em funções cada vez mais especializadas e
complexas. Da função desenvolvida por uma única organela celular tivemos o
aparecimento de maravilhosos e competentes aparelhos e sistemas orgânicos.
Tudo isso exigiu um controle eficiente e preciso; assim o P.I. foi
desenvolvendo simultaneamente o sistema nervoso, para desempenhar esta tarefa.
Após milênios, de evolução estava pronto o espetacular órgão do corpo humano,
o cérebro, que passou a ser o dirigente e o gerente de cada repartição do corpo
físico do homem.
O Cérebro
Ao nascimento, o cérebro humano pesa aproximadamente 500 gramas e
possui cerca de 100 milhões de neurônios (células nervosas). No adulto o
cérebro pesa aproximadamente 1500 gramas e tem também cerca de 100 milhões de
neurônios. Sabemos, que a partir do nascimento, o homem vai desenvolvendo cada
vez mais as suas aptidões, e este desenvolvimento, como vimos, não decorre da
multiplicação das células nervosas. Hoje sabemos que este fato se dá pelo
aumento crescente da união entre estas células, ou seja, de sinapses nervosas
(nome que a Ciência dá à união entre as células nervosas).
Assim, o que diferencia o cérebro de uma criança do cérebro de um
adulto é o número de sinapses nervosas. A Ciência atual aceita que a maior ou
menor aptidão cerebral, se deve ao maior ou menor número de sinapses nervosas.
Podemos também estender estes conhecimentos aos animais, diferenciando-os em
aptidões de acordo com o número de sinapses nervosas.
O que é muito interessante, é que o fator determinante para termos
mais ou menos sinapses é diretamente proporcional ao exercício e ao estímulo
constante ao sistema nervoso, e também, que essa capacidade de formar
sinapses, ao contrário que muitos pensam, é a mesma do nascimento ao túmulo, ou
seja independe da idade do indivíduo demonstrando cientificamente que,
realmente, nunca é tarde para estudar e aprender.
Qualquer atividade nossa é comandada pelo cérebro, desde as mais
simples, como o piscar dos olhos, até as mais complexas como escrever, falar,
etc.
Se acompanharmos a evolução do P.I., vamos observar que as aptidões
após serem conquistadas, são armazenadas como patrimônio eterno do ser. À
medida que aptidões mais complexas se desenvolvem, as mais simples passam ao
controle do inconsciente (automatismo). Podemos assim dizer que: o cérebro
comanda o nosso corpo físico utilizando-se de ordens conscientes (falar,
escrever, andar, etc.) e ordens inconscientes (piscar os olhos, bater o
coração, respirar, etc.).
A Ciência da Terra consegue explicar como ocorrem as alterações
cerebrais diante de um estímulo, qual a área do cérebro responsável pelo
controle de certa função orgânica, explica como a ordem, partindo do cérebro,
atinge o orgão efetor. A Ciência terrena se perde quando não consegue entender
o motivo pelo qual, a um mesmo estímulo, duas pessoas respondem de forma tão
diferente em certas circunstâncias. Por que duas pessoas ao ouvirem uma
mensagem ou uma música, uma chega às lágrimas, enquanto a outra mostra-se
indiferente.
Para entendermos este aspecto, temos de recorrer à ciência não
convencional. O Espiritismo nos explica este fato com clareza.
Nós espíritas sabemos a diferença entre um Espírito encarnado e
outro Espírito desencarnado, e entre outras coisas, que o encarnado por
precisar atuar sobre a matéria densa, necessita do corpo físico. A Doutrina
Espírita, nos ensina que o corpo físico desde o momento da concepção é formado
tendo como molde o perispírito. Nosso corpo físico é uma cópia de nosso corpo
perispiritual (réplica rudimentar). Guardando certos limites, podemos afirmar
que o cérebro humano é uma réplica do cérebro perispiritual, e que este
cérebro físico seria rudimentar quando comparado ao cérebro perispiritual,
pois nem todas as características são passadas ao corpo físico, mas apenas as
possíveis e necessárias a cada reencarnação. Seriam dois computadores de gerações
diferentes.
O Pensamento
A ciência espírita nos ensina que a ordem realmente nasce na
vontade do Espírito que, por uma "vibração nervosa", faz vibrar certa
região de nosso cérebro perispiritual e este emite uma outra "vibração
nervosa" que faz a área correspondente no cérebro físico emitir uma ordem
ao órgão efetor do corpo físico.
Ou seja, quem realmente responde ao estímulo do meio é o Espírito,
e a resposta ganha o corpo físico através do perispírito. O Espírito pensa e
manda, o perispírito transmite e o corpo físico materialmente responde. No
exemplo que citamos, o Espírito ao ouvir a mensagem ou a música responde ao
estímulo. após julgá-lo utilizando-se de todo seu patrimônio moral e
intelectual, adquirido em reencarnação sucessivas, explicando assim a resposta
diferente de dois Espíritos ao mesmo estímulo. Ou seja, ocorre na matéria a
exteriorização de tudo aquilo que existe no Espírito como um todo. Albert
Einstein afirmava que todos nós vivemos em um Universo de energias, que a
matéria é, na verdade, a apresentação momentânea da energia, como a água, pode
apresentar-se em seus três estados (sólido, líquido e gasoso).
O sábio cientista nos ensinou que toda fonte de energia propaga
sua influência no Universo através de ondas (ex.: fonte de calor com ondas de
calor, fonte sonora com ondas sonoras, fonte luminosa como ondas de luz, etc.),
e que esta influência vai até ao infinito. Ao campo de influência, existente ao
redor de toda fonte de energia (matéria), a Ciência deu o nome de "CAMPO DE
INFLUÊNCIA DE EINSTEIN". Se analisarmos o campo de influência de uma fonte
de energia, vamos conseguir deduzir aspectos importantes desta fonte, mesmo sem
conhecê-la diretamente (o estudo feito pelos astrônomos com a irradiação emitida
das estrelas). Cada fonte de energia tem o seu campo de influência próprio.
Quando o Espírito pensa, estando encarnado ou não, pois como
vimos, quem pensa é o Espírito e não o cérebro físico, ele funciona como uma
fonte de energia, criando as ondas mentais (partículas mentais) gerando em
torno de si o CAMPO DE INFLUÊNCIA DA MENTE HUMANA, conhecido com o nome de hálito
mental, como nos ensina o autor espiritual André Luiz. Como cada um de nós
pensa de acordo com o seu patrimônio intelecto-moral, emitimos ondas mentais
diferentes, ou seja, cada um de nós tem o seu Hálito Mental próprio - HÁLITO
MENTAL INDIVIDUAL. Projetamos constantemente uma vibração nas partículas que
compõem nosso perispírito de acordo com a nossa evolução (cor, cheiro, sensação
agradável ou desagradável e alguém que se aproxima de nós, etc.).
A espiritualidade nos ensina que um grupo de Espíritos (encarnados
ou desencarnados) que pensa da mesma forma (evolução semelhante) formam um
Hálito Mental de um Grupo, HÁLITO MENTAL DE UMA COLETIVIDADE.
Como vimos, a energia de uma fonte se propaga através de ondas. A
Física nos ensina que o que diferencia uma onda de outra, são suas
características físicas como: amplitude, freqüência, comprimento, etc. Assim,
uma onda seria luminosa, outra de calor, outra sonora, outra mental, segundo
estas características físicas. Para simplificarmos a análise, utilizaremos
apenas a freqüência de uma onda, ou seja, o número de ciclos em determinado
tempo (ciclos por segundo). Assim teríamos ondas de alta, média e baixa
freqüência por exemplo. A física nos ensina que o campo de influência das ondas
que esta fonte emite (ex.: emissoras de rádio que emitem ondas de mais elevada
freqüência atingem maior distância de seu sinal). A espiritualidade nos ensina
que esta lei é obedecida na Ciência espiritual, ou seja, quanto mais evoluído
moralmente é o Espírito (encarnado ou desencarnado) mais alta a freqüência de
suas ondas mentais. Assim Espíritos muito evoluídos emitem ondas de altíssima
freqüência (maior o seu campo de influência) e Espíritos pouco evoluídos ondas
de baixa freqüência (menor o campo de influência). Assim, obedecendo a uma lei
física, podemos afirmar que o poder de influência do Bem é muito maior do que
do Mal.
A Física da Terra nos ensina que fontes que emitem ondas de
freqüências iguais se atraem e fontes que emitem ondas de freqüência deferentes
se repelem. Assim também ocorre com o Espírito, esteja ele encarnado ou não. O
local (dimensão) do Universo onde Espíritos que emitem o mesmo tipo de HÁLITO
MENTAL se encontram recebe o nome de FAIXA VIBRATÓRIA, ou FAIXA DE PENSAMENTO,
ou FAIXA DE INFLUÊNCIA. Quando se acha em uma faixa vibratória, o Espírito que
aí está atrai e é atraído para esta faixa, ou seja, alimenta e é alimentado dos
sentimentos dessa faixa de pensamentos ou de sentimentos. Devemos nos burilar,
no sentido de sempre estarmos em faixas vibratórias mais evoluídas; tudo
depende dos sentimentos (ondas) que criamos diuturnamente.
Ideoplastia
Ideoplastia - palavra de origem grega que trata do estudo das
formas através do pensamento. Na literatura espírita, também podemos encontrar
outras designações com o mesmo significado: criações fluídicas,
formas-pensamento, imagens fluídicas, ou, ainda, construções mentais. Sendo os
fluidos espirituais a atmosfera dos seres espirituais, os Espíritos tiram
desse elemento os materiais sobre os quais operam; é nesse meio que ocorrem os
fenômenos perceptíveis a sua visão e a sua audição.
Mecanismo e Duração
Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais empregando o
pensamento e a vontade, seus principais instrumentos de ação. Por este
mecanismo, eles podem imprimir aos fluidos, direção, pode lhes aglomerar,
combinar, dispersar, organizar, podendo também, mudar-lhes as propriedades. É
dessa forma que as águas podem ser fluidificadas, adquirindo certas qualidades
curadoras.
O pensamento reflete-se no perispírito, que é sua base e meio de
ação; ele reproduz todos os movimentos e matizes. Na medida em que o pensamento
se faz, instantaneamente o corpo fluídico retrata as formas criadas, deixando
de existir tão logo o mesmo pensamento cesse de agir naquele sentido.
Para o Espírito que é, também ele, fluídico, todas as criações
mentais são tão reais como eram no estado material quando encarnado; mas, pela
razão de serem fruto do pensamento, sua existência é tão fugidia quanto a
deste. O pensamento pode materializar-se criando formas de longa duração
conforme a persistência da onda em que se expressa.
Classificação
As construções mentais podem resultar de uma intenção
(voluntária) ou de um pensamento inconsciente (involuntária). Basta que o
Espírito pense numa coisa para que esta se reproduza. Tenha um homem, por
exemplo, a idéia de matar a outro, embora o corpo material se lhe conserve
impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos
os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto. A imagem da vítima é
criada e a cena toda é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola na
mente.
Isto permite entender por que todo e qualquer pensamento pode
tornar-se conhecido: por evidenciar-se no corpo fluídico, pode ser percebido
por outros Espíritos, encarnados ou desencarnados, que estejam vibrando em
sintonia. Mas, é importante considerar que o que realmente é visto pelo
observador é a intenção. Sua execução, todavia, vai depender da persistência
de propósitos, de circunstâncias que a favoreçam. Modificadas as intenções, os
planos também sofrerão mudanças.
As criações fluídicas inconscientes retratam as preocupações habituais
do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus anseios, desígnios bom ou
maus. Elas surgem e se desfazem alternadamente. As idéias, as lembranças
vividas, em nível inconsciente, também gravitam em torno de quem as elabora.
As criações fluídicas, que são fruto de uma intenção, são programadas
com um objetivo específico. Podem ser promovidas por mentores espirituais ou
obsessores. A técnica utilizada, tanto por Espíritos bons quanto por Espíritos
inferiores, é a mesma.
Os mentores espirituais atiram as lembranças construtivas e
plasmam quadros superiores que irão gerar renovação e força, equilíbrio,
serenidade e confiança em Deus. Durante o passe, enquanto a pessoa se encontra
predisposta, mais eficazmente as construções superiores são registradas.
Licantropia (Zooantropia)
Alguns Espíritos podem mostrar-se com a forma semelhante a de
determinados animais. São chamados fenômenos de zooantropia. Nestes casos, é
utilizado o poder hipnótico/magnético de uma mente mais poderosa sobre a
outra. A gênese de tais fenômenos encontra-se na consciência culpada da vítima
e, a base de ação, nos elementos plásticos do seu perispírito. Os obsessores
aproveitam sempre a idéia traumatizante, o sentimento de culpa ou o
rebaixamento moral voluntário, explorando deslizes presentes ou passados, bem
como a ignorância dos incautos.
Recursos ideoplásticos nas Reuniões Mediúnicas
Em cada reunião espírita, orientada com segurança, existem
Espíritos prestativos e operantes, eficientes e unidos que manipulam a matéria
mental necessária à formação de quadros educativos. São recursos
imprescindíveis à criação de formas-pensamento, com vistas à transformação dos
companheiros em sofrimento e desequilíbrio que se manifestam.
Para se recuperarem, é indispensável que recebam o concurso de
imagens vivas sobre as impressões vagas e descontínuas a que se recolhem.
Esses operadores agem com precedência, consultando-lhes as reminescências,
observando-lhes o pretérito e anotando-lhes os labirintos psicológicos, a fim
de que nos santuários mediúnicos, sejam conduzidos a metamorfoses mentais,
imprescindíveis à vitória do bem.
Assim, formam-se jardins, templos, fontes, hospitais, escolas,
oficinas, lares e quadros outros em que os Espíritos comunicantes sintam-se
como que tornando à realidade pregressa, através da qual põem-se mais
facilmente ao encontro da realidade espiritual, sensibilizando-os nas fileiras
mais íntimas. Pelo mesmo processo são-lhes revitalizadas a visão, a audição, a
memória e o tato.
Importante: pelos mesmos recursos ideoplásticos são criados
quadros para ajudar a mente dos encarnados que operam na obra assistencial
dentro do Evangelho de Jesus. Para isso, é necessário oferecer o melhor
material dos nossos pensamentos, palavras e atitudes. Toda cautela é
recomendável no esforço preparatório de uma reunião espírita para socorro a
desencarnados menos felizes, mesmo quando não sejamos portadores de maiores
possibilidades; através da oração convertamo-nos em canais de auxílio, apesar
da precariedade dos nossos recursos. É imprescindível tranquilidade, carinho,
compreensão e amor para que a programação dos companheiros espirituais encontrem
em nós base segura na sua realização.
O homem é a sua vida mental. Aquele que se compraz na aceitação
da própria decadência acaba na posição de excelente incubador de bactérias e
sintomas mórbidos. Quanto mais largo é o vôo, mais radiosas as claridades,
mais inebriantes as alegrias sentidas, mais poderosas as forças adquiridas,
maiores possibilidades de ajuda.
Bibliografia
1) O Livro
dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Livro
dos Médiuns - Allan Kardec
3) A Gênese -
Allan Kardec
4) Mecanismos
da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
5) Correnteza
de Luz - José Raul Teixeira
6) Antologia
do Perispírito - José Jorge
7) Mecanismos
da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
8) Libertação
- André Luiz/Chico Xavier
9) Sexo e
Destino - André Luiz/Chico Xavier
Capítulo 9
Concentração - Noções Gerais
Introdução
Em [Nos Domínios da Mediunidade] o Instrutor Albério esclarece
André Luiz: “Precisamos considerar que a mente permanece na base de todos os
fenômenos mediúnicos...”. É através da mente que se manifestam os valores
adquiridos pelo Espírito, as experiências acumuladas, as virtudes, os
conhecimentos, os defeitos, os dramas vividos, as afeições, o rancor, a
bondade, o ressentimento, a compreensão, a vingança, a alegria, a tristeza, o
amor e o ódio. Todas estas características intrínsecas do Espírito exteriorizam-se
através da mente, definindo o grau de evolução em que nos encontramos e a faixa
vibratória em que vivemos.
Deus fez o homem para viver em sociedade. Nenhum homem possui
faculdades completas - somente pela união social é que elas se completam, umas
às outras. Dependemos dos nossos semelhantes, e constantemente agimos e
reagimos uns sobre os outros. Estabelecemos laços, formamos grupos e nos
influenciamos mutuamente. A natureza dos nossos pensamentos, as nossas
aspirações, o nosso sistema de vida, a se expressarem através de atos, palavras
e pensamentos, determinam a qualidade dos Espíritos que, pela lei de
afinidades, serão compelidos a sintonizarem conosco nas tarefas cotidianas e,
especificamente, nas práticas mediúnicas.
No [LM-it 232] somos alertados: “Fora erro acreditar alguém que
precisa ser médium para atrair a si os seres do mundo invisível. Eles povoam o
espaço; temo-los incessantemente em torno de nós, intervindo em nossas
reuniões, seguindo-nos ou evitando-nos, conforme os atraimos ou repelimos, A
faculdade mediúnica em nada influi para isto: ela mais não é do que um meio de
comunicação.” Por isso a afirmativa: Mediunidade não basta só por si. O
importante é a utilização que fazemos da faculdade.
Concentração
Existe um estado da mente em que ela se atém àquilo que a atrai
naturalmente ou para o que ela se propõe a fazer, estado este que chamamos concentração.
Este estado mental é alcançado de duas formas:
a) espontânea - inconsciente, involuntária;
b) programada - fruto de esforço e de exercício
continuado, tendo em vista um objetivo (adaptação psíquica).
No caso do médium, o conhecimento deste mecanismo é fundamental. É
através desta atitude mental que se abrirão as portas que permitem o trânsito
do plano físico para o espiritual e vice-versa, ou seja, é um estado mental de
predisposição perceptiva de outras condições vibracionais que não sejam as do
sentidos físicos.
Podemos utilizar alguns métodos que facilitam alcançar este
estado. Através de exercícios respiratórios, de música, de leituras
edificantes, nos predispomos a um relaxamento físico e mental. Físico, em
relação à musculatura do corpo físico; mental, em relação à abstração dos
problemas que não dizem respeito à finalidade do momento.
Na concentração o médium cria um campo em torno de si, que exerce
influência sobre si próprio. Emite vibrações que se estendem pelos espaços e,
por um processo natural de sintonia, atuam em outras mentes que lhe são
equivalentes, estabelecendo-se uma ligação com estas mentes.
O improviso nesta atividade mental, a invigilância, a falta de
evangelho, o ociosidade mental e física irão provocar o cansaço psíquico, a
inquietação em decorrência da instabilidade de pensamentos, a polivalência de
idéias. Por isso é necessário uma constante preparação íntima, conseguida
através da prece, de leituras salutares, do cultivo de pensamentos
equilibrados, do trabalho no bem e dos cuidados com a saúde física.
Bibliografia
1) O Livro
dos Médiuns - Allan Kardec
2) Nos
Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
Capítulo 10
Fluidoterapia
Introdução
Fluidoterapia: Tratamento pelo fluido;
yratamento através do fluido.
Esboçava Kardec em 1869 uma nova obra, desta vez sobre as relações
entre magnetismo e Espiritismo quando, vitimado pela ruptura de aneurisma, veio
a desencarnar.
Mas desde o início da codificação, tratou em suas obras do magnetismo,
magnetizador que fora.
Aprendemos então que Magnetismo é fluido.
Daí a propriedade que as pessoas tem de irradiar um fluido ou uma
energia que pode influenciar pessoas , animais, vegetais e o meio circundante.
No passado, dois nomes se destacaram no estudo e prática do
magnetismo:
* Paracelso (1490-1541) - alquimista, médico que se projetou na
Idade Média, chegando a ser afastado do cargo de professor pelas suas idéias
renovadoras.
* Mesmer (1733-1815) - médico alemão que, na Era Moderna,
despertou importantes movimentos de apoio, curiosidade e adesão pelo tratamento
das doenças através do fluido.
É importante atentarmos para o fato de que magnetismo e Espiritismo
são duas Ciências que se relacionam. Porém
Magnetismo
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Espiritismo
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trabalha-se pela cura através de
técnicas
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trabalha-se pela elevação moral da
criatura
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o indivíduo se habilita pelo
conhecimento técnico e pelo preparo físico e mental para atuar no paciente
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a criatura se moraliza e procura passar
para os que a cercam virtudes de que seja portadora, com o concurso dos
Espíritos
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Sabemos hoje que realmente existe um tipo de fluido suscetível,
passível de receber impressões, modificações ou qualidades, capazes de serem
transferidos de um indivíduo para o outro - o que vem explicar o mecanismo do
passe.
Experiências importantes nesse campo vem demonstrando que, de fato,
o homem pode, a partir da sua vontade e do propósito, beneficiar ao outro,
transmitir-lhe recursos energéticos que vão contribuir para suprirem certas
deficiências vitais ou promoverrm o equilíbrio energético do corpo físico e
perispiritual do doente.
O Passe
No meio espírita o passe não se restringe ao magnetismo ordinário,
material, ao magnetismo propriamente dito, uma vez que sabemos que os Espíritos
promovem recursos de grande valia nos processos de cura ou de alívio dos
pacientes.
O passe espírita resulta, principalmente, das faculdades da alma,
o corpo é instrumento da ação.Através de Allan Kardec identificamos a idéia
básica, fundamental na doação da bioenergia. Vejamos:
"Apenas sua ignorância lhe faz crer na influência desta ou
daquela forma." Revista Espírita [1865-pg 254]
"A Ciência até hoje só conhece as substâncias tangíveis,
não compreende a ação de um fluido impalpável tendo a vontade como
propulsor." Revista Espírita [1868-pg 86]
"A vontade é o atributo do Espírito encarnado tanto quanto do
Espírito errante, daí a potência do magnetizador, potência que sabemos estar na
proporção da força da vontade." O Livro dos Médiuns [cap VIII-it 131]
"Quando se diz que um médico cura seu paciente com boas
palavras estamos expondo uma verdade absoluta, pois o pensamento benfazejo,
traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o físico tanto como sobre o
moral." A Gênese [cap XIV-it 20]
"São extremamente variados os efeitos da ação fluídica
sobre os doentes de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama
tratamento prolongado no magnetismo ordinário. Doutras vezes é rápida como uma
corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder que operam curas
instantâneas nalguns doentes, por meio apenas da imposição das mãos ou até
exclusivamente por ato da vontade." A Gênese [cap IV-it 31]
"... a fazer passes o médium curador infiltra um fluido
regenerador pela simples imposição das mãos, graças ao concurso dos Espíritos,
mas esse concurso só é conhecido à fé sincera e a pureza de intenção."
Revista Espírita [1864-pg 7]
"A faculdade de curar pela imposição das mãos tem sem
dúvida alguma o princípio numa força excepcional de expansão, suscetível de ser
aumentada por vários motivos, entre os quais predomina a pureza de sentimentos,
desinteresse, benevolência, desejo ardente de aliviar, prece e confiança em
Deus." Obras Póstumas [parte I-it 92]
Deduzimos então, pelas colocações do Codificador, que o passe
espírita não precisa de técnicas sofisticadas.
O passe é a passagem de uma pessoa para outra de uma certa
quantidade de energia fluídica, dependendo esta, do estado de saúde do passista
e do seu grau de desenvolvimento. É dado de mente para mente. É a mente que
produz fluidos bons e não as mãos mexendo de baixo para cima, de cima para
baixo no doente.
Desnecessária ainda a chamada "limpeza fluídica",
quando, pretendendo retirar fluidos deletérios do organismo doente, o passista
usa gestos de expulsão dos fluidos. Kardec elucida:
"O fluido bom expulsa o fluido ruim."
Os técnicos em magnetismo são os Espíritos. Nós somos instrumentos
motivados pelo amor ao nosso próximo. Há, numa Casa Espírita bem organizada,
toda uma equipe espiritual coordenando o trabalho da bioenergia na sala de
passes.
Precisamos dar um sentido ético e uma direção segura à doação
fluídica, apenas estendendo as mãos sobre a cabeça do paciente. As mãos
transmitem as energias que a mente do passista fabrica e capta.
A mente age como uma antena quando recebemos os recursos do plano
superior e também quando retiramos estes recursos do próprio organismo.
É importante o passista preparar-se sempre convenientemente, o
mais que puder, e encarar a transmissão do passe como um ato eminentemente
fraternal doando o que de melhor tenha em sentimento e vibração.
Espiritismo é uma doutrina essencialmente consoladora, uma doutrina
de reeducação da alma - postula um novo caminho para o homem se elevar livre de
dogmas, de rituais, de esquemas.
É necessário esclarecer o passista sobre esse
"folclore", livrando-o desse conjunto de crenças, lendas, costumes,
formados de um aparato mágico supostamente necessário para a transmissão do
passe. Embora a Doutrina Espírita seja contrária a qualquer prática destituída
de fundamento, existe, no seu meio, o frequentador que, levado por
condicionamento viciosos, fica aguardando passe sem qualquer reconhecida
necessidade para isso.
A primeira função do Espiritismo é educar. Os seus princípios
convocam a alma humana à luta pelo próprio desenvolvimento moral e intelectual.
As propostas da Doutrina pairam acima de interesses imediatistas
para ao homem acenar com resoluções mais seguras e definitivas.
Ter consciência espírita significa estar se esforçando no curso de
cada dia para viver em amor; meta que pode ser atingida pela auto-disciplina.
Contudo, um grande número de pessoas chegam às Casas Espíritas buscando a
saúde do corpo. A abençoada mediunidade de cura chega ao mundo como instrumento
de amparo às criaturas abatidas pelo sofrimento. Curar o corpo é favorecer a
alma na sua caminhada terrena. Mas, à luz da Doutrina Espírita, educar é a
finalidade; curar é o meio de se chegar à finalidade.
Água Fluida
No capítulo da fluidoterapia temos na água fluidificada outro
elemento de valor. É utilizada no meio espírita como complemento do passe,
tornando-se portadora de recursos medicamentosos. Há todo um manejo de fluidos
modificando a água através da química mental.
"Coloca o teu recipiente de água cristalina à frente de
tuas orações e espera e confia." Emmanuel/Chico Xavier
Irradiação
Na irradiação, os fluidos também têm importância real.
