Nosso primeiro trabalho juntos era visitar um lar onde a dona da
casa, Sibila, acabara de desencarnar. Os familiares já se encontravam de volta
dos serviços fúnebres. O marido, meio perturbado, mergulhado na sua dor,
permanecia calado, enquanto os três filhos discutiam o que iriam fazer com os
pertences de Sibila. As duas moças, uma Jussara, outra Emi, já faziam a partilha
dos pertences valiosos. As roupas chiques elas queriam, mas a maioria era
colocada em caixas para serem doadas. Olhei os meus amigos de trabalho e falei
a Pamela:
— Já vi tanto esse filme!... Não sei por que a pressa em desarrumar
o que está arrumado.
— Acho, disse a nova companheira, que é o medo de sentir saudades.
Talvez a própria dor leve a família a inventariar os pequenos pertences da vida
doméstica.
— A lei é sábia, falei. Se não tivesse inventário, seria uma partilha,
as brigas bem maiores.
Observando aqueles filhos invadindo a privacidade da mãe, presenciei,
mais uma vez, como o homem encarnado vive fora da realidade. Jóias, retratos,
cartas, roupas, tudo era vasculhado e dividido. Enrico nada falava, andando
pela casa toda. E por falar nela, que casa! Havia até um quarto de ginástica,
onde Sibila mantinha seu corpo esbelto. Os objetos antigos e os quadros ainda
não estavam sendo divididos.
—
E Sibila, como está? Perguntei a Enrico.
—
Depois iremos saber, agora estamos aqui não apenas para presenciar uma família
desmanchando a casa de alguém que partiu, mas para orar, pedindo a Deus que não
deixe essa família inventariar, antes do tempo, os pertences de uma mulher
apegada aos bens terrenos.
—
Ela é apegada às suas coisas? Interrogou Pamela.
—
Muito. Ela e o marido viajavam bastante e em todas as suas viagens eram
compradas obras de arte. O seu guarda-roupa consta de uma quantidade imensa de
pares de sapatos e trajes, incluindo de passeio, esporte fino e toalete.
Perfumes?
Calculamos
uns cento e cinqüenta frascos.
—
Para que tanto? indagou Plácido.
—
Dinheiro, irmão, dinheiro demais.
—
Enrico, de que desencarnou Sibila? Perguntei.
—
Plástica. Tinha mania de fazer plástica e nessa última o coração não suportou.
Fiquei calado, mas pensei: coitada, como deve estar furiosa por
ter “morrido”! O plano físico para Sibila era uma eterna festa. Oramos
muito, tentando fazer Jussara e Emi terem um pouco de compaixão pela mãe. Mas,
que nada! As duas eram como formiguinhas no açúcar, loucas para comer até a
última porção. Silvério irmão das duas conversava ao lado do pai, tomando umas
e outras doses de uísque. Orávamos e orávamos, quando Emi falou:
— Estou cansada, amanhã voltaremos a separar as coisas. Meu Deus,
como mamãe tinha tralha!
Voltei a pensar: por que não esperam ao menos uma semana para a
partilha? Tinham de começar na noite do enterro? Que gosto mais cavernoso! Elas
pararam de lotear as coisas de Sibila, e nós dali fomos saindo. Ainda olhei
aquela mansão com seus mil e trezentos metros de área construída. Depois de
morar em um casarão daquele, o corpo de Sibila encontrou refúgio em um estreito
túmulo. O que é a cova, diante da grandeza espiritual?
Queira Deus que ao despir-se do corpo físico você, leitor, só leve
a lembrança das coisas boas que lhe aconteceram. Na casa, muito bonita, agora
faltava a sua dona, a sua proprietária, que a embelezava, que fazia as coisas
funcionarem. Sibila tinha vários empregados, era uma mulher muito rica.
— Agora vamos prestar auxílio a Sibila, disse-nos Enrico.
