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domingo, 5 de junho de 2016

VIVENCIANDO A MORTE

 VIVENCIANDO A MORTE

D. Villela


Para a maioria das pessoas a morte é um tema constrangedor, sobre o qual se evita falar e até pensar, pois a ela se associam não apenas a insegurança ante o desconhecido (os que morrem não voltam para descrevê-la) mas, também, impressões negativas elaboradas pela tradição cristã.

A Doutrina Espírita, dentro do panorama coerente que oferece quanto à vida, onde nossa liberdade se exerce num contexto de responsabilidade, segundo a conhecida comparação “semeadura-colheita”, estuda também esse tema esclarecendo tratar-se de experiência singular (não há mortes iguais) mas sujeita a um princípio básico e simples: a situação moral do espírito, sua menor ou maior identificação com a vida material são determinantes para as condições daquele momento de transição que será suave no primeiro caso e cheio de angústia no segundo. Estas considerações constam da Codificação, particularmente no livro “O Céu e o Inferno” publicado em 1865.

Passaram-se quase 60 anos até que nova obra surgisse, em 1924, dedicada ao assunto, com o título “A crise da morte”, de Ernesto Bozzano, na qual aquele conhecido pesquisador analisou comparativamente dezessete comunicados mediúnicos, obtidos por diferentes médiuns, apenas um dos quais comparece com duas mensagens, em épocas e locais distintos, focalizando, todos eles, o momento da desencarnação. A seriedade e o cuidado evidenciados nas publicações de onde foram retiradas aquelas comunicações, bem como sua própria coerência e racionalidade, nos autorizam a admitir como confiáveis as informações nelas contidas, as quais, além de mostrarem vários aspectos interessantes do processo da desencarnação evidenciam também a importância decisiva do fator moral no estabelecimento das condições vivenciadas pelos que deixam a vida material.

A partir de então, a literatura doutrinária enriqueceu-se extraordinariamente com a colaboração de médiuns notáveis, cujas obras ampliaram nosso conhecimento acerca das condições de vida na espiritualidade e do momento de nosso retorno a ela após deixarmos o corpo de carne. Deve-se acrescentar que tais informações não cobrem somente os aspectos fisiológicos e perispirituais dessa hora, que todos experimentarão um dia. Elas contêm igualmente as providências dos benfeitores espirituais relativamente aos que retornam da luta material, ainda mesmo quando assinalados por débitos e desajustes.

O progresso da medicina, nas últimas décadas do século passado, permitiu que pessoas que sofreram morte clínica, com parada cardiorrespiratória e inconsciência, tivessem revertida essa situação, abrindo, assim, novo campo de pesquisa nesse terreno, pois muitas delas – que, na verdade, iniciaram o processo da morte, interrompido com seu retorno à vida – puderam descrever suas experiências nesse estado, quando se viram fora do corpo, acompanharam o trabalho dos médicos que tentavam salvá-las e encontraram amigos e parentes já desencarnados que as envolveram em vibrações de amor e paz. Ainda aí, contudo, nas chamadas experiências de quase morte, confirmou-se a influência do aspecto moral no bem-estar – ou não – daqueles indivíduos.

A Doutrina Espírita desfaz completamente a imagem negativa acerca da morte, que só é dolorosa para a consciência culpada mas que se reveste de paz e assinala o início de uma nova etapa de progresso para quantos se esforcem por viver de forma digna e útil, na construção do bem.

“O Céu e o Inferno” (segunda parte, capítulo 1, itens 13 e 14).



SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
Boletim SEI: E-mail: boletimsei@gmail.com

Março 2013 – no 2222

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