Léon Denis [No Invisível-cap I] observa:
"A força magnética por certos homens projetada pode de
perto ou de longe fazer sentir sua influência, aliviar, curar."
Passe a Distância
É uma modalidade da irradiação quando a sintonia é condição básica.
[Nos Domínios da Mediunidade-cap 17]:
"- O passe pode ser dispensado a distância?
-áSim, desde que haja
sintonia entre o que recebe e o que administra."
Sessões Mediúnicas
Allan Kardec [Revista Espírita-ano 1866,pg 349]:
"No passe o fluido age de certo modo materialmente sob os
órgãos afetados, ao passo que, na obsessão, deve agir moralmente sobre o
Espírito obsessor."
Buscando o medianeiro ajuda espiritual, pois sem a assistência dos
bons Espíritos fica o médium reduzido às suas próprias forças, insuficientes
por vezes, mas, centuplicadas em poder e eficácia se unidas ao fluido depurado
dos mensageiros de Jesus.
Conclusão
Nesse contexto todo, uma coisa é evidente e fundamental: o sentimento
com que a fluidoterapia é realizada, porque este é um trabalho que jamais
deverá ser feito de forma maquinal.
Regra
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Princípio
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Segundo Allan Kardec está na evolução moral
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Código
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Norma
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Recurso
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Ajuda
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Segundo Allan Kardec estão no pensamento, na vontade e
no amor
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Socorro
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Auxílio
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Não podemos mais conviver com teorias estranhas à Doutrina Espírita.
O passe é transmissão de energias humanas somadas com as emanações
divinas encontradas nos reservatórios da natureza. Sustentando-se na prece, o
passista é um intermediário consciente que humilde se ergueu para Deus. Nenhum
passista pode dispensar a oração ao reconhecer, na prece, o benefício que ela
proporciona. E a oração não tem fórmula, é vibração sincera da alma, e quanto
mais sincera for maior teor vibratório alcança e mais energias soma. A essência
do passe é o amor.
Herculano Pires alcança a questão com uma objetividade admirável:
"É tão simples um passe que não podemos fazer mais do que
dá-lo."
"O passe é um ato de amor."
Bibliografia
1) O Livro
dos Médiuns - Allan Kardec
2) Obras
Póstumas - Allan Kardec
3) A Gênese -
Allan Kardec
4) Passe e
Passistas - Roque Jacinto
5) Obsessão -
Passe - Doutrinação - Herculano Pires
6) Nos
Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
7) Missionários
da Luz - André Luiz/Chico Xavier
8) Mecanismos
da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
9) Estudando
a Mediunidade - Martins Peralva
10)
A Obsessão, O Passe, A Doutrinação - Herculano Pires
Capítulo 11
Influência Moral do Médium e do Meio
Introdução
Allan Kardec [LM-it 226] propõe aos benfeitores espirituais a
seguinte indagação:
"- O desenvolvimento da mediunidade está em relação como o
desenvolvimento moral do médium?
R. Não. A faculdade propriamente dita é orgânica, não
depende da moral, mas o mesmo acontece com o seu uso, que pode ser bom ou mal,
dependendo dos valores morais do medianeiro."
A assertiva dos benfeitores coloca a mediunidade como uma função
neutra, como um sentido (o sexto sentido, na expressão de Charles Richet); por
si só, a faculdade mediúnica não depende da moral, da inteligência e da
cultura, e isto ocorre, porque ela é orgânica, radicada no organismo físico do
intermediário. No entanto, o que se pode conseguir com a mediunidade, os
efeitos dela decorrentes, irão sofrer uma influência decisiva dos valores
éticos do medianeiro. Quando perguntaram ao benfeitor Emmanuel qual era a
maior necessidade do médium, ele disse:
"A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si
mesmo." e "vence nos labores mediúnicos o médium que detiver a maior
carga de sentimento."
Afinidade Fluídica e Sintonia Vibratória
Os benfeitores espirituais nos fazem ver que os fenômenos mediúnicos
também são regidos por leis severas , inflexíveis, qual ocorre com as demais e
que se não submetem as nossas vontades.
Allan Kardec orienta que "Para se comunicar, o Espírito
desencarnado se identifica com o Espírito do médium." Esta
identificação não se pode verificar, se não houver entre um e outro, simpatia,
e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre
uma espécie de atração ou de repulsão, conforme o grau de semelhança existente
entre eles.
Esta afinidade ou simpatia apresenta duas condições distintas:
- afinidade fluídica;
- sintonia vibratória (afinidade moral).
a) Afinidade Fluídica: é de natureza estrutural, uma
disposição inata do organismo, não dependendo dos valores morais, gostos,
tendências do Espírito e médium.
A facilidade das comunicações depende da categoria de semelhança
existente entre os dois fluidos, que também vai estabelecer a intensidade da
assimilação fluídica e a maior ou menor impressão causada ao médium. Assim,
determinado médium pode ser um bom instrumento para um Espírito e mau para
outro. Disso resulta que de dois médiuns igualmente bem dotados e postos um do
lado do outro, um Espírito que se dispõe à comunicação mediúnica se manifestará
por meio de um, e não do outro médium, aonde não encontra a aptidão orgânica
necessária. Mas, à proporção que o médium exercita-se no trabalho mediúnico, desenvolve
e adquire qualidades necessárias para a realização dos fenômenos e entre em
relação com um número maior de Espíritos comunicantes. Com muita freqüência, o
contato entre Espírito e médium se faz gradativamente, com o tempo; raramente
se estabelece desde o primeiro momento. E o contato antecipado, que ocorre
antes mesmo da sessão mediúnica, tem o propósito de provocar e ativar a
assimilação fluídica, fase esta que o Espírito Manoel Philomeno de Miranda
denomina de "fase de pré-imantação fluídica", e que vem atenuar as
dificuldades existentes.
b) Sintonia Vibratória (Afinidade Moral): pessoas de moral
idêntica se atraem e de moral contrária se repelem.
Fundamenta-se esta lei no princípio de que para um Espírito assimilar
os pensamentos de outro, necessita estar emitindo ondas mentais na mesma
freqüência vibratória. A afinidade moral depende inteiramente das condições
éticas, que se referem à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto
de vista do bem e do mal.
Através da afinidade moral, o Espírito comunicante e o médium se
fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. O Espírito aproxima-se do
médium e o envolve nas suas vibrações espirituais.
O Médium na Reunião Mediúnica
Procuremos examinar de que forma os esforços que o medianeiro
empreende em seu crescimento íntimo - os seus dotes morais - estarão
influenciando nos labores mediúnicos.
a) Na Autenticidade da Comunicação: a autenticidade de
uma comunicação é um dos maiores escolhos à prática mediúnica. Não a autenticidade
no sentido de se saber quem é o Espírito comunicante, mas no sentido de
saber o que é o Espírito. Se é um Espírito sério ou zombeteiro, leviano
ou interessado em aprender, bondoso ou irresponsável. E só existe uma forma de
se reconhecer a natureza de um Espírito: através da impressão que os seus
fluidos causam no medianeiro. Isto porque os Espíritos podem falsear a sua
aparência, a sua voz, o seu estilo, mas jamais poderão falsificar os seus
fluidos. Os Espíritos bons fabricam bons fluidos que causam no médium uma
impressão agradável, prazerosa, de bem estaR. Os Espíritos inferiores,
por sua vez, produzem fluidos pesados, densos que vão proporcionar ao médium
uma impressão desagradável. No entanto, para registrarmos as características de
um fluido espiritual é necessário que nós comparemos esses fluidos com os
nossos próprios fluidos.
É necessário que haja um "choque de impressões" para que
possamos registrar qualquer acontecimento exterior.
Assim sendo, um médium excessivamente ligado à usura, ao apego às
coisas materiais, que venha a receber a comunicação de um Espírito avarento,
nada de penoso sentirá com a aproximação desse Espírito, pois, os seus fluidos
se equivalem.
Podemos então deduzir que quanto mais elevado moralmente for o
médium, mais facilmente identificará os fluidos dos Espíritos desequilibrados,
caracterizando a sua natureza.
Verificamos, portanto, que o grave problema das mistificações
espirituais está diretamente vinculado às condições morais dos médiuns.
b) Na Comunicação de Espíritos Superiores: para que um
Espírito se comunique em uma reunião mediúnica, precisa encontrar um médium que
se ache em sintonia com as suas vibrações mentais. Do contrário, o intermediário
não conseguirá assimilar suas idéias e seus pensamentos. Os Espíritos
superiores vibram em uma freqüência mental muito alta, daí a necessidade de
médiuns bem equilibrados, sadios eticamente para que possam permitir a sintonia
vibratória e a comunicação torne-se uma realidade.
Muitas vezes os bondosos mentores de nossos grupos mediúnicos
desejam dar uma mensagem de incentivo, de estímulo, mas não conseguem encontrar
um médium em condições morais que permita a comunicação.
Algumas vezes, quando estas mensagens são muito importantes, o
Espírito superior pode atuar a distância, tendo como intermediário um outro
Espírito em condições vibratórias menos elevadas.
Denomina-se este processo de Telemediunidade:
Espírito
Superior “joga a idéia”
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ï
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Espírito
do médium capta a idéia e reduz a frequência das ondas mentais
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ï
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Médium
encarnado consegue assimilar a mensagem
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c) Na Qualidade da Comunicação: O Espírito Erasto no
item 230 do Livro dos Médiuns, compara a mediunidade com uma máquina de transmissão
telegráfica, afirmando que, da mesma forma que as influências atmosféricas
atuam negativamente nas transmissões telegráficas, os recursos morais do
médium poderão perturbar a transmissão das mensagens de além-túmulo.
Vamos então verificar que a moralidade do médium, seus recursos
intelectuais, sua cultura, são elementos que terão uma participação efetiva nas
comunicações espirituais. Sabemos que os Espíritos se utilizam dos valores do
médium na elaboração de sua mensagem. Assim sendo, quanto mais aproximados
forem esses recursos, mais facilidade vai encontrar o Espírito.
Se foi possível a concretização das obras notáveis de André Luiz,
Emmanuel e outros, isto se deve à condição moral de Chico Xavier que deu
condições espirituais para que os livros fossem ditados.
d) No Estado Geral do Médium: o estado físico-psíquico
do médium durante a comunicação mediúnica e, principalmente, ao término da
comunicação, depende, também, intimamente dos esforços empreendidos por ele em
seu progesso espirtitual. A sensação de mal estar, de medo, de angústia, as
emoções desagradáveis que acompanham a comunicação, surgem em função da
absorção de fluidos deletérios emitidos pela entidade em sofrimento.
Só existe uma forma de dissolver os fluidos ruins: antepondo-lhes
fluidos bons. Os fluidos bons têm uma ação desagregadora das moléculas dos
fluidos negativos.
Portanto, quanto mais sadia do ponto de vista moral, for a vida do
médium, melhores serão os seus fluidos que, mais rapidamente, irão neutralizar
as vibrações pestilentas dos comunicantes, devolvendo ao medianeiro a sensação
de bem estar e de tranquilidade íntima.
e) Na Doação de Fluidos Salutares: quando uma entidade
sofredora é levada a uma reunião de labores mediúnicos, deseja-se, obviamente,
que ela seja orientada e esclarecida pelos doutrinadores. No entanto, deseja-se
também que esta entidade venha a receber energias boas, fluidos salutares do
grupo mediúnico, mas, principalmente, do médium. Denomina-se este encontro
Espírito sofredor + fluidos do médium de choque anímico.
Essas energias sadias absorvidas pela entidade durante a comunicação,
terão um papel fundamental em sua recuperação espiritual "limpando"
os seus centros de força e revigorando suas forças combalidas pelos
pensamentos deprimentes.
Todavia, para que o medianeiro passa doar fluidos bons, é preciso
que tenha fluidos bons, e, só tem fluidos bons, quem vive bem.
f) Na Obsessão: A obsessão é um problema que o médium
vai se defrontar durante toda a sua vida. Médiuns notáveis, portadores de faculdade
mediúnicas extraordinárias e que vieram a cair drasticamente por influenciação
obsessiva.
Só existe uma forma de precatar-se de um processo obsessivo:
vivendo de tal forma que os Espíritos da sombra não possam atuar em nossos
campos mentais.
A atitude mental superior, a prática constante do bem, o combate
às viciações estarão elevando as nossas vibrações espirituais e nos colocando
fora da faixa de influência dos Espíritos obsessivos.
Divaldo Franco assim se manifesta:
"Nosso caráter é a nossa defesa."
O Meio
Existem três fatores básicos na comunicação mediúnica: o Espírito,
o médium e o meio. Vamos analisar o meio em seus dois aspectos: material e
espiritual.
a) Meio Material: local em que se desenrola o trabalho
mediúnico. Fatores a serem observados:
- Área física;
- Componentes encarnados: dirigente, doutrinadores e médiuns.
b) Meio Espiritual: conjunto de fatores predisponentes que
facilitam e orientam o trabalho mediúnico:
- Espíritos orientadores;
- Espíritos em tratamento;
- Fluidos resultantes das emanações dos dois planos
(espiritual e material);
- Intenções dos participantes.
Segundo Manoel Philomeno de Miranda [Nos Bastidores da Obsessão],
os fatores citados acima são requisitos para uma reunião séria, desde a área
física, até as intenções e vibrações dos componentes.
Em [LM-it 231,qst 1] Allan Kardec pergunta:
"O meio, no qual se acha o médium, exerce uma influência
nas manifestações?
R. Todos os Espíritos que cercam o médium o ajudam tanto no
bem como no mal."
Em [Temas da Vida e da Morte] Manoel Philomeno de Miranda diz:
"Que o meio ambiente exerce efeitos e predisposições nos
seres vivos. Embora o meio sócio-cultural seja conseqüência da ação do homem,
torna-se-lhe fator de vigorosos efeitos no comportamento, o que tem levado
muitas pessoas a concluir que - o homem é o produto do meio - salvo as
inevitáveis exceções."
É compreensível, portanto, que a influência do meio moral e
emocional seja prevalente nos fenômenos mediúnicos.
Além da inevitável influência do médium, em decorrência dos seus
componentes íntimos, o psiquismo do grupo responde por grande número de
resultados nos cometimentos da mediunidade.
Do ponto de vista moral, os membros que constituem o núcleo,
atraem, por afinidade, os Espíritos que lhe são semelhantes, em razão da
convivência mental já existente entre eles. Onde quer que se apresentam os
indivíduos, aí também estarão seus consórcios espirituais.
Assim, fica fácil entender o poder da associação de pensamento
dos assistentes. Se o Espírito for, de qualquer maneira, atingido pelo
pensamento, como nós somos pela voz, vinte pessoas unidas numa mesma intenção
terão, necessariamente, mais força que uma só. Mas, para que todos os pensamentos
concorram para o mesmo fim, é necessário que vibrem em uníssono, que se
confundam por assim dizer em um só, o que não poderá acontecer sem concentração.
Para bem compreender o que se passa nestas circunstâncias, é
importante se conhecer a influência do meio. É necessário representar cada
indivíduo como que cercado por um certo número de companheiros invisíveis que
identificam com o seu caráter, os seus gostos e as suas tendências. Allan
Kardec [LM-it 331] diz:
"Uma reunião é um ser coletivo cujas qualidades e
propriedades são a soma de todas as dos seus membros, formando uma espécie de
feixe; ora este feixe terá tanto mais força quanto mais homogêneo for."
Todos os componentes da reunião são acompanhados de Espíritos que
lhe são simpáticos. Segundo o seu número e a sua natureza, esses companheiros
podem exercer sobre a reunião ou sobre as comunicações um influência boa ou má.
Uma reunião perfeita seria aquela em que todos os seus membros, animados do
mesmo amor pelo bem, só levassem consigo Espíritos bons. Na falta da perfeição,
a melhor reunião será aquela em que o bem supera o mal.
Por outro lado, o Espírito chegando a um meio que lhe é inteiramente
simpático sente-se mais à vontade. Contudo, se os pensamentos forem
divergentes, provocam um entrechoque e idéias desagradáveis para o Espírito e,
portanto, prejudicial à comunicação.
Sendo os Espíritos desencarnados muito impressionáveis, sofrem
acentuadamente a influência do meio.
Toda reunião espírita deve, pois, procurar a maior homogeneidade
possível.
O êxito das sessões espíritas se encontra na dependência dos
fatores objetivos que as produzem, das pessoas que as compõem e do programa
estabelecido nos dois planos (material e espiritual):
a) As Intenções:
"As intenções, fundamentadas nos preceitos evangélicos do
amor e da caridade, do estudo e da aprendizagem, são as que realmente atraem os
Espíritos superiores, sem cuja contribuição valiosa, os resultados decaem para
a frivolidade, a monotonia e não raro para a obsessão." (Manoel Philomeno
de Miranda)
b) O ambiente ou Meio Espiritual:
"Não sendo apenas o de construção material, o ambiente deve
ser elaborado e mantido por meio de leitura edificante e da oração, debatendo-se
os princípios morais capazes de criar uma atmosfera pacificadora, otimista e
refazente." (Manoel Philomeno de Miranda)
c) Os Membros Componentes:
Os médiuns, segundo Emmanuel,
"em sua generalidade, não são missionários na acepção comum
do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram,
sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos
compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e
delituoso."
Assim, todo médium deve resguardar-se na humildade, na modéstia,
convicto de que é uma alma em processo de redenção e aperfeiçoamento, pelo
trabalho e o estudo.
A seriedade de uma reunião, entretanto, não é sempre suficiente
para haver comunicações elevadas. É indispensável a harmonização dos
sentimentos e o amor para atrair os bons Espíritos. Por isso os componentes da
reunião devem esforçar-se por manter os requisitos mínimos, instruindo-se e
elevando-se moralmente.
Os médiuns deverão manter disciplina interior, equilibrando suas
emoções, seus pensamentos, palavras e atos para se tornarem maleáveis às
instruções dos Espíritos superiores. A faculdade mediúnica não os isenta das
responsabilidades morais imprescindíveis à própria renovação e esclarecimento,
o que irá facilitar a sintonia com os mentores da reunião e melhores condições
de exercerem a enfermagem libertadora aos Espíritos trazidos para tratamento.
O Dirigente deverá possuir os requisitos mínimos para liderar
o grupo mediúnico que são: amor, boa vontade, estudo e atitudes corretas.
Segundo André Luiz [Nos Domínios da Mediunidade], o dirigente deverá ter:
"devoção à fraternidade, correção no cumprimento dos
deveres, fé ardorosa, compreensão, boa vontade, equilíbrio, prudência e muito
amor no coração."
Os Doutrinadores devem, igualmente, evangelizar-se estudando
a Doutrina e capacitando-se para entender e elaborar nos diversos misteres do
serviço de esclarecimento e tratamento Espiritual.
Na mesma linha de deveres dos médiuns, não poderão descurar do
problema psíquico da sintonia, a fim de estabelecerem contato com o dirigente
do plano espiritual que supervisiona os empreendimentos de tal natureza.
O doutrinador exerce a posição de elemento-terra, o mediador
consciente da Espiritualidade, que deverá analisar os problemas e as idéias de
modo equilibrado e inteiramente lúcido, revestindo-as com as luzes do Evangelho
de Jesus e em coerência com os ensinamentos codificados por Allan Kardec.
Não poderemos deixar de analisar a influência dos Espíritos que
são trazidos em tratamento às reuniões mediúnicas.
Invariavelmente, aqueles que sabem perseverar, sem adiarem o trabalho
de edificação interior, se fazem credores da assistência dos Espíritos
interessados nas sementeira da esperança e da felicidade na Terra - programa
sublime presidido por Jesus, das altas esferas.
Nas reuniões sérias, os seus membros não podem compactuar com a
negligência aos deveres estabelecidos em prol da ordem geral e da harmonia,
para que a infiltração dos Espíritos infelizes não as transformem em celeiros
de balbúrdia, de desordem e perturbação.
"Para que uma sessão espírita possa interessar aos
instrutores espirituais, não poderá abstrair do elevado padrão moral de que se
devem revestir todos os participantes, (... principalmente o médium onde a
exteriorização dos seus fluidos, isto é, a vibração do seu próprio Espírito,
que é resultante dos atos morais praticados, o distingue das diversas
criaturas, oferecendo material específico aos instrutores espirituais para as
múltiplas operações que se realizam nos abençoados núcleos espiritistas sérios,
que têm em vista o santificante programa de desobsessão espiritual."
(Allan Kardec, Livro dos Médiuns, Cap. XXIX).
"A influência do meio decorre dos Espíritos e da maneira
porque agem sobre os seres vivos. Dessa influência cada qual pode deduzir por
si mesmo as condições mais favoráveis para uma sociedade que aspire atrair a
simpatia dos Espíritos bons, obtendo boas comunicações e afastando as
más."
Essas condições dependem inteiramente das disposições morais dos
assistentes.
Podemos resumi-las nos seguintes pontos:
- perfeita comunhão de idéias e sentimentos;
- benevolência recíproca entre todos os membros;
- renúncia de todo sentimento contrário à verdadeira caridade
cristã;
- desejo uníssono de se instruir e de melhorar-se pelo ensinamento
dos Espíritos bons e aproveitando os seus conselhos;
- exclusão de tudo o que, nas comunicações solicitadas aos
Espíritos, só tenha por objetivo a curiosidade;
- concentração e silêncio respeitosos durante as conversações
com os Espíritos;
- concurso de todos os médiuns com renúncia a qualquer sentimento
de orgulho, de amor próprio e de supremacia, com o desejo único de se tornarem
úteis.
Se cumpríssemos estes itens teríamos a "reunião ideal",
dentro do que preceitua a codificação espírita.
"As condições do meio serão tanto melhores, quanto maior
homogeneidade houver para o bem, com mais sentimentos puros elevados, mais
sincero desejo de ajudar e aprender, sem segundas intenções." (Livro dos
Médiuns, Cap. XXI, item 233).
A lógica, o discernimento nos aconselham prudência, disciplina e
equilíbrio para que sejamos bem orientados espiritualmente, já que a influência
do meio, isto é, "a conseqüência da natureza dos Espíritos e de seu modo
de ação sobre os seres vivos" nos fará deduzir em quais condições
obteremos resultados mais favoráveis, em nossa reuniões mediúnicas.
Vamos seguir as diretrizes traçadas por Allan Kardec e termos
reuniões mais produtivas, mais disciplinadas e harmônicas.
"Tendo por objetivo a melhoria dos homens, o Espiritismo
não vem procurar os perfeitos, mas os que se esforçam em o ser, pondo em
prática os ensinos dos Espíritos. O verdadeiro espírita não é o que alcançou a
meta, mas o que seriamente quer atingi-la." (Allan Kardec, Revista
Espírita, 1861, pág. 394, item 11).
"Estudem antes de praticar porque é a única forma de não
adquirirem experiência através do próprio sofrimento." Allan Kardec.
A mediunidade bem exercida é roteiro de iluminação que proporciona
aventuras inimagináveis, quando a afeição e o amor a abraçam em favor da
humanidade. Assim considerada e vivida, serão superados os fatores do meio que,
ao invés de influenciar sempre, passam a sofrer-lhe a influenciação,
estabelecendo-se psicosfera benéfica quão salutar para todos aqueles que
constituem o grupo no qual ela se desdobra.
Cabe ao médium sincero sobrepor-se às influências do meio onde
opera as suas conquistas pessoais, gerando, em sua volta, uma psicosfera
positiva quão otimista sob todos os aspectos propícios à execução do
compromisso a que se dedica.
"Não se descarte, pois, a influência do meio, que deve ser
superior, nem a do médium, que se deve apresentar equipado dos recursos próprios,
de modo que se recolham boas e proveitosas comunicações, ampliando-se o campo
de percepção do mundo espiritual, causal e pulsante, no qual se encontra
mergulhado em escala menor, o físico, por onde se movimentam homens, no
processo de crescimento e evolução." (Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo
P. Franco, Temas da Vida e da Morte).
Bibliografia
1) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
2) Nos
Bastidores da Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco
3) Nos
Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
4) Tramas do
Destino - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco
5) Diversidade
dos Carismas - Hermínio Miranda
Capítulo 12
O Papel do Médium nas Comunicações
Introdução
Em que pese o fato do Espiritismo ser uma Ciência experimental,
valorizando todas as pesquisas, com base na fé raciocinada, um elementar
raciocínio nos diz que, para uma campo novo de estudo, teremos novas leis a
observar.
E assim como na Química e na Física, há que se considerar criteriosamente
determinadas leis materiais: a questão da temperatura, pressão, luminosidade e
certos elementos a combinar para se obter os resultados desejados no trato com
as coisas espirituais, necessário se faz buscar as condições vibratórias
suficientes, entender e orientar pelas leis que regem os mecanismos da
comunicação entre os dois planos - material e espiritual.
Já sabemos que existem três fatores básicos a observar na comunicação
mediúnica: o Espírito, o meio e o médium. Vamos analisar
um destes fatores isoladamente, verificando o papel do médium nas comunicações.
O apóstolo Paulo [II Coríntios-4:7] afirma:
"Temos este tesouro em vaso de barro, para que a excelência
do poder seja de Deus e não nosso."
Exalta, assim, a responsabilidade e a renúncia com que se deve
revestir a tarefa mediúnica.
A mediunidade funciona como um refletor da vida espiritual. Quanto
melhores as condições do aparelho, tanto mais fiéis as impressões
transmitidas. O oposto, igualmente ocorre, gerando imperfeições e distorções
na transmissão da mensagem.
O médium é a fonte receptora que irá transmitir conforme as suas
condições e capacidades moral, cultural e emocional, A fonte transmissora é o
Espírito comunicante que projeta as vibrações com limpidez e vai depender do
médium a transmissão do seu pensamento.
Segundo estas condições do receptor, teremos a comunicação mediúnica
com maior ou menor nitidez e fidelidade.
O médium sempre participa do fenômeno mediúnico e é importante o
seu papel no desempenho dessa faculdade. Em [LM-cap XIX] Allan Kardec se dedica
ao estudo do papel do médium na comunicação.
O Espírito do médium é o filtro do pensamento do Espírito
comunicante.