Confesso que estava louco para saber onde ela se encontrava.
Perplexo, constatei que voltávamos para a Estação do Adeus.
Olhei Pamela, mas ela estava orando. Busquei Plácido e ele perguntou:
— Tem tão pouco tempo assim o desencarne da nossa irmã?
Pois eu pensei que ela se encontrasse em algum dos nossos prontos-socorros.
Enrico não respondeu. Acho que ele julgava desnecessário um esclarecimento
sobre o fato. Caminhando à nossa frente, pediu permissão a Vilfredo, dirigente
da paz, o encarregado daquele lugar. Falei baixo para Pamela:
— O que quer dizer "da paz"?
— É que sem ela, irmão, não respiramos, morremos inertes, sem socorro,
a cada minuto — respondeu Vilfredo.
Dei aquele sorriso amarelo, sem graça, envergonhado, e quem me
afagou os braços? Pamela, a jovem de cabelos castanhos e olhos azuis, linda,
uma boneca. Fomos levados até Sibila e ela, desesperada, gritava, gritava,
julgando-se no hospital, sendo operada:
— Falta-me o ar, estou morrendo! Não posso morrer, sou tão jovem
ainda!... Meu Deus, se você existe, salve-me!
Na mesma hora, dizia:
— Não jogue fora as minhas bijuterias, as minhas roupas, eu as
quero! Não, não, não façam isso, são as minhas cartas! Quem deu o direito
a vocês de mexerem em meus pertences?
Os enfermeiros e os médicos tudo faziam para adormecê-la mas a
cada objeto que as filhas tocavam, Sibila sentia como alfinetadas em seu corpo
espiritual.
— Quanto apego às coisas materiais!... — exclamou Pamela
— Minha irmã, os pertences de outrem não são nossos.
— Mas, Enrico, ela "morreu".
— Sim, ela desencarnou, Luiz, entretanto o seu espírito está vivo,
consciente e lutando para compreender o que lhe aconteceu
— Coitada, a família não é espírita, por isso está dividindo tudo.
— Luiz Sérgio, não são só os outros, de outras religiões, que fazem
o que vemos. Muitos espíritas julgam que beneficiam aquele que se foi ao darem
os seus pertences.
-
Enrico, é certo ficar com tantos sapatos, quando existem muitos pés descalços?
-
Irmão, as lojas estão lotadas de pares de sapatos. Se um de nós adentrar suas
portas sem autorização do dono, pegar uns pares para dá-los aos pobres, a
justiça será implacável contra nós. O mesmo se dá com aquele que parte. O certo
é esperar um tempo, porque o recém-desencarnado receberá aulas sobre o desprendimento
e aí, junto aos seus familiares, distribuirá a quem precisa aquilo que deixou.
— Acho fantásticas essas escolas que elucidam sobre o desapego aos
bens terrenos. Soube, Enrico, por Tácita, que muitos, mesmo freqüentando as
aulas, relutam em dar alguns dos seus pertences. O apego é algo sério. Eu tinha
uma coisa que não gostava que ninguém pegasse, era só minha. E ficava uma fera
com o Cezinha quando ele a queria emprestada.
Logo após o meu desencarne eu queria que doassem tudo, como se
esse gesto aliviasse a saudade que me invadia.
Enrico acrescentou:
— Cada um reage de uma maneira, você é um espírito esforçado.
— Nem tanto... — falei, envergonhado.
Os outros dois riram. Acho que não estão acostumados com o meu
modo de ser. Mas eles chegam lá. A nossa Sibila estava muito perturbada; pude
perceber que era linda, uma jovem senhora de seus quarenta e três anos que me
parecia mais nova que os filhos, pois o Silvério já era careca e de aparência
bem acabadinha. Cheguei perto dela, quando dizia:
— Não pegue meu casaco que comprei na Áustria! Por favor, espere
eu sarar, eu viajo com seu pai e trago um igualzinho!
