*GUERRA*
_D. Villela-
A guerra é a violência praticada de forma sistemática e organizada, entre coletividades que se antagonizam por razões étnicas, econômicas ou ideológicas, ou uma combinação delas, sendo, ainda, conforme a definição de um conhecido estudioso da arte militar, a continuação da política por outros meios (Karl von Clausewitz, no livro Da guerra).
Em suas inesquecíveis lições, Jesus não se referiu especificamente a ela nem a outros prejuízos aceitos naquela época (escravidão, subalternidade da mulher...), preferindo propor e exemplificar a vivência do bem que, naturalmente, suprime o mal de nossas vidas.
Os embates bélicos acompanham a humanidade desde suas origens, sendo interessante observar que, em função deles, foram criados equipamentos e técnicas destinados exclusivamente ao confronto coletivo.
Com efeito, fossos e catapultas no passado, assim como canhões e tanques, mais recentemente, são impróprios como armamento individual.
Os estudiosos do assunto costumam também frisar que a guerra é um poderoso agente do progresso, o que é um fato indiscutível, não apenas sob o ponto de vista tecnológico mas igualmente no campo social.
Quanto ao primeiro aspecto, basta lembrar que, em função da Segunda Guerra Mundial, foram desenvolvidos o radar, a energia atômica e grandemente aperfeiçoada a cirurgia plástica, para atender aos combatentes vítimas de queimaduras ou ferimentos.
Por outro lado, todas as grandes mudanças que, sem dúvida, conduziram a mais ampla liberdade e à abolição de privilégios implantaram-se, quase sempre, em meio a choques violentos, com abundante derramamento de sangue.
Respondendo a Allan Kardec, que indagara se um dia a guerra iria desaparecer do nosso mundo, afirmaram os orientadores espirituais que isto realmente aconteceria quando aqui fossem praticadas as leis de Deus. E é claro que novas descobertas e a melhoria das leis que regem nossa convivência podem e devem pela lei de progresso ser realizadas sem distúrbios de qualquer espécie, em clima de compreensão e paz.
Ainda quanto à guerra, a Doutrina Espírita esclarece que ela não resulta simplesmente da decisão de um chefe de estado, nem mesmo de todo um governo, mas sim do clima de animosidade que se instala na consciência coletiva e permite aos dirigentes políticos iniciá-la, sob os mais variados pretextos. Na verdade, a luta armada não começa quando soam os primeiros tiros e sim muito antes, no íntimo das pessoas. É por isso que o Espiritismo, revivendo na atualidade o Evangelho, nos conclama ao esforço permanente pelo fortalecimento da paz, não apenas desaprovando qualquer forma de violência mas preservando-a no próprio íntimo a fim de a exteriorizarmos em atos, palavras e mesmo em pensamentos.
E tendo em mente o oferecimento do Mestre: a minha paz vos deixo, a minha paz vos dou (João, 14: 27), é certo que o conseguiremos mediante esforço perseverante na aplicação de suas lições.
*O Livro dos Espíritos (742 a 744).*
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