Allan Kardec faz uma comparação do Espírito do médium como sendo o
intérprete do Espírito que deseja comunicar, porque está ligado ao corpo que
serve para falar e por ser necessário um elo entre o médium e o Espírito, como
é necessário um fio elétrico para comunicar a grande distância uma notícia, e
na extremidade do fio ou aparelho, uma pessoa inteligente que receba e
transmita.
Os fenômenos mediúnicos são regidos por leis severas que não se
submetem aos caprichos e exigências dos participantes.
A organização neuro-psíquica do médium deve ajustar-se às leis de
sintonia e afinidade, acionando amplos equipamentos, para que a comunicação
seja equilibrada e atinja o objetivo.
Jorge Andréa nos fala que a tríade do mecanismo mediúnico é
composta de:
Perispírito:
|
afinização fluídica e vibratória;
|
Sistema Neuro Vegetativo:
|
antenas da mediunidade
|
Glândula pineal:
|
aferição das vibrações energéticas
|
Allan Kardec inicia o [LM-cap XIX] com a seguinte indagação:
"O médium, no momento em que exerce a sua faculdade está
num estado perfeitamente normal?
R. Está num estado de crise mais ou menos pronunciado
(...). Na maioria das vezes seu estado não difere do normal, principalmente nos
médiuns escreventes."
Crise é tudo aquilo que foge aos parâmetros da normalidade. Estado
de crise denota uma situação que está além do estado de transe ou de
exteriorização perispiritual.
São inúmeras as variações estudadas por Allan Kardec, no Cap. XIV,
do Livro dos Espíritos, quando trata da emancipação da alma e explica aos
fenômenos de sonambulismo e êxtase.
Este estado de crise ou de exteriorização perispiritual é muito
importante para a compreensão do estado do médium e sua participação no
fenômeno mediúnico.
Dependendo do grau de exteriorização perispiritual a faculdade
mediúnica apresentará diferentes graus de percepção.
Na psicofonia, nos médiuns com grande exteriorização do perispírito,
que Kardec chamava de sonambúlicos, poderá ocorrer com maior freqüência o fenômeno
de animismo - em que o médium poderá ser médium de si mesmo.
Em [LM-it 223] Kardec indaga:
"As comunicações escritas ou verbais podem provir do
próprio Espírito do médium?
R. A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra.
Se ela goza de algum grau de liberdade, recobra a sua qualidade de
Espírito."
E prossegue Kardec indagando:
"Como distinguir se a comunicação é do próprio médium ou de
Espírito desencarnado?
R. Pela natureza das comunicações. Estudem as
circunstâncias e linguagem e vocês distinguirão. Estudar e observar."
Em torno deste estudo Allan Kardec tece importantes considerações
sobre o papel do médium nas comunicações:
- Qualquer que seja a natureza das comunicações, elas se processam
através da irradiação do pensamento.
- O Espírito que se comunica requer elementos necessários
para dar vestimenta a este pensamento. Não há linguagem articulada no mundo
espiritual.
- A comunicação terá a forma e a "cor" do
pensamento do médium.
Ele cita o exemplo das lunetas coloridas: é como se observássemos
paisagens diferentes através de lunetas verdes, azuis e brancas. Embora as
paisagens sejam diversificadas, terão a coloração da luneta com que se observe.
Outro exemplo é de um músico que, para executar determinada melodia,
dispusesse de um violino, uma flauta, um piano e um assobio barato. Sua
execução seria de diferentes níveis se utilizasse o violino ou o piano, ou se
apenas contasse com o assobio.
Com relação aos médiuns que não estejam em condições ideais para
transmitir uma mensagem por falta de conhecimento, Kardec nos diz em [Obras
Póstumas-qst 51]:
"Por ser o instrumento para receber e transmitir o
pensamento do Espírito, segundo a impressão mecânica que lhe é dada, poderá o
médium produzir o que está fora da órbita de seus conhecimentos se for dotado
de flexibilidade e aptidão mediúnica necessárias. É por esta lei que existem
médiuns desenhistas, pintores, músicos alheios a estas artes. É ainda por esta
lei que quem não sabe ler ou escrever pode receber mensagens
psicográficas."
Erasto [LM-cap XIX] diz:
"Assim quando encontramos um médium com o cérebro cheio de
conhecimento anterior latente, dele nos servimos de preferência, porque com
ele, o esforço da comunicação nos é muito mais fácil do que com um médium cuja
inteligência fosse limitada e cujos conhecimentos anteriores tenham sido
insuficientes."
"Certamente que poderemos falar de Matemática através de
médiuns que desconheçam esta matéria, na atual encarnação, mas, frequentemente,
o Espírito deste médium já passou este conhecimento em forma latente, isto é,
pessoal ao ser fluídico e não ao ser encarnado (...)"
"Enfim, temos o meio de elaboração penosa ao usar médiuns
completamente estranhos ao assunto tratados, ajuntando as letras e as palavras
como em tipografia."
Kardec acrescenta as seguintes observações:
"O Espírito comunicante tira do cérebro do médium não suas
idéias, mas o material necessário para exprimi-las; quanto mais rico for este
cérebro, mais fácil é a comunicação."
E com relação a uma língua estranha ao médium, diz:
"Se o Espírito fala numa língua familiar ao médium, ele irá
encontrar em seu cérebro as palavras formadas para revestir a idéia;
Se é numa língua estranha, o Espírito comunicante não encontra
as palavras, mas simplesmente as letras, no caso do médium saber ler e
escrever;
Se a língua é estranha ao médium e e este não sabe ler e nem
escrever, o cérebro não possui nem as letras e o Espírito comunicante terá que
conduzir a mão do médium como se faz com um escolar ao ser alfabetizado."
Conclusão
Vimos como o médium participa do fenômeno mediúnico
e muitas vezes ao iniciarmos o desenvolvimento, quando estamos começando a dar
as primeiras comunicações, somos assaltados com indagações e dúvidas:
"Como saberá o médium se o pensamento é seu ou do Espírito comunicante?"
Martins Peralva [Estudando a Mediunidade] nos diz:
"Com o estudo edificante, a meditação e o discernimento
adquiriremos a capacidade de conhecer a nossa freqüência vibratória. Saberemos
comparar o nosso próprio estilo, pontos de vista, hábitos e modos, com os
revelados durante o transe mediúnico, ou a simples inspiração quando escrevemos
ou pregamos a doutrina. Não será problema tão difícil separar o nosso, do
pensamento do Espírito comunicante. A aplicação aos estudos espíritas, com sinceridade,
dar-nos-á, sem dúvida, a chave de muitos enigmas."
Bibliografia
1) Livro dos
Espíritos - Allan Kardec
2) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
3) Obras
Póstumas - Allan Kardec
4) Revista
Internacional do Espiritismo, 06/92 - Lauro F. de Carvalho
5) Médiuns e
Mediunidades - Vianna de Carvalho/Divaldo P. Franco
6) Nos
Alicerces do Psiquismo - Jorge Andréa
7) Estudando
a Mediunidade - Martins Peralva
Capítulo 13
médiuns escreventes e falantes
introdução
Os Espíritos podem manifestar-se entre os encarnados através de
inúmeras maneiras. A primeira condição para que haja um intercâmbio entre as
duas esferas da vida, é que o encarnado seja portador da capacidade mediúnica.
Faculdade essa, que não se revela da mesma maneira em todos. Geralmente, os
médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta ou daquela ordem,
donde resulta que formam tantas variedades quantas são as espécies de
manifestações.
Segundo o Instrutor Aulus [Nos Domínios da Mediunidade]
"cada vaso recebe de conformidade com a estrutura que lhe é própria",
ou seja, o médium em atividade mediúnica é envolvido pela emissão mental do
Espírito comunicante, a se registrar sob a forma de impressões. Essas impressões
se apóiam nos centros de força do perispírito que, de imediato atingem os cabos
do sistema nervoso e, simultaneamente, o cérebro - onde encontram os centros
motores em cujos comandos se processam as ações e reações mentais e físicas.
As impressões agem como estímulos a acionarem no psiquismo do médium os
mecanismos das aptidões já desenvolvidas ou em desenvolvimento. São funções
automáticas que se refletem nos sentidos e órgãos, realizando assim, as várias
formas de manifestações mediúnicas. Cabe ao sistema nervoso a dupla função de
condutor das impressões recebidas e das ordens a serem realizadas.
Conceitos e Objetivos
a) Psicografia: meio de comunicação mediúnica a se
traduzir através da escrita. Tem a vantagem de assinalar, de modo mais material,
a intervenção de uma força oculta. Faculta a análise da comunicação e a devida
apreciação do seu valor. Tem como objetivo instruir a humanidade, informar e
consolar os encarnados acerca dos seus entes queridos já desencarnados, bem
como inspirar e sensibilizar o homem através da arte. Desenvolve-se pelo
exercício.
b) Psicofonia: intercâmbio mediúnico a se realizar
através da fala. Objetiva acelerar o progresso do médium com o auxílio que
presta a Espíritos em sofrimento. Essa forma de manifestação também permite a
assistência e orientação a grupos mediúnicos e Casas Espíritas pelos Espíritos
Superiores.
Classificação dos Médiuns Escreventes Segundo o Modo de Execução
a) Médiuns Escreventes Mecânicos: a aptidão do médium
permite ao Espírito comunicante atuar diretamente no centro motor correspondente
à mão, impulsionando-a de modo independente da sua vontade. A mão se move sem
interrupção e sem embargo. O que caracteriza o fenômeno é o total
desconhecimento do médium sobre o que escreve. É uma faculdade preciosa, pois
não deixa dúvida alguma sobre a independência do pensamento daquele que se
comunica. O papel do médium mecânico se assemelha ao de uma máquina
copiadora. São raros os médiuns portadores dessa capacidade.
b) Médiuns Escreventes Semi-mecânicos: o médium sente
que a sua mão uma impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência
do que escreve à medida que as palavras se formam. É mais comum esse tipo de
capacidade.
c) Médiuns Escreventes Intuitivos: aqueles com quem os
Espíritos se comunicam pelo pensamento e cuja mão é conduzida voluntariamente.
O médium sente sua vontade dirigida por outra, sua postura é mais atuante. O
papel do médium então, é o de transmitir o pensamento do Espírito, livre como o
faria um intérprete. Tem plena consciência do que escreve, embora não exprima o
seu próprio pensamento. No princípio do desenvolvimento da faculdade, o
médium tem dificuldade em distinguir o que é seu e o que não é. Segundo Kardec,
é possível reconhecer-se o pensamento sugerido, por não ser nunca
preconcebido, nasce à medida que a escrita vai sendo traçada e, algumas vezes,
é contrária à idéia que antecipadamente se formara.
Tem como característica a espontaneidade da comunicação e, após o
intercâmbio, mesmo que o médium tenha conhecimento do assunto, dificilmente
ele se lembrará das palavras textuais ou da sua ordem, perdendo-se, assim, a
beleza da mensagem.
Podemos também ser intuídos ou inspirados nos trabalhos de
Evangelização de crianças, na doutrinação em reuniões mediúnicas, nas
orientações do Atendimento Fraterno, nas Palestras e etc.
Classificação dos Médiuns Falantes Segundo a Mecânica do Processo Mediúnico
a) Médiuns Falantes Inconscientes: a psicofonia
inconsciente se processa sem a ligação dos centros conscientes do cérebro
mediúnico à mente do hóspede que a utiliza. Este psiquismo mediúnico cede espontaneamente
seus recursos ao Espírito comunicante, sem qualquer dificuldade para
desligar-se, de maneira automática, do campo sensório, perdendo, provisoriamente,
o contato com os centros motores da vida cerebral. Por isso é que o Espírito
comunicante tem maior possibilidade de intervenção "material", tais
como: alteração no tom de voz, caracterização de sotaque, podendo até alterar
momentaneamente a fisionomia do médium que, ao sair do transe, não guardará
lembrança do ocorrido no momento do fenômeno. O médium pode permanecer mais próximo
e atento ao organismo físico ou mais tranqüilo e afastado, embora sempre
presente e responsável. O que determina o maior ou menor afastamento é o
estado de equilíbrio e o grau evolutivo do Espírito comunicante.
Importante: a psicofonia inconsciente se evidencia em duas
condições:
1º - aos médiuns que possuam méritos morais suficientes
à própria defesa;
2º - nos obsessos que se renderam às forças vampirizadoras.
b) Médiuns Falantes Semi-conscientes: o médium cederia
ao Espírito comunicante o comando do centro motor correspondente à fala, mas se
manteria informado do fenômeno, ou seja, teria de forma mais ou menos lúcida,
consciência do que o Espírito estaria falando ou fazendo através do seu corpo.
Os médiuns semi-conscientes costumam guardar com maior clareza as sensações e
as emoções. Com relação às palavras a lembrança é mais vaga. Esta faculdade
aparece com mais freqüência.
c) Médiuns Falantes Conscientes: os centros motores
cerebrais do médium permanecem no comando das suas funções e o médium se mantém
informado de tudo o que acontece, podendo conhecer as palavra na sua formação,
arquivando-as de maneira automática, no centro da memória.
Classificação dos Médiuns Segundo o Grau de Desenvolvimento da Faculdade
a) Médiuns Novatos: são inseguros, resistentes aos
fenômenos ou descontrolados. As faculdades não devidamente adestradas traduzem
as comunicações de forma lenta, destorcidas, mal filtradas. O médium tem maior
dificuldade de refazimento. Geralmente duvida da veracidade da comunicação.
b) Médiuns Experimentados: a transmissão das
comunicações é feita com facilidade e presteza, sem hesitação. Concebe-se que
este seja resultado de exercício metódico, continuado e regular. O médium
experimentado tem condições de fazer distinção dos Espírito comunicantes. É
resultado de um estudo sério de todas as dificuldades que se apresentam na prática
do Espiritismo.
Segundo Kardec, o mal é que muitos médiuns confundem experiência
- fruto do estudo, com aptidão - produto da organização física.
c) Médiuns Improdutivos: os que não chegam a obter
mais do que coisas insignificantes, monossílabos, traços ou letras sem conexão,
frases incompletas, idéias corriqueiras, etc... Por outro lado, também podem
ser prolixos, com comunicações sobrecarregadas de repetições e termos
impróprios.
"O médium por si mesmo nada representa, e jamais deverá
adotar a pretensão de realizar isto ou aquilo sem antes observar se, realmente,
é influenciado pelas verdadeiras forças espirituais superiores." Yvonne
A. Pereira
bibliografia
1) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
2) Nos
Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
3) Memórias
de um Suicida - Yvonne A. Pereira
4) Recordações
da Mediunidade - Yvonne A. Pereira
Capítulo 14
perigos e inconvenientes,
perda e suspensão da faculdade mediúnica
Perigos e Inconvenientes da Faculdade Mediúnica
Após uma centena de anos recebendo os mais variados ataques, que
iam da fraude às manifestações demoníacas, surgem novos opositores que não
discutem quanto à existência do fenômeno mediúnico espírita, somente acham
que a prática da mediunidade é suscetível de levar para caminhos perigosos
quem a ela se dedicar. Não se pode negar que o Espiritismo, na sua parte
prática, realmente oferece perigos aos imprudentes que, sem estudo e preparo,
sem método adequado e sem proteção eficaz, se lançam a aventuras experimentais
por passatempo ou frívola diversão, atraindo, para si, elementos inferiores do
mundo invisível cuja influência maléfica fatalmente sofrerão.
Estes perigos, no entanto, são por demais exagerados pelos detratores
da Doutrina Espírita, a fim de desestimular a aproximação do homem da fonte
capaz de matar-lhe a sede de conhecimento acerca de seu destino futuro, terreno
este, que foi monopolizado pelas religiões tradicionalistas, as quais não
suportam o mais leve exame da lógica e da razão.
Há necessidade de precaução em toda prática ou experimentação que
se faça. Ninguém, por exemplo, sem ter conhecimento, pelo menos rudimentar,
sobre Química, entraria em um laboratório e se poria a manipular substâncias
desconhecidas, a não ser que quisesse colocar em risco sua segurança e a sua
saúde. Qualquer coisa poderá ser boa ou má, conforme o uso que se lhe der. É
injusto, porém, ressaltar os possíveis perigos da mediunidade sem assinalar os
extraordinários benefícios que propicia, dentre os quais, a comprovação da
imortalidade da alma, ponto que sozinho é suficiente para anular a angústia
natural do homem, transmitindo-lhe a certeza da continuidade da vida após a
sepultura.
Nenhum progresso, nenhum avanço, nenhuma descoberta se alcança sem
esforço, sem sacrifícios e sem certos riscos. Se os grandes navegadores não
tivessem tentado suas viagens através dos oceanos, enfrentando o desconhecido
e as forças naturais, até hoje, permaneceríamos vivendo em núcleos isolados
ainda de forma primitiva, porque a falta de entrosamento e de troca de
experiência nos manteria nos limites tradicionalistas, herdados de nossos
antepassados. No oceano do mundo invisível palpitam outros seres, outras
sociedades, outros mundos que estão à nossa espera, e dos quais nos chegam os
informes, pelo correio da mediunidade, para que deles usufruamos a experiência
vivida.
Deus nos colocou em um verdadeiro oceano de vida, que é um reservatório
inesgotável de energias e, dando-nos a inteligência, a consciência e a razão,
quis Ele que conhecêssemos essas forças e aprendêssemos a manipulá-las,
convenientemente, para nosso benefício espiritual. Este exercício constante
permite que nós mesmo nos desenvolvamos até alcançar o império sobre a Natureza,
o domínio do Espírito sobre a matéria.
"Essa conquista é o mais elevado objetivo a que possamos
consagrar a nossa vida. Em vez de afastar dele o homem, ensinemos-lhe a
caminhar ao seu encontro, sem hesitação. Estudemos, escrutemos o Universo em
todos os seus aspectos, sob todas as formas."
As dificuldades da experimentação mediúnica estão em proporção com
o desconhecimento das leis psíquicas que regem os fenômenos, desconhecimento
este que mergulha o homem em um lago de ignorância ou no estímulo para a
criação de crendices e absurdos nas quais procura se agarrar.
"Em tais condições, pode acontecer que a experimentação
espírita reserve numerosas ciladas, muito mais, entretanto, aos médiuns que
aos observadores. O médium é um ser nervoso, sensível, impressionável; e
envolto numa atmosfera de calma, de paz e benevolência, que só a presença dos
Espíritos adiantados pode criar. A prolongada ação fluídica dos Espíritos
inferiores lhe pode ser funesta, arruinar-lhe a saúde, provocando os fenômenos
de obsessão e possessão..." (No Invisível, Cap. XXII)
Todo cuidado que tomarmos, incentivando-nos ao conhecimento pelo
estudo e ao aperfeiçoamento moral pela prática das virtudes cristãs, será o
cumprimento tão somente dos nossos deveres perante a mediunidade.
"É necessário adotar precauções na prática da mediunidade.
As vias de comunicação que o Espiritismo facilita entre o nosso mundo e o mundo
oculto, podem servir de veículos de invasão às almas perversas que flutuam em
nossa atmosfera, se lhes não soubermos opor resistência vigilante e firme.
Muitas almas sensíveis e delicadas, encarnadas na Terra, têm sofrido em
conseqüência de seu comércio com esses Espíritos maléficos, cujos desejos,
apetites e remorsos os atraem constantemente para perto de nós."(idem)
Pela lei de afinidade vibratória que condiciona o enlace psíquico
entre a criaturas, criando a simpatia e a antipatia, constantemente estamos
rodeados de entidades atraídas a nós pelo nosso "hálito mental",
que, se mau, atrairá os maus, se bom, atrairá os bons.
"As almas elevadas sabem mediante seus conselhos,
preservar-nos dos abusos, dos perigos, e nos guiar pelo caminho da sabedoria;
mas sua proteção será ineficaz, se por nossa parte não fizermos esforços para
nos melhorarmos. É destino do homem desenvolver suas forças, edificar ele
próprio sua inteligência e sua consciência. É preciso que saibamos atingir um
estado moral que nos ponha ao abrigo de toda agressão das individualidades
inferiores. Sem isso, a presença de nossos guias será impotente para nos
salvaguardar."(Idem)
Assim, pois, não basta apenas que os mentores nos queiram defender;
antes de mais nada, é preciso que saibamos nos conservarmos em permanente
elevação de propósitos, de pensamentos, de idéias e de ações. Caso contrário,
estaremos sujeitos à obsessão, que é a ação persistente de um mau Espírito
determinando uma influência perniciosa sobre o estado de equilíbrio psíquico
da criatura e até sobre sua saúde física. É a moral descuidada e menosprezada
gerando estados lastimáveis de Espírito e de corpos também.
Mediunidade e Estados Petológicos
No início do Movimento Espírita, observações superficiais, constatando
o grande número de pessoas desequilibradas, levantaram a hipótese de que a
mediunidade seria um estado patológico, ou seja, doença da mente do médium.
Perguntados sobre a questão, eis como os Espíritos responderam:
“a faculdade mediúnica é um estado "anômalo, às vezes, porém,
não patológico; há médium de saúde robusta; os doentes os são por outras
causas." [LM-cap XVIII]
Acreditava-se também que o exercício prolongado da faculdade mediúnica
produzia alguma fadiga sobre o médium e que isto podia ser motivo de
contra-indicar o seu uso. Note-se, porém, que o uso de qualquer faculdade por
tempo prolongado causa o cansaço e a fadiga, porém, estes serão do corpo, do
organismo do intermediário e nunca do Espírito, que até se fortalecerá de
acordo com a natureza do trabalho que efetue.
Atualmente, as pesquisas no campo da Parapsicologia já evidenciaram
o fato aceito e preconizado pelo Espiritismo há mais de cem anos: "Os
fenômenos paranormais não são patológicos" [Robert Amadou - Parapsicologia,
VI parte, Cap. IV, nº 5]; "Até hoje nada indicou qualquer elo
especial entre funções psicopatológicas e parapsicológicas" [J.B.
Rhine, Fenômenos e Psiquiatria, pg 40].
"Poderia a mediunidade produzir a loucura?
R. Não mais do que qualquer outra coisa, desde que não haja
pré-disposição para isso, em virtude de fraqueza cerebral. A mediunidade não
produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém, existindo
este, o bom-senso está a dizer que se deve usar de cautelas, sob todos os
pontos de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial."[LM-capXVIII]
O que se observa na prática é a existência de inúmeros casos, que
são rotulados como doença mental segundo os cânones científicos, eu que nada
mais é que simples perturbação espiritual, que tratada convenientemente, cede
por completo.
Há casos em que a mediunidade não encarada como merecedora de
cuidados especiais, gera obsessões de curto, médio e longo cursos, que somente
um tratamento adequado e paciencioso poderá resolver. Assim, nem todos os que
apresentam sintomas de desequilíbrio psíquico devem ser encarados como médiuns
em potencial, e até, pelo contrário, não se deve estimular o exercício
mediúnico nas pessoas de caracteres impressionáveis e fracos, a fim de evitar
conseqüências desagradáveis.
"Do seu exercício cumpre afastar, por todos os meios
possíveis, as que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de excentricidade nas
idéias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porquanto, nessas pessoas,
há pré-disposição evidente para a loucura, que se pode manifestar por efeito de
qualquer sobreexcitação."(Idem)
Mediunidade na Infância
Outro perigo e inconveniente da mediunidade é estimulá-la nas
crianças. Embora boa parte do material que serviu para fundamentar a Doutrina
Espírita tenha vindo através da mediunidade de inocentes jovens, despreparadas
intelectualmente para desempenharem papel ativo nas comunicações, devemos levar
em conta que o fato se dava à revelia das próprias médiuns, pois os fenômenos
tinham caráter eminentemente espontâneo. Aquelas crianças que manifestarem
espontaneamente a faculdade, devem ser cercada de cuidados especiais, procurando,
por todos os meios, evitar seu incentivo, buscando instruí-las e formar sua
personalidade. Somente depois que elas venham a amadurecer orgânica e
psicologicamente é que se deve orientar o seu desenvolvimento mediúnico
propriamente dito.
"Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas
crianças?
R. Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois
que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos,
e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes
devem afastá-las dessas idéias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto,
senão do ponto de vista das conseqüências morais."(Idem)
Perda e Suspensão da Faculdade Mediúnica
As características de quem abusa do exercício mediúnico são:
- acreditar-se privilegiado por possuir a faculdade;
- não atender às solicitações de estudo da Doutrina;
- achar que o guia espiritual ensina tudo;
- não ter horário para trabalhar mediunicamente,
entregando-se à prática a qualquer hora, ocasião e local;
- fazer trabalhos mediúnicos habitualmente em casa
domiciliar;
- cobrar monetária ou moralmente pelos bens que eventualmente
possa obter pela faculdade mediúnica.
O médium que emprega mal a sua faculdade está se candidatando:
- a ser veículo de comunicações falsas;
- a ser vítima dos maus Espíritos;
- à obsessão;
- a se constituir em veículo de idéias fantasiosas nascidas
de seu próprio Espírito orgulhoso e pretensioso;
- à perda ou suspensão da faculdade mediúnica.
A faculdade mediúnica pode ser retirada em determinadas circunstâncias
da vida?
Eis a resposta de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier:
"Os atributos medianímicos são como os talentos do
Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se
indigno da confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados
no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas;
todavia se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade, da exploração
inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do
estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do
acréscimo de seus débitos irrefletidos." [O Consolador-qst389]
Existem casos em que a interrupção demonstra uma prova de benevolência
do Espírito protetor para com o médium, segundo nos esclarece Allan Kardec
[LM-it 220]. Nesta situação, há três aspectos a considerar:
1º - Quando o Espírito amigo e protetor quer provar que
a comunicação mediúnica não depende dele, médium, e que assim, este não se
deve vangloriar ou envaidecer;
2º - Quando o médium está debilitado fisicamente e
precisa de repouso;
3º - Quando se fizer necessário por à prova a paciência
e a perseverança do médium ou lhe dar tempo para meditar nas instruções
recebidas dos Espíritos.
Como vemos, a mediunidade pode ser considerada como verdadeiro
instrumento de redenção da criatura humana, que, ao usá-la com dignidade e
coração, tem oportunidade de exercitar as virtudes cristãs como a humildade, o
perdão, o amor e a caridade.
