(Tema da USE para o mês de Abril de 2011)
OBJETIVOS
Apresentar o egoísmo
como causa primária para o materialismo e os vícios exorbitantes no mundo atual
e a educação moral como antídoto ao egoísmo e instrumento de progresso para o
Espírito imortal.
INTRODUÇÃO
Quando Allan Kardec
pergunta ao Espírito Verdade sobre qual o maior obstáculo ao progresso da
Humanidade (questão 785- Lei de Progresso), obtém como resposta que “são o orgulho e o egoísmo”.
Prosseguindo na resposta,
ensina-nos que o egoísmo e o orgulho atravancam o progresso moral porque
estimulam os vícios, desenvolvendo a ambição e o amor das riquezas. No entanto,
ensina-nos o Espírito Verdade, esse estado é passageiro porque na medida em que
o homem compreender melhor que além do gozo dos bens terrenos existe uma
felicidade infinitamente maior e mais durável, o progresso se fará
inevitavelmente.
O Espiritismo deverá
exercer um papel preponderante na edificação do indivíduo e na melhoria das instituições
sociais, pois que a educação do Espírito é o cerne da proposta Espírita.
O aspecto educacional do
Espiritismo através de sua filosofia descortina um mundo novo para a edificação
moral do ser humano a partir da comprovação da imortalidade e da reencarnação.
“À medida que os homens
se esclarecem sobre as coisas espirituais dão menos valor às materiais; em
seguida, é necessário reformar as instituições humanas, que as entretêm e
excitam. Isso depende da educação”.
(questão 914 – L.E.)
DESENVOLVIMENTO
“Entre os vícios, qual o
que podemos considerar radical?
Já dissemos muitas
vezes: o egoísmo. Dele se deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e verei
que no fundo de todos existe egoísmo “... “Quem nesta vida quiser se aproximar
da perfeição moral deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo,
porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele
neutraliza todas as outras qualidades”.
(Questão 913 –L.E.)
“O egoísmo consiste,
basicamente, no interesse por si mesmo, em colocar o eu como centro do
Universo, em querer para si sem nenhuma satisfação em dar, sendo o mundo visto
apenas naquilo que pode ser tomado, não havendo consideração pela necessidade
do outro, nem respeito pela sua pessoa”. (Balieiro, A.C. – Um Bom Começo).
“O egoísmo é úlcera
moral que degenera o organismo espiritual da criatura humana. Remanescente do
primarismo que lhe é dominante, reponde por incontáveis males que a afligem,
assim como à sociedade, dificultando o progresso que é fatalidade inevitável...
Sabe disfarçar-se de variadas maneiras, justificando-se com habilidade, a fim
de prosseguir como agente de destruição dos bens da vida”. (Joanna de Ângelis –
Jesus e o Evangelho á Luz da Psicologia Profunda)
“O egoísmo tem a sua
fonte no orgulho. A exaltação da personalidade leva o homem a se considerar como
acima dos outros, crendo-se com direitos superiores, e se fere com tudo o que,
segundo ele, seja um golpe sobre os seus direitos. A importância que, pelo
orgulho, liga à sua pessoa, torna-o naturalmente egoísta”. (A.K. – Obras
Póstumas – O Orgulho e o Egoísmo)
“O egoísmo se funda na importância da personalidade...
É o contato que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna
geralmente egoísta, porque sente a necessidade de se por na defensiva.
Vendo que os outros
pensam em si mesmos e não nele, é levado a se ocupar de si mesmo mais que dos
outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das
instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para
homem, e este pensará menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem;
sofrerá assim a influência moralizadora do exemplo e do contato”. (Questão 917
– L.E.)
Ainda na questão 917:
“De todas as imperfeições humanas a mais difícil de desenraizar, é o egoísmo,
porque se liga à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pôde libertar-se.
Tudo concorre para entreter essa influência; suas leis, sua organização social,
sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre
a vida material, sobretudo com a compreensão que o Espiritismo vos dá quanto ao
vosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficções alegóricas...”
“Para que o orgulhoso
cesse de crer em sua superioridade, é preciso lhe provar que ele não é mais do
que os outros, e que os outros são tanto quanto ele; que a igualdade é um fato
e não, simplesmente, uma bela teoria filosófica; verdades que ressaltam da
preexistência da alma e da reencarnação”. (A.K. - Obras Póstumas – O Orgulho e
o Egoísmo)
“A importância da vida
presente, tão triste, tão curta, tão efêmera, se apaga diante do esplendor do
futuro infinito que se abre diante dele. A consequência natural, lógica, dessa
certeza, é a de sacrificar um
presente fugidio a um futuro durável, ao passo que antes sacrificava
tudo ao presente. Tornando-se a vida futura o seu objetivo, pouco lhe importa
ter um pouco mais, ou um pouco menos nesta; os interesses mundanos são os
acessórios, em lugar de serem o principal; ele trabalha no presente tendo em
vista assegurar a sua posição no futuro; além disso, sabe em que condições pode
ser feliz”. (A.K. - Obras Póstumas – O Orgulho e o Egoísmo)
“... o Espiritismo lhe
traz fé robusta, porque está fundada sobre a experiência e os fatos; porque lhe
dá provas palpáveis da imortalidade de sua alma; ensina-lhe de onde vem, para
onde vai, e porque está sobre a Terra; porque, enfim, ela fixa idéias incertas
sobre seu passado e sobre seu futuro. Uma vez entrado largamente nesse caminho,
o egoísmo e o orgulho, não tendo mais as mesmas causas de superexcitação, se
extinguirão, pouco a pouco, por falta de objetivo e de alimento, e todas as
relações sociais se modificarão sob o império da caridade e da fraternidade bem
compreendidas”. (A.K. - Obras Póstumas – O Orgulho e o Egoísmo)
“A cura (do egoísmo) poderá ser prolongada
porque as causas são numerosas, mas não é impossível; de resto, não se chegará
a esse ponto se não se atacar o mal pela raiz, ou seja, pela educação. Não essa
educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de
bem. A educação se for bem compreendida, será a chave do progresso moral;
quando se conhecer a arte de manejar a arte dos caracteres como se conhece a de
manejar as inteligências, poder-se-á endireitá-los, da mesma maneira como se
endireitam as plantas novas...
