Jorge Damas Martins, graduado em Psicologia e membro da Liga de
Pesquisadores do Espiritismo, entidade virtual criada pelo historiador e também
pesquisador Eduardo Carvalho Monteiro, é o foco desta entrevista exclusiva.
Jorge Damas tem mais de 20 livros publicados. Ao fazer uma série
de palestras, na capital de S. Paulo, uma das casas espíritas incluída no seu
roteiro, foi o Grupo Espírita Batuíra, instituição que ele guarda grandes
recordações, por ter sido ali, em companhia de Newton Boechat - orador e escritor
famoso, já desencarnado – que ele realizou seus primeiros vôos, na divulgação do
Espiritismo através da palavra.
Jorge Damas presenteou os freqüentadores do GEB com uma palestra
sobre seu mais recente livro Os
Bezerra de Menezes e o Espiritismo,
obra na qual ele traz novas revelações sobre a vida do ‘médico dos pobres’.
1 – Qual é seu propósito, ao lançar este seu mais recente
livro: “Os Bezerra de Menezes e o Espiritismo”?
Hoje, no Brasil, há cerca de um milhão de Bezerra de Menezes
presentes pelos quatro cantos do nosso vasto território. Família valorosa, homenageada
com nome de praça, ruas, avenidas, clubes, restaurantes, etc. São escritores,
cientistas, poetas e espiritualistas de destaque. Eles sempre foram
injustiçados como inimigos do Dr. Bezerra de Menezes, o grande guia protetor
desta família. O objetivo imediato do livro é o resgate histórico da dignidade
dos parentes próximos de Bezerra, muitos deles espíritas de grande contribuição
à causa do Evangelho redivivo.
2 - O que o livro “Os Bezerra de Menezes” traz de diferente,
em relação a outros livros publicados sobre o ‘médico dos pobres’?
É uma pesquisa ampla, a maior já feita do grande personagem do
Espiritismo no Brasil. Os documentos originais foram resgatados, as certidões das
esposas, dos 12 filhos, sobrinhos e outros parentes. Tudo muito bem documentado.
Todos os jornais da época foram revisitados e a sua biografia passou por uma
revisão total, não só na família, mas no exercício missionário da medicina, na
sua atuação política, no seu mundo empresarial vasto e na sua missão espírita cristã.
3 – Por que Bezerra de Menezes constituiu-se numa espécie de
“santo” entre os espíritas? Esta postura dos espíritas é salutar à Doutrina Espírita?
A massa espírita não é diferente da massa de seguidores das
religiões orientais e católicas. O povo, em sua alma coletiva, percebe quando
uma alma grande (“santa”) se manifesta como um tipo adiantado no tempo evolutivo,
e os endeusamentos acontecem de forma inevitável. Cabe aqui, então, a nossa
responsabilidade na condução da caridade da divulgação doutrinária, para aparar
os excessos, e reorientar os iniciantes para a verdadeira compreensão do
significado e função de uma missão apostolar, como a de Bezerra de Menezes.
4 – Por que Bezerra de Menezes é figura central no Movimento
Espírita de Unificação?
Por ter recebido do Alto, na condição de Apóstolo de Jesus, a
missão da Unificação pelo Amor do nosso movimento. Aliás, ele é um dos
representantes da direção espiritual do Brasil, como a revelação de D. Yvonne Pereira
esclarece e o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho, de Chico Xavier, confirma.
5 – Como o senhor explica a devoção de Bezerra de Menezes
por Maria Santíssima?
No meu livro o 13º Apóstolo – As Reencarnações de Bezerra de
Menezes, temos a revelação de que ele foi o publicano Zaqueu e, que depois, que
entrou para o Cristianismo, trocou o seu nome, como era comum no batismo, para
Matias (“Presente de Deus”).
