A ALMA É IMORTAL
Obra de Gabriel Delanne, traduzida por Guillon Ribeiro. FEB, 6a edição.
1a Reunião
Objeto do estudo:
Introdução e Capítulos I e II da 1a Parte.
Questões
para debate
A. De que modo os
espíritas descobriram a existência do perispírito? (Pág. 14 do livro; item 2 do texto de consulta.)
B. Onde se encontram
arquivadas as leis organogênicas pelas quais o corpo físico se forma e se
mantém enquanto vivo? (Pág. 16 do livro;
item 5 do texto de consulta.)
C. Sob que forma o
corpo espiritual se apresenta nos seres desencarnados? (Pág. 18 do livro; item 7 do texto de consulta.)
D. Como as idéias sobre
a alma e sua imortalidade eram ensinadas no Egito antigo e na China milenária
dos tempos de Confúcio? (Págs. 22 a 24 do
livro; itens 11 a 15 do texto de consulta.)
E. Qual era a visão
predominante dos filósofos gregos acerca dos Espíritos e sua influência sobre
os homens? (Págs. 26 e 27 do livro; itens
20 e 21 do texto de consulta.)
F. Que idéias
apresentaram os primeiros cristãos a respeito do corpo espiritual? (Pág. 29 do livro; itens 22 e 23 do texto de
consulta.)
G. A existência do
perispírito é, segundo Delanne, uma teoria filosófica ou um fato científico? (Págs. 33 a 38 do livro; itens 25 e 26 do
texto de consulta.)
H. Qual foi a
contribuição do magnetismo à investigação dos fenômenos estudados pelo
Espiritismo? (Págs. 40 e 41 do livro;
itens 27 e 28 do texto de consulta.)
Texto para consulta
1. A ciência espírita
prova que a alma não é uma entidade ideal, uma substância imaterial sem
extensão, mas sim que é provida de um corpo sutil, onde se registram os
fenômenos da vida mental e a que foi dado o nome de perispírito. O “eu”
pensante é inteiramente distinto do seu envoltório, mas Espírito e perispírito
são inseparáveis um do outro. (Pág. 12)
2. Foi pela observação
que os espíritas descobriram a existência do perispírito. Aliás, os
magnetizadores já haviam chegado à mesma conclusão, valendo-se de outros
métodos. Assim é que, segundo Billot, Deleuze e Cahagnet, a alma conserva, após
a morte, uma forma corporal que a identifica, observação confirmada pelos
médiuns videntes. (Pág. 14)
3. As narrativas dos
sonâmbulos e dos videntes têm grande valor, mas não nos dão uma prova material.
Eis por que os espíritas fizeram todos os esforços por obter a prova inatacável
e o conseguiram: as fotografias de Espíritos desencarnados, as impressões por
estes deixadas em substâncias moles ou friáveis, e as moldagens de formas
perispirituais. (Pág. 14)
4. Esse caminho foi
aberto pelos fenômenos de desdobramento do ser humano, denominados por vezes de
bicorporeidade Há no momento mais de dois mil fatos, bem verificados de
aparições de vivos, mas os pesquisadores não se limitaram a observá-los e
chegaram a reproduzi-los experimentalmente. (Pág.
15)
5. Descobriu-se, por
fim, que o organismo fluídico contém todas as leis organogênicas pelas quais o
corpo se forma, o que explica como a forma típica de um indivíduo pode
manter-se durante a vida toda, sem embargo da renovação incessante de todas as
partes do corpo material. (Pág. 16)
6. A natureza íntima da
alma ainda nos é desconhecida. Quando dizemos que ela é imaterial, devemos entender essa expressão em sentido relativo e
não absoluto, porquanto a imaterialidade completa seria o nada. Ora, a alma ou
o espírito é alguma coisa que pensa, sente e quer. Assim, quando a qualificamos
de imaterial, queremos dizer que sua
essência difere tanto do que conhecemos fisicamente, que nenhuma analogia
guarda ela com a matéria. (Pág. 17)
7. O corpo espiritual
reproduz, quase sempre, o tipo que o Espírito apresentava na sua última
encarnação e é provavelmente a essa semelhança que se devem as primeiras noções
acerca da imortalidade. (Pág. 18)
8. Em todas as partes
do globo, mesmo entre os indígenas, a sobrevivência do ser pensante é unanimemente
afirmada. Remontando aos mais antigos testemunhos que possuímos - isto é, aos
hinos do Rigveda - vemos que os
homens que viviam nas faldas do Himalaia, no Sapta Sindhu, tinham intuições
claras sobre o além da morte. (Pág. 19)
9. As modernas experiências
sobre os Espíritos que se deixam fotografar ou se materializam mostram que o
perispírito é uma realidade física, tão inegável como o corpo material. Ora,
era essa a crença dos antigos habitantes da margem do Nilo e constitui fato
digno de nota que, no alvorecer de todas as civilizações, topemos com crenças
fundamentalmente semelhantes. (N.R. Esta obra surgiu logo após A Evolução Anímica, que é de 1895.) (Pág. 21)
10. No Egito, antes
mesmo das primeiras dinastias históricas, surgiu a idéia de que somente “uma
parte do homem” ia viver segunda vida. Não era uma alma, era um corpo,
diferente do primeiro, mas proveniente deste, embora mais leve, menos material.
Esse corpo, quase invisível, saído do primeiro corpo mumificado, estava sujeito
também a todos os reclamos da existência: era preciso alojá-lo, nutri-lo,
vesti-lo. Sua forma, no outro mundo, reproduzia - pela semelhança - o primeiro
corpo. É o ka, o duplo, ao qual, no
antigo Império - 5004 a 3064 a.C. -, se prestava o culto aos mortos. (Pág. 22)
11. Pelos fins da 18a
dinastia - 3064 a 1703 a.C. - os sacerdotes conceberam um sistema em que
coubessem essa e outras hipóteses formuladas sobre esse tema. A pessoa humana
foi tida, então, como composta de quatro partes: o corpo material, o duplo (ka), a substância inteligente (khou) e a essência luminosa (ba ou baí). Essas quatro partes reduziam-se, no entanto, a duas, visto
que o duplo (ka) era parte integrante
do corpo material durante a vida, e a essência luminosa (ba) se achava contida na substância inteligente (khou). A imortalidade da alma
substituía, assim, a imortalidade do corpo, que fora a primeira concepção
egípcia. (Págs. 22 e 23)
12. Na China, o culto
dos Espíritos se impôs desde a mais remota Antigüidade. Confúcio respeitou
essas crenças e, certo dia, entre os que o cercavam, admirou umas máximas -
escritas 1.500 anos antes - sobre uma
estátua de ouro, no Templo da Luz, sendo uma delas a seguinte: “Falando ou agindo, não penses, embora te
aches só, que não és visto, nem ouvido: os Espíritos são testemunhas de tudo”.