Sendo uma faculdade como as outras que possuímos, pode de uma hora
para outra sofrer interrupções. Isto acontece porque a produção mediúnica
ocorre através do concurso dos Espíritos, sem eles nada pode o médium; a
faculdade continua a existir em essência mas os Espíritos não podem ou não
querem se utilizar daquele instrumento mediúnico.
Os bons Espíritos se afastam dos médiuns por vários motivos.
Analisemos alguns:
a) Advertência: quando o médium se serve da faculdade mediúnica
para atender a coisas frívolas ou com propósitos ambiciosos e desvirtuados.
Como coisas frívolas, citamos a prática dos "ledores da
sorte". Infelizmente, este desvirtuamento da verdadeira prática mediúnica
existe em larga escala, e, mais cedo ou mais tarde, tais médiuns terão que prestar
contas ao Senhor da aplicação feita dos talentos recebidos.
Os chamados "profissionais da mediunidade" não se
agastam em receber pagamentos, quer sob a forma de dinheiro, presentes,
favores, privilégios ou até mesmo dependência afetiva ou emocional.
Recordemos as palavras do Espírito Manoel Philomeno de Miranda:
"(...) o médium, habituando-se aos negócios e
interesses de baixo teor vibratório, embrutece-se, desarmoniza-se (...). A
mediunidade com Jesus, liberta, edifica e promove moralmente o homem, enquanto
que, com o mundo, aturde, escraviza e obsidia a criatura." [Seara do Bem,
Profissionais da Mediunidade]
Quando os Espíritos que sempre se comunicam por um determinado
médium deixam de o fazer, o fazem para provar ao médium e a todos que eles são
indispensáveis, e que, sem o seu concurso simpático, nada se obterá. Muitas
vezes, tal atitude se prende à forma pela qual o médium vem se conduzindo,
deixando a desejar sob o ponto de vista moral e doutrinário.
Geralmente, este tipo de suspensão é por algum tempo e a faculdade
volta a funcionar, cessada a causa que motivou a suspensão.
b) Benevolência: quando as forças do médium estão esgotadas
e seu poder de defesa fica reduzido, para que não caia como presa fácil nas
mãos de obsessores, sua faculdade é suspensa, temporariamente, até que volte
aos seu estado normal e possa exercitar com eficiência. Assim,
"A interrupção da faculdade nem sempre é uma punição,
demonstra às vezes a solicitude do Espírito para com o médium, a quem consagra
afeição, tendo por objetivo proporcionar-lhe um repouso material de que o
julgou necessitado, e neste caso não permite que outros Espíritos o substituam."
[LM-it 220]
Léon Denis [No Invisível-cap IV] afirma que:
"A intensidade das manifestações está na razão direta do
estado físico e mental do médium. A saúde do médium parece-nos ser uma das
condições de sua faculdade. Conhecemos um grande número de médiuns que gozam
perfeita saúde; temos notado mesmo que, quando a saúde se lhes altera, os fenômenos
se enfraquecem e cessam de se produzir."
Por que sinal se pode reconhecer a censura na interrupção da mediunidade?
"Que interrogue o médium a sua consciência e pergunte a si
mesmo que uso tem feito da sua faculdade, que benefícios têm resultado para os
outros, que proveito tem tirado dos conselhos que lhe deram, e terá a
resposta." [LM-it 220]
Vianna de Carvalho nos diz que
"O mau uso da faculdade mediúnica pode entorpecê-la e até
mesmo fazê-la desaparecer, tornando-se para o seu portador, um verdadeiro
prejuízo, uma rude provação. Algumas vezes como advertência, interrompe-se-lhe
o fluxo medianímico e os Espíritos superiores, por afeição ao médium, permitem
que ele perceba, a fim de mais adestrar-se, buscando descobrir a falha que
propiciou a suspensão, restaurando o equilíbrio; outras vezes, é-lhe
concedida com o objetivo de facultar-lhe algum repouso e refazimento.”
c) Provação: quando o médium, apesar de se conduzir com
acerto, ter o merecimento por boa conduta moral e não necessitar de descanso,
tem suas possibilidades mediúnicas diminuídas ou interrompidas, Allan Kardec
nos diz que:
"Servem para lhes por a paciência à prova e para lhes
experimentar a perseverança. Por isso é que os Espíritos nenhum termo, em
geral, assinam, à suspensão da faculdade mediúnica; é para verem se o médium
desanima. Muitas vezes, serve também para lhes dar tempo de meditar as instruções
recebidas.
Outra causa é quando o médium não aproveita as instruções nem os
conselhos que os protetores espirituais propiciam. O Espírito protetor aconselha
sempre para o bem, sugerindo bons pensamentos ou amparando nas aflições o seu
tutelado mas, em situação alguma, desrespeita o livre-arbítrio de quem quer
que seja. (...) Afasta-se, quando vê que seus conselhos são inúteis e que
mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos
Espíritos inferiores. Mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir.
É então o homem que tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame."
[Le-qst 495]
No caso de não mais funcionar a faculdade mediúnica, isto jamais
se deve ao fato de o médium ter encerrado a sua missão, como se costuma dizer,
porque toda missão encerrada com sucesso é prenúncio de nova tarefa que logo se
lhe segue, e assim, sucessivamente. O que ocorre nestes caso é a perda por
abuso da mediunidade ou por doença grave.
Bibliografia
1) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
2) Livro dos
Espíritos - Allan Kardec
3) No
Invisível - Léon Denis
4) Médiuns e
Mediunidades - Vianna de Carvalho/Chico Xavier
5) O
Consolador - Emmanuel/Chico Xavier
Capítulo 15
AS MANIFESTAÇÕES VISUAIS,
BICORPOREIDADE E TRANSFIGURAÇÃO
Das Manifestações Visuais
Por sua natureza e em seu estado normal o perispírito é invisível,
tendo isso em comum com uma imensidade de fluidos que sabemos existir e que
não vemos, por exemplo, o ar atmosférico. Pode também, como alguns fluidos,
sofrer modificações que o torna visível, quer seja por uma espécie de
condensação (por falta de um termo mais apropriado), quer por uma mudança em
sua disposição molecular. Pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo
sólido e tangível, para retomar, em seguida, seu estado etéreo e invisível. É
possível fazer-se idéia desse efeito pelo que acontece com o vapor
(vapor-água-gelo).
Esses diferentes estados do perispírito resultam da vontade do
Espírito, e não de uma causa física exterior, como é o caso dos gases. Quando
um Espírito desencarnado faz-se visível, este condensa o seu perispírito num
estado próprio para torná-lo visível; mas, nem sempre basta a vontade para que
ele torne-se visível: é preciso o concurso de outras circunstâncias, que não
dependem dele.
É preciso ainda, que ao Espírito seja permitido tornar-se visível
a tal pessoa, o que nem sempre lhe é concedido. Necessita ainda, no caso de
ser um Espírito desencarnado, da participação de um médium, que deverá ceder
fluidos necessários ao processo, pois a modificação no perispírito opera-se
mediante uma combinação deste com o fluido peculiar ao médium. Essa
combinação nem sempre é possível, o que explica não ser generalizada a
visibilidade dos Espíritos.
Assim, não basta que o Espírito queira mostrar-se nem tampouco
que uma pessoa queira vê-lo, é necessário que entre eles haja uma espécie de
afinidade, e também, que a emissão de fluidos da pessoa seja suficientemente
abundante para operar a transformação do perispírito e, provavelmente, que se
verifiquem outras condições que ainda desconhecemos.
Pode pois, numa reunião, mostrar-se a apenas a uma pessoa ou a
diversas que nela estejam presentes. Daí resulta que, se duas pessoas
igualmente dotadas desta aptidão se encontrarem juntas, pode o Espírito operar
a combinação fluídica com apenas uma da duas, a quem ele queira mostrar-se ou
com aquele que a combinação fluídica se opere mais facilmente.
As manifestações visuais ocorrem na maioria das vezes durante o
sono, por meio do que chamamos muitas vezes de sonhos: são as visões. Quando as
manifestações visuais ocorrem no estado de vigília, chamamos de aparições.
Podendo assumir todas as aparências, o Espírito se apresenta da
forma que mais se torne reconhecível, se o quiser. Apresenta-se em geral de
forma vaporosa e diáfana, algumas vezes vaga e imprecisa, e outras de formas
nitidamente desenhadas, de modo que uma pessoa pode diante de um Espírito
nestas condições, supor tratar-se de um encarnado, sem sequer suspeitar que
tem diante de si um Espírito.
As aparições não constituem novidades, pois em todos os tempos se
produziram e delas temos vários exemplos na história.
Bicorporeidade
Este fenômeno é uma variedade das manifestações visuais e baseia-se
no princípio das propriedades do perispírito, quer se encontre no mundo dos
Espíritos, quer se encontre no mundo dos encarnados.
A faculdade que possui o Espírito encarnado de emancipar-se e de
desprender-se do corpo durante a vida, pode permitir a ocorrência de fenômenos
análogos aos que os Espíritos desencarnados produzem. Enquanto o corpo se acha
sob o efeito do sono, o Espírito pode transportar-se revestido pelo
perispírito a lugares diversos, tornando-se visível e aparecendo a outros
indivíduos, quer estejam estes acordados ou dormindo, pelo mesmo processo de
condensação ou de transformação já estudados. Além de visível torna-se também
tangível, de uma forma tão próxima da realidade que permite aos indivíduos
afirmarem tê-lo visto em dois lugares ao mesmo tempo. Ele realmente estava em
ambos, mas apenas num se achava o corpo material, achando-se no outro o
Espírito. Ao despertar o indivíduo, os dois corpos se reúnem e a vida volta ao
corpo material. A este fenômeno denominamos bicorporeidade.
Por mais que possa parecer extraordinário, este fenômeno, como
tantos outros, está na ordem dos fenômenos naturais, pois que depende de
propriedades do perispírito e de uma lei natural, e tem sua explicação nas
propriedades de condensação e transformação do perispírito.
Deste fenômeno temos vários exemplos amplamente comprovados e
divulgados, tanto na literatura Espírita quanto Eclesiástica.
Santo Alfonso de Liguori foi canonizado antes do tempo necessário
por ter se mostrado em dois lugares ao mesmo tempo, o que se passou como sendo
um milagre. Enquanto os seus companheiros o viam em sua cela, em estado de
êxtase, em Arienzo, na província de Nápoles, ele era visto simultaneamente em
Roma assistindo ao Papa Clemente XIV, em seus últimos minutos, e ao despertar
deu aos colegas de convento a notícia da desencarnação do Papa, que foi
confirmada bem mais tarde por notícias oficiais, em decorrência da distância
que separava os dois lugares.
Santo Antônio de Pádua, estava na Espanha e enquanto aí pregava,
seu pai, que estava em Pádua, ia ao suplício, acusado de uma morte. Neste momento,
Santo Antônio aparece, demonstra a inocência de seu pai e revela o verdadeiro
culpado que, mais tarde, sofre o castigo. Foi constatado que neste momento,
Santo Antônio não havia deixado a Espanha.
Eurípedes Barsanulfo, notável médium que viveu em Sacramento -
MG, dotado de moral irrepreensível, por várias vezes se fez notar no fenômeno
da bicorporeidade. Encontramos alguns relatos bastante interessantes,
principalmente por terem sido presenciados por testemunhos nem sempre afeitos à
Doutrina dos Espíritos.
Eurípedes era professor, sendo o fundador do Colégio Allan Kardec
em Sacramento (o primeiro colégio espírita em todo o mundo). Era médium dotado
de variados tipos de mediunidade, destacando-se a mediunidade de cura e o
receituário mediúnico. Muitas vezes entrava em transe durante uma aula e se
prestava a socorrer necessitados através da bicorporeidade; certa vez, após um
transe, dirige-se aos alunos e diz:
"- Prestem atenção. Acabo de fazer um parto difícil, numa
residência atrás da Igreja do Rosário. O marido não sabe que a criança já nasceu
e está a caminho daqui, para solicitar ajuda. Quando ele entrar na sala os
senhores devem ficar de pé para o cumprimentarem.
E o homem entrou logo em seguida, muito aflito, de roupa de
montaria e chapéu, pedindo a Eurípedes que fosse até a sua residência, com
urgência fazer o parto pois sua mulher estava muito mal e a parteira não estava
conseguindo resolver o caso.
- Acalme-se, respondeu o médium sorrindo, já fiz o parto há
5 minutos atrás...
- Não é possível disse o homem, há 5 minutos eu o teria
visto no caminho.
- O senhor não me viu porque eu fui em Espírito, mas eu vi
o senhor, respondeu Eurípedes, e pode voltar para sua casa sossegado, a menina
que nasceu é linda e forte.
O homem porém duvidou e só saiu dali com Eurípedes junto.
Chegando a casa se deparou com a esposa que segurava no leito a filhinha. A
parturiente ao ver o médium exclamou:
- O senhor não precisava vir de novo seu Eurípedes, eu e o
bebê estamos passando muito bem!
Em várias outras ocasiões este médium pôde ser visto
simultaneamente em dois lugares.
Os livros Eclesiásticos relatam a história de Maria D'Agreda, que
ainda muito jovem tornou-se superiora do convento de Imaculada Conceição de
Maria na Espanha. Maria D'Agreda era um Espírito nobre e extremamente
preocupada com a salvação do próximo, e, em suas preces, pedia ardentemente a
Deus que permitisse a ela fazer algo pela salvação destas almas que não
conheciam a Deus. Certo dia, durante seus momentos de oração, ela se viu
arrebatada em êxtase a uma região longínqua de clima e vegetação diversos do
clima espanhol, sendo esta região reconhecida como o Novo México, na América
do Norte. Neste local Maria d'Agreda encontrou uma nação indígena que passou a
catequizar, durante estes períodos de êxtase que se repetiram por cerca de 8
anos com aproximadamente 500 êxtases, seguidos do fenômeno de bicorporeidade.
Maria d'Agreda exerceu assim seu apostolado doutrinário em região muito
distante da Espanha sem de lá se afastar em corpo físico, apenas o fazendo em
corpo espiritual. (Vide Revista Espírita de novembro de 1860).
Transfiguração
O fenômeno da transfiguração decorre do princípio de que
pode o Espírito dar ao seu perispírito a aparência que desejar; que mediante modificações
na disposição molecular, pode dar-lhe visibilidade, tangibilidade e a
opacidade; que o perispírito de um encarnado possui as mesmas propriedades,
que essa mudança se opera pela combinação dos fluidos.
Imaginemos pois o perispírito de um encarnado, não desprendido do
corpo, mas exteriorizado em volta de seu corpo, de maneira a envolvê-lo como
uma espécie de vapor. Neste estado se torna passível das mesmas modificações
de que o seria se estivesse separado do corpo. Poderá então o perispírito
mudar de aspecto, tornar-se brilhante, se tal for a vontade do Espírito ou se
ele dispuser de poder para tanto. Um outro Espírito, combinando seus fluidos
com os dele poderá, a essa combinação de perispíritos, dar a forma que desejar,
mudando temporariamente a forma original e assumindo aquela da entidade
espiritual que sobre ele atua. Esta parece ser a causa do fenômeno da
transfiguração.
Allan Kardec relata no Livro dos Médiuns vários casos de transfiguração.
Um dos mais belos exemplos de transfiguração encontra-se no
Evangelho [Marcos-IX,2-8]:
"Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João e os levou
em particular ao Monte Tabor. E foi transfigurado diante deles, suas vestes
tornaram-se resplandecentes e muito brancas, como nenhum lavadeiro sobre a
Terra as pode alvejar."
Eliseu Rigonatti, médium, escritor e expositor espírita conta em
[O Evangelho das Recordações], um caso bastante ilustrativo do fenômeno da
transfiguração. Segundo este autor, uma das médiuns participantes da reunião
mediúnica por ele dirigida naquela ocasião era muito estrábica do olho
direito, a ponto de aparecer apenas a esclerótica, com pequena parte da íris,
num cantinho da pálpebra. O olho esquerdo era normal. Certo dia ela comunicou
ao dirigente que faltaria por uma semana, pois iria a São Paulo submeter-se a
uma cirurgia corretiva para o problema. Mas no sábado seguinte lá estava ela
para os trabalhos mediúnicos, e durante uma comunicação Eliseu notou que a
jovem mantinha os olhos bem abertos e que eles estavam normais, sem qualquer
sinal do estrabismo. Ao final da reunião entretanto, quando ele se dirigiu à
jovem para comemorar o sucesso da cirurgia, notou que a jovem mostrava o mesmo
estrabismo de sempre e ela lhe disse que por motivos econômicos tivera que
adiar a viagem, e que durante a comunicação mediúnica, sentira um forte
pressão nos olhos.
Vimos assim, de forma sucinta, alguns esclarecimentos básicos para
se entender os fenômenos da bicorporeidade e da transfiguração. Para aumentar
os seus conhecimentos no assunto, sugerimos que leia a bibliografia
recomendada abaixo.
Bibliografia
1) O Livro
dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Livro
dos Médiuns - Allan Kardec
3) Obras
Póstumas - Allan Kardec
4) A Gênese -
Allan Kardec
5) Revista
Espírita - novembro de 1860
6) O
Evangelho das Recordações - Eliseu Rigonatti
7) O Apóstolo
da Caridade - Eurípedes de Barsanulfo
8) Parábolas
e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel
Capítulo 16
Mediunidade de Cura
Introdução
Aquilo que está realmente acontecendo neste mundo é bem diferente
do que parece estar ocorrendo, tal como se expressa nas manchetes dos jornais
ou em textos convencionais.
E o que na realidade está ocorrendo é uma ansiosa busca de espiritualidade.
Quer aprovem todas as pessoas ou não aprovem, estamos hoje em meio a um
processo de transição para uma nova era, aquilo que muitos estudiosos chamam de
"despertar espiritual".
Este encontro do Homem contemporâneo com o pensamento metafísico
têm-se acompanhado de uma insistente busca da Medicina alternativa.
Aculpuntura, Medicina Antroposófica, Bioenergética e principalmente, as
terapias ditas espirituais. Milhares e milhares de pessoas decepcionadas com a
Medicina Convencional têm buscado nos Centros Espíritas, ou em outras
correntes religiosas, o restabelecimento de sua saúde.
Daí a importância do estudo das diversas modalidades terapêuticas
oferecidas pela Casa Espírita.
Modalidades de Terapia Espiritual
a) Fluidoterapia Convencional: trata-se do Passe
Magnético, da água fluidificada e da irradiação a distância. São modalidades
terapêuticas onde se trabalha com fluidos curadores, encontradas em quase todos
os centros espíritas;
b) Assistência Através de Médiuns Receitistas: o médium
receitista, segundo Allan Kardec (que os denominava também de médiuns medicinais), são
aqueles cuja especialidade é a de servirem mais facilmente aos Espíritos que
fazem prescrições médicas. Lembra o codificador que não se deve confundi-los
com os médiuns curadores, porque nada mais fazem do que transmitir o
pensamento do Espírito e não exercem, por si mesmos, nenhuma influência.
Benfeitores espirituais dotados de conhecimentos sobre Medicina, que ditam
através do médium (geralmente por psicografia) os medicamentos e as
orientações que deve seguir para o seu restabelecimento. A maioria deles
trabalha com Mecidina Homeopática, lançando mão também de chás, ervas e drogas
ditas naturais;
c) Assistência Espiritual Direta: consiste na atuação
terapêutica dos Espíritos sem a participação direta de médiuns. Talvez seja a
mais comum das modalidades terapêuticas espíritas, onde os Benfeitores estarão
mobilizando recursos fluídicos específicos em benefício dos necessitados sem
que eles, muitas vezes, percebam. Esta modalidade pode desenrolar-se nos
centros espíritas ou mesmo nas residências dos enfermos. Em determinadas
situações o doente é levado em corpo espiritual a certos hospitais do mundo
extra-físico e lá são submetidos a complexos processos de reparação
perispiritual;
d) Operações Espirituais: essa modalidade terapêutica
caracteriza-se pela atuação de Espíritos desencarnados incorporados e médiuns
específicos. No Brasil, ganhou muito destaque a partir dos médiuns José Arigó
e Edson Queirós. Utilizando-se das mãos do médium ou de instrumentais
cirúrgicos, os cirurgiões desencarnados mobilizam recursos fluídicos
diretamente junto ao corpo físico e espiritual do doente.
Interrogado quanto à utilização desses instrumentos cirúrgicos
neste tipo de assistência espiritual, o expositor Divaldo Franco assim se
expressou:
"Na minha forma de ver, trata-se de ignorância do Espírito
Comunicante, que deve ser esclarecido devidamente, e de presunção do médium,
que deve ter alguma frustração e, se realiza desta forma, ou de uma exibição,
ou ainda para gerar melhor aceitação do consulente, que condicionado pela
aparência, fica mais receptivo. Já que os Espíritos se podem utilizar dos
médiuns que, normalmente não os usam, não vejo porque recorrer à técnica
humana quando eles a possuem superior." (Diretrizes de Segurança).
O Dr. Jorge Andréa, médico e escritor espírita, adverte quanto à
generalização deste tipo de modalidade terapêutica:
"existem desajustes na prática desse tipo de tratamento que
devem merecer, por parte dos solicitante, uma análise cautelosa, porquanto os
abusos são inúmeros e as mistificações, consciente ou inconscientes,
abundantes." (Psicologia Espírita)
Com relação aos resultados destas operações espirituais, o Dr.
Jorge Andréa esclarece que eles vão depender de fatores ligados ao médium e ao
doente. Os primeiros se relacionam à seriedade, honestidade de princípios e
moralidade. Os fatores relacionados aos doentes são a fé, o merecimento e a
programação cármica.
Espiritismo e Médium Curador
A mediunidade curadora deve ser examinada tal qual qualquer outra
modalidade mediúnica. Nesse sentido o médium de cura deve procurar canalizar
seus recursos fluídicos para o bem, sustentado pelos princípios espíritas e
pela moral evangélica. Aquele que se vê com esses dotes mediúnicos deve
procurar nortear sua conduta a partir dos seguintes ítens:
a) Vinculação a um Centro Espírita: a maior parte dos
problemas observados com os médiuns curadores reside no fato de não se submeterem
aos regimes doutrinários de um Centro Espírita. Muitas vezes optam por um
trabalho isolado, quando não constroem seu próprio centro espírita,
estruturado em idéias errôneas e práticas inadequadas. Muitos inconvenientes
seriam evitados se ele se integrasse a um Centro Espírita como qualquer outro
trabalhador de Jesus e amparado pelas forças dos companheiros encarnados e
desencarnados sofreria uma proteção muito mais efetiva;
b) Estudo Sistemático Do Espiritismo: não se pode
separar a prática mediúnica do estudo constante dos postulados espíritas. Sem
esse conhecimento doutrinário, facilmente o médium cairá nas malhas dos
Espíritos da sombra ou de pessoas inescrupulosas e aproveitadoras;
c) Gratuidade Absoluta: a Doutrina espírita não se
coaduna com qualquer tipo de cobrança para prestação de serviço espiritual. A
gratuidade está também relacionada com a questão melindrosa dos
"presentes" e das "doações para instituições" que muitas
vezes nada mais são do que formas disfarçadas de cobrança;
d) Exercício Constante da Humildade: Allan Kardec
assevera que o maior escolho à boa prática mediúnica é a vaidade e o orgulho.
Nesse sentido, o médium de cura deve se conscientizar de que ele é apenas um
elemento na complexa engrenagem organizada pelo mundo maior, engrenagem esta,
que vai encontrar no Cristo o seu condutor maior.
Finalidade das Curas Espirituais
Sabemos que o grande papel desempenhado pelo Espiritismo está
relacionado à moralização da humanidade. Assim sendo, pergunta-se porque assume
a Doutrina Espírita compromissos com as curas espirituais? Qual a finalidade
da existência de médiuns curadores? Quem responde é Divaldo Franco:
"A prática do bem, do auxílio aos doentes. O apóstolo Paulo
já dizia: Uns falam línguas estrangeiras, outros profetizam, outros impõe as
mãos... Como o Espiritismo é o Consolador, a mediunidade, sendo o campo, a
porta pelos quais os Espíritos Superiores semeiam e agem, a faculdade curadora
é o veículo da misericórdia para atender a quem padece, despertando-o para as
realidades da Vida Maior, a Vida Verdadeira. Após a recuperação da saúde, o
paciente já não tem direito de manter dúvidas nem suposições negativas ante a
realidade do que experimentou.
O médium curador é o intermediário para o chamamento aos que
sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do comportamento, integrando-se
na esfera do bem."
Bibliografia
1) Diretrizes
de Segurança - Divaldo e Raul Teixeira
2) Psicologia
Espírita - Dr. Jorge Andréa
3) Mãos de
Luz - Dra. Barbara Brenan
Capítulo 17
desdobramento, catalepsia e letargia
Desdobramento (Sonambulismo)
O fenômeno de desdobramento espiritual, denominado também
"experiência fora do corpo" ou "projeção do eu" e que Allan
Kardec reconhecia com o nome de "Sonambulismo", é uma condição
relativamente freqüente e que tem sido muito estudada nos dias de hoje.
A quantidade de obras e artigos não espíritas ou mesmo espíritas
já publicadas sobre o tema é imensa. Seu número cresce dia a dia, pois é um
assunto de magna importância e que tem indiscutível implicação na questão da
sobrevivência após a morte.
O médium sonambúlico (de desdobramento), segundo Kardec, é aquele "que
vive por antecipação a vida dos Espíritos".
Ele desfruta da capacidade de desprender-se do seu corpo físico,
deixando-o num estado de sonolência, e desloca-se no espaço apenas com seu
perispírito.
Durante o desdobramento, o Espírito pode sair para longe de seu
corpo e visitar locais distantes, conhecidos ou não. Estes locais poderão
encontrar-se em nosso plano físico ou nas esferas espirituais. Podem, também,
entrar em contato com outros Espíritos, visitar enfermos, assistir Espíritos
perturbados, etc.
A faculdade sonambúlica, lembra Kardec "é uma faculdade
que depende do organismo e nada tem a ver com a elevação, o adiantamento e a
condição moral do sujeito."
No entanto, os esforços que o medianeiro empreende em sua melhoria
pessoal deverão ser responsáveis pelo tipo de atividade que irá desenvolver em
"suas viagens".
