JUDAS
ISCARIOTES
01 - APEGO AOS BENS MATERIAIS.
Judas
Iscariotes era um homem de negócios.
Vivia
em Cafarnaum onde comerciava com peixes, mas por ocasião das grandes
festividades judaicas comemoradas em Jerusalém, para lá se dirigia para
revender de tudo, ou quase tudo que lhe era possível. Hospedava-se, nessas
ocasiões, ema casa de parentes com comércio estabelecido e conquistava
significativas vitórias em sua profissão.
Possuía,
verdadeiramente, o que podemos classificar como “tino comercial”.
Poderia
ter prosperado muito em sua carreira se, certa vez, ao trabalhar nas
proximidades do templo não houvesse visto e se identificado muito com um homem
que, usando barbas e cabelos ao estilo dos nazarenos, expulsava do seu interior
muitos marcadores que, lá dentro, exploravam a fé religiosa de seus semelhantes.
Aquele
quadro deixara Judas estático. Há muito tempo pretendia montar uma banca de
comércio dentro do templo, mas devido à grande valorização comercial do local e
à taxa verdadeiramente exorbitante cobrada pelos sacerdotes, ainda não havia
conseguido o seu intento. Ao aproximar-se do local, movido por grande
curiosidade, ouviu Jesus dizendo aos sacerdotes irados que acorriam para
repreende-lo:
-
Não ouvistes o que disse o profeta quando profetizou dizendo:
‘O
zelo da Tua casa me consumirá’?
E
olhando ao redor, como que buscando a presença de Judas, e fixando nele o
olhar, complementou:
-
Não façais da casa de meu Pai um covil de ladrões.
Sem
dúvida aquele homem singular o havia impressionado. De onde o conhecia? Se
inquiria a todo memento o comerciante.
Algumas
semanas se passaram quando, de volta a Cafarnaum, comprando peixes de
pescadores para revender nos marcados, viu uma grande concentração de pessoas
em torno de um homem que lhes falava, com grande simplicidade e humildade,
coisas profundas e carregadas de sabedoria. Aproximou-se, mais uma vez movido
pela curiosidade, indagando de si mesmo: “Não seria, porventura, o mesmo homem
que vi há dias no templo?”
Quando
Jesus terminou a sua palestra, Judas aproximou-se dele e disse-lhe:
-
Senhor, que é o que pregas com tanta simplicidade a este povo rude e sofredor?
-
Prego a Boa-Nova de Deus aos homens:
A
instalação na Terra de um novo reino de paz e fraternidade – respondeu o Mestre
-
Por que és tão duro com os sacerdotes do templo e tão meigo e afável com este
povo ignorante?
-
O reino de Deus se instalará entre os mansos e pacíficos, se fortalecerá no
coração dos aflitos e injustiçados, se expandirá entre os símplices e
prudentes, e será conquistado por todos aqueles que, amando a seu próximo como
a si mesmos, vencerem todos os obstáculos que os inimigos do novo reino
colocarem no seu caminho.
Judas
rendera-se ao magnetismo carismático daquele homem que, embora frágil na
aparência, revelava-se forte e poderoso com o mais bravo e conquistador de
todos os guerreiros que o mundo já vira.
Daquele
dia em diante passou a segui-lo por todos os lugares e caminhos em que fosse, e
ganhou, no brilho do seu olhar, uma luz que lhe iluminava o caminho e uma força
que sustentava e amparava o seu espírito vacilante.
E
Judas passou a sonhar com aquele novo reino que se implantaria na Terra.
Passavam-se
semanas e meses, Jesus conquistava as multidões, mas as autoridades da época,
constituídas por romanos e fariseus, ou lhe eram indiferentes, ou lhe odiavam e
procuravam mata-lo. Judas votava tamanho amor ao Mestre que realmente temia que
os escribas e fariseus dele se aproximavam com a intenção de envolve-lo com sua
falácia artificiosa e inconsistente.
Mas
o Mestre sempre se sairá bem, evidenciando a superioridade infinita de sua
inteligência diante das armadilhas que os judeus lhe preparavam.
E
dentro do coração invigilante de Judas começou a nascer um plano, assoprado aos
seus ouvidos por entidades trevosas, apavoradas com a presença de Jesus na
Terra, esclarecendo o entendimento e amparando o coração amargurado dos homens
escravizados pelos vícios milenares que lhes dirigiam os passos e as mentes.
E
Judas pensava consigo: “Precisamos implantar com a máxima urgência este novo
reino, e eleger Jesus o nosso rei.
Mas
não conseguiremos os nossos intento sem luta, pois os romanos não entregarão o
trono de César de graça, nem os fariseus reconhecerão em Jesus o Messias
prometido.
É
preciso que o povo se reúna em torno de Jesus e o aclame o seu rei. Uma vez
constituído o nosso rei, precisaremos de armas para afastar os romanos de nosso
território, e para isso, precisaremos de muito dinheiro”.
Judas
não revelou a ninguém os seus planos, mas, numa reunião de discípulos com o
Mestre, pediu-lhe que lhe nomeasse tesoureiro do grupo para arrecadar para os
gastos inevitáveis do novo reino. Jesus aprovara-lhe a idéia, mas advertiu-lhe:
Está
bem, Judas, mas cuidado para não sucumbires sob o peso de tua bolsa.
