01 - OS PRIMEIROS PASSOS
A
família, sem qualquer dúvida, é bastião seguro para a criatura resguardar-se
das agressões do mundo exterior, adquirindo os valiosos e indispensáveis
recursos do amadurecimento psicológico, do conhecimento, da experiência para uma
jornada feliz na sociedade.
Nem
sempre compreendida, especialmente nos dias modernos, a família permanece como educandário
de elevado significado para a formação da personalidade e desenvolvimento
afetivo, mediante os quais torna-se possível ao espírito encarnado a aquisição
da felicidade.
Animal
biopsicossocioespiritual, o ser humano não pode prescindir da convivência
familiar, porque o instinto gregário que lhe comanda a existência, ido à busca
do grupo, qual sucede entre outros animais que vivem em família, protegendo-se
e preparando-a para a própria independência.
Escarnecida,
no entanto, pelo cinismo filosófico de ocasião, que preconiza a desenfreada
corrida pelas trilhas do prazer insaciável, permanece como organização
insuperável para a construção da sociedade harmônica.
Examinada
pela ótica distorcida daqueles que não experimentaram o convívio saudável no
lar, acusam-na de ser responsável pelos conflitos que os assaltam.
Certamente,
em muitas famílias, os fatores de desequilíbrio são dos indivíduos imaturos ou autoritários
que descarregam os tormentos de que são vítimas, naqueles que, indefesos,
encontram-se sob a sua guarda. Tal comportamento não é responsabilidade da
família, em si mesma, porquanto, ao invés de acusação indevida, seria ideal que
fossem trabalhados os fatores que geram desequilíbrios, corrigindo e orientando
os membros que a constituem.
O
lar é o celeiro de bênçãos, no qual se coletam as informações e a vivência
edificante, tornando-se o primeiro núcleo de socialização da criança, que aí
haure as experiências dos ancestrais, adquirindo os hábitos que deverão nortear
a sua caminhada existencial.
Se,
por acaso, e isso ocorre, não são saudáveis os recursos que lhe são
dispensáveis, ao abandono ou à mercê das agressões do mundo em desgoverno,
muito mais graves se lhe apresentam as conjunturas, dando-lhe informações
destituídas de significado superior e levando-a a atitudes agressivas como mecanismo
de defesa em razão dos contínuos enfrentamentos a que se vê constrangida
suportar.
No
lar, desenvolvem-se a afetividade, o respeito pelos direitos alheios, o
despertamento para os próprios direitos sem as extravagâncias nem os absurdos
de atribuir-se méritos a quem realmente não os possui.
Esse
grupamento familiar, no entanto, não é resultado casual de encontros apressados
no mundo físico, havendo ocorrido nas esferas espirituais antes do renascimento
orgânico, quando são desenhadas as programações entre os espíritos
comprometidos, positiva ou negativamente, para os ajustamentos necessários ao
progresso a que todos se encontram submetidos.
Analisando-se,
portanto, as necessidades evolutivas, aqueles que se encontram com responsabilidades
a cumprir juntos, constatam a excelência do cometimento que lhes ensejará
reparação e crescimento intelecto-moral, em face dos erros transatos,
facultando-se a tolerância e o perdão das ofensas como fundamentais para a
aquisição da harmonia.
Nada
obstante, quando ocorre a reencarnação, em face dos impulsos ancestrais que
predominam em sua natureza animal, enquanto aguarda aquele espírito com o qual
deverá edificar a família, compromete-se, por precipitação e indisciplina
moral, com o primeiro ser que defronta e nele desperta os impulsos que favorecem
as sensações fortes, terminando em lamentável fracasso.
Enquanto
a sociedade, em geral, permanecer guindada aos interesses imediatistas,
especialmente no que diz respeito às sensações, a afetividade expressando-se
através dos impulsos malconduzidos, os resultados das uniões sexuais serão
sempre frustrantes e amargos.