Com relação ao grau de consciência, os médiuns de desdobramento
podem ser classificados em três tipos: conscientes, semi-conscientes e
inconscientes. Os primeiros lembram-se perfeitamente de tudo o que realizaram
durante o desdobramento, os segundos têm uma recordação relativa, mas os
terceiros nada recordam.
O desdobramento pode ser ainda: natural ou provocado (magnético).
No primeiro caso, o médium afasta-se de seu corpo sem que seja necessária a
atuação de uma outra pessoa. Pode verificar-se em função de uma enfermidade, do
sono, prece ou meditação. O desdobramento magnético ou provocado é aquele
produzido pela ação fluídico-magnética de outra pessoa, encarnada ou
desencarnada. Os médiuns adestrados são muitas vezes afastados de seu corpo
por seus mentores espirituais, durante o sono físico e levados para reuniões
de estudo e trabalho no mundo espiritual. Pode acontecer também, que o desdobramento
seja provocado por Espíritos viciosos, que desejam envolver o medianeiro em
atitudes infelizes, promovendo, muitas vezes, processos obsessivos graves.
Allan Kardec dá o nome de "êxtase" a um tipo de
desdobramento mais apurado, onde a alma do médium tem maior grau de
independência e pode deslocar-se para locais muitos distantes.
Catalepsia e Letargia
A catalepsia e a letargia derivam do mesmo princípio, que é a
perda temporária da sensibilidade e do movimento do corpo físico, diante de um
estado de emancipação profunda da alma (desdobramento). Não são enfermidades
físicas, mas uma faculdade que, como qualquer outra faculdade mediúnica
insipiente ou incompreendida, ou ainda descurada e mal orientada, torna-se
prejudicial ao seu possuidor.
Caracteriza-se a catalepsia pela suspensão parcial ou total da
sensibilidade e dos movimentos voluntários, acompanhada de extrema rigidez dos
músculos, acarretando a conservação passiva das atitudes dadas aos membros, ao
tronco ou à face. Assim, se lhe for erguido um braço, nesta posição ficará
indefinidamente. Nesse estado, os olhos permanecem grandemente abertos, fixos,
com semblante imobilizado, apresentando o paciente uma fisionomia impassível,
sem emoção e sem fadiga.
A catalepsia pode ocorrer naturalmente, sem uma causa aparente,
ou pode ser provocada (hipnotismo ou obsessão). Neste último estado, embora o
paciente não possa ter atividade alguma voluntária, age, no entanto, sob a
sugestão do operador.
A letargia é uma apresentação mais profunda que a catalepsia. O
letárgico nada ouve, nada sente, não vê o mundo exterior, a própria consciência
se lhe apaga, fica num estado que se assemelha à morte. O paciente jaz imóvel,
os membros pendentes, moles e flácidos, sem rigidez alguma e, se erguidos,
quando novamente soltos recaem pesadamente; sua respiração e o pulso são quase
imperceptíveis, as pupilas mais ou menos dilatadas, não reagem mais à luz; o
sensório está totalmente adormecido e a inércia da mente parece absoluta. É
exatamente dentro da letargia que se incluem os casos de mortes aparentes
registradas no Novo Testamento (ressurreição de Lázaro, da filha de Jairo e do
filho da viúva de Naim).
Entre os casos que constituem exemplos clássicos de letargia
cita-se o do Cardeal de Donnet, que quase foi enterrado vivo em virtude de
estado letárgico que nele se manifestou, conforme relata José Lapponi
[Hipnotismo e Espiritismo]:
"Em 1826 um jovem padre, quando pregava no púlpito de uma
igreja, cheia de devotos, foi imprevistamente acometido de um desmaio. Um
médico o declarou morto e deu licença para as horas fúnebres no dia imediato. O
bispo da catedral, onde se verificara o caso, já tinha recitado as últimas
orações ao pé do morto, já haviam sido tomadas as medidas do ataúde e se
aproximava a noite, no começo da qual se devia consumar o enterramento. São
fáceis de imaginar as angústias do jovem padre, que, estando vivo, recebia nos
ouvidos os rumores de todos esses preparativos. Afinal, ouviu a voz comovida de
um seu amigo de infância, e essa voz, provocando nele uma crise sobre humana,
produziu maravilhoso resultado. No dia seguinte, o jovem padre voltava ao seu
púlpito."
Vejamos agora o que disseram os Espíritos, respondendo às perguntas
formuladas por Allan Kardec sobre esse interessante assunto:
"Os letárgicos e os catalépticos, em geral, vêem e ouvem o
que em derredor se diz e faz, sem que possam exprimir o que estão vendo ou
ouvindo. É pelos olhos e pelos ouvido que têm essas percepções?
R. Não. É pelo Espírito. O Espírito tem consciência de si,
mas não pode comunicar-se." [LE-qst 422]
"Na letargia pode o Espírito separar-se inteiramente do
corpo, de modo a imprimir-lhe todas as aparências da morte e voltar a
habitá-lo?
R. Na letargia o corpo não está morto, porquanto há funções
que continuam a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente,
porém, não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha
ligado,. Em se rompendo, por efeito da morte real e pela desagregação dos
órgãos, os laços que prendem um ao outro. integral se torna a separação e o
Espírito não volta mais ao seu envoltório. Desde que um homem, aparentemente
morto, volve à vida, é que não era completa a morte." [LE-423]
Sendo a catalepsia e a letargia uma faculdade, patrimônio psíquico
da criatura e não propriamente uma enfermidade, compreender-se-á que nem sempre
a sua ação comprova inferioridade do seu possuidor, pois que uma vez
adestrados, ambos poderão prestar excelentes serviços à causa do bem, tais
como as demais faculdades mediúnicas que, não adestradas, servem de pasto a
terríveis obsessões.
Um Espírito encarnado, por exemplo, já evoluído, ou apenas de boa
vontade, poderá cair em transe letárgico ou cataléptico voluntariamente,
alçar-se ao espaço para desfrutar o convívio dos amigos espirituais,
dedicar-se a estudos profundos, colaborar com o bem e depois retornar à carne,
reanimado e apto a excelentes realizações.
Bibliografia
1) Livro dos
Espíritos - Allan Kardec
2) Magnetismo
Espiritual - Michaelus
3) Hipnotismo
e Espiritismo - José Lapponi
4) Recordações
da Mediunidade - Yvonne A. Pereira
5) Diversidades
dos Carismas - Hermínio C. Miranda
6) Nos
Domínios da Mediunidade- André Luiz/Chico Xavier
Capítulo 18
Obsessão: Conceito e Causas
Definição
Allan Kardec define obsessão como sendo a "ação persistente
que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo." [ESE-cap XXVIII].
Esta definição apresentada pelo Codificador dá margem a vários
comentários:
- A obsessão é sempre um processo mantido, contínuo, persistente
onde as forças em litígio estão se enfrentado num processo bem estabelecido.
Não se reconhece como obsessão aquelas condições fortuitas, ocasionais, onde
assimilamos pensamentos infelizes de forma breve e sem grandes conseqüências.
- A qualificação de Espírito mau, apresentada por
Kardec, deve ser bem entendida. O obsessor, na realidade, não é um Espírito
mau, como se entende este adjetivo, mas sim, uma entidade em sofrimento, com
defeitos e virtudes, capaz de grandes atitudes afetivas para com outras
pessoas. É, sobretudo, alguém que foi ferido, magoado, humilhado no passado e
que por sofrer tanto, quer fazer os outros sofrerem também.
- Em muitas oportunidades a obsessão não estará sendo organizada
por um único Espírito, mas sim, por uma falange de Espíritos.
- A obsessão pode atingir não apenas um indivíduo, mas toda
uma coletividade, uma família, uma cidade.
- A definição apresentada restringe a obsessão a apenas uma
de suas formas, quando um Espírito estará desenvolvendo o processo obsessivo
em direção a um encarnado. Pode ocorrer o inverso, quando um encarnado passa a
subjugar o Espírito.
Pode-se observar também obsessão entre encarnados e entre desencarnados.
Patologias
Como se desenvolve a "ação" a que se referia Allan
Kardec?
- O Espírito infeliz estará atuando sobre o encarnado em dois
níveis:
* Mente a mente: constrição mental;
* Perispírito a perispírito: envolvimento fluídico.
a) Constrição Mental: o obsessor instala a sua onda
mental na mente da pessoa visada. Forma-se uma ponte magnética, através da
qual, o perseguidor vai enviando os seus pensamentos e suas idéias, promovendo
uma verdadeira hipnose:
"Você é infeliz..."
"Sua vida não presta..."
"Mate-se..."
A princípio o indivíduo pode reagir fugindo da faixa de atuação do
obsessor. No entanto, se ele se entrega àquelas idéias ou se compraz com este
conúbio mental, o processo pode agravar-se, chegando ao grau máximo de
obsessão, que é a subjugação moral, onde o obsediado perde completamente o seu
livre-arbítrio.
Depois que o cerco se completa, pode tornar-se necessária presença
do obsessor ao lado do encarnado, pois ele pode continuar exercendo o domínio
psíquico a distância.
É o que André Luiz denomina de "loucura por telepatia alucinatória."
Algumas vezes, coadjuvando o processo de constrição mental, os
Espíritos obsessores poderão se utilizar de certos "aparelhos especiais"
para manter o processo. Manoel Philomeno de Miranda fez referência a um
pequeno aparelho, semelhante à um "micro-gravador" que os Espíritos
introduziram no cérebro do encarnado e que objetivava reforçar o processo de
hipnose mental.
b) Envolvimento Fluídico: ao envolver o indivíduo, o
perseguidor identifica os seus fluidos com os dele, há uma aproximação das auras,
os perispíritos se assimilam. Este convívio perispiritual vai permitir ao
Espírito sugar energias vitais do encarnado, o que vai contribuir para o
emagrecimento, o cansaço e as infecções que acompanham com freqüência as
vítimas da obsessão. O envolvimento fluídico vai permitir também que o Espírito
transmita para o encarnado fluidos deletérios fabricados por ele.
Causas
Sinteticamente, podemos reconhecer quatro causas fundamentais,
envolvendo as obsessões:
a) Ódio ou Vingança: na maioria das vezes a obsessão é
uma vingança exercida por um Espírito que foi prejudicado e que sofreu muito
nas mãos do atual obsediado. Este Espírito pode ter sido prejudicado numa outra
encarnação onde eles estiveram juntos, ou nessa mesma existência.
O aborto criminoso é um acontecimento que muitas vezes responde
por obsessões graves cuja causa está na mesma encarnação;
b) Carência Afetiva: é uma causa de obsessão, muitas
vezes inconsciente, denominada comumente de "encosto". São Espíritos
que desencarnam sem uma preparação espiritual adequada e que, ao despertarem
no mundo dos Espíritos, se vêem desorientados, perdidos, angustiados. Ao
identificarem um indivíduo que se afinize com eles, podem aproximar-se dele e
iniciar uma obsessão, muitas vezes, inconsciente.
Geralmente, são processos de fácil tratamento, pois não há vínculo
de ódio entre os seres envolvidos;
c) Vampirismo: o vampirismo é uma causa de obsessão
relacionada á satisfação de vícios e paixões.
Vampiro, na definição de André Luiz: "é toda entidade ociosa
que se vale indevidamente das possibilidade alheias".
O vampirismo vai caracterizar aqueles Espíritos viciosos, apegados
a certas emoções materializadas, que se aproximam dos encarnados, portadores
dos mesmos vícios, para absorverem as suas emanações fluídicas. Existem
vampiros do fumo, do álcool, da gula, dos tóxicos, do sexo, etc.;
d) Orgulho do Falso Saber: esta expressão é utilizada
por Allan Kardec para caracterizar certos Espíritos vaidosos, orgulhosos, falsos-sábios
que desenvolvem uma obsessão do tipo fascinação.
Iludem determinados médiuns para que, por seu intermédio, possam
disseminar idéias falsas, sistemáticas e em contradição com os princípios
espíritas.
Bibliografia
1) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
2) A Gênese -
Allan Kardec
3) Dramas da
Obsessão - Bezerra de Menezes/Yvonne A. Pereira
4) Obsessão -
Desobsessão - Suely Caldas Schubert
5) Nos
Bastidores da Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
Capítulo 19
Obsessão: Classificação
Introdução
Embora os conceitos iniciais da doença obsessão (enfermidade de
caráter espiritual) já houvessem sido abordadas por Kardec, em 1857 no Livro
dos Espíritos, a descrição completa da obsessão só foi publicada por Kardec em
1861, no Cap. XXIII do Livro dos Médiuns, onde ele define a doença, enumera
suas causas, classifica seus diferentes tipos e propõem uma terapêutica
eficiente.
Afirmava Kardec que a obsessão apresenta caracteres diversos, que
é preciso distinguir, e que resultam do grau de constrangimento e da
natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é um termo genérico,
pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades
são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.
Obsessão Simples
Na obsessão simples o Espírito inferior procura, através de sua
tenacidade e persistência, intrometer-se na vida do obsediado, dando-lhe
sugestões que, na grande maioria das vezes, são contrárias a sua forma habitual
de pensar. Quando se trata, por exemplo, de um médium acometido por obsessão
simples, o Espírito inferior se intromete nas suas comunicações e o impede de
se comunicar com outros Espíritos, ou se apresenta substituindo e se fazendo
passar por outros. Entretanto, esclarece Kardec, ninguém está obsediado pelo
fato de ser enganado por um Espírito mentiroso. A obsessão consiste na ação
persistente de um Espírito, e do qual não se consegue desembaraçar, à pessoa
sobre quem ele atua. O melhor médium pode ser enganado, sobretudo no começo,
que lhe falta a experiência necessária, pode-se pois, ser enganado sem ser
obsediado.
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda afirma-nos:
"A obsessão simples, é uma parasitose comum em quase todas
as criaturas, considerando o natural intercâmbio psíquico existente em todos
os setores do Universo."
Entretanto, o problema reside na fixação, pois o próprio significado
da palavra obsessão, como vimos, revela idéia fixa, o que caracteriza o
instalação do processo obsessivo. Surgem, assim, como sinais e sintomas da
obsessão simples, as desconfianças excessivas, os estados de insegurança
pessoal, as enfermidades sem causas definidas, etc. Observamos também, mudanças
algo súbitas no temperamento habitual do obsediado, em razão das mensagens
telepáticas emitidas pelo obsessor e reforçadas nos clichês mentais que
ressurgem dos arquivos do inconsciente. Podemos incluir nessa categoria os
casos de obsessão de efeitos físicos, isto é, a que consiste nas manifestações
ruidosas e obstinadas de alguns Espíritos, que fazem se ouçam, espontaneamente
pancadas, ruídos. Pelo que chamamos manifestações físicas espontâneas ou
obsessão de efeitos físicos.
Fascinação
Na fascinação, as conseqüências são mais sérias. É uma ilusão,
produzida pela ação direta do Espírito obsessor sobre o pensamento do médium, e
que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio e o seu julgamento
relativamente às comunicações. O fascinado não acredita que o estejam enganando
e o Espírito fascinador tem a capacidade de lhe inspirar confiança cega, que o
impede de compreender o absurdo do que escreve ou fala, ainda que este absurdo
esteja claro a todos os que os cercam. A ilusão pode mesmo ir ao ponto de
fazê-lo ver o sublime na linguagem mais ridícula. O fascinado não se sente
incomodado com a presença e a influência do obsessor, muitas vezes até gosta, e
forma-se então o verdadeiro processo de simbiose psíquica. O médium fascinado
se acredita guiado por uma entidade espiritual de alto gabarito, pois que usa
nome de personagens famosos ou de Espírito de valor. O Espírito obsessor nesses
casos é hábil, astuto e profundamente hipócrita, pois usa uma imagem que
esconde suas verdadeiras intenções. Usa com freqüência as palavras caridade,
humildade e amor a Deus como credenciais, mas, através de tudo, deixa
transparecer sinais de inferioridade. A fascinação é difícil de ser tratada
porque o obsediado recusa orientação e tratamento, pois não acredita estar sob
influência obsessiva, e até, às vezes, acredita que todos os demais é que se encontram
obsediados, magoa-se e afasta-se das pessoas que o podem esclarecer.
Geralmente, os médiuns fascinados vagueiam de um centro ao outro e, muitas
vezes, terminam por criarem seus próprios centros espíritas onde serão
onipotentes.
Subjugação
A subjugação é o tipo de obsessão em que existe a paralisia da
vontade do obsediado e o obsessor assume o domínio completo de sua vítima, que
é escravizada, perdendo a vontade própria. A subjugação pode ser moral ou
corporal (física).
Na subjugação física, o Espírito obsessor atua sobre os órgãos
materiais e provoca atos motores involuntários, variando, desde situações,
como por exemplo, necessidade de escrever nas horas mais inoportunas até
situações ridículas como gestos involuntários, etc. Na subjugação física, o
indivíduo age contra a sua vontade e tem consciência do ridículo a que se
expõe e que não consegue evitar, sofrendo muito com isso. Pode, algumas vezes,
praticar atos violentos.
Na subjugação moral ou psíquica, o subjugado é levado a tomar
resoluções freqüentemente absurdas e comprometedoras, muito diversas da sua
vontade, que, por uma espécie de ilusão, ele crê sensatas.
O paciente subjugado vai sendo dominado mentalmente, tombando em
estado de passividade, geralmente sob tortura emocional, chegando a perder por
completo a lucidez (consciência).
O subjugado perde temporária ou definitivamente, durante a sua
atual reencarnação, o controle sobre a área da consciência, não podendo se
expressar livremente.
A visão, a audição e os demais sentidos confundem a realidade
objetiva. Por fim, o obsessor toma conta dos centros de comando motor e domina
fisicamente a vítima que lhe fica inerte, subjugada moral e fisicamente, agindo
como um louco vulgar.
A subjugação é de mais fácil reconhecimento, mas de difícil
tratamento, e é raro haver cura sem deixar seqüelas. Não devemos supor na
subjugação, o Espírito obsessor tome lugar no corpo do obsediado, há, sim, uma
supremacia da sua vontade dominando completamente a do médium.
Lembramos ainda que a obsessão é o peso que tomba sempre sobre os
ombros das consciências comprometidas.
A Doutrina Espírita veio desvendar o processo de nossa libertação,
revelando que a cura só ocorrerá se os envolvidos no processo, reconhecendo
seus débitos, procurarem a melhora. Vem demonstrar que a nossa libertação deve
ser conquistada a cada dia com o empenho de todas as nossas energias e o selo
de nossa responsabilidade. Dos tormentosos processos obsessivos o homem só se
libertará quando compreender o quanto é responsável pelo próprio tormento, e
pelos que causa, aos que hoje lhe batem às portas do coração, roubando a paz
que julgava merecer. Liberdade e responsabilidade. Para merecermos a
primeira temos que assumir a segunda!
Bibliografia
1) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
2) A Gênese -
Allan Kardec
3) Nas
Fronteiras da Loucura - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
4) Grilhões
Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
5) Nos
Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
6) Ação e
Reação - André Luiz/Chico Xavier
Capítulo 20
Obsessão: Tratamento, Prognóstico e Profilaxia
Introdução
Antes de Jesus, os obsediados eram marginalizados; objetos de
curiosidade e de terror. Isolados pelos próprios familiares, padeciam sob a
ação ainda maior dos "inimigos" espirituais. Com a vinda do Mestre,
chegou a lição do amor. Como remédio e como alimento para ambos os doentes:
obsessor e obsediado. O verdadeiro trabalho de desobsessão se iniciou com Jesus
ensinando aos homens que o amor deve ser o alicerce de toda terapêutica.
Com o passar dos tempos, os homens se esqueceram, deturparam
também estes ensinamentos e foi necessária a vinda da terceira revelação, o
Consolador Prometido, para que a luz novamente se fizesse. Foi a Doutrina
Espírita que realmente traçou diretrizes lógicas, seguras e eficazes para o
tratamento da obsessão.
O processo obsessivo, para realmente ser resolvido, necessita a
atuação terapêutica no obsessor e no obsediado.
Poderíamos dividir o estudo do tratamento da obsessão, analisando
a terapêutica espírita e a terapêutica médica, que devem ser avaliadas
adequadamente.
Tratamento
a) Reforma Moral (Auto-desobsessão):
"No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais,
o paciente é, também, o agente da própria cura." Manoel Philomeno de Miranda
A reforma moral ou auto-desobsessão é o ato de promover a própria
pessoa a sua desobsessão, através da auto-evangelização.
Muitas pessoas pensam, erroneamente, quando imaginam que o Centro
Espírita pode libertar o obsediado de todos os males, pensam que o Centro
Espírita resolverá todos os problemas, como por encanto.
Ao procurarem o Centro Espírita, passam para os Espíritos toda a
responsabilidade do tratamento, mas, ao verificarem que seus problemas não
estão sendo resolvidos com a rapidez que imaginavam, desiludem-se e vão buscar
ajuda em outro Centro Espírita, ou em outras religiões.
É fundamental esclarecermos ao paciente e a sua família quanto a
sua participação é importante, o quanto é condição básica para êxito do
tratamento. A falta de participação do enfermo é, muitas vezes, a causa de
quadros obsessivos de difícil resolução, às vezes, atravessando uma ou mais
encarnações.
A auto-desobsessão tem um item óbvio que é a reforma moral do
obsediado. É um trabalho consciente e necessário, de mudanças de hábitos e
pensamentos. Substituindo os hábitos por pensamentos e sentimentos de elevado
conteúdo moral. Como sabemos, a conduta e os hábitos do obsediado atuam como
causa secundária, facilitando a instalação do processo obsessivo, em conjunto
com a causa primária (débito do passado).
A reforma moral é esta auto-educação de valores e sentimentos. O
meio mais fácil de atingir este objetivo é pela prática da caridade com Jesus.
A caridade é terapia. Conseguirá o obsediado, aos poucos, convencer o seu
obsessor de sua renovação moral e também desfrutará de elevadas companhias
espirituais.
b) Fluidoterapia:
"O obsediado fica envolto e impregnado de seu fluido
pernicioso... é deste fluido que importa desembaraçá-lo." (A Gênese, Cap.
XIV, item 46)
O obsessor envolve fluidicamente o obsediado, absorvendo-lhe os
fluidos benéficos, substituindo-os por fluidos deletérios.
Só existe um meio de retirarmos estes maus fluidos, é substituindo-os
por bons fluidos, como afirmava o sábio mestre lionês. Para isso, é fundamental
a fluidoterapia, feita pelo passe e pela água fluidificada.
c) Freqüência ao Centro Espírita: a freqüência do
obsediado ao Centro Espírita é muito importante no tratamento: permite a
instrução espírita, facilita o hábito de bons pensamentos, permite a prática da
caridade com Jesus, permite o acesso mais fácil à fluidoterapia, etc.
Um fato importante, é que em grande número de casos, quando o
obsediado penetra no Centro Espírita, leva consigo o seu obsessor(es), fato
permitido pela espiritualidade maior, para propiciar o auxílio renovador também
para o "irmãozinho perseguidor".
A freqüência ao Centro Espírita deverá ser cobrada ao obsediado e
também à sua família.
d) Culto no Lar: Joanna de Ângelis afirma que o lar é
como o porto para um navio, local de reparos, repouso e preparação para enfrentar
o oceano bravio, daí, o papel importante do equilíbrio no lar, como base para o
equilibro de todos nós. O obsediado, mais do que ninguém, precisa de um porto
seguro e bem aparelhado. Como sabemos, é muito comum o envolvimento dos
familiares do obsediado no quadro obsessivo, pois, muitas vezes, são grupos de
Espíritos devedores que se reúnem para enfrentarem o mesmo problema expiatório.
O culto do evangelho no lar facilita a freqüência de bons
Espíritos no lar do obsediado, permite a penetração do Evangelho de Jesus na
vida de todos, e é também, um elemento importante na fluidoterapia, pela água
fluidificada.
Todos esses elementos envolverão obsediado(s) e obsessor(es), em
um clima de amor, base fundamental para a recuperação de ambos.
e) Laborterapia: todos nós já enfrentamos momentos de
tédio, já tivemos a mente invadida de maus pensamentos, tudo isso fruto do
"não fazer nada".
Quando trabalhamos, seja qual for o tipo de trabalho, ocupamos
nossa mente, e os maus pensamentos, a influência dos Espíritos menos felizes,
são repelidas. Mãos ocupadas, eis um bom antídoto contra a obsessão.
É importante libertar o obsediado da falsa impressão de que, por
estar enfermo, é preciso ficar em repouso. É fundamental ocupar a mente do
obsediado, e a forma mais fácil e eficaz é ocupar as suas mãos.
f) Participação da Família: não somente o obsediado
deve ser conscientizado da importância de sua participação na terapêutica desobsessiva,
mas também os seus familiares. Muitas vezes, o desequilíbrio do obsediado
chega a tal ponto que a participação da família assume ainda maior
importância.
Outro fator importante, como já mencionamos, é o fato do quadro
obsessivo, muitas vezes, envolver toda a Família, ou seja, todo o grupo errou,
todos precisam reparar o erro. É nítido o resultado mais positivo, nos casos em
que toda a família participa da ajuda ao obsediado.
g) Apoio de Um Grupo Mediúnico: a ação da equipe
espiritual de ajuda, se tornará mais evidente, quando houver a participação de
um grupo mediúnico sério. Ambos Espíritos envolvidos serão beneficiados. O
envolvimento carinhoso, o esclarecimento evangélico e doutrinário, realizado
por um grupo mediúnico, serão extremamente benéficos ao obsessor e ao
obsediado.
Importante enfatizar, que a presença do obsediado à reunião mediúnica
é dispensável e até mesmo prejudicial. A freqüência de uma pessoa
desequilibrada na reunião mediúnica é muito danosa, entre outros inúmeros
fatores, quebra a harmonia do grupo, fator fundamental para um trabalho
eficiente de desobsessão.
O aposento destinado à reunião de desobsessão sempre deve ser
dentro do Centro Espírita, ambiente preparado pela espiritualidade maior para
este fim. A reunião de desobsessão é um pronto socorro para os doentes morais
e, como um pronto socorro, deve estar localizado em região adequada para isso.