(Pág. 23)
13. Na China de então
se acreditava que os céus eram povoados, como a Terra, não apenas pelos gênios,
mas também pelas almas dos homens que neste mundo viveram. A par do culto dos
Espíritos, estava o dos antepassados, que tinha por objeto, além de conservar a
lembrança dos avós e de os honrar, atrair a atenção deles para os seus
descendentes, que lhes pediam conselhos em todas as circunstâncias importantes
da vida. (Pág. 23)
14. A natureza da alma
era bem conhecida dos chineses. Confúcio atribuía aos Espíritos um envoltório
semimaterial, um corpo aeriforme. Quando o budismo penetrou na China,
assimilou-lhe as antigas crenças e continuou as relações estabelecidas com os
mortos. (Pág. 24)
15. O Sr. Estanislau
Julien narra assim a aparição do Buda, devida a uma prece feita por
Hiuen-Thsang, que viveu por volta do ano 650 d.C.: “Tomado de alegria e de dor, recomeçou ele as suas saudações reverentes
e viu brilhar e apagar-se qual relâmpago uma luz do tamanho de uma salva.
Então, num transporte de júbilo e amor, jurou que não deixaria aquele sítio sem
ter visto a sombra augusta do Buda. Continuou a prestar-lhe suas homenagens e,
ao cabo de duzentas saudações, teve de súbito inundada de luz toda a gruta e o
Buda, em deslumbrante brancura, apareceu, desenhando-se-lhe majestosamente a
figura sobre a muralha”. “Ofuscante fulgor iluminava os contornos da sua face
divina.” (Pág. 24)
16. Essa aparição,
comenta Delanne, lembra a transfiguração de Jesus, quando se mostraram Moisés e
Elias. Os Espíritos superiores têm um corpo de esplendor incomparável, visto
que sua substância fluídica é mais luminosa do que as mais rápidas vibrações do
éter. (Pág. 25)
17. No antigo Irã - a
Pérsia - deparamos com uma concepção especial acerca da alma. Zoroastro pode
reivindicar a paternidade da invenção do que é hoje chamado o “eu” superior, a
consciência subliminal e, ainda, a paternidade da teoria dos anjos guardiães. (Pág. 25)
18. Segundo o grande
legislador, abaixo do Ser Incriado, eterno, existem duas emanações opostas:
Ormuzd e Arimã. O primeiro tem o encargo de criar e conservar o mundo. Arimã
procura combatê-lo e destruir o mundo, se puder. Dois gênios celestes, emanados
do Criador, ajudam Ormuzd no trabalho da criação, além de uma série de
Espíritos, de gênios, de ferúers, pelos quais pode o homem crer
que tem em si algo de divino. O ferúer é,
ao mesmo tempo, inspirador e um vigia e sua missão é combater os maus gênios
produzidos por Arimã. (Pág. 25)
19. Na Judéia, ao tempo
de Moisés, os hebreus desconheciam inteiramente qualquer idéia de alma. Foi
preciso o cativeiro de Babilônia para que esse povo bebesse, entre os seus
vencedores, a idéia da imortalidade e da verdadeira composição do homem. Os
cabalistas, intérpretes do esoterismo judeu, chamam nephesh ao corpo fluídico da alma. (Pág. 26)
20. Os gregos, desde a
mais alta Antigüidade, estiveram na posse da verdade sobre o mundo espiritual.
Em Homero, é freqüente os moribundos profetizarem e a alma de Pátroclo vem
visitar Aquiles na sua tenda. Segundo a maioria dos filósofos gregos, cada
homem tem por guia um daimon
particular, que lhe personifica a individualidade moral. A generalidade dos
humanos era guiada por Espíritos vulgares; os doutos mereciam visitados por
Espíritos superiores. (Págs. 26 e 27)
21. Tales de Mileto,
que viveu seis séculos e meio antes da era cristã, ensinava que o Universo era
povoado de daimons e de gênios,
testemunhas secretas das nossas ações, mesmo dos nossos pensamentos, além de
nossos guias espirituais. Sócrates e Platão, como achassem excessivamente
grande a distância entre Deus e o homem, enchiam-na de Espíritos,
considerando-os gênios tutelares dos povos e dos indivíduos e os inspiradores
dos oráculos. (Pág. 27)
22. Entre os primeiros
cristãos é conhecida a descrição que Paulo de Tarso faz do corpo espiritual,
imponderável e incorruptível. Orígenes, em seus Comentários sobre o Novo Testamento, afirma que esse corpo, dotado
de uma virtude plástica, acompanha a alma em todas as suas existências e em
todas as suas peregrinações, para penetrar e enformar os corpos mais ou menos
grosseiros que ela reveste. (Pág. 29)
23. Orígenes e os Pais
alexandrinos propunham a si mesmos a questão de saber qual o corpo que
ressuscitaria no juízo final e resolveram-na, atribuindo a ressurreição apenas
ao corpo espiritual, como o fizeram Paulo e mais tarde o próprio Santo
Agostinho, figurando como incorruptíveis, finos, tênues e ágeis os corpos dos
eleitos. (Pág. 29)
24. A escola
neoplatônica de Alexandria foi notável de mais de um ponto de vista. As vidas
sucessivas e o perispírito faziam parte do seu ensino e Plotino afirma
claramente a reencarnação, como meio de progresso do espírito. (Págs. 31 e 32)
25. Após referir, de
modo ligeiro, o que Dante, Milton e Leibnitz disseram sobre o corpo fluídico da
alma, Delanne transcreve parte das idéias que Charles Bonnet inseriu em seu
livro Ensaio analítico. Segundo
Bonnet, uma vez que o homem é chamado a habitar sucessivamente dois mundos
diferentes, sua constituição originária tem de conter coisas relativas a esses
dois mundos. “O corpo animal - diz
Bonnet - tinha que estar em relação
direta com o primeiro mundo, o corpo espiritual com o segundo.” (Págs. 33 a 35)
26. Comentando o
assunto, Delanne diz que no organismo humano existe o corpo destinado a uma vida
superior e é graças a ele que podemos conservar o tesouro das nossas aquisições
intelectuais. “Mais adiante -
acrescenta ele - comprovaremos que o
perispírito é uma realidade física tão certa quanto a do organismo material:
ele é visto, tocado, fotografado. Numa palavra: o que não passava de teoria
filosófica, grandiosa e consoladora, mas sempre negável, é exato, tornou-se um
fato científico, que oferece àqueles remígios do espírito a consagração
inatacável da experiência.” (Pág. 38)
27. Não são novos os
fenômenos estudados pelo Espiritismo. Eles produziram-se em todos os tempos e
sempre houve casas mal-assombradas e aparições. O magnetismo foi, contudo, o
primeiro a fornecer os meios de penetrar-se no domínio inacessível do amanhã da
morte. (Pág. 40)
28. O sonambulismo,
descoberto por de Puységur, constituiu o instrumento de investigação do mundo
novo que se apresentava. Submetidos a esse estado nervoso, puderam os
sonâmbulos pôr-se em comunicação com as almas desencarnadas e descrevê-las
minuciosamente. (Pág. 41)
29. Segundo a biografia
que o dr. Kerner escreveu sobre a Sra. Hauffe, mais conhecida sob a designação
de A vidente de Prévorst, ela não
precisava adormecer para ver os Espíritos. Quando a interrogavam, a vidente
dizia ter sempre junto de si um anjo ou daimon
que a advertia dos perigos a serem evitados por ela e por outras pessoas. Era o
Espírito de sua avó, Schmidt Gall. (Pág.