Que se faça pela moral
tanto quanto se faz pela inteligência e ver-se-á que, se há naturezas
refratárias, há também, em maior número do que se pensa, as que requerem apenas
boa cultura para darem bons frutos...
O egoísmo é a fonte de
todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra
deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se ele deseja assegurar a
sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro”. (Comentário de A.K. à
questão 917 –L.E.)
CONCLUSÃO
Das respostas do
Espírito Verdade às questões 914 e 917 fica claro que o Espiritismo considera
que a educação é o único
instrumento de que podemos nos valer para alijarmos o egoísmo com o seu
cortejo de vícios do interior de cada ser humano, de seus lares e das instituições
sociais.
E considera também que a
educação NÃO pode ser encarada
apenas pelo seu lado instrucional, visando o desenvolvimento do intelecto, mas
deve também ser trabalhada pelo lado moral, aperfeiçoando os caracteres dos
indivíduos e isso só se consegue com a educação moral à luz da imortalidade da
alma e da reencarnação.
Na questão 629 (L.E.)
temos que “a moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem o bem
do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos,
porque então cumpre a lei de Deus”.
Portanto, a educação
moral consiste na formação do caráter do educando através de um ensino que priorize a prática
do bem, o despertar de virtudes e o desenvolvimento do sentimento de amor ao
próximo.
No entanto, a educação
moral não relega a inteligência a segundo plano, pelo contrário, dela se
utiliza para que o educando saiba distinguir entre o bem e o mal, e portanto equilibra
os dois fatores: a inteligência e o sentimento.
Na visão Espírita de
educação, tudo se deve fazer para promover a educação integral do ser:
“... deve-se procurar
unir a família ao processo educacional da escola, tendo sempre em mente que
vida é educação e, portanto, a coletividade, a família, a escola, o trabalho, a
sexualidade, enfim, tudo o que faz parte da existência terrena, educa, na
medida em que promovemos a integração do homem consigo mesmo, tornando-o
consciente de si, de sua perfectibilidade, e também sua integração com o
próximo e com Deus, nosso Pai”. (De Mario, M. A. - Visão Espírita da Educação).
“A Educação moral,
portanto, é o despertar de uma consciência, apoiada numa compreensão da vida e
fundamentada na vontade livre do indivíduo. Uma pessoa verdadeiramente moralizada é aquela que age
voluntariamente no Bem, sem qualquer coerção interna ou externa. Sabe o
que é o Bem, escolhe-o e persiste nessa escolha, independente das
circunstâncias externas. Conseguir essa adesão livre da vontade para a prática
do Bem – eis o desafio e o dever da Educação moral”. (Incontri, D. - A Educação
Segundo o Espiritismo).
“Que a autoridade moral
seja a única a refrear nos maus instintos – não por punições, reprimendas e
demonstrações forçadas de conceitos morais – mas pela sua simples presença,
pelo poder de irradiação que só o Bem possui!
Mas não vos descuideis
também de aliar a esse exemplo moral, um constante incentivo ao desenvolvimento
da inteligência, porque a Terra do futuro deve se constituir de homens
fundamentalmente bons, mas igualmente com grande capacidade mental, que se
traduz na lucidez de enxergar o universo, com suas leis físicas e morais, e de
contribuir eficazmente para a imensa e infindável obra da Criação!” (mensagem
de J.J.Rousseau, em “A Educação Segundo o Espiritismo, de Dora Incontri)
“Pois se a lei mais alta
do Universo é a lei da evolução e se cada um é responsável por sua própria
trajetória evolutiva, então o que principalmente o amor pedagógico é capaz de
transmitir é o impulso de autodesenvolvimento, é o desejo incontido da criatura
de se aproximar do Criador. Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito
– disse Jesus. E se Ele, o mestre dos mestres, através do seu amor pedagógico,
tem sabido movimentar o elã evolutivo da humanidade, na busca do Pai, então nós
– pequenos educadores de nós próprios e do próximo – precisamos pelo menos
acender uma centelha!” (Mensagem de Pestalozzi, em “A Educação Segundo o
Espiritismo, de Dora Incontri)
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