DOS CONFRADES
DISCERNIMENTO
Brunilde Mendes do Espírito Santo
O discernimento é uma virtude que se conquista através do estudo, da reflexão e das experiências vividas entre erros e acertos, quedas e reerguimentos. É, portanto, algo que se obtém a duras penas.
À medida que o homem estuda e reflete, passa a ter uma visão mais ampla a respeito dos fatos que acontecem ao seu redor, vendo-os, então, sob a ótica da lógica. E, todas as vezes que se reergue, após uma queda que o fez chorar, arrepender-se e decidir-se a renovar suas disposições íntimas, alcança um maior grau de sensatez, tornando-se mais prudente.
Em todos os tempos, Deus, em sua infinita misericórdia, enviou seus emissários nos apontando o caminho do equilíbrio, o qual, será, sempre, o fruto sazonado do discernimento.
Moisés nos trouxe os Dez Mandamentos da Lei Divina, convidando-nos a ajustar a nossa vontade à de Deus, para que nossa caminhada seja menos dolorosa.
Jesus revelou-nos a Lei do Amor, convidando-nos a manter uma maior identificação com o Pai, e, nos últimos tempos, veio Allan Kardec, erguendo o véu que nos ocultava a beleza do Mundo Espiritual nossa verdadeira pátria onde, ao final de nossa jornada evolutiva, encontraremos, por fim, a plena Luz.
Cada um de nós, nas etapas já vencidas através das múltiplas vidas, já caiu e se reergueu, já corrigiu equívocos, já saldou dívidas... Cada um de nós, portanto, já ampliou sua visão a respeito de crenças, promessas, felicidade, sombras e luz...
Por isso que, nos dias atuais, quando as sombras tentam obstruir o caminho dos que desejam, realmente, manter acesa a sua candeia, é imperioso que estejamos atentos, observando, cuidadosamente, o que vemos e o que ouvimos, recordando-nos que Jesus nos recomendou a vigilância, quanto aos prodígios que surgiriam, possibilitando o engano, até, dos próprios escolhidos.
Hoje, como espíritas, acumulando na alma as revelações que nos foram oferecidas por Moisés, Jesus e Kardec, não podemos dizer que não sabemos ou que não possuímos os meios de discernir, entre o certo e o errado, entre a verdade e a mentira, entre a treva e a luz.
É preciso que estejamos atentos, repetimos, quanto ao que vemos e ouvimos, a fim de que não nos deslumbremos com as palavras fantasiosas que nada edificam e que, por vezes, até fazem desmoronar o edifício da Fé pura, tão penosamente construído por aqueles que suaram e sofreram para erguê-lo, oferecendo abrigo seguro ao nossos passos, ainda, vacilantes.
Aprendamos a discernir, estudando, refletindo, examinando tudo e retendo o Bem, conforme as recomendações de Paulo de Tarso, em sua Carta (I) aos Tessalonicenses (5: 21), e as de Kardec, no capítulo 20 (230) de O Livro dos Médiuns: Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai, desassombradamente, o que a razão e o bom-senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.
As palavras faladas ou escritas só devem ser consideradas como verdadeiras e, portanto, guardadas em nosso coração, quando passarem pelo crivo de nossa razão, iluminada pela luz do discernimento.
Só assim, estaremos sendo dignos do carinho que, através dos tempos, os Emissários do Pai nos têm dispensado. Só assim, estaremos respeitando o suor e as lágrimas que foram derramadas por aqueles que ergueram, bem alto, o farol da Verdade que, hoje, nos felicita, definindo o rumo dos nossos passos, de volta aos braços do Pai.
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Conselho Espírita Internacional
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Sábado, 30/10/2004 - no 1909
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