41)
30. A avó
apresentava-se revestida, como todos os Espíritos femininos que lhe apareciam,
de uma túnica branca com cinto e um grande véu igualmente branco. “As almas - dizia ela - não produzem sombra. Têm forma acinzentada.
Suas vestes são as que usavam na Terra, mas também acinzentadas, quais elas
próprias. As melhores trazem apenas grandes túnicas brancas e parecem voejar,
enquanto as más caminham penosamente. São brilhantes os seus olhos. Elas podem,
além de falar, produzir sons, tais como suspiros, ruge-ruge de seda ou papel,
pancadas nas paredes e nos móveis, ruídos de areia, de seixos, ou de sapatos a
roçar o solo. São também capazes de mover os mais pesados objetos e de abrir e
fechar as portas.” (Pág. 41)
2a Reunião
Objeto do estudo:
Capítulos II e III da 1a Parte.
Questões
para debate
A. Além de admitir a
existência dos Espíritos, que fenômenos espíritas descreve G. Billot, doutor em
medicina, em obra publicada em 1839, muito antes do advento do Espiritismo? (Págs. 43 a 48 do livro; itens 31 a 35 do
texto de consulta.)
B. Que informações
podemos encontrar na obra Fisiologia do
Magnetismo, de Chardel, a respeito do passe e do êxtase? (Págs. 49 e 50 do livro; itens 36 a 38 do
texto de consulta.)
C. Por que razão os
sonâmbulos são dotados da faculdade de ver os Espíritos? (Págs. 50 a 52 do livro; itens 39 a 43 do texto de consulta.)
D. Qual foi a
contribuição de Cahagnet, autor de Os
Arcanos da vida futura desvendados, à comprovação dos fatos espíritas? (Págs.
53 e 54 do livro; itens 44 e 45 do texto de consulta.)
E. O Espírito pode
reproduzir, quando desencarnado, a forma que tinha na Terra, de maneira a ser
reconhecido? (Págs. 56 a 58 do livro;
itens 46 a 48 do texto de consulta.)
F. Como os Espíritos
obtêm as vestes por eles usadas no plano espiritual? (Págs. 58 a 60 do livro; itens 49 e 50 do texto de consulta.)
G. Em que consistem os
chamados médiuns videntes? (Págs. 61 a 63
do livro; itens 51 a 54 do texto de consulta.)
H. Qual é, segundo
Delanne, a natureza do envoltório perispirítico? (Págs. 65 a 67 do livro; itens 56 a 58 do texto de consulta.)
Texto para consulta
31. Na correspondência
que manteve com Deleuze, o doutor Billot afirma sua crença na existência dos
Espíritos e admite que os guias espirituais podem atuar sobre o corpo dos
pacientes, pois foi, certa vez, testemunha de uma sangria que por si mesmo
cessou, logo que o sangue saiu em quantidade suficiente, sem que houvesse
necessidade de fazer-se qualquer ligadura. (Págs.
43 e 44)
32. Nessa
correspondência, Deleuze revela, a princípio, dificuldade em aceitar as
ponderações do dr. Billot, mas, por fim, admite também ter podido observar
pacientes que se achavam em comunicação com as almas dos mortos. (Pág. 45)
33. O magnetismo,
segundo ele, demonstra a espiritualidade da alma e sua imortalidade, e prova a
possibilidade da comunicação das Inteligências separadas da matéria com as que
lhe estão ainda ligadas. Relata Deleuze: “Uma
moça sonâmbula, que perdera o pai, por duas vezes o viu muito distintamente.
Viera dar-lhe conselhos importantes. Depois de lhe elogiar o proceder,
anunciou-lhe que um partido se lhe ia apresentar; que esse partido pareceria convir
e que o rapaz não lhe desagradaria; mas, que ela não seria feliz desposando-o,
e, portanto, o recusasse. Acrescentou que, se ela não aceitasse esse partido,
outro logo depois apareceria, devendo achar-se tudo concluído antes do fim do
ano”. Os fatos ocorreram tal como foram preditos pelo pai da jovem
sonâmbula. (Pág. 45)
34. A fim de levar seu
amigo a uma crença completa, o dr. Billot narrou-lhe alguns fenômenos de
trazimento de objetos de que fora testemunha. Num deles, ocorrido a 17 de
outubro de 1820, diz o dr. Billot que fora trazida à sessão uma planta - um
arbúsculo com flores labiadas e em espigas - a exalar delicioso perfume. Antes
que o transporte se desse, a sonâmbula informou ter visto uma donzela
apresentando-lhe aquela planta, que, segundo ela, seria útil no tratamento de
uma senhora com amaurose presente à sessão. (Págs.
