Artigo
Geraldo
Ribeiro
ribeiro.geraldo@terra.com.br
Camille
Flammarion, astrônomo francês e espírita convicto, no alvorecer de sua
maturidade, assim se pronunciou diante do túmulo de Allan Kardec: “este foi o
que eu chamo o bom senso encarnado”.
Por que o
jovem cientista teria se expressado com tamanha convicção e de forma tão
incisiva? Onde encontrar provas para sua afirmação?
Entretanto, ao
examinar a biografia do Codificador, identificamos fatos que confirmam sua
tese. Vejamos alguns deles!
Em 1854, o
professor Hippolyte Léon Denizard Rivail (pseudônimo Allan Kardec) ouve falar
pela primeira vez, através do Sr. Fortier, magnetizador, sobre o fenômeno das
mesas girantes.
- Sabeis,
disse ele, que se acaba de descobrir no magnetismo uma singular propriedade?
Parece que não só as pessoas se magnetizam, mas também as mesas.
- É um efeito
singular, respondeu Kardec; contudo, isso não me parece rigorosamente impossível.
O fluido magnético, espécie de eletricidade, pode muito bem atuar sobre os
corpos inertes e fazê-los mover-se.
Mais tarde,
Kardec encontra-se novamente com o Sr. Fortier, que lhe diz:
- Mais
extraordinário do que fazer uma mesa girar e andar, é ela falar; perguntam e
ela responde.
- Isso é outra
questão, retruca o nobre professor.
Só acreditarei
nisso se vir ou se me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para
sentir e que pode tornar-se sonâmbula.
Esses diálogos
não representam para nós uma lição de sabedoria, maturidade e bom senso?
Em 1855,
Kardec encontra-se com o Sr. Carlotti, seu amigo, a quem sempre estimou pelas
suas qualidades, mas desconfiava de sua exaltação. Foi ele quem primeiro
lhe falou sobre a comunicação dos Espíritos.
- Um dia serás
um dos nossos, disse-lhe, tendo o mestre de Lyon respondido: - Não digo, que
não; veremos mais tarde.
Nesse mesmo
ano, o Sr. Pâtier, outro amigo de Kardec, que usava uma linguagem mais comedida
e isenta de entusiasmo, despertou-lhe vivo interesse.
Quando o
convidou para assistir às experiências que se realizavam na casa da Sra. Plainemaison,
aceitou o convite com prazer. Percebeu oculto naquelas futilidades aparentes, e
entre aqueles fenômenos de que se fazia um passatempo, algo muito sério, talvez
a revelação de uma nova lei.
Depois foi a
vez do Sr. Baudin convidá-lo para as suas sessões.
As duas
médiuns eram as jovens Baudin, que escreviam com o auxílio de uma cesta. Este
método, que exige o concurso de duas pessoas, excluía toda a possibilidade de
participação das idéias do médium.
Observou
comunicações seguidas e respostas dadas não só às perguntas formuladas, como
também às feitas pelo pensamento.
Foi ali, que
Kardec fez seus primeiros estudos sérios sobre Espiritismo. Aplicou o método
experimental, comparando e deduzindo as consequências; dos efeitos chegava às
causas. Um dos primeiros resultados a que chegou foi identificar que, sendo os
Espíritos as almas dos homens, eles não possuíam a soberana sabedoria nem a soberana ciência. Esta
conclusão é, a nosso ver, a grande lição de bom senso que Kardec nos dá.
Mais tarde,
ele acompanhou as reuniões realizadas na casa do Sr. Roustan. Eram reuniões
sérias. Seu trabalho estava quase pronto; mas, queria revisá-lo com outros
Espíritos e o concurso de outros médiuns.
Foi através da
comparação e fusão de todas essas respostas, coordenadas, classif cadas e
muitas vezes remoídas no silêncio da meditação, que Kardec lançou a 1ª edição
de O
Livro dos Espíritos.
Agora,
perguntamos: Seguimos o exemplo do Codificador? Analisamos as comunicações que
nos vem dos Espíritos? Lemos as mensagens e os livros que nos chegam às mãos,
com olhar crítico? Se tais atitudes forem aplicadas com rigor metodológico,
elas nos evitam o grave dissabor de tomar o falso pelo verdadeiro.
BATUÍRA JORNAL
Um órgão do Grupo Espírita
Batuíra
www.geb.org.br
Ano XIV - nº 84 - Novembro /
Dezembro - 2010 - Edição Bimestral
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