— Irmã, que Deus lhe dê a paz.
— Ô, doutor, não fale assim, vou pensar que estou morrendo. Tenho
pavor da morte!
Apertei sua mão, pedindo a Deus que ela encontrasse a paz.
Como um recém-desencarnado precisa de paz! Por isso os pregadores
religiosos, os padres, os pastores, enfim, todos dizem: descanse em paz. Verdade.
Feliz daquele que vive no mundo espiritual em paz com a sua consciência. Nisso,
os enfermeiros foram levando Sibila. Ela ainda me olhou com carinho, como se me
pedisse ajuda. Por que o homem, por mais poderoso que seja,
sente-se tão desesperado quando "morre"? É como se fosse para um país
estrangeiro, onde ele não se preparou para visitar; está com a roupa do corpo,
sem documentos e sem dinheiro. Por mais que procure um rosto conhecido, não o enxerga,
porque conforme o estado emocional do recém-chegado ele não tem condição de
sequer cumprimentar aqueles que o esperam, até acertar tudo. Acontece o mesmo
quando chegamos de viagem. Apresentamos passaporte nossas malas são revistadas pela
alfândega, enfim, primeiro vem a burocracia, depois é que vamos conhecer o
lugar visitado. Até chegar nesse ponto, haja coração!
Sibila estava sendo levada para um hospital.
— Vamos acompanhá-la, convidou-nos Enrico.
Foi o que fizemos. E lá, a nossa amiga sentiu-se mais aliviada Percebi
uma lágrima beijando o seu lindo rosto. Enxuguei-a com a minha mão, ela me
sorriu, falando:
— Agora é que percebi que "morri", ao ser tocada pela
sua mão.
— Não entendi, falei.
— Uma pessoa viva não tem a suavidade da sua mão.
— Mas eu sou vivo!...
— Desculpe, não compreendo bem essas coisas, mas agora lhe pergunto:
morri?
— Sim, você desencarnou. O espírito não morre, mas o seu corpo
físico não agüentou a operação e expulsou a sua alma.
— Meu Deus, como poderei viver aqui, longe da minha família?
— Mas você não vai ficar longe da sua família, ela está logo ali,
é só dar um passo, os dois mundos se entrelaçam só os encarnados é que não
percebem.
— E os outros, quem são?
— Este é Enrico, o jardineiro de Jesus, que presta assistência a quem
deixa o corpo físico na terra. Este é Plácido e esta é Pamela, nossos
companheiros. Eu sou Luiz Sérgio e todos nós prestamos auxílio a quem
necessita.
— Obrigada, eu irei precisar muito. Não acreditava nessas coisas,
era materialista. Não compreendo um Deus que mata, que se deixa ser torturado
em uma cruz, que faz nascer aleijados, cegos, mudos e defeituosos.
— A irmã está confundindo Jesus com Deus, mas não vou defender o
nosso Criador agora. No momento estamos preocupados é com o seu equilíbrio. Mas
um dia quero reencontrá-la e vou-lhe apresentar Deus, o nosso Pai amado. É
fácil ser materialista, é a chave do "tudo podemos". Ignorar o pobre
e a miséria, ganhar sempre, ser esperto, enfim, o materialista muitas vezes só pensa
nele.
— Tem razão, eu sempre pensei que havia sido uma das escolhidas
para ser rica, e por que iria dar assistência àqueles que nem mesmo Deus quis?
As religiões não têm respostas às perguntas inteligentes, todas elas só pregam
a fé, fazendo do religioso um fantoche. Ele ama a Deus porque O teme, serve a igreja
porque todos precisam de religião, assim dizem os religiosos.
— Irmã, o que era a morte para você?
— O fim. Julgava que, morto o corpo, tudo acabava.
— Nunca procurou saber por que algumas vidas são tão passageiras?