46 e 47)
35. Por esse testemunho
se vê que os fenômenos de trazimento já eram conhecidos nos começos do século
XIX, o que demonstra mais uma vez a continuidade das manifestações espíritas
que constantemente se têm realizado, mas que o público rejeitava como
diabólicas, ou considerava apócrifas. O dr. Billot mostra ainda, em sua
correspondência, que não lhe era estranho o conhecimento da tiptologia. (Pág. 48)
36. Conta Chardel,
autor da obra Fisiologia do Magnetismo, que
a sonâmbula Lefrey explicou-lhe certa vez, após lhe ditar algumas prescrições
terapêuticas, que lhe era possível ver muito bem o que saía do corpo do
magnetizador quando este a magnetizava. “A
cada passe que o senhor me dá - disse-lhe a sonâmbula -, vejo sair-lhe das extremidades dos dedos
como que pequenas colunas de uma poeira ígnea, que se vem incorporar em mim e,
quando o senhor me isola, fico por assim dizer envolta numa atmosfera ardente,
formada dessa mesma poeira ígnea.” (Pág. 49)
37. Na seqüência, a
sonâmbula informou ser-lhe possível ouvir - sempre que quisesse - ruídos
produzidos ao longe e sons emitidos a cem léguas dali. Eis o que textualmente
ela disse: “não preciso que as coisas
venham a mim; posso ir ter com elas, onde quer que estejam, e apreciá-las com
muito maior exatidão, do que o poderia qualquer outra pessoa que não se
encontre em estado análogo ao meu”. (Pág. 49)
38. Refere ainda
Chardel que uma outra sonâmbula costumava ter, à noite, uma espécie de êxtase,
que explicava assim: “Entro, então, num
estado semelhante ao em que o magnetizador me põe e, dilatando-se o meu corpo
pouco a pouco, vejo-o muito distintamente longe de mim, imóvel e frio, como se
estivesse morto. Quanto a mim, assemelho-me a um vapor luminoso e sinto-me a
pensar separada do meu corpo. Nesse estado, compreendo e vejo muito mais coisas
do que no sonambulismo, quando a faculdade de pensar se exerce sem que eu
esteja separada dos meus órgãos. Mas, escoados alguns minutos, um quarto de
hora, no máximo, o vapor luminoso de minha alma se aproxima cada vez mais do
meu corpo, perco os sentidos, cessa o êxtase”. (Págs. 49 e 50)
39. Delanne argumenta
que, se as almas desencarnadas podem comunicar-se entre si, claro é que poderão
manifestar-se aos sonâmbulos, quando estes se acharem mergulhados no sono
magnético, ocasião em que - desprendido em parte do laço fisiológico - a alma
se encontra num estado quase idêntico ao em que um dia se achará
permanentemente. (Págs. 50 e 51)
40. Os magnetizadores -
esclarece Delanne - se viram, em sua maioria, obrigados a reconhecer tal fato,
como admite o dr. Bertrand, autor de Tratado
de Sonambulismo, o qual, falando de uma sonâmbula muito lúcida, disse que a
sonâmbula se exprimia sempre como se um ser distinto, separado dela, lhe
houvesse transmitido as noções extraordinárias que ela manifestava no estado
sonambúlico. (Pág. 51)
41. Atesta o dr.
Bertrand, em sua obra referida: “Verifiquei
o mesmo fenômeno na maior parte dos sonâmbulos que tenho observado. O caso mais
vulgar é o em que ao sonâmbulo parece que os acontecimentos que ele anuncia lhe
são revelados por uma voz”. (Pág. 51)
42. O barão du Potet,
por longo tempo incrédulo, foi também constrangido a confessar a verdade. Diz
ele ter encontrado de novo, no magnetismo, a espiritologia antiga e afirma que
se pode entrar em contato com os Espíritos desprendidos da matéria, ao ponto de
obter-se deles aquilo de que tenhamos necessidade. (Pág. 51)
43. Delanne adverte,
contudo, que devemos preservar-nos com cuidado de dar crédito às afirmações dos
sonâmbulos, salvo quando assentem em provas absolutas, do gênero das que foram
aqui reproduzidas, apresentadas pelo dr. Billot. É que, na maior parte das
vezes, os pacientes são sugestionados pelo experimentador e por sua própria
imaginação. Carece, pois, de valor positivo a visão de um Espírito, se não
existe certeza absoluta de que não se trata de uma auto-sugestão do sonâmbulo
ou de uma transmissão de pensamento do operador. (Pág. 52)
44. Com Cahagnet, autor
de Os Arcanos da vida futura desvendados,
não há dúvida: Espíritos que viveram entre nós se mostram, conversam,
movem-se e afirmam categoricamente que a morte não os atingiu. Evidentemente,
quando seu livro surgiu, tudo o que a ignorância, o fanatismo e a tolice
fizeram posteriormente contra a doutrina espírita foi então despejado sobre o
pobre magnetizador. (Pág. 53)
45. Cahagnet era,
porém, um lutador soberbo que, combatendo vigorosamente seus contraditores,
reduziu-os ao silêncio. O ponto culminante de sua obra - que contém as
descrições de experiências realizadas com oito extáticos que possuíam a
faculdade de ver os desencarnados - foi atingido com um deles: Adélia Maginot,
com quem obteve longa série de evocações. Há na obra mais de 150 atas firmadas
por testemunhas que declararam haver reconhecido os Espíritos descritos pela
sonâmbula. (Pág. 54)
46. Após reproduzir um
dos casos tratados por Cahagnet, Delanne esclarece que ninguém jamais contestou
a boa-fé do grande magnetizador, mas, reconhecendo-o homem honesto, seus
contemporâneos pretenderam que aqueles fenômenos podiam explicar-se todos por
uma transmissão de pensamento, entre o consultante e o paciente, uma objeção
sem nenhum valor, porque vai contra as circunstâncias dos fatos. (Pág. 56)
47. O caso testemunhado
pelo padre Almignana, que pediu a Adélia evocasse a irmã de sua criada, de nome
Antonieta Carré, morta alguns anos antes, é expressivo e concludente no sentido
de que a suposta transmissão de pensamento não explica todos os fenômenos. (Págs. 56 a 58)
48. As narrativas
contidas na obra de Cahagnet constituem documentos preciosos, porque se acham
autenticados, e mostram que o Espírito conserva ou pode retomar no espaço a
forma que tinha na Terra, reproduzindo-a com extraordinária fidelidade, de
maneira a ser reconhecido, mesmo por estranhos. (Pág. 58)
49. Uma questão
importante, discutida à época de Cahagnet, foram as roupas pelos Espíritos
vistos pelos sonâmbulos. O barão du Potet ridicularizou o que Cahagnet havia
dito, no primeiro volume de sua obra, a respeito das vestes espirituais. Ele e
outros negavam-se a admitir que os Espíritos usem vestes terrenas. (Págs. 58 e 59)
50. Delanne transcreve
as palavras com que Cahagnet rebateu tais críticas, e diz que, na verdade, o
Espírito cria, voluntariamente ou não, a sua vestidura fluídica, como mais
tarde se verá neste livro. O importante, porém, para Delanne é o fato de que,
graças ao sonambulismo, o homem se acha na posse de um meio de ver os Espíritos
e certificar que eles se apresentam com uma forma corpórea que reproduz
fielmente o corpo físico que tinham na Terra. (Pág. 60)
51. Da mesma forma que
alguns sonâmbulos, mergulhados em sono magnético, podem ver os Espíritos e
descrevê-los fielmente, há pessoas que possuem essa faculdade no estado de
vigília: os chamados médiuns videntes. (Pág.