A sala reservada para tais atividades, foi comparada por André Luiz a uma sala
cirúrgica, "que requer isolamento, respeito, silêncio, assepsia, isolada
de olhos indiscretos, curiosos e despreparados". Por isso, jamais devem
ser abertas ao público, e nunca deve ser trabalho para iniciantes. O trabalho
exige grupo preparado, harmônico e local adequado para isso.
h) A Terapêutica Médica: algumas pessoas têm a falsa
idéia que a terapêutica médica e a terapêutica espírita estariam chocando uma
contra a outra, quando fossem utilizadas no auxílio ao quadro obsessivo.
A terapêutica desobsessiva deve sempre ser orientada tendo como
base estes dois aspectos: a terapêutica espiritual e a terapêutica médica,
pois a não utilização de uma delas pode levar a um tratamento ineficiente e
incompleto.
Como Espírito encarnado, possuindo Espírito, perispírito e corpo físico,
o obsediado terá alterações psíquicas e orgânicas variadas e importantes,
desde o início do quadro e no decorrer do mesmo. Para o equilíbrio, o êxito, a
terapêutica desobsessiva deve estar alicerçada sobre dois suportes:
A
TERAPÊUTICA MÉDICA E A ESPIRITUAL
|
O uso de medicamentos psiquiátricos são vistos, algumas vezes, com
certa restrição pela população geral, inclusive pelo obsediado e seus
familiares. Isto é fruto da má informação e de idéias falsas pré-concebidas.
Hoje, com o progresso da farmacologia, dispomos de muitos medicamentos seguros,
eficientes e com efeitos colaterais inexistentes ou controláveis. O medicamento
é extremamente importante para muitos obsediados pois permite sua socialização,
a sua reintegração familiar, o retorno ao trabalho, sua melhor íntima,
dispensando alguns internamentos, etc.
A psicoterapia e o internamento em alguns quadros de obsessão
assumem papel muito importante. Sempre que indicados pelo médico assistente
devem ser incentivados e respeitados por nós.
Prognóstico
A palavra prognóstico, sob o ponto de vista médico, significa a
mensuração da evolução de uma doença, tentando prever o seu final.
Para o prognóstico de uma doença física, entre vários fatores,
três são os principais para serem avaliados: a capacidade do agente causador da
doença, a resistência do paciente à doença e a ação do meio onde ocorre o
quadro. Naturalmente, inúmeros fatores irão contribuir para um bom ou mau
prognóstico de um quadro obsessivo. Para resumir, poderíamos, comparativamente
com uma doença física, avaliar também três fatores:
1) a persistência, a inferioridade moral, a capacidade
intelectual e a intensidade do ódio do obsessor;
2) a resistência física, psíquica e moral do obsediado;
3) a utilização eficaz da terapêutica espírita e médica.
Salientamos aqui, o valor da vontade do obsediado, o "querer
melhorar", pois todos os outros dependem sobretudo desta disposição do
doente.
Para completar, faríamos as observações:
1) quadros obsessivos existem, que levarão mais de uma encarnação
para terem sua solução;
2) que nunca devemos desanimar, pois tudo que fizermos estará
contribuindo para a redução de tempo, e também, amenizando sofrimentos;
3) que mais cedo ou mais tarde, todos os quadros de obsessão
- por mais grave que sejam - serão solucionados, pois o amor sempre vencerá o
ódio;
4) que o obsessor e o obsediado nem sempre se curam
simultaneamente.
Profilaxia
Profilaxia é o conjunto de medidas que tentam evitar, prevenir o
aparecimento de certa doença.
Existe obsessão porque existe inferioridade em nós, porque fizemos
sofrer e sofremos, porque temos dificuldade de perdoar.
O caminho eficiente para evitarmos obsessões, é aquele que leva á
Jesus. "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." A única
profilaxia eficaz é a do Evangelho, é praticar o bem e ser bom. O amor é o
único antídoto realmente infalível.
Quando aprendemos a amar sem reservas, sem interesse, sem exigências,
quando houver em nós o amor em toda sua plenitude, então não haverá mais lugar
para ódios, maldades, disputas e muito menos obsessões.
Bibliografia
1) O Livro
dos Médiuns - Allan Kardec
2) Grilhões
Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
3) Obsessão e
Desobsessão - Suely Caldas Schubert
4) Diálogo
com as Sombras - Hermínio C. Miranda
Capítulo 21
As Doenças Mentais
Introdução
Dados estatísticos recentes informam que cerca de 25% da população
mundial sofre de algum problema relacionado ao sistema nervoso.
Nos Estados Unidos da América, 25% da verbas liberadas pelo
Congresso Americano destinam-se às Neurociências (ramo da medicina que engloba
a Psiquiatria, a Neurologia e a Psicologia). De cada dois leitos hospitalares,
um é ocupado pela Psiquiatria.
Essas informações dão-nos uma pálida idéia da importância das
enfermidades mentais na sociedade contemporânea: milhares e milhares de pessoas
têm vivenciado problemas diversos vinculados à função psíquica.
No entanto, apesar de todo o interesse que estas enfermidades têm
despertado, não se vislumbra ainda o instante em que as ciências oficiais
deverão estudá-las com a sonda reencarnatória.
Somente o conhecimento de que já vivemos, a idéia precisa das
vidas sucessivas, levará o homem às causas fundamentais das doenças mentais.
Somente a Psicologia integral (expressão de Gabriel Delanne),
aquela que vê no homem os seus três elementos (corpo, Espírito e perispírito)
poderá, definitivamente, equacionar o problema sério das perturbações
psíquicas.
Classificação
Sob uma visão espírita podemos sistematizar as doenças mentais em
três grupos:
QUADRO
III - Doenças Mentais
|
doenças orgânicas
|
auto-obsessão
|
obsessões
|
a) Doenças Orgânicas: são as doenças mentais onde se
observa um fundamento orgânico. São as enfermidades em que há uma evidente
lesão física que justifica as alterações do psiquismo. Muitas condições patológicas
podem acompanhar-se de alterações psíquicas, como aneurismas cerebrais, tumores,
arteriosclerose dos vasos cerebrais, sífilis cerebral, oligofrenias, etc.
Nesse grupo de enfermidades psíquicas o Espírito poderá encontrar-se
lúcido, ciente do problema que o acomete, já que a lesão é eminentemente
física.
As faculdades intelectuais do Espírito estão perfeitas. O que
ocorre é um bloqueio à manifestação destas faculdades em decorrência de um
cérebro doente.
Allan Kardec estuda este grupo de doenças no Livro dos Espíritos
(2ª parte - Idiotia e Loucura).
b) Auto-Obsessões: em Obras Póstumas, há uma passagem
em que Allan Kardec afirma que muitas vezes "o Espírito pode ser o
obsessor de si próprio'. E esta condição, bastante freqüente, estará respondendo
por parcela significativa dos casos de enfermidades mentais.
São casos de perturbações emocionais ou psíquicas, às vezes
configurando a loucura propriamente dita, onde não se encontra uma lesão em
nível físico, nem se observa, tampouco, a atuação maléfica de Espíritos
desencarnados.
O indivíduo, por si mesmo, apresenta suas faculdades psíquicas
alteradas. Os quadros de auto-obsessões estão quase sempre vinculados a faltas
sérias cometidas pelo Espírito em vivências anteriores no orbe. Algumas vezes a
falta responsável pelo aparecimento da enfermidade encontra-se na mesma
existência. Podemos entender as auto-obsessões como sendo a "liberação de
um inconsciente culpado", pois na base deste grupo de doenças estará
quases sempre o "complexo de culpa".
Feridas morais sérias insculpidas no inconsciente que passam a
emitir vibrações deterioradas, que ao se chocarem com a consciência atual vão
se manifestar sobre a forma de angústia, de depressão, de fobias, de delírios,
etc.
Devemos lembrar, no entanto, que muitas vezes algumas distonias
emocionais (ansiedade e depressão, principalmente) estarão surgindo sem grandes
vínculos com existências pretéritas, mas como resultado de conflitos íntimos
atuais.
Fazendo parte do grupo das auto-obsessões vamos encontrar as
enfermidades descritas pela Psiquiatria como sendo as neuroses e as psicoses.
c) Obsessões: segundo o psiquiatra espírita Dr. Inácio
Ferreira cerca de 30% dos casos de loucura surgem em decorrência de uma atuação
espiritual obsessiva. Espíritos perversos ou inconseqüentes que dirigem suas
vibrações de teor enfermiço em direção de mentes culpadas, desencadeando
reações emocionais e psíquicas doentias.
Diagnóstico Diferencial
A grande questão que se coloca na prática espírita está relacionada
aos critérios que vamos utilizar para distinguirmos os diferentes doentes,
enquadrando-os em um dos três grupos citados.
As enfermidades do primeiro grupo (orgânicas) são diagnosticadas
facilmente através de exames complementares e não configuram problemas para a
prática espírita.
No entanto, o mesmo não acontece nos grupos de auto-obsessão e de
obsessão.
Na realidade, não existem sinais infalíveis que poderão auxiliar-nos
nesta diferenciação, pois os doentes portadores de auto-obsessão e obsessão,
propriamente dita, apresentam-se com as mesmas manifestações.
O importante então, não é uma distinção adequada, mas sim um
tratamento efetivo.
E a terapia espírita será a mesma para os dois grupos de enfermos.
Tratamento
Torna-se desnecessário reafirmarmos a importância do acompanhamento
médico e psicológico para os doentes do psiquismo. A Psiquiatria e a Psicologia
possuem recursos diversos que deverão ser empregados nos portadores de
perturbações psíquicas. As drogas, a psicoterapia e, algumas vezes, a
internação tornam-se necessárias em muitos doentes.
A contribuição espírita na recuperação destes enfermos consiste
nas seguintes medidas:
a) Fluidoterapia através do passe e da água magnetizada;
b) Instituição do culto do evangelho no lar, com o exercício
constante da prece e da leitura edificante;
c) Freqüência ao Centro Espírita em reuniões de estudo evangélico-doutrinário
(jamais em reuniões de intercâmbio mediúnico);
d) Ocupação constante do tempo com atividades gratificantes,
principalmente aquelas com objetivos altruístas;
e) Exercício constante de pensamentos elevados, buscando nortear
a sua vida de acordo com os princípios filosóficos apresentados no Evangelho de
Jesus.
Bibliografia
1) Loucura e
Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
2) Nas
Fronteiras da Loucura - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
3) Grilhões
Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
4) No Mundo
Maior - André Luiz/Chico Xavier
5) Visão
Espírita das Distonias Mentais - Jorge Andréa
Capítulo 22
AS comunicações Mediúnicas
Introdução
Nos momentos iniciais da Codificação Espírita, quando começaram a
chegar até Allan Kardec as primeiras mensagens do além-túmulo, algo despertou a
atenção do Codificador: verificou Allan Kardec a grande diversidade de
caracteres, de tendências e de estilos que estavam presentes nas comunicações
mediúnicas. O Codificador, desde as horas iniciais, percebeu que muito cuidado
deveria ser tomado por todos aqueles que passassem a se dedicar ao mister
mediúnico, no sentido de tentarem identificar a natureza das diversas
mensagens dos desencarnados. Kardec afirmava que, depois da obsessão, a
identificação da natureza dos Espíritos comunicantes era o maior escolho da
prática espírita. Além disso, vários outros aspectos deveriam ser levados em
consideração no intercâmbio com os Espíritos desencarnados.
A Natureza das Comunicações
a) Grosseiras: são aquelas comunicações que contêm
expressões que ferem o decoro ou agridem os princípios da moral. Repugnam a
toda pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade. São, às vezes, obscenas,
insolentes ou arrogantes; quase sempre malévolas, denotando a presença de uma
entidade de natureza inferior, Espíritos viciosos ou vingativos. São
comunicações de fácil identificação;
b) Frívolas: estas comunicações não são de Espíritos
necessariamente maus, mas de Espíritos vadios, levianos, inconseqüentes.
São comunicações que versam sobre assuntos insignificantes, vazios,
inúteis, vinculados às puerilidades do dia a dia.
Algumas vezes, são entidades espirituosas, engraçadas, e que por
terem uma conversação divertida, agradam às pessoas, tomando o tempo da
reunião. O certo é que nada acrescentam de útil, pois partem de entidades que
nada têm a nos ensinar e nada querem aprender;
c) Instrutivas: as comunicações instrutivas são
aquelas que têm por finalidade veicular ensinamentos. São comunicações de almas
elevadas, dotadas de altos valores morais e intelectuais e versam sobre temas
científicos, filosóficos ou morais. Lembra Allan Kardec que, para uma mensagem
ser considerada INSTRUTIVA, é imperioso que ela seja verdadeira, vincule
pensamentos corretos e, de alguma forma, objetive o crescimento das pessoas ou
da sociedade.
d) Sérias: são as comunicações que tratam de
assuntos graves e de maneira ponderada. Excluindo-se as comunicações
grosseiras, as frívolas e as instrutivas, todas as outras poderiam ser
incluídas nesta categoria.
É importante frisar que nem toda comunicação séria é necessariamente
verdadeira, pois, muitas vezes, Espíritos mistificadores se utilizam de um
estilo grave, sério e ponderado para veicularem mentiras e discórdias, gerando
embaraço para as pessoas e as reuniões.
Lembra Kardec a necessidade de examinar-se com atenção a linguagem
do Espírito comunicante, ou seja, as características de sua mensagem, o
conteúdo de suas idéias.
Objetivando facilitar esta tarefa, o Codificador vai apresentar
no [LM-cap XXIV] algumas "regras" que, se bem examinadas, poderão
contribuir na distinção que devemos sempre fazer entre uma comunicação de Espírito
bom e de Espírito inferior.
Da Identidade dos Espíritos
a) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna,
elevada, nobre e sem qualquer mistura de trivialidade;
b) Os Espíritos bons só ensinam o bem. Todo conselho que não
for estritamente conforme a mais pura caridade evangélica não pode provir de
Espíritos bons;
c) Os Espíritos bons jamais se ofendem, somente os maus se melindram;
d) Os Espíritos bons só dão conselhos racionais. Toda
recomendação que se afaste da linha reta do bom senso ou das Leis imutáveis
da Natureza acusa a presença de um Espírito estreito. Toda heresia científica
notória, todo princípio que choque o bom senso revela a fraude;
e) Os Espíritos levianos são reconhecidos pela facilidade com
que predizem o futuro. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é
indício de mistificação;
f) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples,
sem prolixidade, eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras;
g) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se,
apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são autoritários,
dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facilmente;
h) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Os maus exageram nos
elogios, excitam o orgulho e a vaidade e procuram exaltar a importância
pessoal daqueles que desejam conquistar;
i) Desconfiai das comunicações que revelam um caráter místico
e estranho ou que prescrevem cerimônias e práticas bizarras. Há sempre nesses
casos legítimo motivo de suspeita;
j) Os Espíritos nobres dizem tudo com simplicidade e
modéstia; nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu saber nem de
sua posição entre os demais.
Perguntas aos Espíritos
A comunicação entre o Espírito encarnado e o Espírito desencarnado
vem ocorrendo desde as mais remotas épocas. Na história de todos os povos
encontramos provas irrefutáveis deste fato.
Estando o Ser Humano, encarnado na Terra, na faixa evolutiva
própria de nosso planeta, não é de se estranhar que logo visse na possibilidade
de comunicação com os "mortos" uma maneira de tirar algum proveito. A
evocação era praticada por alguns povos da Antiguidade, sem o verdadeiro
respeito, afeição ou piedade; era, antes, um recurso para brincadeiras e
adivinhações, exploradas pelo charlatanismo e pela superstição. Por este
motivo, o legislador hebreu, Moisés, 1500 a.C., para educar o seu povo,
utilizou-se de uma Lei Disciplinar e proibiu a comunicação com os mortos.
Muitas religiões do passado, tinham no culto e comunicação com os
mortos, a base de sua Doutrina. Entretanto, somente os ditos iniciados poderiam
praticar o intercâmbio com os mortos, o povo em geral era proibido de conhecer
ou exercitar esta prática. Na Idade Média, como em outras épocas, os
feiticeiros e bruxos eram queimados em praça pública, como um exemplo para
amedrontar o povo.
Allan Kardec [LM-cap XXVI] estuda detalhadamente a comunicação
entre os "vivos e os mortos", e esta análise recebeu o nome de:
"Perguntas que se podem fazer aos Espíritos". É importante, para todos
nós, analisarmos alguns aspectos, do sábio estudo do mestre lionês.
Quando nos dirigimos a algum Espírito para perguntar-lhe algo,
dois fatos importantes devem estar em nossa mente para que a comunicação seja
eficiente. O primeiro deve ser a forma pela qual interrogamos. Esta
forma deve obedecer uma clareza e uma precisão; quando vamos responder a uma
pergunta, respondemos melhor se tivermos entendido claramente a pergunta.
Outro aspecto também importante na forma, é obedecer a uma ORDEM lógica, quando
estudamos os livros da codificação, nos encantamos com a ordem das perguntas
colocadas por Allan Kardec, facilitando-nos a compreensão dos fatos.
Além da forma, o fundamento da questão é o outro fato
importante. A natureza da pergunta pode provocar uma resposta exata ou falsa.
Devemos nos lembrar que existem perguntas que os Espíritos não podem responder,
por três motivos principais:
1 - não sabem a resposta;
2 - não querem responder; e
3 - não têm permissão para responder.
Quando insistimos nestas perguntas, os Espíritos sérios se afastam
e os Espíritos inferiores podem, às vezes, responder.
Vamos analisar alguns pontos importantes, colocados por Allan
Kardec:
a) Os Espíritos sérios respondem de bom grado às perguntas
que têm por objetivo o nosso progresso e o bem da Humanidade, os Espíritos
infelizes respondem a tudo.
b) Uma pergunta séria não nos dará a certeza de uma resposta
também séria.
c) Não é a pergunta que afasta o Espírito leviano, mas o caráter
moral daquele que pergunta.
Vejamos agora alguns tipos de perguntas:
Perguntas Sobre o Futuro: grande é a curiosidade do Homem
em saber o seu futuro. Mesmo não vivendo de maneira adequada o seu presente e
tendo motivos para arrepender-se muito de seu passado, o Homem quer conhecer o
seu futuro. Este tipo de comportamento tem facilitado, desde as épocas mais
remotas e até os dias atuais, o charlatanismo. Muitas pessoas aceitam de bom
grado a "adivinhação do futuro", com o uso de artifícios variados,
como jogo de cartas, de conchas, bolas de cristal, etc. O Codificador do
Espiritismo deixa claro vários aspectos relacionados à previsão do futuro:
a) em princípio, o futuro é sempre oculto ao Homem; excepcionalmente
permite Deus seja ele revelado.
b) o conhecimento do futuro pode ser extremamente
prejudicial ao Homem.
c) o futuro depende forçosamente de nosso presente, e nosso
presente não é fruto do acaso, mas sim da utilização de nosso livre arbítrio.
São características das predições falsas: feitas a toda hora e em
qualquer local, feitas sempre que solicitadas, marcam o momento exato dos
acontecimentos previstos, respondem a solicitações pueris.
Perguntas sobre Existências Passadas: a curiosidade do
Espírito encarnado em saber o que foi em existências anteriores, não é menor.
Espera que tenha sido um sábio, um grande cientista, um rei. A lógica nos
mostra que a natureza não dá saltos e, sendo assim, estudando o nosso
comportamento atual, nossas tendências e sentimentos, com certa facilidade
poderemos imaginar o que fomos no passado. As perguntas sobre nossas vidas
passadas dificilmente serão respondidas pela Espiritualidade Maior; quando isso
ocorre, quase sempre se faz de modo espontâneo e com finalidade superior.
Perguntas sobre a Sorte dos Espíritos: todo aquele que se
distancia, momentaneamente de um ente querido que desencarnou, fica ansioso
para receber deste um conselho, um consolo, uma notícia. É comum pessoas procurarem
os Centros Espíritas em busca de informações (o nosso Chico Xavier, se
defronta com milhares de pessoas a procurá-lo em busca de boas notícias). Sobre
isso, vejamos alguns aspectos importantes: muitas vezes o Espírito que
desencarnou necessita de algum tempo para reequilibrar-se antes de comunicar;
às vezes, a separação temporária é necessária e importante para ambos. A insistência
em conseguir notícias poderá gerar sofrimento para o Espírito desencarnado,
como também gerar a oportunidade de falsas notícias, trazidas por Espíritos
levianos. A orientação é ter paciência, orar muito, pois, se for possível e
útil, a notícia virá espontaneamente e em ocasião oportuna. O tempo e o espaço
são grandezas insignificantes quando comparadas ao poder do amor.
Perguntas Sobre a Saúde: Qual o remédio a tomar? Qual exame
a fazer? Operar ou não operar? São perguntas freqüentes à espiritualidade.
Algumas pessoas se esquecem que a doença do corpo é, muitas vezes, o remédio
para a cura do Espírito e querem, de qualquer forma, a cura do corpo sem saber
que podem estar desprezando a cura do Espírito. Devemos lembrar sempre que a
medicina da Terra não compete e não é inimiga da medicina espiritual, elas se
somam e se completam. Se a medicina da Terra cresceu em conhecimento e
recursos, é porque isso é necessário a todos nós. Da mesma forma, como aqui na
Terra, algumas pessoas têm a capacidade de prescrever, orientar e esclarecer
sobre este aspecto, também no Mundo Espiritual existem Espíritos capazes de
desenvolverem tal tarefa. No entanto, se interrogarmos sem critério, seremos
vítimas de Espíritos levianos. As orientações virão obedecendo nosso
merecimento, nossa real necessidade e pela misericórdia do Pai.
Existem ainda neste capítulo do LM outros esclarecimentos, outros
tipos de perguntas que merecem ser lidas e estudadas.
Evocações
Muitos médiuns interrogam quanto a prática das evocações nas
reuniões mediúnicas.
Diz-se evocar um Espírito quando, em uma reunião, nós o chamamos
para manifestar-se, não esperando que isso ocorra espontaneamente. Na época da
codificação, este fato se fazia necessário, pois Allan Kardec elaborou
detalhadamente todo o estudo que se fazia necessário para o conhecimento da
Terceira Revelação, tudo isso com a permissão prévia da Espiritualidade
Superior, e assim, naquela ocasião, as evocações eram fato comum.
Nas reuniões mediúnicas de auxílio a desencarnados, mais comuns
nos dias atuais, evitamos as evocações, deixando a cargo da Espiritualidade
Superior, que dirige os trabalhos, o planejamento da mesma, pois torna-se
difícil, ou, às vezes impossível, sabermos qual o Espírito que pode ou não se
manifestar. Vários fatores podem impedir a manifestação de um Espírito, tais
como:
- falta de afinidade e/ou sintonia vibratória entre o
Espírito desencarnado e o médium;
- falta de permissão da espiritualidade superior para tal
(época inoportuna, falta de motivo útil, falta de preparo do Espírito comunicante,
etc.);
- favorecimento das mistificações, etc.
Esclarecimentos sobre o assunto, dados pelo Espírito Emmanuel,
orientam:
"- O Homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência
que dispõe o assunto ... qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâneo
... quando e como julgar melhor os Mentores Espirituais... não somos dos que
aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum... podereis objetar que
Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa
natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do
Codificador..."
Como regra geral, as evocações devem ser evitadas nas reuniões
mediúnicas.
A Caridade no Intercâmbio com os Espíritos Desencarnados
Na época da Codificação do Espiritismo, a mediunidade desempenhou
basicamente a finalidade de esclarecimento aos Homens sobre a verdade dos
ensinamentos de Jesus. Aos poucos, toda a Doutrina Espírita foi revelada.
Após este período, além de exercer a função de esclarecimento, através de
psicografia de livros doutrinários, a mediunidade veio ter também a missão da
prática da caridade. Nas reuniões mediúnicas, os Espíritos desencarnados em
sofrimento, doentes, revoltados, se comunicam buscando consolo, esclarecimento
e carinho. Se no início do Espiritismo prevalecia o verbo receber, hoje prevalece
ou deveria prevalecer o verbo doar, sendo que receber vem como conseqüência.
A prática da caridade necessita disciplina, como afirma Emmanuel.
Assim, analisemos alguns aspectos necessários de serem obedecidos nas reuniões
mediúnicas:
1 - Afastar a curiosidade no intercâmbio com os
Espíritos desencarnados. Estamos reunidos para auxiliar, curiosidade não trará
qualquer benefício;
2 - Manter respeito em todos os intercâmbios. Todos nós
estamos situados no local característico de nossa evolução; o que nos parece
absurdo hoje, era aceitável ontem e o que nos parece certo hoje, poderá ser
motivo de arrependimento no futuro. Os Espíritos, muitas vezes, nos vêem como
juízes; devemos fazê-los ver que somos, na verdade, irmãos e que também
carregamos muitos erros e defeitos;
3 - Ter paciência, pois necessitamos de tempo para mudar
situações alicerçadas por passado longínquo;
4 - Estudar sempre. O conhecimento doutrinário nos
permite usar a palavra certa no momento adequado. Dedicação constante no estudo
aumentará muito a nossa possibilidade de auxílio;
5 - Valorizar o trabalho em grupo. Seremos mais fortes,
mais eficientes, quando somarmos nossas forças. A reunião mediúnica é um grupo
de trabalhadores em constante sintonia;
6 - Lembrar que mais importante no intercâmbio com as
pessoas, sejam elas encarnadas ou desencarnadas, é o trabalho com AMOR. A palavra
consola, o conhecimento esclarece, mas é o amor que realmente conquista o
Espírito necessitado, estimulando-o à reforma. Algumas vezes, diante do
Espírito em grande sofrimento, as palavras e argumentos não serão suficientes.
Nestes casos, só a vibração do amor verdadeiro poderá operar verdadeiros
prodígios de consolo e de transformação espiritual, fazendo brilhar a luz do
amor de Jesus no mais escuro dos corações.
Fraudes, Mistificações, Contradições
Fraudes
A significação do termo é burla, logro, engano. Pressupõe uma
atitude pensada previamente com a finalidade de fazer parecer verdadeira uma
coisa que é falsa.
Os que não admitem os fenômenos espíritas tendo como causa uma
inteligência invisível, ou melhor, um Espírito desencarnado, atribuem-lhes
como causa a fraude. Mas temos que levar em consideração que ninguém iria
falsificar uma coisa que não existisse realmente, e toda fraude pressupõe uma
intenção de ganho, de lucro.