— Não, nem uma vez. A morte, para mim, sempre foi um tabu. Desde
que nasci, nunca me faltou nada, como ia pensar em "morte", tendo
tanta coisa para fazer?
— Ninguém da sua família jamais lhe falou em Deus?
— Minha mãe. Ela ajudava os padres e quando ia à Itália visitava o
Papa; eu também fui recebida por ele, mas o resto nunca me aguçou a
curiosidade. Volto a dizer: a minha vida era cheia de acontecimentos
inesquecíveis.
— A irmã nunca fez uma prece?
— Espere... Acho que sim. Quando, em uma viagem internacional, o
avião nos pareceu que ia cair, lembrei-me de pedir a Deus, mesmo não
acreditando n'Ele.
— Irmã, e agora, o que sente?
— Medo. Muito medo. E depois, sempre temia que com a minha morte
os meus filhos se apoderassem dos meus bens.
— Por quê? Eles não podem?
— Não é bem isso. Cada um
tem o que é seu. Todos eles têm casa, carro, jóias e boas roupas. Por que irão
querer o que é meu? Há pouco me pareceu que tudo o que me pertencia estava
sendo desarrumado e me senti tão mal!... Mas agora sinto-me mais tranqüila.
— E se, por acaso, seus filhos dessem todas as suas roupas e repartissem
os seus bens?
— Confesso que ficaria furiosa. Não quero que ninguém fique com
minhas roupas. A casa é grande, que guardem meus pertences em um dos quartos.
— E você ficará ao lado deles?
—Não sei como a liberdade funciona aqui, se podemos ir em casa
sempre.
Enrico interrompeu nosso diálogo, aconselhando-a:
—Irmã, descanse, amanhã será um dia difícil. Primeiro vai se recuperar,
depois será elucidada sobre as coisas do espírito.
Até lá, esqueça os que ficaram e busque a paz interior. É muito
bom, para o recém-desencarnado, limpar a sua casa mental.
— Aprendi alguma coisa sobre meditação. Quando fui à Índia,
procurei um iogue e com ele aprendi a respirar e a meditar.
- Seria muito bom para você, Sibila, começar logo a exercitar a
meditação. Gostaríamos que orasse, a prece é a mão de Deus em nós. Contudo
usaremos a ferramenta com a qual a irmã sabe trabalhar e, como gosta de
meditar, vamos iniciar um tratamento com a mente. Cada homem possui uma imensa responsabilidade
com a sua mente. Não lhe é conveniente pensar em coisas más. Ele tem de pensar
somente em coisas boas. A irmã, que tem conhecimento da meditação, tem por dever
usar o pensamento para o bem. Não é aconselhável pensar em tristeza, em
saudade, em perdas. A meditação vai levá-la à tranqüilidade de que tanto
precisa.
— Não sei se seria capaz de meditar, estou tão perturbada...
— Vamos então orar: Senhor, tem piedade do nosso espírito que,
faminto e desesperado, deixou a veste física em busca da beleza espiritual e
que jaz neste leito à espera de uma nova vida; que o nosso amanhã encontre as
flores sorridentes de orvalho e as heras brilhantes pelo sol; que o nosso
espírito, ainda peregrino, segure as mãos estendidas até nós, para nos levantarmos
com fé em Ti, Pai amado. Ajuda-nos Senhor!
Quando Enrico terminou a prece, Sibila ainda estava indiferente.
Durante a oração ela olhava tudo ao seu redor. A prece não lhe
havia tocado o coração. Jamais fizera uma prece em sua vida.
Não sei como pode alguém, nessa hora, ficar indiferente, olhando a
própria roupa ou o ambiente ao seu redor. Seria tão bom se tivesse ouvido a
prece de Enrico! Mas ela não encontrou Deus ainda. Por intermédio daquela irmã,
percebi o quanto o homem precisa buscar a Deus. Muitos se deitam e se levantam
sem se lembrar que Deus existe, mesmo sentindo a fragilidade do corpo físico,
pois quem não tem uma dor de cabeça ou uma dor de dente? Continuam julgando-se
donos da situação, não param para pensar o que está acontecendo nos hospitais e
em muitos lares. E, assim, caminhando na terra, longe do mundo espiritual, vão
amontoando iniqüidades e ficando cada vez mais sem coração, presos às coisas temporais.