Zaqueu-Matias foi escolhido espiritualmente, pelo método psíquico
da sortes apostolurum (psicocinesia) para assumir o apostolado do Cristo, após o
suicídio de Judas Iscariotes. É, então, na Casa do Caminho, que há o encontro,
sobretudo pelo coração, com Maria de Nazaré, a Mãe Universal da Cristandade e a
Consoladora dos Aflitos, funções designadas por Cristo a ela, dada a sua
grandeza de amor e dedicação ao Bem. Assim, através da história, e por muitas
reencarnações, o Espírito Bezerra de Menezes sempre esteve sob o amparo mariano,
principalmente no Grupo Ismael, célula mediúnica da Federação Espírita
Brasileira, onde ele era o doutrinador dos espíritos sofredores e era assistido
pela Mãe Santíssima, que o amparava por toda a sua atividade espírita,
inclusive, quando da sua desencarnação, recepcionando--o no Plano Espiritual.
6- Considerando as dificuldades que existem para se fazer
política no Brasil, como o senhor avalia a atuação de Bezerra de Menezes como político?
Por que os espíritas têm tanta resistência em entrar para a política?
A política deve ser uma tendência da alma, como a medicina, a
engenharia, o professorado, etc. O espírita resiste à atividade política por
saber do perigo de envolver a doutrina de caridade dada pelo Alto, com
interesses materiais e conchavos escusos. Mais todo o espírita, como cidadão
responsável, é um ser político, e deve prestar sua colaboração para o
crescimento da maioridade da nação. O que deve evitar, zelosamente, é imiscuir
política e interesses pessoais na casa espírita, que é posto de socorro e
consolo eminentemente espirituais.
7- Com o estudo que o senhor fez sobre a vida de Bezerra de
Menezes, o que mais o atrai na personalidade desse grande apóstolo do
Espiritismo?
Seu grande mérito foi, em Amor, servir ao Evangelho, único
instrumento de luz para a transformação planetária.
Na impressa leiga foi destemido e, por 10 anos - em O Paiz, no
Jornal do Brasil e na Gazeta de Notícias - escreveu com entusiasmo cerca de 480
artigos, a maior série espírita em língua portuguesa, que como recomendou o
pesquisador Canuto de Abreu, devia ser estudada por todos os espíritas
juntamente com as obras de Allan Kardec.
8- Como o senhor avalia o trabalho de pesquisa, em geral,
que vem sendo feito hoje por estudiosos da Doutrina Espírita?
Sinceramente, fraco! Infelizmente o resgate histórico tem sido
relaxado, e tudo acaba no lugar comum. É necessário irmos as fontes primárias para
falarmos com propriedade. O INSTRUI-VOS é recomendação de sempre!
9- Quais são, a seu ver, as mentes novas que estão trazendo
contribuições importantes para a Doutrina nesse início de século?
O Dr. Maurício Crispim, médico no Distrito Federal, no campo dos
doentes terminais e na área do tratamento obsessivo com ajuda de alta
tecnologia.
O jornalista Júlio Damasceno, do Rio de Janeiro, no atento
serviço de comparar minuciosamente as obras da Codificação e os Evangelhos,
tudo em espírito e verdade. O confrade Luciano Klein Filho, presidente da Federação Espírita
do Ceará, na pesquisa histórica de Bezerra de Menezes e Vianna de Carvalho. O
cineasta Oceano Vieira de Melo e seus documentários edificantes sobre Chico
Xavier, Divaldo Franco, Pietro Ubaldi, Eurípedes Barsanulfo etc.
10 - Como estudioso da vida de Maria de Nazaré, quais são, a
seu ver, as virtudes de Maria que precisam ser valorizadas pelas mulheres da atualidade?
Pelas mulheres e homens: a paciência; a beneficência; espírito de
alegria sem inveja; sem vanglória; sem se ensoberbecer; sem busca de interesses
pessoais; sem irritação; cheia de justiça; sem ressentimento com a maldade; plena
de regozijo pela verdade; o saber sofrer com dignidade espiritual; a fé
inabalável; a espera do cumprimento da vontade do Alto; o saber suportar as
injúrias com compreensão amorosa e, mas que tudo, sempre viver a certeza de que
o Amor Divino jamais acaba.
Rita Cirne
Ano XV - nº 89 - Setembro / Outubro - 2011 -
Edição Bimestral
BATUÍRA JORNAL
Um
órgão do Grupo Espírita Batuíra
site:
www.geb.org.br
E-mail:
geb.batuira@terra.com.br
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