61)
52. Vê-se, assim, que a
vista é uma faculdade do Espírito e pode exercer-se sem o concurso do corpo,
tanto que os sonâmbulos vêem a distância, com os olhos fechados. Quando esses
fenômenos se produzem, tem-se a comprovação da existência de um sentido novo,
que se pode designar pelo nome de sentido
espiritual. (Pág. 62)
53. O sonambulismo e a
mediunidade são graus diversos da atividade desse sentido, que é, como os
demais, mais ou menos desenvolvido, mais ou menos sutil, conforme os
indivíduos. Todos, porém, o possuem e é por meio dele que percebemos os
eflúvios fluídicos dos Espíritos e que nos inspiramos com os seus pensamentos. (Pág. 62)
54. A vista espiritual,
vulgarmente chamada dupla vista ou segunda vista, lucidez, clarividência, ou, enfim, telestesia e agora criptestesia, é um fenômeno menos raro do que geralmente se imagina. Muitas pessoas são dotadas
dessa faculdade, sem disso suspeitarem. (Pág.
63)
55. Após transcrever um
texto escrito por Kardec, publicado na Revista
Espírita de junho de 1867, Delanne diz que havia quinze anos que vinha
estudando a mediunidade vidente, que nem sempre se manifesta com o cunho de
constância que se nota em algumas narrativas. As mais das vezes, ela é
fugitiva, temporária, mas, ainda assim, faculta-nos a certeza de que a crença
na imortalidade não é vã ilusão e sim uma realidade grandiosa, consoladora e
demonstrada. (Pág. 64)
56. O envoltório sutil
da alma foi objeto de perseverantes estudos da parte de Kardec. Em seus
colóquios com os Espíritos ele pôde conhecer o corpo fluídico e compreender o
papel e a utilidade desse corpo. Quem deseje conhecer a gênese dessa descoberta
- assevera Delanne - deve ler a Revista
Espírita, do período de 1858 a 1869. (Pág.
65)
57. Num dos números da Revista Espírita - em 1861 - o doutor
Glas, evocado por Kardec, esclarece que os fluidos que compõem o perispírito
são muito etéreos, não suficientemente materiais para nós, os encarnados.
Contudo, pela prece, pela vontade, pela fé, podem tornar-se mais ponderáveis,
mais materiais e sensíveis ao tato, que é o que se dá nas manifestações
físicas. (Pág. 66)
58. Comentando a
informação, Delanne observa que todos os Espíritos têm dito que o envoltório
perispirítico é, para eles, tão real, quanto o corpo físico o é para nós.
Tem-se, portanto, aí um ponto firmado pelo testemunho unânime de todos os que
hão sido interrogados, o que explica e confirma as visões dos sonâmbulos e dos
médiuns. (Pág. 67)
59. Desde o começo das
manifestações espíritas, organizaram-se grupos de estudo em quase todas as
cidades da França. Os resultados obtidos com suas pesquisas se registravam
quase sempre em atas, cujas súmulas eram enviadas à imprensa. A doutrina
espírita, portanto, não foi imaginada; constituiu-se lentamente, e a obra de
Kardec, resumindo essa imensa investigação, mais não é do que a compilação
lógica de tão vasta documentação. (Pág.
67)
60. Num desses relatos,
conforme publicado em 1864 pelo jornal O
Salvador dos Povos, de Bordéus, vê-se que um sonâmbulo presente à sessão
descreve os Espíritos ali presentes, inclusive o de um padre que ali estava
para manifestar-se. Em seguida, o médium escrevente recebe uma comunicação do
padre C... A visão sonambúlica confirmou, nesse caso, a autenticidade do agente
que fazia o médium escrever, demonstrando o nenhum valor da teoria que diz que
as comunicações procedem sempre do inconsciente de quem escreve. (Pág. 69)
3a Reunião
Objeto do estudo:
Capítulos III e IV da 1a Parte.
Questões
para debate
A. Que fato relacionado
com o fenômeno das mesas girantes, ocorrido em Fossano, foi relatado pelo
professor Morgari na Sociedade Espírita de Turim? (Págs. 70 e 71 do livro; itens 61 e 62 do texto de consulta.)
B. Que manifestações
registradas pelo dr. Moroni comprovam que as comunicações espíritas não
decorrem de uma simples exteriorização do médium, mas da ação de um Espírito a
ele estranho? (Págs. 71 a 74 do livro;
itens 63 a 68 do texto de consulta.)
C. Três experiências
mediúnicas realizadas com a participação do médium Sauvage são descritas no
livro. Quais são elas? (Págs. 76 a 78 do
livro; itens 69 a 71 do texto de consulta.)
D. Que pormenores
revelaram os sonhos tidos pela Sra. Fleurot com Blaise Pascal e que é que esse fato revela? (Págs. 80 a 82 do livro;
itens 72 a 75 do texto de consulta.)
E. Episódio semelhante
ao de Blaise Pascal ocorreu com o poeta Vergílio. Como, neste caso, a vidente
teve certeza de sua vidência? (Págs. 82 e
83 do livro; itens 76 a 78 do texto de consulta.)
F. Que é que levou à
fundação na Inglaterra da Sociedade de Pesquisas Psíquicas e quais foram seus
primeiros resultados? (Págs. 87 e 88 do
livro; itens 80 a 82 do texto de consulta.)
G. Que provas acerca da
objetividade das aparições são mencionadas pelo cientista Alfred Russel Wallace
em seu livro Os milagres do moderno espiritualismo? (Págs. 88 e 89 do
livro; itens 83 e 84 do texto de consulta.)
H. Dois casos de
aparições espontâneas envolvendo a Sra. Reddell e o grande poeta Goethe são
mencionados por Delanne. Como tais fatos se deram? (Págs. 91 a 96 do livro; itens 86 a 90 do texto de consulta.)
Texto para consulta
61. A 20 de outubro de
1863, na Sociedade de Estudos Espíritas de Turim, o professor Morgari relatou
um fato muito interessante ocorrido em Fossano, quando o Espírito de determinada
mulher dirigiu tocantes palavras ao professor P..., seu marido. Depois de
falar-lhe, a pranteada esposa manifestou o desejo de ver os filhinhos do casal,
que dormiam, naquele momento, em aposentos contíguos. A mesa passou então a
mover-se com grande rapidez e penetrou no aposento mais próximo, onde uma das
crianças, menina de três anos, dormia profundamente. Acercando-se de seu berço,
a mesa se ergueu e se inclinou, no ar, para a criancinha que, sempre a dormir,
lhe estendeu os braços e exclamou: “Mamãe!
