Parte II
A educação moral, formação de hábitos bons, é imprescindível para a reforma espiritual (ordem, aceitação de regras, honestidade, sinceridade, valorização do trabalho, etc.) e consiste no conjunto de hábitos adquiridos.
No "Livro dos Espíritos", Kardec refere que quando se pensa na massa de indivíduos sem princípios, sem freios e entregues aos próprios instintos, compreende-se as conseqüências desastrosas que resultam de suas ações. Quando ocorrer a educação moral, quando for praticada, o homem terá hábitos de ordem, de previdência para si e para com os outros, e de respeito por tudo. A desordem e a imprevidência são duas chagas que uma educação bem entendida pode curar.
Educação é um processo, que ocorre gradativamente (uma série de acontecimentos, uma somatória) de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano.
Não se pode omitir aqui o aspecto religioso. Sabendo ser nossos filhos, Espíritos imortais, necessitam dessa experiência humana para aperfeiçoar-se.
Os conhecimentos da imortalidade da alma, reencarnação, lei de causa e efeito, pluralidade dos mundos, etc., são elementos preciosos e vêm completar, reexplicar as lições de Jesus, trazendo conhecimentos que auxiliarão o homem a perceber que o ‘Reino de Deus’, será o desenvolvimento das qualidades que existem em si.
A criança deve ser incentivada a freqüentar a Evangelização. Os pais podem demonstrar interesse pelo conteúdo das aulas, conversando com a criança já na volta para casa, por exemplo: "Como foi o estudo hoje? Sobre o que conversaram? Você gostou? Por quê? Como poderemos usar tal proposta? Ou: Por que não usá-la?". Durante a semana, sem cobrar, ou reforçar com palavras, os pais devem ter atitudes coerentes com essa conversa.
Estar em contato com os Evangelizadores é outra excelente forma de participar, principalmente no caso de ser a criança mais fechada, não muito comunicativa.
Notando ainda, qualquer procedimento diferente, conversar com o Evangelizador. Montará ele, em discussão com o grupo, aula, atividades, situações em que aquela determinada situação será trazida à discussão.
Citamos o exemplo de determinado preconceito, surgido ou notado em uma classe e que, pela profundidade e abrangência, motivou toda uma Campanha estendendo esta para estudo em todos os trabalhos do Centro Espírita, abrindo-se em detalhes tão intensos e pessoais, que à primeira vista, ou sem essa sensibilização não teríamos percebido.
Relacionar os estudos, associando-os com diálogos, aos acontecimentos, programas de TV, filmes, livros infantis é outra excelente forma participativa. Sem ser impositiva, cobrativa ou "moralizadora" (no sentido de: ‘Viu? Não falei? Faça sempre assim. Não faça nunca assim.’) essa forma leva a criança a perceber a Vida como extensa oferta onde terá que fazer opções e ser responsável em cada escolha feita (responsável no sentido em que: 1- a escolha infringe o direito do outro; 2- as respostas serão proporcionais, imediatas ou não).
Todo aquele que trabalha com criança, sejam pais, educadores, avós, tios, etc., necessitam promover o desenvolvimento desses Espíritos. Esse desenvolvimento vai se dar através de um processo de aprendizagem ministrado principalmente através de exemplos de vida. O ditado popular ‘faça o que falo, mas não o que eu faço não funciona, não tem efeito, pois o modelo é fundamental para a aquisição do comportamento.
Os pais devem se preparar continuamente para a função de educadores. Como já colocado anteriormente, a participação, o estar junto é imprescindível. É preciso, porém, cuidado para que esses aspectos não sejam invasores do espaço necessário à própria criança. Sem isso, os pais podem, por excesso, imiscuir-se de tal modo, que a criança fica sem ação de decisão, uma vez que esperará que os pais lhe digam o que fazer.
A "Escola de Pais", nos Centros Espíritas, geralmente se constitui em excelente espaço onde essas e tantas outras necessidades são discutidas.
No processo de aprendizagem, recorde-se, é importante a presença e participação dos pais. O aprendizado da criança começa já no ventre da mãe, o que pressupõe a postura harmônica de ambos, pai e mãe.
A criança necessita ser preparada para ser responsável pelo seu próprio desenvolvimento. Deve participar ativamente da aprendizagem. Atingir a maturidade significa ser responsável (cumpridor dos deveres) e assumir os desafios da vida. Para isso a criança deverá assumir pequenas responsabilidades em casa desde pequena e ao mesmo tempo devemos ajudá-la e encorajá-la a vencer as dificuldades que surgem.
Ao educar uma criança os pais estão retomando seu próprio processo educativo. De maneira geral, esse processo tem ocorrido pela imposição do cumprimento de ordens e normas, e não através da reflexão, análise das condutas e dos sentimentos.
(Continua na próxima página)
Bibliografia:
- Kardec, A. O Livro dos Espíritos, perg. 685.
- Maldonado, M. T. Comunicação entre Pais e Filhos. São Paulo: Saraiva, 1994.
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