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segunda-feira, 27 de abril de 2015

JUDAS ISCARIOTES

01 - APEGO AOS BENS MATERIAIS.

Judas Iscariotes era um homem de negócios.
Vivia em Cafarnaum onde comerciava com peixes, mas por ocasião das grandes festividades judaicas comemoradas em Jerusalém, para lá se dirigia para revender de tudo, ou quase tudo que lhe era possível. Hospedava-se, nessas ocasiões, ema casa de parentes com comércio estabelecido e conquistava significativas vitórias em sua profissão.
Possuía, verdadeiramente, o que podemos classificar como “tino comercial”.
Poderia ter prosperado muito em sua carreira se, certa vez, ao trabalhar nas proximidades do templo não houvesse visto e se identificado muito com um homem que, usando barbas e cabelos ao estilo dos nazarenos, expulsava do seu interior muitos marcadores que, lá dentro, exploravam a fé religiosa de seus semelhantes.
Aquele quadro deixara Judas estático. Há muito tempo pretendia montar uma banca de comércio dentro do templo, mas devido à grande valorização comercial do local e à taxa verdadeiramente exorbitante cobrada pelos sacerdotes, ainda não havia conseguido o seu intento. Ao aproximar-se do local, movido por grande curiosidade, ouviu Jesus dizendo aos sacerdotes irados que acorriam para repreende-lo:
- Não ouvistes o que disse o profeta quando profetizou dizendo:
‘O zelo da Tua casa me consumirá’?
E olhando ao redor, como que buscando a presença de Judas, e fixando nele o olhar, complementou:
- Não façais da casa de meu Pai um covil de ladrões.
Sem dúvida aquele homem singular o havia impressionado. De onde o conhecia? Se inquiria a todo memento o comerciante.
Algumas semanas se passaram quando, de volta a Cafarnaum, comprando peixes de pescadores para revender nos marcados, viu uma grande concentração de pessoas em torno de um homem que lhes falava, com grande simplicidade e humildade, coisas profundas e carregadas de sabedoria. Aproximou-se, mais uma vez movido pela curiosidade, indagando de si mesmo: “Não seria, porventura, o mesmo homem que vi há dias no templo?”
Quando Jesus terminou a sua palestra, Judas aproximou-se dele e disse-lhe:
- Senhor, que é o que pregas com tanta simplicidade a este povo rude e sofredor?
- Prego a Boa-Nova de Deus aos homens:
A instalação na Terra de um novo reino de paz e fraternidade – respondeu o Mestre
- Por que és tão duro com os sacerdotes do templo e tão meigo e afável com este povo ignorante?
- O reino de Deus se instalará entre os mansos e pacíficos, se fortalecerá no coração dos aflitos e injustiçados, se expandirá entre os símplices e prudentes, e será conquistado por todos aqueles que, amando a seu próximo como a si mesmos, vencerem todos os obstáculos que os inimigos do novo reino colocarem no seu caminho.
Judas rendera-se ao magnetismo carismático daquele homem que, embora frágil na aparência, revelava-se forte e poderoso com o mais bravo e conquistador de todos os guerreiros que o mundo já vira.
Daquele dia em diante passou a segui-lo por todos os lugares e caminhos em que fosse, e ganhou, no brilho do seu olhar, uma luz que lhe iluminava o caminho e uma força que sustentava e amparava o seu espírito vacilante.
E Judas passou a sonhar com aquele novo reino que se implantaria na Terra.
Passavam-se semanas e meses, Jesus conquistava as multidões, mas as autoridades da época, constituídas por romanos e fariseus, ou lhe eram indiferentes, ou lhe odiavam e procuravam mata-lo. Judas votava tamanho amor ao Mestre que realmente temia que os escribas e fariseus dele se aproximavam com a intenção de envolve-lo com sua falácia artificiosa e inconsistente.
Mas o Mestre sempre se sairá bem, evidenciando a superioridade infinita de sua inteligência diante das armadilhas que os judeus lhe preparavam.
E dentro do coração invigilante de Judas começou a nascer um plano, assoprado aos seus ouvidos por entidades trevosas, apavoradas com a presença de Jesus na Terra, esclarecendo o entendimento e amparando o coração amargurado dos homens escravizados pelos vícios milenares que lhes dirigiam os passos e as mentes.
E Judas pensava consigo: “Precisamos implantar com a máxima urgência este novo reino, e eleger Jesus o nosso rei.
Mas não conseguiremos os nossos intento sem luta, pois os romanos não entregarão o trono de César de graça, nem os fariseus reconhecerão em Jesus o Messias prometido.
É preciso que o povo se reúna em torno de Jesus e o aclame o seu rei. Uma vez constituído o nosso rei, precisaremos de armas para afastar os romanos de nosso território, e para isso, precisaremos de muito dinheiro”.
