FORA DA CARIDADE
D.Villela
Na questão 886 de O Livro dos Espíritos, indagou Allan Kardec aos orientadores espirituais responsáveis pela Codificação: Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? E recebeu deles a seguinte resposta: Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
A recomendação acerca do amor ao próximo é universalmente conhecida, pois consta dos ensinamentos de todas as religiões, sendo, efetivamente, uma diretriz divina que influencia cada vez mais as legislações humanas. Como um exemplo, dentre muitos outros, dessa influenciação, poderíamos citar o Artigo 1o da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 10 de dezembro de 1948 e que tem a seguinte redação:
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Todos sabemos, por outro lado, das dificuldades encontradas para aplicação desse princípio, que se opõe frontalmente ao egoísmo ainda tão associado à nossa imaturidade espiritual, que tem marcado fortemente nossa convivência individual e coletiva ao longo dos séculos.
Portadoras dessa orientação, essencial à nossa felicidade, que o egoísmo e a ilusão dificultam e até impossibilitam, sofrem as próprias escolas de fé a influência desses dois fatores que deveriam combater , desfigurando-se quanto à sua identidade mediante a adoção de rituais e práticas exteriores outras que passam, equivocadamente, a representar a vivência religiosa, em detrimento da mudança interior que constitui a sua verdadeira meta. E isto, diga-se de passagem, apesar da presença de missionários que, em todas elas, vêm, periodicamente, exemplificar o verdadeiro sentido da experiência religiosa, sendo, mesmo, alguns deles, reconhecidos e aplaudidos, mas... pouco seguidos.
A Doutrina Espírita rejeita toda a ideia de culto externo, identificando a noção de prática espírita à aplicação de seus ensinamentos em nosso dia a dia, sobretudo no terreno moral. Distanciamo-nos, assim, da noção milenar e equivocada de que nossa simples ligação à determinada corrente religiosa bastaria para nos assegurar um futuro espiritual feliz a salvação, na terminologia de várias delas , substituindo-a pela compreensão de que somente a vivência de suas diretrizes poderá nos levar à condição de seguidor aprovado pela própria consciência, e não por algum ministro de culto.
Além de não se apresentar como detentor exclusivo da verdade, até mesmo em função dos diferentes níveis de evolução que ele tão bem explica, o Espiritismo reconhece a necessidade e utilidade das diferentes denominações religiosas, que refletem o cuidado do Alto em nos conduzir no aprendizado das Leis Divinas consoante as nossas características e possibilidades.
A Doutrina Espírita cumpre, assim, o seu papel junto àqueles que sentem necessidade de consistência e coerência nos ensinamentos religiosos, informando-nos igualmente de que, além do conhecimento, é essencial que aqueles princípios influenciem nossa conduta, tornando-a mais simples e fraterna, e que o critério básico para avaliação de nosso aproveitamento será a caridade, conforme descrita no início.
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“O Evangelho segundo o Espiritismo” (capítulo 15, item 10).
Ninguém progride sem renovar-se.
Fonte Viva Emmanuel
SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
Boletim SEI: E-mail: boletimsei@gmail.com
Novembro 2014 no 2242
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