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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Capítulo IX - NOVOS AMIGOS: PAMELA E PLÁCIDO

Analisando os dois mundos — o físico e o espiritual — pensei: como pode o encarnado fugir do assunto morte? Ele teme morrer, mas não procura inteirar-se para onde foram os seus entes queridos. Será que existe inferno? Ou todos julgam que os seus amados familiares foram para o ' 'céu’?

Observava o vaivém dos carros, uns um pouco velhos, outros de luxo, cujos motoristas passavam indiferentes àquele lugar; para muitos era somente um depósito de corpos que adoeceram.
Enrico, vendo-me pensativo, indagou:
— Posso saber o porquê do olhar preocupado?
— Meu bom amigo estava pensando como pode o homem encarnado julgar-se o dono do plano físico e ficar insensível diante dos fatos tristes da vida!
— É mesmo, irmão, quantos homens no poder levam o país à miséria! Será que por onde eles passam não enxergam crianças sujas, famintas e maltrapilhas? Será que eles não lêem a seção criminal do jornal, onde a escola da miséria vive formando quadrilhas? Será que eles julgam que o mundo são só as reuniões com pessoas importantes e ricas e viagens internacionais? Se alguns deles parassem para meditar, compreenderiam melhor a posição que ocupam, que por mais importante que seja não é eterna.
— É, Enrico, entristece muito o nosso coração quando visitamos lares paupérrimos, onde alguns trapos lhes servem de cobertas e a fome os maltrata muito. Depois visitamos lares ricos, onde o desperdício é constante. Todos são filhos de Deus vivendo dois pólos diferentes, uns na pobreza e outros na riqueza, todavia caminham todos para uma única estação, a da morte, a Estação do Adeus. Mas, quem deseja parar para buscar os esclarecimentos, por que nascemos, por que adoecemos e por que "morremos"? É mais fácil pegar o carrão, colocar a gasolina e correr a duzentos por hora, como que fugindo do amanhã, que muitas vezes é o agora.
Enrico e eu falamos muito sobre a indiferença do encarnado do quanto ele foge da Doutrina Espírita por temê-la. Por quê?
Simplesmente porque ela iguala os homens. E para o rico é terrível julgar que poderá ocupar, amanhã, o barraco do pobre de hoje, em uma nova existência. E mais fácil chamar os espíritas de loucos do que ainda no corpo físico buscar o plano espiritual.
Saímos daquela Estação, onde constatamos alguns fatos que aqui narramos. Agora iríamos dar uma chegada no Centro Espírita onde ouviríamos algumas palestras e esperaríamos novos companheiros. No início não gostei, estava tão bom eu e Enrico... Logo ficamos a par que teríamos companhia para o novo trabalho. Enrico indagou:
— Por que você ficou preocupado ao saber que teríamos novos irmãos conosco?
— Desculpe, amigo, mas é que todas as vezes que termino um livro, o meu coração chora de saudade.
— Muito bonito, mas não é o certo. Não existe separação quando se quer bem, porque as distâncias deixam de existir. É só nos ligarmos pelo sentimento que nos une.
— Enrico, você já é evoluído, eu gosto é de afagar as pessoas, estar perto delas.
Ele deu aquele sorriso gostoso e amigo. Enlacei o seu ombro curvado e agradeci a Deus pela minha família espiritual. Quando chegamos ao auditório, uma irmã falava sobre mediunidade, alertando os médiuns da Casa sobre o perigo terrível da vaidade, mal que derruba qualquer médium. A mediunidade bem exercida permite a comunicação entre os dois planos. Ela só acontece com o fim de melhorar espiritualmente o médium e para dar a conhecer aos homens a verdade. Quando o médium não cumpre bem sua tarefa, os bons espíritos se afastam e partem em busca de quem se mostre mais digno de sua assistência.
A orientadora encarnada continuava sua aula dizendo como deve comportar-se um médium da Doutrina Espírita. Nas obras básicas encontramos diretrizes seguras para evitar os perigos da mediunidade mal dirigida. E nelas, como uma cascata de luz, chegam-nos os ensinamentos de como conseguir edificantes resultados na prática mediúnica. Ou ele aprende a servir ou toma-se um joguete fácil nas mãos de espíritos inferiores ou zombeteiros.
Fomos avisados de que na sala treze éramos esperados, entretanto aguardamos o término daquela aula sobre mediunidade. Não podemos deixar de grafar aqui a pergunta de uma médium que ouvia a palestra. Levantou o dedinho e perguntou:
— Como faço para exercer todas as mediunidades que tenho?
— Minha irmã, faça tudo para se tornar uma tarefeira de Jesus.
O Cristo nunca Se preocupou com a quantidade e sim com a qualidade. Veja qual é o dom que a irmã tem mais facilidade para exercer e busque fazê-lo bem, respondeu a orientadora.
— E as outras, o que faço com elas?
— Deixe-as de reserva. Já imaginou se um bom técnico de futebol colocasse todos os bons jogadores no campo? Não sobraria espaço para eles jogarem. Assim é o médium que deseja exercer todas as mediunidades.
Ainda insistia a jovem:
— Mas eu tenho todas as mediunidades!... A orientadora indagou:
— Quem disse que a irmã é portadora de tantas mediunidades?
— Escrevi uma carta a uma médium e ela na resposta me confirmou o que eu já sabia.
— Cuidado com a vontade de pescar, pode pegar peixe podre.
A jovem não gostou das respostas, mas confesso que achei a orientadora uma excelente espírita.
Em seguida fomos em direção à sala treze. Quando lá chegamos a irmã Pérola, mentora da Casa, apresentou-nos Pamela e Plácido, nossos novos companheiros de trabalho. Enrico falou- lhes:
— Sejam bem-vindos, o trabalho nos espera.


Luiz Sérgio
NA HORA DO ADEUS
Psicografía: Irene Pacheco Machado

2a Edição • 1997

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