Judas não revelou a ninguém os seus planos, mas, numa reunião de discípulos com o Mestre, pediu-lhe que lhe nomeasse tesoureiro do grupo para arrecadar para os gastos inevitáveis do novo reino. Jesus aprovara-lhe a idéia, mas advertiu-lhe:
Está bem, Judas, mas cuidado para não sucumbires sob o peso de tua bolsa.
O discípulo invigilante não pudera compreender o profundo significado das palavras proféticas do Mestre e pôs-se a campo para adquirir recursos para o novo reino.
Porém, surgiu um grave problema com o qual não contara: Jesus dirigia a sua palavra para os pobres e estropiados, e estes não possuíam recursos para colaborarem, com a importância necessária, em favor da implantação do novo reino.
Novas idéias surgiram na àbeça de Judas: “O povo certamente amava muito a Jesus e não permitiria que lhe fizessem algo de mal.
O único meio de fazer com que Jesus fosse eleito rei pelo povo era entrega-lo nas mãos dos judeus. Quando estes tentassem mata-lo, certamente o povo viria em massa em sua defesa e aclamaria rei”.
Com esta intenção, Judas dirigiu-se a Jerusalém, adiantando-se à frente de Jesus e seus seguidores, e junto ao povo, preparou-lhe uma entrada triunfal naquela cidade.
Ficou entusiasmado com a participação popular e teve a certeza de que se plano atingiria o objetivo almejado: o povo elegeria a Jesus o seu rei. Porém, estranhou as palavras do Mestre quando o ouviu dizendo:
- Não preciso de testemunho humano.
Mas continuou firme em suas idéias e pensou: “Quando atingirmos o nosso objetivo, certamente Jesus reconhecerá o meu esforço”.
Quando Jesus, reunido com os discípulos, lavou-lhe os pés e repartiu o pão, na comemoração da páscoa, Judas pediu-lhe licença para retirar-se a fim de tratar de assunto de interesse de todos, ao que Jesus lhe respondeu:
- Faze depressa o que tendes a fazer.
Essas palavras ainda mais encorajaram a Judas que pensou:
“Certamente o Mestre conhece os meus planos e aprovam as minhas idéias”.E dirigiu-se ao templo onde solicitou entrevista com Anás e Caifás, sumos sacerdotes naquele ano.
Ao adentrar na sala de Anás, disse-lhe:
- Sei onde está o homem que procurais, Jesus de Nazaré.
- Onde? – respondeu Anás, curioso.
- Vou dizer, mas antes é preciso que saibas que preciso de dinheiro para saldar alguns compromissos.
- Quanto? – respondeu Anás
- Trinta moedas de prata
Anás e Caifás entreolharam-se surpresos porque, afinal, tratava-se de importância ínfima, para ambos. Enquanto Caifás saiu para providenciar o dinheiro, Anás convocou alguns guardas e defensores do farisaísmo para acompanharem Judas na busca a Jesus.
E tudo saiu como Judas imaginara, Caifás entregou-lhe um pequeno saco com as trinta moedas de ouro e ele saiu com os guardas à procura de Jesus. Porém, os planos de Judas começaram a dar errado quando os fariseus, dando dinheiro ao povo, fizeram com que eles exigissem de Pilatos a libertação de Barrabás e a crucificação de Jesus.
Judas desesperou-se e procurou Anás para devolver-lhe as moedas e pedir a libertação de Jesus. O sacerdote, porém, implacável, respondeu-lhe:
- Que temos nós contigo? Fizemos um acordo e já cumprimos a nossa parte.
Então Judas, irritadíssimo, apanhou as moedas e as atirou no santuário do templo, depois, inconformado com o resultado de seu plano, pensou em procurar Jesus para pedir-lhe perdão pela invigilância, mas, temendo encarar o Mestre e, principalmente, fitar aquele olhar penetrante, movido por grande arrependimento e influenciado também pelas entidades trevosas que levaram a trair Jesus, decidiu ele mesmo a sua pena e suicidou-se, enforcando-se no galho de uma árvore.
Após a morte de Jesus na cruz, foi ele em Espírito às regiões profundas e cavernosas do umbral à procura de seu discípulo invigilante.
Com muito sacrifício o Mestre movimentava-se nas entranhas da Terra, ao lugar em que Judas se havia transportado pela condenação que se imputara.
As entidades que habitavam ali não podiam identificar a presença do Mestre, devido ao seu padrão vibratório. Judas jazia numa caverna escura e úmida, desfigurado pelo remorso que lhe vergastava a consciência.
Jesus aproximou-se e tocou-lhe nos ombros, disse-lhe:
- Judas, meu caro, os maiores inimigos do novo reino somos nós mesmos quando nos deixamos levar pelo amor-próprio e nos afastamos dos desígnios de Deus. Não fique aí parado, venha me ajudar a implantar o novo reino no coração da Humanidade.
E levou os discípulos imprevidentes a esferas mais elevadas e traçou-lhe planos para novas reencarnações na Terra. Judas reencarnou inúmeras vezes até conquistar definitivamente a sua redenção espiritual na luminosa e edificante vida de Joana Darc.

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Autor Desconhecido

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