oh! mamãe!” Inquirida pelo pai, a menina confirmou que a estava realmente
vendo. (Págs. 70 e 71)
62. O testemunho de uma
criança de três anos reconhecendo sua mãe não poderá ser suspeito, nem mesmo
aos mais cépticos. “Ninguém - assevera
Delanne - poderá ver aí qualquer
sugestão, pois que a criança dormia e era aquela a primeira vez que seu pai e
sua tia se ocupavam com o Espiritismo. O que aí há é a confirmação da crença de
que a mãe sobrevivia no espaço e continuava a prodigalizar seu amor ao marido e
aos filhos.” (Pág. 71)
63. Outras
manifestações interessantes foram registradas pelo dr. Moroni, co-autor do
livro Alguns ensaios de mediunidade
hipnótica, publicado em 1889. Servia de instrumento ao dr. Moroni, para
descrever os Espíritos que se manifestavam por meio da mesa, uma mulher chamada
Isabel Cazetti. Em muitas ocasiões foi-lhe dado verificar que eram contrárias
às crenças dos assistentes as indicações que a sonâmbula ministrava. E esta
descrevia às vezes um Espírito que não era o evocado e, com efeito, a mesa
deletreava um nome diverso do Espírito que fora chamado. (Págs. 71 e 72)
64. Após transcrever
algumas manifestações verificadas pelo dr. Moroni, Delanne conclui que: I) Tais
experiências provam que são mesmo os Espíritos, e não entidades quaisquer, que
se manifestam. II) As pretensas explicações baseadas na transmissão do
pensamento do evocador ao médium não se podem aplicar a fatos como o descrito
no item anterior, uma vez que o médium anuncia um nome diferente do evocado e
no qual os assistentes não pensam. III) As circunstâncias em que se dão os
fenômenos e as mensagens ditadas pelo comunicante afastam a idéia de que o
autor da manifestação seja um ser híbrido, formado dos pensamentos de todos os
assistentes, nem tampouco elementais ou influências demoníacas. (Págs. 72 e 73)
65. Na verdade, informa
Delanne, são as almas dos mortos que afirmam a sua sobrevivência por ações
mecânicas sobre a matéria. Não apresentam eles uma forma indeterminada, mas a
forma do corpo terreno que tiveram durante a encarnação. A inteligência se lhes
conservou lúcida e vivaz e eles revelam-se em plena atividade após a morte. “Temos em nossa presença - atesta o
autor desta obra - o mesmo ser que vivia
outrora neste mundo e que apenas mudou de estado físico, sem nada perder da sua
personalidade de outrora.” (Pág. 73)
66. Numa das
experiências relatadas pelo dr. Moroni, o médium - que estava magneticamente
adormecido - exclamou de súbito, agitando um braço: “Ai!”, acrescentando que
fora Isidoro (irmão de Moroni, falecido alguns anos antes) quem o beliscara.
Examinando depois o braço do médium, dr. Moroni encontrou ali, efetivamente,
uma marca semelhante a um beliscão. (Pág.
74)
67. O dr. Moroni
perguntou-lhe então: “Se é verdade que meu irmão se acha presente aqui, dê-me
ele uma prova disso”. O médium, sorrindo, respondeu: “Olhe lá”, e apontou com o
dedo uma parede que ficava distante. O médico olhou e viu ali um cabide,
dependurado num prego, mover-se vivamente para a direita e para a esquerda,
como se uma mão invisível o empurrasse num e noutro sentido. (Pág. 74)
68. Notemos que nesse
caso a afirmativa do médium foi confirmada, corroborada por duas manifestações
materiais - o beliscão em seu braço e o movimento do cabide -, o que indica que
o fenômeno não se originou de uma exteriorização do médium, mas da ação de um
Espírito que lhe era estranho. (Pág. 74)
69. Numa carta firmada
pelo telegrafista Luís Delatre em 10-10-1896, ele relata uma experiência de
tiptologia realizada em Meurchin, pequena aldeia do Pas-de-Calais. Iniciada a
sessão, um Espírito vale-se das pancadas para dizer seu nome: Maria José.
Presente à reunião, o sr. Sauvage exclama: “É
minha mãe. Aliás, acabo de ver-lhe o espectro diante de mim; mas, passou apenas
e logo desapareceu”. O Espírito confirmou a assertiva. (Págs. 76 e 77)
70. Logo depois dessa
visão, a mesa se pôs de novo em movimento, dando pulos tão violentos que
assustaram o grupo. Feita uma oração, a mesa se acalmou e outro Espírito se
anunciou através de pancadas, dizendo ser a primeira mulher do sr. Grégoire,
presente à sessão. O médium Sauvage viu então uma mulher, com uma coifa branca
e um lenço por cima. “É a touca que usou
na Bélgica durante a sua enfermidade”, esclareceu Grégoire. (Pág. 77)
71. Luís Delatre revela
ainda que na mesma sessão o sr. Sauvage viu o Espírito de uma anciã, bastante
corpulenta, rosto redondo, maçãs salientes, olhos pardos, cabelos castanhos,
que sorria a olhar para o telegrafista. Era a sua própria mãe, que - valendo-se
do sr. Sauvage - conversou longamente com o filho, dando-lhe provas
convincentes da realidade de sua presença no recinto. (Págs. 77 e 78)
72. Achava-se o sr.
Alexandre Delanne em Cimiez, perto de Nice, onde se encontrou com o professor
Fleurot e sua mulher, ocasião em que dita senhora revelou-lhe um sonho que
tivera seis meses antes com Blaise Pascal. Pelo menos foi esse o nome que se
formou por cima da cabeça de um vulto com quem ela conversara durante o sonho.
Para certificar-se de que vira realmente o grande pensador francês, no dia
seguinte ela foi ao mais afamado livreiro de Nice, para comprar um retrato de
Blaise Pascal, mas nenhuma das gravuras reproduzia os traços do desconhecido
que lhe falara. (Págs. 80 e 81)
73. Voltando a ver
repetidas vezes, durante o sono, o mesmo vulto, que lhe prometeu velar por ela
durante sua existência terrestre, a sra. Fleurot perguntou-lhe se, em vida,
haveria algum retrato que reproduzisse sua imagem, inclusive uma pequena
deformidade do lábio que ele trazia na forma espiritual. Pascal disse-lhe que
sim: “Procura e acharás!” (Pág. 81)
74. Após haver
vasculhado, em vão, as livrarias de Marselha e Lião, o casal teve a inspiração
de ir a Clermont-Ferrand, onde ambos viram coroada de êxito a perseverança
demonstrada. Em casa de um negociante de antiguidades, havia um retrato de
Pascal, com a deformação do lábio inferior, tal qual a sra. Fleurot vira em
sonho. (Pág. 81)
75. Além de comprovar a
real identidade do Espírito, esse fato justifica por que Pascal dissera à sra.
Fleurot no primeiro dos sonhos: “Se nos
houvéramos apresentado a ti sob uma forma inteiramente espiritualizada, não nos
terias visto, nem, ainda menos, reconhecido”. Embora os Espíritos
adiantados - como ensina Kardec - sejam invisíveis para os que lhes são muito
inferiores quanto ao moral, nada obsta a que eles retomem o aspecto que tinham
na Terra, aspecto que podem reproduzir com perfeita fidelidade, até nas mínimas
particularidades. (Pág. 82)
76. O mesmo fato se deu
no caso do retrato do célebre poeta Vergílio, descrito assim, em 25-9-1884,
pela sra. Lúcia Grange, diretora do jornal La
Lumière e extraordinária médium vidente: “Vergílio - Coroado de louros.
