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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Espiritismo renovado #A VEZ DE KARDEC

4 l O GLOBO l Segundo Caderno l Domingo 24 .11 .2013

Espiritismo renovado

A VEZ DE KARDEC

A onda de filmes espíritas, que alavancou a bilheteria do cinema nacional no final da década passada, aparentemente terminou em 2011, com o lançamento de As mães de Chico Xavier. Os créditos finais do filme de Glauber Filho e Halder Gomes (autor do fenômeno cômico Cine Holliúdy, em cartaz no Rio) avisavam que a produção encerrava as comemorações do centenário do médium mineiro, nascido em 1910, e que havia alimentado sucessos como Chico Xavier (2010), de Daniel Filho, visto por cerca de 3,4 milhões de pessoas.

Mas uma nova fornada de produções com essa temática começa a se desenhar no horizonte, desta vez tendo Allan Kardec (1804-1869) e sua obra como fonte de inspiração. A biografia do escritor, educador e tradutor francês, tido como o grande codificador do espiritismo do século XIX, surge associada a projetos de proporções e ambições distintas, que começam a chegar ao circuito já em 2014. A mais visível delas é Kardec  O filme (título provisório), adaptação do livro Kardec  A biografia, de Marcel Souto Maior (leia mais ao lado), com produção da Conspiração Filmes e direção de Wagner Assis, o mesmo de Nosso lar (2010), drama sobre encarnação e evolução espiritual que arrastou mais de 4 milhões de brasileiros aos cinemas.

Há ainda o ensaio poético experimental Je suis Kardec, de Ricardo Carvalho, já pronto, e Liberté, em fase de pré-produção, com direção do francês Karim Soumaïla e produção do brasileiro Ricardo Rihan, da Lighthouse, a mesma de As mães de Chico Xavier.

 Estamos vivendo o momento do Kardec. As iniciativas que estão surgindo em torno do nome dele são complementares, darão visibilidade à obra dele, assim como os filmes relacionados ao trabalho de Chico Xavier  avisa Rihan, que negocia uma parceria com produtoras francesas.

 Nosso documentário tem um viés investigativo, tem o objetivo de procurar respostas para entender por que Kardec é desconhecido na França e muito estudado e seguido no Brasil. Cerca de 40% do filme serão rodados na França. Uma parceira francesa garante exibição em canais comerciais por lá.

*CINEBIOGRAFIA CLÁSSICA*

A versão desenvolvida por Assis, em parceria com o roteirista L. G. Bayão, se aproxima mais da cinebiografia clássica. Kardec  O filme, no entanto, não pretende cobrir toda a trajetória do cientista francês, mas deve se deter ao período em que Hippolyte Léon Denizard deixou de ser um mero professor da cidade de Lyon, no meio da França, e adotou o pseudônimo famoso, sugerido por um dos espíritos que recebia e o orientava em suas pesquisas nesse campo.

 Nosso filme é um recorte da vida dele. Vamos nos concentrar na transformação do homem comum no maior estudioso do tema no século XIX  explica Assis, que convidou, mas ainda não recebeu uma confirmação do ator Tony Ramos para viver o protagonista.  Já temos dois ou três distribuidores interessados no projeto, o que é bastante atípico em se tratando do mercado brasileiro. É mais uma prova do interesse pelo tema e da popularidade do Kardec.

Os primeiros estudos de Kardec resultaram em O livro dos espíritos, no qual descreve as noções básicas da doutrina. Publicado em 1857, o livro serviu de base para O filme dos espíritos (2011), de André Marouço e Michel Dubret, com produção da Estação da Luz, a ONG que produziu As mães de Chico Xavier e funcionou como consultora ou coprodutora de títulos como Bezerra de Menezes  O diário de um espírito (2008), assistido por meio milhão de espectadores.

A Estação da Luz assina a coprodução de Liberté e estuda o desenvolvimento ou o apoio a novos projetos nesse terreno.

 Nossos filmes não são voltados para um público específico, são obras mais abertas. Queremos aproximar o maior número de pessoas da abordagem científica e humanista que Kardec deu ao mundo espiritual  analisa Luís Eduardo Girão, da Estação.  Acredito que chegará o momento de respirarmos o ensinamento espírita como respiramos três anos atrás, com a safra relacionada a Chico Xavier. L

Allan Kardec. Professor de Lyon adotou pseudônimo sugerido por um dos espíritos que recebia

CARLOS HELÍ DE ALMEIDA
carlos.heli@oglobo.com.br

Depois de explorar a vida e a obra de Chico Xavier em filmes, produtores brasileiros voltam-se para o professor francês, considerado o pioneiro da doutrina espírita

SEI Kardec-Globo

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