O
discípulo invigilante não pudera compreender o profundo significado das palavras
proféticas do Mestre e pôs-se a campo para adquirir recursos para o novo reino.
Porém,
surgiu um grave problema com o qual não contara: Jesus dirigia a sua palavra
para os pobres e estropiados, e estes não possuíam recursos para colaborarem,
com a importância necessária, em favor da implantação do novo reino.
Novas
idéias surgiram na àbeça de Judas: “O povo certamente amava muito a Jesus e não
permitiria que lhe fizessem algo de mal.
O
único meio de fazer com que Jesus fosse eleito rei pelo povo era entrega-lo nas
mãos dos judeus. Quando estes tentassem mata-lo, certamente o povo viria em
massa em sua defesa e aclamaria rei”.
Com
esta intenção, Judas dirigiu-se a Jerusalém, adiantando-se à frente de Jesus e
seus seguidores, e junto ao povo, preparou-lhe uma entrada triunfal naquela
cidade.
Ficou
entusiasmado com a participação popular e teve a certeza de que se plano
atingiria o objetivo almejado: o povo elegeria a Jesus o seu rei. Porém,
estranhou as palavras do Mestre quando o ouviu dizendo:
-
Não preciso de testemunho humano.
Mas
continuou firme em suas idéias e pensou: “Quando atingirmos o nosso objetivo,
certamente Jesus reconhecerá o meu esforço”.
Quando
Jesus, reunido com os discípulos, lavou-lhe os pés e repartiu o pão, na
comemoração da páscoa, Judas pediu-lhe licença para retirar-se a fim de tratar
de assunto de interesse de todos, ao que Jesus lhe respondeu:
-
Faze depressa o que tendes a fazer.
Essas
palavras ainda mais encorajaram a Judas que pensou:
“Certamente
o Mestre conhece os meus planos e aprovam as minhas idéias”.E dirigiu-se ao
templo onde solicitou entrevista com Anás e Caifás, sumos sacerdotes naquele
ano.
Ao
adentrar na sala de Anás, disse-lhe:
-
Sei onde está o homem que procurais, Jesus de Nazaré.
-
Onde? – respondeu Anás, curioso.
-
Vou dizer, mas antes é preciso que saibas que preciso de dinheiro para saldar
alguns compromissos.
-
Quanto? – respondeu Anás
-
Trinta moedas de prata
Anás
e Caifás entreolharam-se surpresos porque, afinal, tratava-se de importância
ínfima, para ambos. Enquanto Caifás saiu para providenciar o dinheiro, Anás
convocou alguns guardas e defensores do farisaísmo para acompanharem Judas na
busca a Jesus.
E
tudo saiu como Judas imaginara, Caifás entregou-lhe um pequeno saco com as
trinta moedas de ouro e ele saiu com os guardas à procura de Jesus. Porém, os
planos de Judas começaram a dar errado quando os fariseus, dando dinheiro ao
povo, fizeram com que eles exigissem de Pilatos a libertação de Barrabás e a
crucificação de Jesus.
Judas
desesperou-se e procurou Anás para devolver-lhe as moedas e pedir a libertação
de Jesus. O sacerdote, porém, implacável, respondeu-lhe:
-
Que temos nós contigo? Fizemos um acordo e já cumprimos a nossa parte.
Então
Judas, irritadíssimo, apanhou as moedas e as atirou no santuário do templo,
depois, inconformado com o resultado de seu plano, pensou em procurar Jesus
para pedir-lhe perdão pela invigilância, mas, temendo encarar o Mestre e,
principalmente, fitar aquele olhar penetrante, movido por grande arrependimento
e influenciado também pelas entidades trevosas que levaram a trair Jesus,
decidiu ele mesmo a sua pena e suicidou-se, enforcando-se no galho de uma
árvore.
Após
a morte de Jesus na cruz, foi ele em Espírito às regiões profundas e cavernosas
do umbral à procura de seu discípulo invigilante.
Com
muito sacrifício o Mestre movimentava-se nas entranhas da Terra, ao lugar em
que Judas se havia transportado pela condenação que se imputara.
As
entidades que habitavam ali não podiam identificar a presença do Mestre, devido
ao seu padrão vibratório. Judas jazia numa caverna escura e úmida, desfigurado
pelo remorso que lhe vergastava a consciência.
Jesus
aproximou-se e tocou-lhe nos ombros, disse-lhe:
-
Judas, meu caro, os maiores inimigos do novo reino somos nós mesmos quando nos
deixamos levar pelo amor-próprio e nos afastamos dos desígnios de Deus. Não
fique aí parado, venha me ajudar a implantar o novo reino no coração da
Humanidade.
E
levou os discípulos imprevidentes a esferas mais elevadas e traçou-lhe planos
para novas reencarnações na Terra. Judas reencarnou inúmeras vezes até
conquistar definitivamente a sua redenção espiritual na luminosa e edificante
vida de Joana Darc.
*******
Autor
Desconhecido
Nenhum comentário:
Postar um comentário