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quarta-feira, 8 de abril de 2015

23 == SABER E SER

GEESE

 O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita. Perg. 204 de O Consolador, F. C. Xavier/Emmanuel
O desenvolvimento do homem opera em dois aspectos: saber e ser. Para que a evolução se faça corretamente, eles devem avançar juntos, paralelamente, sustentando um ao outro.
Saber é a quantidade de conhecimento retido através da instrução, sinônimo de erudição. Ser é aquilo que se é. Quanto mais o homem se conhece, tanto mais conhecerá o seu nível de ser.
Se nunca aprendeu que tem um nível de ser, o ser de todas as pessoas será o mesmo para ele. Se perguntarmos a alguém que nunca ouviu falar de autoconhecimento, dirá que se conhece; este é um nível de ser. Outro sabe que não se conhece; este é outro nível de ser.
Percebe-se o que se deve entender por saber. Reconhece-se a possibilidade de diferentes níveis de saber; compreende-se que o saber pode ser mais ou menos elevado, isto é, de qualidade mais ou menos boa. Mas não se aplica essa compreensão ao ser. O ser designa simplesmente a existência, que contrapõe a não existência. Não se compreende que o ser pode se situar em níveis diferentes e incluir várias categorias.
Se o saber ultrapassar demais o ser, ou vice-versa, o seu desenvolvimento não se fará regularmente; cedo ou tarde irá se deter.
Quando o saber sobrepuja em demasia o ser, torna-se teórico, abstrato, inaplicável à vida; pode até se tornar nocivo, porque, em vez de servir à vida e ajudar as pessoas na luta contra as  O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita. Perg. 204 de O Consolador, F. C. Xavier/Emmanuel dificuldades que as assaltam, tal saber começa a complicar tudo. A partir de então, traz novas dificuldades, novos problemas e calamidades de toda espécie que não existiam antes. O homem sabe, mas não tem o poder de fazer. É um saber inútil.
O saber que não está em harmonia com o ser jamais será bastante grande ou, melhor dizendo, suficientemente qualificado para as necessidades reais do homem.
Inversamente, quando o ser predomina sobre o saber, o homem tem o poder de fazer, mas não sabe o que fazer. Assim, o ser que adquiriu não lhe tem muita utilidade e todos os seus esforços podem se tornar inúteis.
O desenvolvimento do saber sem um desenvolvimento correspondente do ser produz um homem fraco, que sabe muito, mas nada pode fazer, que não compreende o que sabe, sem poder de apreciação, incapaz de avaliar as diferenças entre um gênero de saber e outro.
O desenvolvimento do ser sem o desenvolvimento do saber produz um adepto ignorante, que pode fazer muito, mas não sabe o que fazer; age como escravo de seus sentimentos subjetivos, que podem desencaminhá-lo e fazê-lo cometer graves erros.
Num caso e noutro, tanto o homem fraco como o adepto ignorante chegam a um ponto morto, tornam-se incapazes de qualquer desenvolvimento posterior.
Compreende-se a ideia de diferentes níveis de saber, de sua relatividade e da necessidade de um novo saber. O que não se compreende é que o ser é totalmente distinto do saber. Também não se compreende a ideia da relatividade do ser, dos diferentes níveis de ser, e da necessidade do seu desenvolvimento, independente do nível de saber.
O usual é admitir que o saber prevalece sobre o ser, admite-se que um homem pode possuir um vasto saber, que seja, por exemplo, um cientista, autor de grandes descobertas, que faz progredir a ciência e, ao mesmo tempo, seja egoísta, covarde, perverso, mesquinho, invejoso, vaidoso, ingênuo e distraído.
Isso é impossível. Embora essa incompatibilidade dos diferentes traços de um único e mesmo indivíduo seja geralmente considerada originalidade, é apenas uma fraqueza.
A ideia do ser estava no âmago da concepção religiosa e suas demais classificações eram consideradas de pouca importância comparadas a essa. Os homens eram divididos, de um lado, em descrentes, infiéis ou heréticos e, de outro, em crentes, justos, santos, profetas, etc. Todas essas definições visavam não a diferenças de pontos de vista, de conhecimento e de convicções, isto é, não ao nível de saber, mas ao nível de ser.
A mudança de nível de ser é extremamente facilitada com o esforço e a disciplina de uma Escola Iniciática, em que se dá especial ênfase ao nível de ser. De acordo com tais Escolas, não se poderá adquirir mais conhecimento enquanto não se modificar o seu ser.

O TREVO ABRIL 2011
FDJ ESCOLA DE APRENDIZES

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