Rosto forte, um tanto longo; nariz saliente, com uma bossa do lado; olhos
azul-cinza-escuros; cabelos castanho-escuros. Revestido de longa túnica, tem todas
as aparências de um homem robusto e sadio”. (Pág.
82)
77. Logo que foi
publicado, qualificaram esse retrato de fantástico e suspeito, porque os traços
de Vergílio haviam de ser delicados, visto que ele fora muito feminil, “mais
mulher do que uma mulher”. Que responder a tais críticas? (Pág. 82)
78. Nada podia ser
feito pela vidente, até que uma inesperada descoberta lhe veio dar razão. “Recentemente - informa Delanne - nuns trabalhos de reparação que se faziam em
Sousse, encontrou-se um afresco do primeiro século, onde se vê o poeta em
atitude de compor a Eneida. O que lhe
revelou a identidade foi o poder-se ler, no rolo de papel aberto diante dele, o
oitavo verso do poema: Musa mihi causas memora.” Conforme a Revue
Encyclopédique de Larousse, a descrição feita pela médium se aplica
exatamente ao grande homem, que nada tinha de efeminado. (Págs. 82 e 83)
79. Encerrando o
capítulo, Delanne relata o caso da aparição de um magistrado que se havia
suicidado nas cercanias de sua casa e, em seguida, considerando não haver
dúvidas de que a alma possui efetivamente um envoltório fluídico, propõe a
seguinte questão: - Esse envoltório se constitui depois da morte ou está sempre
ligado à alma? Se está sempre ligado à alma, há de ser possível comprovar a sua
existência durante a vida. Eis o que ele se propõe a esclarecer no capítulo que
se segue. (Págs. 84 e 85)
80. O cepticismo
contemporâneo - diz Delanne - foi violentamente abalado pela conversão ao
Espiritismo dos mais consideráveis sábios da nossa época. A invasão do mundo
terrestre pelos Espíritos se produziu mediante manifestações tão espantosas,
que homens sérios se puseram a refletir e resolveram estudar por si mesmos os
fatos. Sob o influxo dessas idéias, fundou-se então em 1882 na Inglaterra a
Sociedade de Pesquisas Psíquicas, cujos principais resultados foram
consubstanciados pelos srs. Myers, Gurney e Podmore em dois volumes
intitulados: Fantasmas dos Vivos. (Pág.
87)
81. Da Sociedade
britânica brotaram um ramo americano e um francês. Na França, foram membros-correspondentes
seus, entre outros, os srs. Richet, Ribot, Ferré, Pierre Janet e Liébault.
Note-se que, além da obra citada, a Sociedade publicava mensalmente relatos
contidos em resenhas sob o nome de Proceedings.
(Pág. 87)
82. As experiências
tiveram por objeto, primeiramente, verificar a possibilidade de duas
inteligências transmitirem uma à outra seus pensamentos, sem qualquer sinal
exterior. Os resultados obtidos foram notáveis e essa ação de um espírito sobre
outro, sem contacto perceptível, foi denominada Telepatia. (Pág. 88)
83. Mas, de pronto, o
fenômeno assumiu outro aspecto: alguns operadores, em vez de apenas
transmitirem seus pensamentos, se mostraram aos que tinham de recebê-los,
havendo, pois, verdadeiras aparições. Como os experimentadores não eram
espíritas, nem admitiam a existência da alma qual a define o Espiritismo,
viram-se constrangidos a formular uma hipótese: o paciente impressionado não
tem uma visão real, mas apenas uma alucinação, isto é, imagina ver uma
aparição. A visão é, pois, subjetiva, interna e não objetiva. Daí lhe chamarem alucinação verídica ou telepática. (Págs. 88 e 89)
84. Se fosse possível
passar em revista todos os fenômenos de ações telepáticas referidas nos dois
livros e nos Proceedings, seria
fácil, diz Delanne, demonstrar que a hipótese da alucinação não consegue
explicar todos os fatos. Cinco provas da objetividade de algumas dessas
aparições podem destacar-se dessas narrativas, como bem acentuou o grande
naturalista Alfred Russel Wallace: 1o - A simultaneidade da percepção do
fantasma por muitas pessoas; 2o - Ser a aparição vista por diversas
testemunhas, como se ocupasse diferentes lugares, por efeito de um movimento
aparente, ou então ser vista no mesmo lugar, sem embargo do deslocamento do
observador; 3o - As impressões que os fantasmas
produzem nos animais; 4o - Os
efeitos físicos que a visão produz; 5o - O fato de as aparições poderem ser
fotografadas, ou de terem-no sido, quer fossem visíveis, ou não, às pessoas
presentes. (Pág. 89)
85. Claro que em certos
casos, assevera Delanne, a aparição é uma alucinação pura e simples, produzida
pelo pensamento do agente. As circunstâncias que acompanham a visão é que devem
servir de critério para julgar-se da objetividade da aparição. (Pág. 91)
86. Dentre os fatos de
aparições espontâneas, o livro As
Alucinações Telepáticas, tradução resumida dos Fantasmas dos Vivos, publicada em francês pelo sr. Marillier,
mestre da Escola de Altos Estudos, contém o relato feito pela sra. Pole Carew a
31-10-1883 envolvendo a escocesa Helena Alexander, que, momentos antes de
falecer, recebeu a visita de sua mãe, que ainda estava encarnada. (Págs. 91 e 92)
87. Era madrugada
quando a sra. Reddell, que cuidava de Helena, então acamada, ouviu abrir-se a
porta do quarto e viu entrar uma velha muito gorda, vestindo uma camisola de
dormir e uma saia de flanela vermelha, tendo à mão um castiçal de cobre, com
uma vela acesa. Quando, avisados da morte de Helena, os parentes vieram para
assistir aos funerais, a sra. Reddell reconheceu a velha que estivera no
quarto: era a mãe de Helena que, desdobrada, fora visitá-la. (Págs. 92 e 93)
88. Se a aparição fosse
apenas uma alucinação telepática, indaga Delanne, como pôde abrir a porta da
casa e do quarto? É que não houve alucinação, mas uma aparição verdadeira, a
mostrar que o duplo é a reprodução exata do ser vivo e que o corpo físico do
agente se achava imerso em sono durante a manifestação. (Págs. 94 e 95)
89. Um fato que se
passou com o grande poeta alemão Wolfgang von Goethe reforça esse entendimento.
O poeta estava em Weimar com seu amigo K... quando, de súbito, viu Frederico,
outro grande amigo, residente em Frankfurt, que lhe apareceu em plena rua
trajando vestes do poeta e calçando suas chinelas. Quando a aparição se desfez,
Goethe percebeu que tivera apenas uma visão, mas não atinou com a sua causa.