Em
razão dessa falsa necessidade de atendimento das funções genésicas, os
espíritos desviam-se dos caminhos anteriormente traçados, conduzidos pelos
costumes fesceninos, pela permissividade exagerada, transitando em agonia,
buscando, mesmo sem saber o que desejam...
Não
poucas vezes, como decorrência dessa insânia, ao reencontrar o espírito afim,
aquele com o qual houvera assumido o compromisso de união para a edificação da
família, as possibilidades já não são favoráveis, o que se transforma em maior
desconforto, dando lugar a conflitos tormentosos de efeitos deploráveis.
O
excesso de liberdade moral que viceja na atualidade e as apetitosas ofertas do
prazer, facultam experiências irresponsáveis por falta do necessário
amadurecimento psicológico para os cometimentos sexuais, que se fazem
apressados e extravagantes.
Não
pensando nas suas conseqüências, quando ocorre a concepção de seres não
desejados, logo se pensa em recorrer ao aborto criminoso, em hedionda conduta
que deve ser gravemente enfrentada por todos os cidadãos conscientes da sua
condição de humanidade.
É
claro que, na estrutura emocional daquele que assim se comporta, não existe
espaço mental nem moral para a construção do núcleo familiar.
Em
face da situação em que se encontra, surgem as uniões e as separações, cada vez
mais perturbadoras, porque logo passam os apetites vulgares, gerando
comportamentos promíscuos, nos quais os indivíduos ansiosos mais se afligem.
Numa
cultura social saudável, os primeiros relacionamentos afetivos têm por
finalidade a vivência do companheirismo, o desabrochar da amizade, passo
inicial para a manifestação do amor sem perturbação e com caráter duradouro.
O
erotismo, porém, que grassa; não permite aos indivíduos a convivência que lhes
faculta o desvelar-se, o conhecimento, sem a ocorrência dos violentos conúbios
sexuais de efeitos insatisfatórios, que dão lugar a decepções ou levam ao
desbordar das paixões da libido mal direcionada.
Unem-se
os solitários egoístas, preparados para a separação, mediante a cultura da
indiferença afetiva, como conseqüência da filosofia consumista de que se vive
em sociedade, na qual tudo é descartável, inclusive as afeições humanas.
Este
comportamento, dizem, para não sofrerem quando ocorrer a ruptura da frágil
união.
Certamente
há grandiosas e inumeráveis exceções, particularmente naqueles espíritos que se
permitem esperar pelo ser que lhes proporcione emoção e alegria de viver,
facultando-lhes a união feliz, coroada pela prole com a qual estão
comprometidos.
O
namoro, portanto, é o primeiro passo no caminho a percorrer afetivamente,
quando há o respeito moral recíproco e o anelo pela convivência benéfica.
Embora
seja essencial a união sexual, o fundamental é o sentimento de amor que pode
resistir aos embates do relacionamento a dois, e depois, com o grupo de
espíritos renascidos no corpo físico, constituindo o santuário doméstico.
Na
primeira fase, ocorrem os fenômenos relacionados às necessidades afetivas sem
os impulsos primários, nascidos no reconhecimento espiritual do outro.
Lentamente,
planificam-se as aspirações e trabalha-se pela sua execução harmônica, o que
propicia bem-estar e alegria com a presença física, sem qualquer tipo de
tormento.
Quando,
em sentido oposto, o namoro se transforma em convivência sexual, desaparece o
interesse de permanência, enquanto a afetividade diminui, cedendo lugar ao
hábito destituído de meta procriativa, construção familiar.
A
constelação familiar, no namoro encontra a pedra angular para o futuro alicerce
doméstico, que deverá resistir às tormentas do quotidiano.
Familiares
difíceis e gentis procedem, portanto, da programação anteriormente traçada, que
o amor do casal conseguirá conduzir com sabedoria.
...
E quando o problema se apresentar entre os parceiros, a consciência do dever se
encarregará de orientar o comportamento de ambos em favor do êxito do
empreendimento familiar.
CONSTELAÇÃO FAMILIAR
Joanna
de Ângelis
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