Egoístas, avaros e vaidosos, fazem da sua vida uma vida sem amanhã. Para eles
só o hoje é importante.
Estávamos diante daquela bela mulher que em busca de mais beleza
encontrara o desencarne. Agora, no mundo espiritual, relutava em aceitar a
verdade. Seu olhar vagava em busca de algo que lhe desse a certeza de que não
morrera. Enquanto isso, a família se livrava de tudo o que considerava inútil.
O marido, fumando o seu cachimbo, pouca importância dava aos pertences da
mulher. Algumas vezes seus filhos riam ao se depararem com algum objeto que
eles achavam pavoroso.
Olhamos a carteira da nossa irmã: os seus pertences ainda lhe eram
importantes e o marido, cuidadoso, selecionava, junto ao atestado de óbito,
todos os documentos que seriam requisitados para o recebimento do seguro. Se
não fosse isso, até a carteira de identidade, tudo, iria para a lata do lixo.
Os cartões de crédito nada mais valiam, distantes da sua dona.
Fui saindo devagar, pensando: se todos fossem espíritas, mais
fáceis seriam os desencarnes. Não sabemos ainda por que o homem teima em
não aceitar algo tão verdadeiro. É só olhar ao seu redor e pensar o que estamos
fazendo aqui, para onde foram os nossos familiares que já desencarnaram, o porquê
do envelhecimento que sofremos. Nada me entristece mais do que presenciar
pessoas fugindo dos compromissos espirituais e ficando cada vez mais apegadas à
matéria, julgando que a vida física é eterna, sem dar uma educação religiosa
para os filhos, deixando de buscar no estudo as respostas de que necessitam.
Gostaria de gritar para que todos os surdos pela vaidade parassem por alguns
instantes e meditassem sobre a própria vida. Tenho certeza que pelo menos um
friozinho na barriga alguém iria sentir e talvez buscasse Deus no seu próximo,
deixando o materialismo de lado.
— Luiz, só é cego quem não deseja enxergar, os chamados estão aí —
obtemperou Enrico. Não só pela nossa voz, mas em todas as religiões sérias o
homem é convidado a reformular sua vida. Infeliz daquele que o emprego, a
família, os amigos tomam todo o seu tempo. Esse, quando desencarnar, ficará sempre
reclamando: por que o Senhor não me deixou no corpo físico? Tinha ainda
muito a fazer. Estava bem no meu emprego, tinha uma família bonita. O que vim
fazer aqui?
— E o que lhe será respondido? Perguntei.
— "A casa do pai é o Universo, a imensidade, o
infinito", esclareceu.
No dia em que o encarnado descobrir isso, buscará o caminho que
nos leva a Deus. Mas enquanto ele estiver apegado à sua própria vida, passará
pela terra e pouco proveito tirará dela. Terá uma vida comum, sem ajudar Deus
na construção do Seu reino no coração das criaturas. O homem apegado às coisas
temporais nega à família o acesso às coisas de Deus. Ele se lembra do Senhor
somente na hora das amarguras e mesmo nessa hora o Senhor vem em seu auxílio; Ele
nunca deixa de socorrer Seus filhos.
Estávamos novamente junto à família de Sibila que, infelizmente, continuava
a se desfazer dos seus pertences. Olhamos o quarto da nossa irmã em desalinho.
Pensei que iríamos ajudar aquela família tão apegada à matéria, mas Enrico nos convidou
a irmos embora.
Luiz Sérgio
NA HORA DO ADEUS
Psicografía: Irene Pacheco Machado
2a Edição • 1997
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