Nas fraudes, podemos considerar que elas podem ser produzidas por:
- Falsos médiuns: espertalhões e pessoas pouco
escrupulosas que usam a falsa mediunidade para explorarem as pessoas que os
procuram. Utilizam a prestidigitação, o ilusionismo, auferindo lucros materiais
e vantagens pessoais.
- Verdadeiros médiuns: indivíduos que apesar de
realmente possuírem a faculdade mediúnica, sem qualidades morais que enobrecem
este dom, não medem esforços em "ajudar" a realização dos fenômenos
quando os Espíritos não os provocam, ou, ainda, quando demoram a agir ou se ausentam.
As fraudes acontecem mais freqüentemente na realização dos fenômenos
objetivos ou efeitos físicos, tais como: materialização, transporte,
transfiguração, operações espirituais, etc.
Pelo fato de pessoas inescrupulosas utilizarem o dom mediúnico
para fraudarem, ou falsos médiuns falsearem manifestações dos Espíritos, não é
argumento suficiente para dizer que a mediunidade não existe. Outro fator
importante é analisarmos se existe o interesse pessoal ou vantagens
financeiras, pois como afirma Allan Kardec [LM-it 314] "Onde nada há a
ganhar, nenhum interesse há em enganar."
Garantias contra as fraudes:
a) Desinteresse material e pessoal na realização dos
fenômenos ou prática mediúnica;
b) Conhecimento do Espiritismo que explica o mecanismo das
comunicações e o intercâmbio entre os dois planos material e espiritual;
c) Moralidade notória dos médiuns;
d) Estudo prévio da Doutrina Espírita para todos os que vão
participar de atividades mediúnicas;
e) Ausência de todas as causas de interesse material ou de
amor próprio estimulando a provocação dos fenômenos.
Mistificações
Mistificar significa enganar, burlar, ludibriar, abusar da
credulidade dos outros. O exercício correto da mediunidade requer determinadas
normas e disciplinas, seriedade e propósitos elevados para que o fenômeno seja
equilibrado e produtivo.
Porque a faculdade mediúnica está radicada no organismo humano,
seu uso deverá ser controlado, regular, sem abusos.
Embora todos os cuidados que o exercício da mediunidade exigem,
nenhum médium está isento de ser mistificado.
Nas mistificações, o medianeiro é colocado em situações ridículas,
apresentando comunicações absurdas, mentirosas, vazias em seu conteúdo. Os
Espíritos agem e o médium não participa da farsa. Ele poderá, algumas vezes,
deixar passar informações de sue próprio inconsciente, sem a presença de
entidades espirituais, mas, neste caso, é um fenômeno anímico e não se trata
de mistificação;
Geralmente, as mistificações ocorrem com maior freqüência nos
fenômenos subjetivos, de natureza inteligente, como a psicofonia e a
psicografia.
Allan Kardec nos aconselha:
"Como garantia contra a mistificações, não devemos exigir
do Espiritismo, senão o que ele pode e deve nos oferecer; seu fim é a melhoria
moral da humanidade; se nós não nos afastarmos deste ponto, jamais seremos
enganados, porque não há duas maneiras de compreender a verdadeira moral,
aquela que pode ser admitida por todo homem de bom senso."
E continua a nos orientar:
"O papel dos Espíritos não é de ensiná-los as coisas deste
mundo, mas de guiá-los de modo seguro naquilo que lhes pode ser útil no outro."
Em [LM-it 303] Kardec indaga:
"Por que Deus permite que pessoas sinceras e que aceitam o
Espiritismo de boa fé, sejam mistificadas, isto não lhes acarretaria o inconveniente
de abalar a crença?"
R - "Se isto lhes abalar a crença, é porque sua fé não é
muito sólida, quem renuncia ao Espiritismo por um simples desapontamento prova
que não o compreende e não o toma em sua parte séria. Deus permite as mistificações
para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que fazem do
Espiritismo um objeto de divertimento."
As mistificações mais comuns são:
- Revelação de tesouros ocultos;
- Anúncios de herança ou outras fontes de riqueza;
- Predição com épocas determinadas;
- Indicações relativas a interesses materiais;
- Teorias ou sistemas científicos ousados;
Enfim, tudo o que se afasta do objetivo moral das comunicações.
Contradições
São pontos de atrito, de divergências nos ensinos dos Espíritos.
As contradições podem ser:
- Devidas aos homens;
- Em virtude de ensinos dos Espíritos.
Devemos considerar que as divergências devidas aos homens são
decorrentes de nossa condição moral. Há diversos graus de evolução e o
conhecimento humano é diferenciado pela compreensão e interpretação dos ensinos
dados pelos Espíritos.
Tudo o que for elaborado pela mente humana e não estiver coerente
com os ensinos dados pelos Espíritos superiores na codificação espírita,
deverá ser rejeitado. Mas as divergências doutrinárias ainda existem em
virtude de nossa pouca evolução espiritual.
As contradições devidas aos ensinamentos dos Espíritos é conseqüência
também dos diferentes graus de evolução que apresentam. Na escala espírita,
somente os Espíritos perfeitos possuem a sabedoria e a superioridade moral.
Assim como na Terra existem os falsos sábios, também no mundo espiritual
há os pseudo-sábios, semi-sábios denotando sua inferioridade moral.
Allan Kardec [LM-it 299] diz:
"As contradições de origem espírita não têm outra causa
senão a diversidade das inteligências, os conhecimentos, o raciocínio e a
moralidade de certos Espíritos que ainda não estão em condições de tudo
conhecer e de tudo compreender."
As contradições que se apresentam nas comunicações espíritas podem
ser devidas às causas seguintes:
- Ignorância de certos Espíritos;
- Velhacaria de Espíritos inferiores usurpando nomes, etc.;
- À interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma
explicação segundo seus preconceitos;
- À insuficiência dos meios de comunicação que sempre permite
ao Espírito transmitir todo o seu pensamento;
- À insuficiência da linguagem humana para expressar o que
existe no mundo espiritual.
Recomenda-nos Allan Kardec [LM-it 302],
"O estudo, a observação, a experiência e abjuração de todo
sentimento de amor-próprio são os únicos que podem ensinar a distinguir estes
diversos matizes."
Abusos no Exercício da Mediunidade
Sabemos que os objetivos da Faculdade Mediúnica são:
a) Progresso moral da humanidade;
b) Ensejo de evolução e resgate do próprio médium;
c) Prática do bem desinteressado.
Para atender a tão nobres objetivos, o médium deverá ter um comportamento
moral elevado buscando sua reforma íntima e adequar-se ao exercício de sua
faculdade com esclarecimentos constantes e estudo sério e metódico.
São as seguintes as características de quem abusa do exercício
mediúnico:
- Acreditar-se privilegiado;
- Não estudar a Doutrina Espírita;
- Achar que o guia sabe tudo;
- Não ter horário para trabalhar mediunicamente;
- Fazer trabalhos mediúnicos, habitualmente, em casa domiciliar;
- Cobrar monetária ou moralmente pelos bens que eventualmente
possa obter através da faculdade mediúnica.
Vianna de Carvalho [Médiuns e Mediunidades] nos diz:
"Face ao mau uso, quando se apresentam os desconcertos
mediúnicos, sejam por indução obsessiva ou decorram da indisciplina moral de
intermediário, a marcha na direção do abismo é lamentável e quase sempre irreversível.
Médiuns, pois, que vivem em situações psíquicas de altos e
baixos, no exercício do ministério a que se prestam, destrambelham a faculdade
abençoada que deveriam dignificar, porque, sem exceção, pediram-na antes do
renascimento por saberem que o seu uso correto lhes concederia a palma da
vitória, num retorno à Pátria em paz, o que, face à leviandade e à loucura de
que se deixam possuir, não se dará, impondo-lhes futuras experiências no corpo
sob o açodar de dores inomináveis, que agora poderiam evitar."
Bibliografia
1) Livro dos
Médiuns - Allan Kardec
2) Médiuns e
Mediunidades - Vianna de Carvalho/Chico Xavier
3) O Céu e o
Inferno - Allan Kardec
4) Estudando
a Mediunidade - Martins Peralva
5) Diálogo
com as Sombras - Hermínio C. Miranda
6) O
Consolador - Emmanuel/Chico Xavier
Capítulo 23
A Doutrinação
Conceito
Doutrinar é argumentar com lógica e com base no Evangelho,
demonstrar que as atitudes incorretas prejudicam principalmente quem as
praticam, levando o necessitado a modificar sentimentos cristalizados, destorcidos,
errôneos.
QUADRO
IV - Doutrinação
|
Minorar
sofrimentos
|
Confortar
|
Infundir
esperanças
|
Despertar a fé
|
Quem Vamos Doutrinar?
A técnica de esclarecer Espíritos foi criada por Allan Kardec, em
substituição às práticas bárbaras de exorcismo, muito usadas na Antiguidade. O
mestre de Lion utilizou a doutrinação como forma de esclarecimento através de
reunião mediúnica.
Para nosso conhecimento, colocou no Livro dos Espíritos [LE-qst
100 a 127], uma classificação se baseando no grau de imperfeições dos
Espíritos ainda não vencidas e qualidades adquiridas; esclarecendo, contudo,
que a classificação nada tem de absoluta, pois, de um grau a outro, a transição
é insensível, que nos limites, as diferenças se apagam como nos reinos da
natureza, nas cores do arco-íris.
Admite Kardec 3 grandes divisões:
1ª ordem
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Espíritos Puros
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2ª ordem
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Espíritos Bons
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3ª ordem
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Espíritos
Imperfeitos
|
No momento interessa-nos a 3ª ordem, pois na arte de doutrinar
estaremos lidando com uma gama de Espíritos de hierarquias infelizes e
diversas, sendo importante que tenhamos em mente que a doutrinação é um convite
à transformação interior, um apelo à reflexão sobre os problemas de que o
Espírito é portador. Vejamos as características desses Espíritos:
QUADRO
V - Espíritos Imperfeitos
|
Propensão ao mal
|
Predominância da
matéria
|
Conhecimento
limitado sobre a vida espiritual
|
Subdivisões:
a) Espíritos impuros: passam conceitos maldosos, insuflam a
discórdia, usam de disfarces para melhor enganar. Suas comunicações revelam a
baixeza de suas inclinações. Fazem do mal o objeto de suas preocupações;
b) Espíritos pseudo-sábios: seus conceitos são uma mistura de
verdades com erros absurdos. Neles prevalecem a inveja e a presunção;
c) Espíritos neutros: nem bons, nem maus, apegados às coisas
do mundo (família, haveres, posses);
d) Espíritos levianos: metem-se em tudo e a tudo respondem.
São mentirosos, inconseqüentes, zombeteiros, fazem intrigas usando uma linguagem
por vezes engraçada.
Esta escala nos oferece um quadro psicológico da pouca evolução
espiritual dos homens.
Os Espíritos inferiores usam de artimanhas que nos iludem e se
vangloriam quando o conseguem.
Os Espíritos levianos, irônicos, são talvez os mais difíceis para
o diálogo. Vêm para provocar o doutrinador. Necessárias a humildade e a
paciência no trato com esses irmãos. Somente uma atitude muito serena pode
desarmá-los.
Dialogar com os Espíritos que pedem espaço através da mediunidade
com propostas iluminativas é, então, a arte de compreender os que ignoram o
desequilíbrio em que de debatem.
Cabe ao doutrinador apontar-lhes o rumo, despertando-os para as
verdades eternas, numa visão ampla da vida.
Cada doutrinação, face aos fatores que a motivam, tem características
especiais, embora, genericamente sejam semelhantes.
Há que se levar em conta as resistências morais do comunicante,
já que vem de desajustes vários.
O fundamental é despertá-lo para uma visão real da própria situação.
Ao considerarmos os casos mais comuns de manifestações, verificamos
que os Espíritos comunicantes são de 2 categorias principais:
a) Os que comparecem espontaneamente obedecendo à própria vontade,
atraídos por determinadas condições;
b) Os que são trazidos pelos mentores; são Espíritos perturbados,
vingativos, habitantes de zonas purgatoriais.
A Necessidade da Doutrinação
Por que os
Espíritos não são atendidos no plano espiritual?
Por que precisam receber esclarecimento em sessão mediúnica? |
Precisamos ressaltar que:
a) Os Espíritos são atendidos também no plano espiritual;
b) Nem todos estão em condições de serem socorridos ali, em
virtude da grosseira materialidade que lhes flagela o campo mental tornando-os
insensíveis à cooperação de entidades superiores.
O contato com a organização física do médium fá-los-á sentir mais
intensamente a ajuda doutrinária e vibracional destinada ao reajuste. O fluido
humano emanado do organismo do médium é-lhes e necessário ao equilíbrio.
Léon Denis esclarece:
"Esses Espíritos perturbados pela morte, acreditam ainda
muito tempo depois, pertencerem à vida terrestre. Não lhes permitindo seus fluidos
grosseiros o entrarem em relação com Espíritos mais adiantados, são levados
aos grupos de estudo para serem instruídos acerca de sua nova condição."
André Luiz adverte:
"São companheiros que trazem ainda a mente em teor
vibratório idêntico ao da existência na carne. Na fase em que estagiam, mais
depressa se ajustam com o auxílio dos encarnados, em cuja faixa de impressões
ainda respiram."
Daí, desaparecerem as possíveis dúvidas quanto ao nosso dever de
auxiliar o necessitado através do diálogo em um grupo mediúnico.
Como Doutrinar
Perante os Espíritos perturbados, pensemos primeiro na nossa situação
íntima antes de dialogar com eles - apresentam eles o resultado do desacato às
soberanas leis do equilíbrio ora colhidos pela dor.
Vêm em busca de auxílio (embora muitas vezes não tenham consciência
disso).
"Dialoguemos com a ternura de um irmão e o respeito de um
amigo."
Socorrê-los é o objetivo da doutrinação.
O amor que lucida em ti e te apazigua, leni-los-á e o argumento
sincero, sem floreios nem azedume desperta-los-á." Joanna de Ângelis
Diante deles, portanto, os desencarnados que sofrem, coloquemo-nos
na posição de quem usa a terapêutica do amor em si mesmo. Eles não são seres
diferentes de nós, são iguais, e os problemas por sua equivalência, merecem o
mesmo tratamento. Carregam as mesmas virtudes e defeitos que assinalam a
posição evolutiva de todos nós.
A população da erraticidade inferior difere pouco da população
terrestre. Todo conceito nobre ajuda-los-á se os tivermos incorporados ao
nosso comportamento cotidiano, porque eles nos acompanharão a verificarem se
falamos a verdade, se vivemos o que falamos.
Não serão apenas as palavras que irão convencer o irmão obsessor,
mas todo sentimento solidário, sincero, amoroso, de todo o grupo.
Nesse trabalho de resgate, a solidariedade precisa ser exercida
para que o socorro se efetue real. Participando das reuniões caridosas de
intercâmbio com sofredores desencarnados, aprende-se a aquilatar o valor do
amor. Percebe-se a "não-violência" poderosa do amor, o resultado dos
fluidos magnéticos manipulados pelos sentimentos e, acima de tudo, a magia
sublime da presença de Jesus, pelos laços criados através da oração.
É a atividade do coração. Não há espaço para meias-verdades, indiferença
ou comodismo.
Em toda doutrinação há de se levar em conta a conduta espírita e a
responsabilidade moral do doutrinador, porquanto, a instrução que não se faz
acompanhar do exemplo não possui a tônica da verdade.
Colocamos como essenciais as virtudes:
. Formação doutrinária;
. Conhecimento evangélico;
. Autoridade moral;
. Psicologia cristã;
. Ética e método;
. Paciência e humildade;
. Fato e prudência;
. Fé e serenidade;
. Sensibilidade;
. Amor.
E ainda é preciso que haja, da parte do doutrinador, muita abnegação,
a fim de que o trabalho que os amigos invisíveis realizam por nosso intermédio,
tenha base segura.
Na formação dos quadros fluídicos, sentimos essa contribuição. São
arquitetos espirituais que fazem parte de reunião de esclarecimento que quando
bem conduzidas, temo-los operantes, eficientes, manipulando a matéria mental
necessária à formação dos quadros educativos, retirando dos médiuns os
recursos imprescindíveis à criação de formas-pensamento quais sejam: paisagens,
telas, com objetivo à transformação dos Espíritos dementados que buscamos
socorrer. Muitos necessitam para que se recuperem, do concurso de imagens
vivas sobre as impressões descontínuas, frustrantes, infelizes a que se recolheram
. É assim que se formam jardins, fontes, cachoeiras, quadros outros através
da força mental do grupo, que é manipulada pelos desenhistas na organização de
fenômenos que possam revitalizar a visão, a memória, a audição e o tato dos
Espíritos ainda em trevas mentais.
O diálogo na doutrinação vai se desenvolvendo a partir de uma
espécie de monólogo, pois, no princípio é preciso deixar o Espírito falar para
que informe sobre si mesmo.
O doutrinador, apenas ele, deve conduzir a conversa sem apartes
por parte dos médiuns, pois é sobre o doutrinador que atuam os mentores (pode
acontecer o doutrinador indicar um companheiro para o diálogo).
Os médiuns devem se manter atentos à conversação, mas sem nela se
envolverem nem mesmo por palavras pensadas.
E o diálogo prossegue. Os elementos para se formar um juízo vão seguindo
seu curso. Quais as fixações do Espírito?
Todo processo obsessivo tem o seu núcleo:
traição - vingança - desamor - violência
E o doutrinador, com habilidade, vai mudando o rumo de seus pensamentos,
permitindo que ele fale também.
Além das fixações penosas, os Espíritos conturbados costumam
apresentar cacoetes sob a forma de contrações, tudo ligado ao problema
anterior que os atormenta.
Por muitas, inúmeras vezes, o doutrinador tem de recorrer à prece.
A prece tem o poder de fazer calar a imensa maioria dos Espíritos
desajustados, mesmo os mais violentos. Muito raramente procuram eles perturbar
a prece - geralmente, ouvem-na em silêncio. Alguns, entretanto, zombam,
tentam dramatizar, ironizar, riem.
Na verdade, têm medo da emoção que os leva à crise e da crise que
os leva à dor que os espera no longo caminho de volta.
Temos ainda o recurso do passe, que deve ser dado no momento
certo.
Passe para serenar, adormecer, sensibilizar.
Quando acontece de um Espírito chegar agressivo, ameaçador, devemos
apaziguá-lo, levando-o a quebrar o terrível círculo vicioso em que se debate.
É ter paciência e esperar - a cólera passa, pois é difícil sustentá-la contra
quem não nos oferece resistência.
O melhor argumento ante um Espírito recalcitrante, com idéia fixa
de vingança, não é pedir que perdoe ou esqueça (isso costuma revoltá-lo ainda
mais), é dizer que agindo assim ele está cada vez mais se afastando da sua
destinação como Espírito eterno - O Bem. Ao desejar a vingança ele se afasta
dessa estrada.
A fase da aceitação chega por pequeninos e quase imperceptíveis
sinais:
- ouvem-nos mais;
- abaixam o tom de voz;
- menor agressividade.
Se o Espírito se mantiver avesso às apreciações do doutrinador
devemos pedir a colaboração dos mentores, para que ele seja encaminhado a organizações
adequadas na erraticidade. Utiliza-se a hipnose benéfica, asserenando o
Espírito perturbado, afastando-o do organismo medianeiro pelo passe
anestesiante.
Nós espíritas temos 3 tipos de adversários no Além:
1º - nossos adversários pessoais do passado;
2º - os adversários daqueles a quem pretendemos ajudar - o que é
natural;
3º - os adversários da causa do bem que querem a promiscuidade que
aí está.
As doutrinações são terapias de longo curso. Só o amor é antídoto
para o ódio. O tempo passa e o amor com que plantamos nossa vida - convence.
Hermínio Miranda encerra [Diálogo com as sombras] com esta frase;
- "Se me fosse pedido o segredo da doutrinação diria
apenas uma palavra - amor."
Algumas Questões Práticas
Selecionamos algumas questões que merecem análise:
a) É importante para o esclarecimento, o doutrinador saber o
nome do Espírito comunicante?
- Se for um Espírito familiar sim, como identificação. Mas o
nome pouco importa e pode acontecer o Espírito involuído usar um nome falso.
b) Como o doutrinador deve proceder quando manifestarem-se
Espíritos que, procurando desarmonizar o ambiente, incitam o médium ao uso de
palavras chulas, grosseiras, rudes?
- Cabe ao doutrinador cortar imediatamente tais vocabulários
que não irão beneficiar ninguém; pedindo ao Espírito que se retire, volte
quando se achar em condições de manter um diálogo menos grosseiro. Isso pode
acontecer quando o Espírito encontra no cérebro do médium este tipo de arquivo.
O relacionamento médium x doutrinador deve ser de estima e respeito; daí, o
doutrinador conversar com o médium no sentido de um esforço maior na sua
mudança íntima.
c) Pode o doutrinador usar de energia com o Espírito
comunicante?
- Quando isso se faz necessário, sim. Muitas vezes a doutrinação
exige atitude enérgica, firme - que não está no tom da voz mas naquilo que
dizemos. A única autoridade legítima é a que se estrutura na moral. Os
Espíritos sentem essa autoridade e se dobram a ela em virtude da força moral de
que disponha o doutrinador, força moral que só é conseguida através de uma
vivência evangélica.
d) A faculdade de ver Espíritos pode ajudar na doutrinação?
- Somos daqueles que pedem cautela na vidência, pois não podemos
ter absoluta confiança no que eles apresentam. Espíritos maus e inteligentes
facilmente podem simular aparências enganadoras manipulando os fluidos. A
percepção apurada na prática desfará os enganos, e acresce que qualquer
consideração, no decorrer da doutrinação, prejudica mais do que ajuda. E mais:
cada médium vê dependendo da faixa vibratória em que se encontra.
e) Precisa o doutrinador fazer com que o Espírito conheça sua
condição de desencarnado ao iniciar o diálogo?
- Há de se perguntar: quem de nós está em condições de
receber a notícia de que vai morrer amanhã, com a serenidade que seria de se esperar?
Dizer ao Espírito que deixou a família, que foi colhido pelo fenômeno da morte
física, necessita habilidade a fim de evitar-lhe "choques da alma".
É ato de invigilância e às vezes de leviandade dizer-lhe que já
não tem o corpo físico sem o devido preparo para tanto.
A tarefa da doutrinação é consolar.
f) Para onde vão os Espíritos que são doutrinados? O que acontece
a eles?
- São muitos os caminhos que se abrem diante deles.
Geralmente, são levados a um local de repouso e tratamento.
Trabalhadores espirituais os conduzem à reeducação.
Quase todos precisam mergulhar numa nova reencarnação, quanto
antes, e assim que estejam em condições, começa-se o preparo para o recomeço.
Muitas vezes ainda, o trabalho de doutrinar continua no plano
espiritual. Espíritos amigos já disseram que verdadeiras sessões mediúnicas
são realizadas com médiuns desdobrados pelo sono físico.
As doutrinações se projetam ao longo dos dias e seguem nas realizações
da noite, quando, em desdobramento, acompanhamos os mentores nos contatos e
nas tarefas que se desenrolam no mundo dos Espíritos.
Bibliografia
1) Diálogo
com as sombras - Hermínio C. Miranda
2) Correnteza
de Luz - Camilo/Raul Teixeira
3) Leis
Morais da Vida - Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco
4) Diretrizes
de Segurança - Divaldo P. Franco e Raul Teixeira
5) Vozes do
Grande Além - Espíritos Diversos/Chico Xavier
Capítulo 24
PARAPSICOLOGIA E ESPIRITISMO
Fenômeno Anímico e Mediúnico
Podemos sistematizar todos os fenômenos da Natureza em dois
grandes grupos: fenômenos físicos e fenômenos psíquicos.
Os fenômenos físicos são aqueles produzidos pelas forças da própria
natureza, estudados pelas Ciências físicas, químicas, astronômicas,
biológicas, etc.
Os fenômenos psíquicos, como o nome indica, são aqueles produzidos
pelo psiquismo humano (Psiquê+mente=Espírito).
Hernani Guimarães Andrade, conceituado parapsicólogo espírita,
divide os fenômenos psíquicos produzidos por pessoas hígidas ou sadias em:
a) Fenômenos Psíquicos Normais: aqueles cujo mecanismo
causal se enquadra no conjunto das leis conhecidas. São fenômenos aceitos e
estudados pela Ciência convencional.
Ex.: Leitura, agressividade, medo, escrita, etc.;
b) Fenômenos Psíquicos Paranormais: são os fenômenos
psíquicos que não encontram ainda uma explicação plausível, cujo mecanismos
ainda não fazem parte do conjunto das leis naturais conhecidas. Esses fenômenos,
pelo fato de não poderem ser explicados, não são aceitos ainda pela Ciência
Oficial. Os fenômenos paranormais são de dois tipos fundamentais: anímicos e
mediúnicos.
Anímicos: o termo animismo, já existente, foi utilizado com
novo significado por Alexandre Aksakof, profundo estudioso das Ciências
psíquicas, conselheiro científico da Academia Russa de Ciência. Este autor
apropriou-se da expressão latina "anima" (=alma) para designar
os fenômenos paranormais que eram produzidos pela própria alma humana.
Mediúnicos: o termo mediunidade foi usado pela primeira vez
por Allan Kardec para designar a faculdade inerente a todas as pessoas, que as
colocavam em comunicação com seres extra-corpóreos. Portanto, os fenômenos
mediúnicos são aqueles fenômenos paranormais que, para a sua produção,
necessitam da atuação de seres desencarnados.
