Diálogo com os Espíritos
P. Se, pelo que toca à inteligência, comparamos o homem e os
animais, parece difícil estabelecer-se uma linha de demarcação entre aquele e
estes, porquanto alguns animais mostram, sob esse aspecto, superioridade
notória sobre certos homens. Pode essa linha de demarcação ser estabelecida de modo
preciso?
R. A esse respeito é completo o desacordo entre
os vossos filósofos.
Querem uns que o homem seja um animal e outros que o animal
seja um homem. Estão todos errados. O homem é um ser à parte, que desce muito baixo
algumas vezes, e que pode também elevar-se muito alto... Pobres homens, que vos
rebaixais mais que os brutos! Não sabeis distinguir-vos deles? Reconhecei o
homem pela faculdade de pensar em Deus.
P. Poder-se-á dizer que os animais só obram por instinto?
R. Ainda aí há um sistema. É verdade que
na maioria dos animais domina o instinto. Mas, não vês que muitos obram,
denotando acentuada vontade?
É que têm inteligência, porém, limitada.
P. Os animais têm alguma linguagem?
R. Se vos referis a uma linguagem formada
de sílabas e palavras, não.
Porém, meio de se comunicarem entre si, têm. Dizem uns aos
outros, muito mais coisas do que imaginais.
Mas, essa mesma linguagem de que dispões é restrita às
necessidades, como restritas também são as idéias que podem ter.
P. Os animais gozam de livre-arbítrio, para a prática dos seus
atos?
R. Os animais não são simples máquinas, como supondes.
Contudo, a liberdade de ação, de que desfrutam, é limitada pelas suas
necessidades e não pode ser comparada à do homem.
Sendo muitíssimo inferiores a este, não têm os mesmos
deveres que ele.
A liberdade que eles possuem é restrita aos atos da vida
material.
P. Pois que os animais possuem uma inteligência que lhes
faculta certa liberdade de ação, haverá neles algum princípio independente da
matéria?
R. Há e que sobrevive ao corpo.
P. Esse princípio será uma alma semelhante à do homem?
R. É também uma alma, se quiserdes, dependendo
isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém, inferior à do homem...
Extraído de O Livro
dos Espíritos, Allan Kardec, q. 592/597.
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