01 - APEGO AOS BENS MATERIAIS.
A resplandescente cidade de
Damasco, na Síria, exibia seus majestosos castelos, de uma beleza poucas vezes
vista, com seus lagos serenos, onde a lua e as estrelas se viam refletidas ao
anoitecer como lantejoulas vivas.
Ali se reuniam, nas noites
de orgia, os triunfadores da vida, os poderosos e gananciosos da época, quase
todos enriquecidos pelo comércio de escravos ou pela exploração dos
trabalhadores.
Os palácios eram rodeados
por lindíssimos jardins e pomares, por onde circulavam os servos de todas as procedências.
O povo sírio adorava ao deus
Mamon, feito de ouro e prata, representando a riqueza, o luxo, a ganância e os
gozos excessivos. Daí a analogia feita pelo Mestre:
“Ninguém pode servir a Deus
e a Mamon, pois, ou odiando a um, amará o outro, ou aderindo a um, desprezará o
outro”.
Não se pode viver a vida que
agrada a Deus, praticando-se os desregramentos que a vida material oferece.
Os templos vivem cheios, mas
o mundo está vazio do Espírito de Cristo.
Um falso cristianismo tende,
cada vez mais, a aprisionar o Cristo só nas igrejas.
Ninguém O quer na sua mesa
de trabalho, no seu partido, nos salões, nos jornais ou nos seus máximos e
mínimos atos diários, na rua ou no lar.
Desejam que Jesus fique nos
santuários, rodeado de promessas, da luz de velas de cera, do incenso, do som
dos órgãos e cânticos dos fiéis; cá fora, porém, a Sua presença é inoportuna,
todos adoram a Mamon, o ídolo dos negócios e dos interesses individuais.
Ë válido desfrutarmos das
heranças recebidas, mas não nos escravizemos a elas, querendo servir a Deus e a
Mamon, às coisas materiais e as espirituais.
Primeiro devemos nos
preocupar com nossa alma, que é imortal; depois com nosso corpo, que é
perecível, jamais deixando sufocar nosso progresso espiritual.
Se quisermos servir a Deus,
precisamos nos espiritualizar, dando grande importância ao aperfeiçoamento
moral, tendo isso como constante preocupação, pois é o que nos valerá na
eternidade.
Deus, entretanto, não
condena a riqueza, pois ela é necessária ao progresso da humanidade.
O que Ele condena é o seu
abuso ou mau uso, quando é utilizada para a satisfação de gozos prejudiciais,
pelas tristes conseqüências que acarreta.
Um dia, teremos que prestar
contas do uso de nossos bens, e não será válido dizer que não tivemos tempo
para praticar a caridade, pois ela não precisa de tempo especial, deve estar
contida em todos nossos atos. Podemos exercer a caridade dentro de nossas
ocupações diárias.
A vida material e a
espiritual devem estar sempre juntas, as coisas materiais devem ser feitas com
espiritualidade.
Grandes fortunas trazem
grandes encargos.
Se sob certos aspectos dão
comodidade e conforto, de outro trazem grandes obrigações que, se não
cumpridas, poderão perder a nossa alma, criando enormes dívidas.
O ideal seria redistribuir
pequena parte do que possuímos, entretanto, é muito difícil que o façamos. Por
isso disse Jesus que: e mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha do
que um rico entrar no Reino dos Céus.”“.
Cada criatura possui o mapa
da sua existência, que deve cumprir mediante seu livre arbítrio, isto é, sua
vontade, que pode ser usada de uma forma negativa, vindo a se prejudicar por
desviar-se daquilo que se propôs a realizar, no plano maior.
A sementeira é livre, mas a
colheita é obrigatória!
Teremos que dar contas de
todos nossos atos e das coisas que nos propusemos fazer.
Quantas pessoas se perdem
nos caminhos dos vícios, dos defeitos e da falta de honestidade, por causa do
dinheiro. Quem serve a Mamon proclama o dinheiro seu soberano, tornando-se
escravo dele.
