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segunda-feira, 6 de junho de 2016

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – XVIII

CAPÍTULO II: MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO


ITEM 8 UMA REALEZA TERRESTRE


Chegamos ao final deste capítulo, em que Kardec estuda o ponto central dos ensinos de Jesus: a vida futura, que o espiritismo, através da mediunidade, veio comprovar.

Inseriu ele, neste estudo, uma comunicação mediúnica de um espírito que se apresentou com uma rainha de França, em Havre, 1863, que exemplifica a realeza terrestre, a dignidade real na Terra, sem a dignidade moral.

É uma comunicação que merece muita atenção e reflexão de nossa parte, visto que se não somos reis e rainhas, temos todavia, nossos pequeninos reinos, onde nos julgamos poderosos: “Aqui, mando eu.” São nossos lares, na função de marido, esposa, pais e mães, posições sociais ou profissionais de mais ou menos poder etc. Como nos comportamos nestes casos?

A ex-rainha inicia dizendo que somente no plano espiritual compreendeu a verdade de Jesus nas palavras: Meu reino não é deste mundo. Pensava ela que seria recebida no reino dos céus, como rainha. Pensamento este coerente com o que se pensava naquela época. A dignidade real era um direito dado por Deus à determinada família.

Surpreendeu-se, pois, ao despertar no plano espiritual, não ter levado consigo a sua realeza e muito mais ainda ao ver, muito acima dela, homens a quem desprezara, por não terem sangue nobre.

Deve ter então compreendido que os chamados direito divinos, que dava à classe nobre todos os privilégios e o poder sobre os demais, era uma invenção humana para legalizar a posse do poder terreno.

“Se a classe superior houvesse podido manter a classe inferior sem se ocupar com coisa alguma, tê-la-ia governado facilmente durante ainda longo tempo; mas, como a segunda fosse obrigada a trabalhar para viver, e trabalhar tanto mais quanto mais premida se achava, resultou que a necessidade de encontrar, incessantemente, novos recursos, de lutar contra uma concorrência invasora, de procurar novos mercados para os produtos, lhe desenvolveu a inteligência e fez com que as próprias causas, de que os da classe superior se serviam para trazê-la sujeita, a esclarecessem. Não se patenteia aí o dedo da Providência?” ( 1 )

Foi assim que os homens aboliram os privilégios de uma minoria e foi proclamada a igualdade de todos perante a lei, embora ainda não vige no comportamento cotidiano dos homens.

A rainha que veio nos contar a sua experiência após a morte, percebeu então, que Deus não privilegia nenhum dos seus filhos, dando a todos experiências, através da quais devem desenvolver-se.

Percebeu a nulidade dos esforços do homem pelo poder e seus privilégios, nos seus diversos patamares e da necessidade da abnegação, da humildade, da caridade, da benevolência para com todos. Percebeu que para penetrar no reino de Deus, somente as ações nobres em favor dos outros se constituem na chave que abre a porta desse reino de paz e felicidade.

“Oh, Jesus! Disseste que teu reino não era deste mundo, porque é necessário sofrer para chegar ao céu, e os degraus do trono não levam lá. São os caminhos mais penosos da vida os que conduzem a ele. Procurai pois o caminho através de espinhos e abrolhos e não por entre as flores.”

Percebemos nestas frases a visão ainda muito humana, muito própria de quem ainda não percebeu a sublime lei da evolução espiritual.

Os sofrimentos do viver na Terra são conseqüências da imperfeição da sua humanidade, que ainda necessita viver em um mundo inferior para evoluir.

No momento em que se compreende as causas e os efeitos dos atos humanos no processo educativo determinado pela lei divina, passa-se a ver nesses sofrimentos, oportunidades de aprendizado e elevação espiritual.


Da então um valor relativo, compreendendo que se bem aproveitados, seus frutos os melhores e muito compensatórios.

Não precisamos, no entanto, procurá-los, mas sim compreendê-los na sua função regeneradora e educativa, colhendo seus frutos sazonados.

A aceitação pela compreensão da continuidade da vida leva o homem a transformar os sofrimentos da vida em desafios, que o estimulam, na sua superação, ao esforço do desenvolvimento espiritual, objetivo número um do viver na Terra.

Bibliografia:

1- Obras Póstumas, Allan Kardec: As Aristocracias


Leda de Almeida Rezende Ebner
Novembro / 2002       
                          

Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)

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