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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

BOM SENSO: TEMOS?

Artigo

Geraldo Ribeiro
ribeiro.geraldo@terra.com.br

Camille Flammarion, astrônomo francês e espírita convicto, no alvorecer de sua maturidade, assim se pronunciou diante do túmulo de Allan Kardec: “este foi o que eu chamo o bom senso encarnado”.
Por que o jovem cientista teria se expressado com tamanha convicção e de forma tão incisiva? Onde encontrar provas para sua afirmação?
Entretanto, ao examinar a biografia do Codificador, identificamos fatos que confirmam sua tese. Vejamos alguns deles!
Em 1854, o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail (pseudônimo Allan Kardec) ouve falar pela primeira vez, através do Sr. Fortier, magnetizador, sobre o fenômeno das mesas girantes.
- Sabeis, disse ele, que se acaba de descobrir no magnetismo uma singular propriedade? Parece que não só as pessoas se magnetizam, mas também as mesas.
- É um efeito singular, respondeu Kardec; contudo, isso não me parece rigorosamente impossível. O fluido magnético, espécie de eletricidade, pode muito bem atuar sobre os corpos inertes e fazê-los mover-se.
Mais tarde, Kardec encontra-se novamente com o Sr. Fortier, que lhe diz:
- Mais extraordinário do que fazer uma mesa girar e andar, é ela falar; perguntam e ela responde.
- Isso é outra questão, retruca o nobre professor.
Só acreditarei nisso se vir ou se me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tornar-se sonâmbula.
Esses diálogos não representam para nós uma lição de sabedoria, maturidade e bom senso?
Em 1855, Kardec encontra-se com o Sr. Carlotti, seu amigo, a quem sempre estimou pelas suas qualidades, mas desconfiava de sua exaltação. Foi ele quem primeiro lhe falou sobre a comunicação dos Espíritos.
- Um dia serás um dos nossos, disse-lhe, tendo o mestre de Lyon respondido: - Não digo, que não; veremos mais tarde.
Nesse mesmo ano, o Sr. Pâtier, outro amigo de Kardec, que usava uma linguagem mais comedida e isenta de entusiasmo, despertou-lhe vivo interesse.
Quando o convidou para assistir às experiências que se realizavam na casa da Sra. Plainemaison, aceitou o convite com prazer. Percebeu oculto naquelas futilidades aparentes, e entre aqueles fenômenos de que se fazia um passatempo, algo muito sério, talvez a revelação de uma nova lei.
Depois foi a vez do Sr. Baudin convidá-lo para as suas sessões.
As duas médiuns eram as jovens Baudin, que escreviam com o auxílio de uma cesta. Este método, que exige o concurso de duas pessoas, excluía toda a possibilidade de participação das idéias do médium.
Observou comunicações seguidas e respostas dadas não só às perguntas formuladas, como também às feitas pelo pensamento.
Foi ali, que Kardec fez seus primeiros estudos sérios sobre Espiritismo. Aplicou o método experimental, comparando e deduzindo as consequências; dos efeitos chegava às causas. Um dos primeiros resultados a que chegou foi identificar que, sendo os Espíritos as almas dos homens, eles não possuíam a soberana sabedoria nem a soberana ciência. Esta conclusão é, a nosso ver, a grande lição de bom senso que Kardec nos dá.
Mais tarde, ele acompanhou as reuniões realizadas na casa do Sr. Roustan. Eram reuniões sérias. Seu trabalho estava quase pronto; mas, queria revisá-lo com outros Espíritos e o concurso de outros médiuns.
Foi através da comparação e fusão de todas essas respostas, coordenadas, classif cadas e muitas vezes remoídas no silêncio da meditação, que Kardec lançou a 1ª edição de O Livro dos Espíritos.
Agora, perguntamos: Seguimos o exemplo do Codificador? Analisamos as comunicações que nos vem dos Espíritos? Lemos as mensagens e os livros que nos chegam às mãos, com olhar crítico? Se tais atitudes forem aplicadas com rigor metodológico, elas nos evitam o grave dissabor de tomar o falso pelo verdadeiro.

BATUÍRA JORNAL
Um órgão do Grupo Espírita Batuíra
www.geb.org.br
Ano XIV - nº 84 - Novembro / Dezembro - 2010 - Edição Bimestral


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