Não é o dinheiro em si que é
o flagelo da humanidade, mas sim o amor excessivo a ele, que é a raiz de toda
espécie de mal, através de seu mau uso e por despertar o orgulho e a
ociosidade, dois fantasmas da infelicidade humana.
A riqueza não deve
constituir obstáculo à nossa evolução, é importante que a façamos circular em
benefício do nosso semelhante, não deixando que, devido a ela, se desenvolvam
em nós o desamor, o egoísmo e a ambição.
O dinheiro deve circular em
nossas mãos como o sangue em nosso corpo.
O sangue é impulsionado pelo
órgão nobre, o coração; assim, também, o dinheiro deveria circular em nossas
mãos impulsionadas pelos sentimentos nobres, produzindo boas obras.
Infelizmente, poucas vezes ele é dirigido por bons sentimentos, pelo coração,
mas quase sempre pelo interesse.
Há muitas criaturas que
pensam só alcançar a paz se conseguirem fortuna e segurança. E segurança para
estes significa “ter” cada vez mais, “fazer” tudo que desejam e “ser” cada vez
mais elevados socialmente.
Entregam-se ao materialismo,
à preguiça e ao comodismo.
Corrompem-se, pois aquilo
que fica parado. Deteriora-se.
Os que só se preocupam com
as conquistas da Terra terão tudo o que há nela: bens, terras, jóias e posição
social. Sentir-se-ão seguros no mundo material.
Mas, e a nossa morada no
céu?
Alguém já pensou em
adquiri-la? Jesus disse:
“Na casa de meu Pai há
muitas moradas”.Em qual delas nos situaremos?
Não serão os bens terrenos
que. irão comprá-la, mas sim as conquistas espirituais, as virtudes que
adquirirmos, aquilo que “somos” e não o que “temos”.
Compraremos com a dedicação
e a compreensão que dermos aos que Deus colocou perto de nós, para que os
orientássemos e ajudássemos.
E, na busca incessante do
“ter”, “ser” e “fazer” cada vez mais, a paz é a primeira a ser sacrificada.
Tornamo-nos incapazes de diminuir o ritmo com que corremos atrás dessas
ilusões. Seguimos, então, pelos mundos, como cavalos sem rumo, esporeados pela
inveja, o egoísmo, a cobiça e a ganância, fugindo do tédio, da solidão e do
medo de perder o que possuímos, buscando sensações cada vez maiores, procurando
acumular sempre mais e mais.
Transformamo-nos em
homens-máquinas, desprovidos de sentimentos puros, vivendo escravizados aos
nossos múltiplos interesses.
Passamos a não mais gozar as
delícias da natureza, o aconchego, e a dedicação do lar e o carinho dos filhos.
E, nesta vida agitada saem
pais e mães, deixando de dar aos filhos o maior tesouro: carinho, orientação;
criando filhos carentes de afeto e revoltados; instruídos sim, bem vestidos, mas
cheios de traumas, de problemas emocionais, incapazes de dar valor aos bens
materiais que possuem, porque no fundo eles prefeririam menos conforto e mais
amor, compreensão e dedicação.
E, pelo desamor dos pais,
pela falta de tempo e atenção, os filhos, por se sentirem desprezados,
agredidos e mal orientados, muitas vezes procuram uma fuga nos tóxicos, no
álcool, em divertimentos perigosos, em prazeres nocivos, esquecidos de que a
liberdade está no sentido oposto à agressividade excessiva que possuem, pois
este foi o exemplo que receberam.
Assim, chegamos ao
sofrimento causado por se adorar ao deus Mamon, quando o dinheiro não
consertará os problemas que o excesso de riqueza mal utilizada causou.
"Um pai, seja pobre ou rico, tem sempre a maior riqueza para deixar ao
filho, a formação de seu caráter. (Platão)"
"O amor é a asa que Deus
deu ao homem para subir até Ele". (Michelângelo)
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Autor
Desconhecido
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