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domingo, 8 de março de 2009

71- O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

 ALLAN KARDEC

CAPÍTULO VIII: BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO

ITEM 1 A 4: DEIXAI VIR A MIM OS PEQUENINOS

“Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.” (Mateus, 5:8)

              ”Então lhe apresentaram uns meninos para que os tocasse; mas os discípulos ameaçavam os que lho apresentavam. O que, vendo Jesus, levou-o muito a mal, e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, e não os embaraceis, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhe assemelham. Em verdade vos digo que todo aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele. E abraçando-os e pondo as mãos sobre eles, os abençoava.” (Marcos, X: 13 a 16)

              O tratamento dos discípulos censurando os que apresentavam os meninos a Jesus evidencia que a criança era vista apenas como um ser em crescimento, sem necessidades espirituais e psicológicas, que não deveriam incomodar os adultos. As crianças judias deveriam aprender com suas mães, no lar, até poder ir ao Templo, os usos e costumes do seu povo e os preceitos religiosos, para tornar-se elemento útil à comunidade, conservando sua cultura indene aos costumes de outros povos, os gentios, que não faziam parte da família judaica.

              Jesus censura seus discípulos, acolhe os meninos com carinho, abençoa-os e os coloca como modelo de pureza de coração.

              Essa lição de Jesus pode parecer uma afirmação de que Rousseau estava certo quando afirmou que a criança nasce boa, mas é corrompida pela sociedade, contrariando os ensinos dos Espíritos, na doutrina espírita.

              O espiritismo explica muito bem que o Espírito da criança pode ser muito antigo, já viveu muitas existências, e se reencarna na Terra, é um espírito imperfeito, fazendo sua evolução intelectual e moral, com exceção apenas, dos grandes missionários.

              Como então, Jesus a tomou como paradigma da pureza de coração?

              No processo reencarnatório, sofre o espírito, no espaço, diversas operações, tais como perda dos elementos fluídicos do plano onde está, redução do períspirito, perda da memória consciente de quem é, das suas características, do seu passado, renascendo preparado para novas experiências e aprendizados.

              Durante certo período, suas faculdades permanecem como que em estado latente, a fim de que possa, de fato, ter um novo recomeço, uma nova oportunidade de reeducação, de reforma do seu caráter, de reprimir, para eliminar, suas más tendências, de continuidade do desenvolvimento das boas. (ver: O Livro dos Espíritos, questões sobre a infância e a adolescência: 379 a 385)

              Surge no plano material, essa criança, totalmente indefesa, frágil, necessitando de muitos cuidados, inspirando ternura e amor. Seu corpo em desenvolvimento e os cuidados que a cercam impedem a manifestação de tendências negativas. E ela é, realmente, a imagem da inocência, da pureza, da simplicidade.

              Se, ao renascer, a criança já demonstrasse seu caráter, dificilmente, poderia inspirar dedicação e amor.

              Por ser como é, dependendo, durante anos, dos cuidados dos pais ou responsáveis, apresenta um estado de pureza de coração, não guardando raiva ou rancor, quando contrariada, a não ser por curtos momentos. Reage aos bons cuidados com facilidade, amando aos que lhe são próximos.

              À medida que cresce, através do desenvolvimento dos seus órgãos físicos, das influências externas ao ambiente familiar, na escola, das outras crianças, e hoje, da televisão, do computador, ela começa a ser mais ela mesma com suas qualificações adquiridas anteriormente, boas ou más.

              Já não é tão flexível ao ambiente familiar, pois o campo das influências se ampliaram e ela passa a acolher as que mais combinam com sua maneira de ser, nem sempre conforme aprendeu nesta existência, mas, certamente, absorve as que combina com suas características.

              Por isso Kardec afirma que “Durante o tempo em que os seus instintos permanecem latentes, ela é mais dócil, por isso mesmo mais acessível às impressões que podem modificar a sua natureza e fazê-la progredir, o que facilita a tarefa dos pais.”

              Assim, quando Jesus apresentou os meninos como símbolo de pureza e simplicidade, apesar de já terem vivido, anteriormente, muitas existências, destacou a fase infantil, quando a criança se apresenta com “a roupagem da inocência” .

“A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho. Eis por que Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como já a tomara por símbolo de humildade.” (estudo nº 65)

              Nos seus primeiros anos, a criança tem as melhores oportunidades de adquirir bons hábitos, continuar desenvolvendo os já iniciados em existências anteriores, preparando-se melhor para que, durante e no final de sua adolescência, saiba fazer escolhas adequadas ao seu progresso espiritual, não se perdendo em atalhos ilusórios, com conseqüências desagradáveis e dolorosas.

              Percebemos, com o espiritismo, o quanto é benéfico para a criança, nesses primeiros anos, um ambiente de amor, de carinho, da disciplina amorosa para reforçar os hábitos bons que traz, estimular novos, saudáveis e úteis a ela e aos demais!

              “Deixai vir a mim os pequeninos”, apelo de Jesus aos seus discípulos, continua ecoando junto nas mentes e nos corações dos pais, professores e adultos, que convivem com as crianças, a fim de que elas possam receber seus ensinos de amor e seus exemplos de vivência desse amor.

               Levemos nossas crianças a Jesus, desde pequenas, através do nosso amor a elas e a Jesus.

 

Leda de Almeida Rezende Ebner

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