Fenômeno Anímico
|
Fenômeno
Mediúnico
|
a) Não há
interferência de seres espirituais
|
a) Há
interferência de seres espirituais
|
b) Participam do
fenômeno um ou mais elementos encarnados
|
b) Participam do
fenômeno pelo menos dois elementos: encarnado e desencarnado
|
c) agente
gerador: sensitivo (metagnomo)
|
c) agente
gerador: médium
|
d) Fenômenos
estudados pela Parapsicologia
|
d) Fenômenos
estudados pelo Espiritismo
|
Principais Fenômenos Anímicos
a) Telepatia: consiste na percepção do conteúdo mental
ou da emoção de outro indivíduo, ou, como se diz correntemente, a transmissão
do pensamento. A telepatia é um fenômeno quase geral entre os Espíritos
desencarnados, mas quando evidenciada entre dois seres encarnados, vai
configurar um fenômeno anímico.
b) Clarividência: consiste na visualização de coisas
do mundo físico através de corpos opacos ou a distância. Através da clarividência,
o sensitivo é capaz de identificar aspectos no corpo humano à semelhança de um
aparelho de raios X, identificar cenas que estão se desenrolando em locais
distantes e mesmo visualizar coisas dentro de caixas ou recipientes
hermeticamente fechados. Não devemos confundi-la com a VIDÊNCIA, que é a
visualização de cenas ou entidades do mundo espiritual, portanto, um fenômeno
mediúnico.
c) Clariaudiência: trata-se da percepção paranormal de
sons da esfera física. Ruídos, frases, músicas não audíveis pelas pessoas comuns
e que são registrados pelo sensitivo. Difere da audiência, onde são captados
sons do mundo espiritual.
d) Pré-cognição: é o conhecimento antecipado de um
fato que ainda não ocorreu. Conhecida também com o nome de Pressentimento ou
Premonição.
e) Retro-cognição: é o registro de um fato
acontecido no passado através da percepção extra-sensorial, ou seja, sem a
utilização dos sentidos comuns.
f) Psicocinesia: trata-se da fenomenologia anímica que
permite ao sensitivo agir sobre a matéria utilizando-se apenas da força emitida
pela sua mente. Através da energia liberada pela mente do paranormal, são
evidenciadas transformações em objetos, materializações diversas e mesmo
modificações na forma e na fisiologia humanas.
g) Automatismo Psicológico: esta expressão foi
empregada por Pierre Janet (considerado o pai da Psicologia) para designar
aquelas situações onde o inconsciente do indivíduo assume a mente consciente e
passa a liberar idéias e emoções lá arquivadas. Podemos encontrar este tipo de
fenômeno nos casos de recordação espontânea de vidas passadas, nos casos raros
quando o indivíduo assume personalidades anteriores (Personalidades múltiplas),
ou, ainda, nas reuniões mediúnicas, quando o inconsciente do médium se
comunica através dele. Esta última condição, comumente designada através do
termo ANIMISMO, é relativamente comum nos médiuns iniciantes, e tende à
dissolução com progressivo burilamento da faculdade mediúnica.
Análise Crítica da Divisão Anímico-Mediúnico
Esta classificação dos fenômenos paranormais em anímicos e mediúnicos
é puramente teórica e objetiva apenas uma sistematização didática para
facilitar a compreensão do tema.
O que se observa na prática é que os fenômenos estão comumente
interligados.
Nos fenômenos mediúnicos, donde os seres espirituais desempenham
papel relevante, o intermediário (médium) jamais está inativo, participando
de forma dinâmica na produção do fenômeno. Com isto, fica claro que em todo
fenômeno mediúnico há um forte componente anímico.
Os fenômenos anímicos, por sua vez, muitas vezes são secundados
pelos Espíritos amigos, que contribuem diretamente na sua produção, o que nos
leva a afirmar que muitas vezes nos fenômenos anímicos se evidencia um
envolvimento mediúnico bem definido.
Muitas vezes, portanto, na prática diária torna-se impossível
determinar eficientemente se um fenômeno que nos é apresentado tem um
componente anímico ou mediúnico preponderante, pois, teoricamente, poderia ser
classificado em ambas as categorias.
Exemplos de fenômenos que podem ser ora anímicos e ora mediúnicos:
intuição, cura, desdobramento, bicorporeidade, transfiguração, translação de
objetos, levitação, psicometria, etc.
O que é a Parapsicologia
É uma disciplina científica de investigação dos fenômenos inabituais,
de ordem psíquica e psicofisiológica. E uma nova forma de desenvolvimento da
Psicologia, pois estuda as fronteiras desconhecidas da Psicologia. (Psicologia
é o estudo das idéias e sentimentos do ser humano, estudando os fenômenos
psíquicos habituais). O objetivo da Parapsicologia é o estudo dos fenômenos
psíquicos não habituais, mas apesar disso, naturais.
Não é uma Ciência nova, pois é milenar. Fatos paranormais têm
acompanhado o homem desde as mais remotas épocas. Como Ciência, foi precedida
pela Metapsíquica, criada por Charles Richet na Universidade de Paris, que fez
vários estudos de fenômenos paranormais. Poderíamos dizer que a Metapsíquica
seria a Parapsicologia antiga. Outros notáveis metapsiquistas, foram: Willian
Crookes, Eugênio Osty, Gustavo Geley, Alexandre Aksakof, Oliver Lodge, César
Lombroso, etc. Suas teorias eram combatidas mais por preconceitos do que por
falta de méritos científicos.
Em 1922, Charles Richet, apresentou em Paris o "Tratado de
Metapsíquica", dividindo os fenômenos metapsíquicos em SUBJETIVOS e
OBJETIVOS, que equivalem a PSI-GAMA e PSI-KAPA para a Parapsicologia.
A Parapsicologia teve sua origem no ano de 1930 com o Professor
Joseph Banks Rhine, que dirigiu o primeiro laboratório de Parapsicologia do
mundo, na Duke University, em Carolina do Norte, Estados Unidos da América.
Podemos considerar o Prof. Rhine como o pai da Parapsicologia Moderna, que
inicialmente estudou, com detalhes, a telepatia e a clarividência. Em l940,
após dez anos de estudos sérios, o Prof. Rhine, afirmou:
"O Homem pode perceber por outra via que não a dos sentidos
físicos. Esta percepção extra-sensorial é extra-física, e pode ser estudada em
laboratório".
A Parapsicologia moderna, tem duas grandes escolas: ESCOLA DE
RHINE, que aceita os fenômenos parapsicológicos como fenômenos extra-físicos;
ESCOLA DE LEONID VASSILIEV (Escola Russa), que aceita os fenômenos paranormais
como de natureza fisiológica (materiais, do corpo físico). Estas discrepâncias
não invalidam nem prejudicam o desenvolvimento da Parapsicologia, que se
processa com a mesma rapidez nos dois campos ideológicos. Assim, poderíamos
dizer que a Parapsicologia, estuda os fenômenos paranormais e discute a sua
origem. De acordo com a Escola, a explicação poderia ser ou não simpática à
idéia da sobrevivência espiritual do Homem. A controvérsia existe no campo
parapsicológico como em qualquer outro.
A História do Psi
PSI é uma letra grega, que foi escolhida por Weisner e Thoules
para designar, do ponto de vista científico, os fenômenos paranormais. Era
necessário dar a esses fenômenos uma designação livre de implicações
interpretativas. O uso dos termos "fenômeno espiritual",
"espiritóide", "metapsíquico", "hipnótico" seriam
aceitos por uns e rejeitados por outros estudiosos, por este fato, escolheram o
termo PSI, pois mostra que se trata de fenômeno paranormal, sem se definir
entretanto qual a sua origem.
Os fenômenos PSI dividem-se em dois tipos aceitos por praticamente
todos os parapsicólogos:
a)PSI-GAMA: ou os subjetivos de Richet, os efeitos mentais como:
telepatia, clarividência, clariaudiência, xenoglosia, etc.;
b)PSI-KAPA: ou os objetivos de Richet, os efeitos físicos, ação da
mente sobre a matéria: como levitação, transportes, desvios de pequenos
corpos, etc.
Alguns parapsicólogos modernos aceitam uma terceira categoria de
fenômenos paranormais:
c)PSI-TETA: fenômenos paranormais com interferência do "mundo
dos mortos".
Os Fenômenos Psi-Gama
Os dois efeitos PSI-GAMA mais estudados pela Parapsicologia são: a
clarividência e a telepatia.
Clarividência é a capacidade de ver a distância através de
objetos. Foi o primeiro fenômeno paranormal estudado e comprovado pela
Parapsicologia - por Rhine em 1940 - utilizando-se de um baralho (Cartas de
ZENER). O paranormal "adivinhava" qual carta apareceria de uma forma
estatisticamente significativa. A clarividência está aceita e comprovada por
todos os parapsicólogos; o seu mecanismo que é discutido. Seria de origem
física ou extra-física?
Telepatia é a capacidade de se comunicar a distância, sem o
uso da fala. É a linguagem do pensamento. Tem sido fartamente estudada em todo
mundo com vários interesses, inclusive astronáuticos e militares. É outro
fenômeno aceito mundialmente, sendo discutido sua origem, se física ou
extra-física (Escola de Rhine ou Escola de Vassiliev).
Outro fenômeno estudado e aceito pela maioria dos parapsicólogos
modernos é a Regressão de Memória; esta regressão poderá chegar a vida
intra-uterina ou mesmo a vidas anteriores. Os primeiros estudos científicos
são de Albert De Rochas, do Instituto Politécnico de Paris, usando o
hipnotismo como método de regressão de memória. Rochas e outros de sua época,
foram ridicularizados. A Parapsicologia moderna aceita e estuda profundamente
a regressão de memória, alguns, inclusive, para vidas anteriores. Eis algumas
teorias para explicar o fenômeno paranormal:
1 - Teoria Reencarnatória: o fenômeno seria mesmo a
reprodução de outra vida.
2 - Teoria da Memória Genética ou Cromossômica: o
sensitivo liberaria uma memória gravada em seus cromossomas, vivida por seus
ancestrais.
3 - Teoria de liberação de Recalques: o sensitivo
liberaria seus projetos e desejos recalcados. Existem ainda várias teorias tentando
explicar a Regressão de Memória.
Os Fenômenos Psi-Kapa
Seriam os fenômenos paranormais evidenciados pelo efeito da mente
sobre a matéria. São conhecidos desde a Antiguidade, como as benzeduras, etc.
Para Rhine, o fenômeno Psi-Kapa ocorre sem qualquer fator intermediário entre a
mente e a matéria: "A mente possui uma força capaz de agir sobre a
matéria. Produz sobre o meio físico efeitos inexplicáveis por meio de uma
energia ainda desconhecida". Estes estudos tiveram início na Duke
University, em 1934, utilizando-se de dados e de "gotas d'água" que
eram manipulados pela mente, do paranormal. Para alguns outros
parapsicólogos, para que a mente, possa agir sobre a matéria, existiria um
agente intermediário, ectoplasma (nome criado por Charles Richet). Carington,
Soal, Price, Thoules, Crawford, Herculano Pires e outros, aceitam a necessidade
da interferência do ectoplasma para que o fenômeno ocorra.
Os Fenômenos Psi-Teta
É o estudo dos fenômenos paranormais aceitando-se a interferência
de "pessoas mortas" para que o fenômeno ocorra. O grupo de pesquisadores
dos fenômenos TETA também surgiu na Duke University, sob a direção do Prof.
Pratt. Escolheram a oitava letra grega, TETA, pois também esta é a letra com
que se escreve a palavra morte . O fenômeno PSI-TETA se revela, ou se mistura,
com os outros dois tipos de fenômenos PSI. Assim temos:
a)TETA-PSI-GAMA, ou seja, clarividência com a participação de
pessoas mortas, só assim tornando o fenômeno possível.
b)TETA-PSI-KAPA, ou seja, psicocinesia com a participação ou interferência
de "mortos".
A Memória Extra Cerebral
O estudo da Memória Extra Cerebral (M.E.C.), termo criado pelo
Prof. Hamendras Nat Barnejee, é a preocupação mais recente da Parapsicologia.
Foi o Prof. Barnejee, na Universidade de Rajasthan, na cidade Jaipur, Índia,
quem primeiro fez estes estudos cientificamente . Até l985, quando faleceu,
este eminente pesquisador tinha em seu fichário aproximadamente 2.000 casos de
comprovação de recordação de vidas passadas. A recordação de vidas anteriores,
ou seja, o estudo da M.E.C., pode se dar pela recordação espontânea das
reencarnações anteriores (Método utilizado por Barnejee, Stevenson, Hernani
Guimarães de Andrade, etc) ou pelo uso do hipnotismo (Rochas, Raikov,
Júlia Prieto Peres, etc).
O estudo da M. E. C. mostra o quanto o estudo da Parapsicologia
tem crescido no sentido da verdade da sobrevivência do Homem. A posição
Espírita, tão rejeitada pela Ciência, é a mesma adotada pela Ciência na
atualidade. A reencarnação passa a ser assunto de cientistas e de
universidades.
Conclusão
Como vimos, o estudo da Parapsicologia caminha a passos largos
para explicar, cientificamente, o que o Espiritismo afirma há mais de um
século. Para os parapsicólogos, o Espiritismo representa uma fase antiga e
superada no trato com o paranormal. Para o Espiritismo, a Parapsicologia
representa esforço científico para a explicação dos fenômenos espíritas,
louvável esforço que fará os homens da Ciência compreenderem a verdade do
Espiritismo, dando-lhes uma visão mais bela e mais ampla da vida universal,
como afirma Herculano Pires.
Finalizamos com as palavras do codificador da Doutrina Espírita,
Allan Kardec, considerado por muitos estudiosos dos fenômenos paranormais, como
um dos mais eminentes parapsicólogos:
"Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a
razão, em todas as épocas da Humanidade."
BIBLIOGRAFIA
1) O Livro
dos Médiuns - Allan Kardec
2) Parapsicologia
Experimental - Hernani Guimarães Andrade
3) Médium,
Quem é e quem não é - Demétrio Pável
4) Diversidade
dos Carismas - Hermínio Miranda
5) Parapsicologia
Hoje e Amanhã - J. Herculano Pires
6) Enfoques
Científicos na Doutrina Espírita - Jorge Andréa
Capítulo 25
A disciplina como a Base da Caridade
Introdução
No [LM-it 324] Allan Kardec classifica as reuniões mediúnicas em:
frívolas, experimentais, instrutivas. Alerta que as reuniões frívolas são
constituídas de pessoas que se interessam, predominantemente, pelo aspecto de
passatempo e divertimento. As reuniões experimentais têm, por finalidade, a produção
de manifestações físicas, de fenômenos ditos objetivos. As reuniões instrutivas,
como o próprio nome indica, são as que ensejam orientações e experiências de
crescimento intelectual e moral para as pessoas que delas participam, tanto
encarnados como desencarnados.
Na atualidade, as reuniões instrutivas prevalecem no movimento
espírita, conhecidas como reuniões mediúnicas.
Como todas as tarefas espíritas, as reuniões mediúnicas devem ser
encaradas com muita responsabilidade e disciplina, um dos pilares fundamentais
ao bom desenvolvimento.
Em todos os aspectos da vida, devemos nos lembrar que a disciplina
funciona como peça fundamental na realização de qualquer tarefa. Emmanuel
afirma:
"A disciplina é a base na realização da caridade."
A reunião mediúnica é trabalho que se desenvolve entre os dois
planos da vida, o espiritual e o físico, havendo, portanto, duas equipes
interagindo para obtenção de bons resultados; ambas as equipes devem obedecer
à disciplina.
Da Reunião Propriamente Dita
a) A Escolha do Local da Reunião Mediúnica: é a sala de
reunião mediúnica de um Centro Espírita, local de grande importância. Deve ser
escolhida com atenção, pois sabemos que o trabalho ali executado não se prende
ao momento da reunião, pois o ambiente é preparado antecipadamente. Da mesma
maneira, após o término, muitos permanecerão no recito recebendo tratamento
complementar, dialogando com os instrutores espirituais, recebendo mais
carinho. Por este e outros motivos o local é especial; o ambiente deve ficar
protegido de qualquer influência negativa. Se o nosso Centro for espaçoso o
suficiente, uma sala deverá ficar reservada exclusivamente para a reunião
mediúnica.
Uma pergunta deve ser analisada: e se o nosso Centro Espírita não
for tão grande? E se precisarmos da sala para outras atividade também
importantes, como a evangelização de crianças, reuniões de estudos,
atendimento fraterno? Embora a lógica nos auxilie a resposta, usaremos a
autoridade de Divaldo P. Franco e de Chico Xavier para responder:
"Poucos locais de um Centro Espírita terão o equilíbrio e
fluidos tão benéficos como a salinha de evangelização. Onde trabalharmos em
nome de Jesus, o ambiente será sempre o melhor de todos..." O que vale
uma sala vazia se não temos onde estudar, evangelizar ou auxiliar Espíritos
encarnados necessitados? O importante é que nos concientizemos do respeito
necessário, mantendo sempre o padrão positivo de pensamentos e vibrações.
b) A Música na Reunião Mediúnica: a música
verdadeiramente elaborada é fonte de grande harmonização de vibrações. Nós,
Espíritos de pouca evolução, necessitamos muitas vezes de algo que nos favoreça
a elevação de pensamentos e a harmonização de vibrações. É opinião freqüente
entre os autores espíritas, de que a música para preparar o ambiente da
reunião é muito importante. Naqueles minutos que antecedem o trabalho, a música
cantada pelos que já chegaram, evitará falatório desnecessário, conversa
perturbante e até comportamento não próprio. É tão comum, e até explicável, que
um grupo de amigos, como é um grupo mediúnico, queira conversar, falar da
semana, pois estiveram distantes por alguns dias; isso certamente atrapalhará o
preparo do ambiente.
Importante é escolhermos músicas doutrinárias, cantá-las baixinho,
já envolvendo com carinho todos no ambiente. Muitas letras de músicas
doutrinárias são verdadeiras lições de esclarecimento e consolo.
c) O Estudo na Reunião Mediúnica: toda a oportunidade
de estudo é importante. Além do benefício do conhecimento doutrinário, o estudo
desempenha outro fatores importantes: a harmonização dos pensamentos dos
presentes e o esclarecimento de muitos Espíritos desencarnados.
Naturalmente que o tempo e o conteúdo do estudo será adequado ao
tipo de reunião mediúnica. A reunião de iniciantes poderá ter um estudo mais
prolongado (por exemplo 20 a 30 minutos) e o tema deve ser mais leve. Já a
reunião mais madura, poderá ter um estudo de duração menor (por exemplo 10 a 15
minutos, levando em consideração que o trabalho mediúnico, propriamente dito,
será maior) e com um conteúdo mais profundo.
d) Duração da Reunião Mediúnica: o tempo de uma
reunião, em média, não deve ultrapassar de uma hora e trinta minutos a duas
horas e é importante que seja sempre o mesmo.
Devemos, sempre, realizar a nossa reunião mediúnica, suspendendo-a
somente por motivo justo. Feriado por exemplo, não deve ser motivo de suspensão
dos trabalhos. Se todos não puderem estar presentes, os que estiverem devem
realizar o encontro.
e) Importância da Avaliação Final: avaliar um trabalho
é verifica se seus objetivos estão sendo alcançados. A ajuda está sendo proveitosa?
A instrução dos médiuns está ocorrendo?
Alguns aspectos devem ser salientados: - todo médium deve dar a
sua opinião e fazer a sua auto-avaliação; avaliar a doutrinação, se tocou ou
não o Espírito sofredor; avaliar as impressões por que passou, etc. Deverá
sempre haver franqueza e sinceridade na avaliação, tanto do médium para o
doutrinador como deste para o médium. Não devemos deixar que o melindre e a
vaidade ocupem espaço na avaliação. O dirigente, de alguma forma, deverá
acompanhar a evolução da faculdade mediúnica de cada membro, anotando em uma
ficha se julgar necessário, para futuras comparações.
Dos Componentes da Reunião Mediúnica
a) A Formação do Grupo: A reunião mediúnica possui
dois grande grupos de trabalho: o grupo dos desencarnados - que é composto de
Espíritos extremamente preparado - e o grupo dos encarnados.
Afirma Hermínio C. Miranda [Diálogo com as Sombras]:
"A organização de um grupo mediúnico começa muito antes de
dar-se início às suas tarefas propriamente ditas, com o estudo sistemático das
obras básicas, e das complementares da Doutrina Espírita... não devemos querer
aprender mediunidade na reunião mediúnica, mas estudá-la profundamente ante do
início da tarefa."
Um grupo preparado com carinho, com médiuns estudiosos, terá a
maior chance de sucesso. Lembremos da vida: o médico demora aproximadamente 8
anos par poder exercer com segurança a sua Ciência, o engenheiro de 5 a 6
anos, o dentista de 4 a 5, como querer exercer a faculdade mediúnica sem o
devido preparo?
Daí a necessidade de preparar-se adequadamente os membros da
reunião mediúnica, antes de se iniciarem no intercâmbio com os Espíritos.
b) Número de Médiuns por Reunião Mediúnica: o número
exato de médiuns em cada reunião mediúnica depende de vários fatores, tais
como: tipo de reunião mediúnica, o número de reuniões mediúnicas disponíveis,
capacidade do dirigente da reunião, preparo dos médiuns que vão formar o grupo.
Devemos nos lembrar que, o número pequeno dificulta o trabalho, como também, o
número exagerado de trabalhadores pode tornar o trabalho quase impossível.
Os autores também colocam um número variável, uns sugerem 8 a 10,
outros de 12 a 15, outros até 20; poderíamos dizer que a média ideal será de 15
médiuns por cada reuniões mediúnicas.
c) Da presença de Estranhos e Obsediados: A presença
de elemento estranho é totalmente desanconselhável, quanto mais a presença de
um doente como é o obsediado. Curiosidade é quase sempre sinônimo de
irresponsabilidade. Allan Kardec [LM-it 31] afirma:
"... o melhor método do ensino espírita é o que se dirige à
razão e não aos olhos."
Divaldo P. Franco [Palavras de Luz] comenta o assunto:
"Peço licença para usar um conceito forte: é um comportamento
leviano, de desrespeito..."
O local correto para o curioso ou obsediado em um Centro Espírita,
não é na sala de reunião mediúnica, mas sim, nas reuniões públicas
doutrinárias, nos grupos de estudo, na sala de atendimento fraterno, nos
trabalhos de assistência do Departamento de Assistência Social. Preparar-se,
equilibrar-se antes do trabalho mediúnico é obrigatório.
d) Do Dirigente da Reunião Mediúnica: deve ser uma
pessoa que conheça profundamente a Doutrina Espírita, e mais que isso, que procure
viver seus postulados, tendo assim a autoridade moral imprescindível aos
trabalhos.
Deve ser alguém que o grupo confie e respeite, e da confiança da
direção da casa, que represente no grupo o verdadeiro sentido de trabalho da
casa.
É muito importante que tenha um substituto e que esteja sempre
preparando futuros dirigentes de reuniões mediúnicas.
e) Do Doutrinador: Esclarecer, doutrinar, envolver,
exige muitas qualidades, mas acima de tudo, muito amor. Pois este sentimento
sempre vencerá qualquer argumento e qualquer vibração menos feliz.
Deverá ter o conhecimento doutrinário evangélico para melhor
argumentos possuir na doutrinação. Hábito freqüente da leitura para usar o
argumento mais propício e mais convincente para a ocasião. Para receber a
intuição necessária, dada pelo instrutor espiritual, terá que ter bagagem
doutrinária e evangélica. Não se coloca um disco para tocar, se não houver nele
uma música previamente gravada. Como afirma Hermínio C. Miranda:
"evangelho no coração e doutrina no entendimento."
f) Número de Comunicação por Médiuns: Naturalmente que
este número deverá variar em função da quantidade de médiuns psicofônicos de
cada reunião, com o tipo de Espírito comunicante, com o tipo da reunião
mediúnica, etc. O número máximo de comunicações por médium, em cada reunião de
esclarecimento, deverá ser de duas. Todos os médiuns, assim, terão chance de
participar.
Outros Aspectos Importantes
a) O preparo para a Reunião Mediúnica: O dia da
reunião mediúnica deve ser encarado como um dia especial por parte do médium.
É importante abster-se dos excessos, dos vícios... Seria como se estivéssemos
em estado de pré-operatório, o paciente deve se alimentar levemente, não fumar
ou beber, manter-se calmo e descansado Manoel Philomeno de Miranda afirma que
até dormir por mais horas na noite da véspera da reunião, se possível, deve
ser feito.
Devemos enfatizar que se tudo isso tem sua importância, mas o mais
importante é a higiene mental (a leitura e o estudo edificantes, os bons
pensamentos e vigília nos atos). Vamos iniciar fazendo isso no dia da reunião
mediúnica até conseguirmos fazer isso diariamente, lembrando que o bom médium
pode ser chamado a trabalhar no sono físico, a qualquer dia e não só no dia da
reunião mediúnica.
b) O Uso da Vidência: André Luiz no seu livro Nos
Domínios da Mediunidade, explica que a vidência guarda variações de acordo com
o grau de desenvolvimento da faculdade mediúnica de cada vidente; ou seja, um
fato, uma imagem, um paisagem, etc., poderá ser vista de maneira diferente por
médiuns videntes diferentes; isso é explicado como sendo uma questão de
sintonia vibratória.
Assim, a utilização da faculdade de vidência pode ser, em muitos
casos, perigosa e prejudicial. O doutrinador, os outros médiuns poderão ser
induzidos a ver algo que não é exatamente a verdade. O ideal seria, como
afirmam Divaldo P. Franco e Raul Teixeira, a participação do médium vidente no
momento da avaliação final, dizendo o que viu e como viu, e não durante a
realização dos trabalhos.
c) O Quanto Esperar pelo Desenvolvimento da Faculdade
Mediúnica: seria produtivo aguardar que um médium em desenvolvimento ficasse
participando da reunião de forma incompleta eternamente? Psicografando ou
tentando psicografar algo não tão proveitoso por anos a fio? Envolvido por
Espírito sem nada produzir? É dúvida comum do dirigente: esperar até quando?
Divaldo P. Franco [Palavras de Luz] adverte:
"O médium, que durante certo período não realize maiores
progressos, deve passar a controlar as suas manifestações e a colaborar como médium
da caridade, de socorro e pela prece."
Bibliografia
1) Desobsessão
- André Luiz/Chico Xavier
2) Estudando
a Mediunidade - Martins Peralva
3) Diálogo
com as Sombras - Hermínio C. Miranda
4) Palavras
de Luz - Divaldo P. Franco
5) Diretrizes
de Segurança - Divaldo P. Franco e Raul Teixeira
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