Teria o amigo morrido repentinamente? (Págs.
95 e 96)
90. Ao chegar em casa,
uma surpresa: Frederico ali estava, vestido com roupas do poeta e tudo então se
explicou. Ele chegara à casa de Goethe todo molhado da chuva e por isso vestira
as roupas do amigo. Depois, adormecera numa poltrona e sonhara ter ido ao
encontro do poeta e que este o interpelara assim: “Tu, aqui em Weimar?” Desde
esse dia, Goethe acreditou noutra vida após a terrena. (Pág. 96)
4a Reunião
Objeto do estudo:
Capítulos IV e V da 1a Parte e Capítulo I da 2a Parte.
Questões
para debate
A. Delanne extraiu três
lições de um caso de desdobramento narrado pelo dr. Paul Gibier em seu livro Análise das Coisas. Quais são elas? (Págs. 101 a 104 do livro; itens 92 a 94 do
texto de consulta.)
B. Em que, segundo
Delanne, consiste o fenômeno da bicorporeidade? (Págs. 110 a 112 do livro; itens 97 a 99 do texto de consulta.)
C. Que é preciso para a
alma desprender-se? (Págs. 113 e 114 do
livro; itens 100 a 103 do texto de consulta.)
D. Que fenômenos foram
assinalados na vida de Afonso de Liguori, Antônio de Pádua e Maria de Agreda? (Págs. 115 a 119 do livro; itens 104 a 106
do texto de consulta.)
E. Há relatos
confiáveis dando conta de que as aparições produzem impressões sobre os
animais? (Págs. 120 a 124 do livro; itens
107 a 111 do texto de consulta.)
F. O livro As Alucinações Telepáticas, mencionado
por Delanne, também contém relatos de aparições de pessoas falecidas? (Págs. 124 a 129 do livro; itens 112 a 114
do texto de consulta.)
G. Depois de contestar
o argumento de que as aparições não passariam de simples alucinações, Delanne
afirma que o Espiritismo tem direito ao nome de ciência. Por quê? (Págs. 129 a 135 do livro; itens 115 a 117
do texto de consulta.)
H. Que significa o
termo animismo e que é que a teoria animista nos permite concluir? (Págs. 135 a 138 do livro; itens 118 a 120
do texto de consulta.)
Texto para consulta
91. Refere a sra.
Stone, em depoimento contido na obra As
Alucinações Telepáticas, ter sido vista três vezes por pessoas diversas em
lugares onde não se achava fisicamente presente. Após relatar os três
episódios, Delanne observa que a sra. Stone se desprendia quando ela se achava
de cama. O desdobramento explica os fatos, visto que, numa outra circunstância,
sua cunhada pôde ver-lhe distinta e simultaneamente o corpo físico e o corpo
fluídico. (Págs. 99 e 100)
92. Em seu livro Análise das Coisas, dr. Paul Gibier
refere um caso de desdobramento involuntário, mas consciente, de um moço de
trinta anos, talentoso artista gravador. Informações interessantes podem ser
colhidas desse relato: I) Ao mirar-se diante de um espelho, o Espírito
desdobrado não viu a sua imagem. II) Mal se formou nele o desejo de visitar a casa
do vizinho, achou-se nela, de súbito, sem saber como pôde atravessar a parede
com tanta facilidade. III) Para mudar de lugar, não era preciso mais do que
querer. Aparecia então imediatamente onde desejasse. (Págs. 101 a 103)
93. Três lições podem
ser, segundo Delanne, extraídas dessa experiência. A primeira, o fato de que a
exteriorização da alma não resultou de uma alucinação, porque é inteiramente
real a visão do apartamento vizinho, que o rapaz não conhecia. A segunda, a
demonstração de que a alma, quando desprendida do corpo, possui uma forma
definida e tem o poder de passar através dos obstáculos materiais, bastando-lhe
a vontade para transportar-se aonde queira. A terceira, a informação de que a
alma, quando desprendida, tem uma vista mais penetrante do que no estado
normal, pois que o moço via o seu
próprio coração a bater dentro do peito. (Págs.
103 e 104)
94. Uma última
observação pertinente ao fenômeno: a
impossibilidade revelada pelo rapaz de mover, quando desdobrado, o disco do
parafuso de seu lampião. Essa impossibilidade, peculiar a todos os Espíritos no
espaço, decorre da rarefação do perispírito. Pode dar-se, porém, que - graças a
um afluxo de energia tomada ao corpo material - o envoltório fluídico adquira o
poder de objetivação em grau suficiente para atuar sobre objetos materiais. A
aparição da mãe de Helena Alexander evidenciava essa substancialidade (veja-se o item 87 deste resumo). (Pág. 104)
95. Delanne transcreve,
então, na seqüência de seu livro, dois fatos de aparições tangíveis de vivos. (Págs. 105 a 107)
96. Os Anais Psíquicos, edição de
setembro-outubro de 1896, narram o seguinte fato relatado pelo sr. Stead. No
dia 13 de outubro, um domingo, ele viu entrar no templo a sra. A..., cujo
estado de saúde inspirava sérias inquietações. Um dos membros da congregação
lhe ofereceu um livro de preces, que ela aceitou
e posteriormente ergueu por várias vezes
durante o ofício religioso. Visitando a enferma no dia seguinte, o sr. Stead
certificou-se de que a sra. A... não saíra de casa naquele domingo, devido ao
grave estado de saúde que a retinha no leito. (Págs. 107 e 108)
97. Depois de
transcrever um fato em que a aparição também conversou com as pessoas e um
outro em que o duplo bateu à porta e bebeu um copo d’água, Delanne observa que nesses
fatos não mais se trata de telepatia, mas, sim, de bicorporeidade completa. A
aparição que anda, conversa, engole água não pode ser uma imagem mental: é
verdadeira materialização da alma de um vivo. (Pág. 110)
98. Se a imagem se
materializa suficientemente para abrir ou fechar uma porta, para dar beijos,
para segurar um livro, para conversar, etc., temos de admitir que em tais fatos
há mais do que simples impressão mental do paciente. (Pág. 111)
99. No curso da vida, a
alma se acha intimamente unida ao corpo, do qual não se separa completamente,
senão pela morte. Mas, sob a ação de diversas influências: sono natural, sono
provocado, perturbações patológicas, ou forte emoção, lhe é possível
exteriorizar-se bastante para se transportar, quase instantaneamente, a
determinado lugar e, em lá chegando, tornar-se visível de maneira a ser
reconhecida. (Pág. 112)
100. Refere Leuret, na
obra Fragmentos psicológicos sobre a
loucura, que um homem convalescente de grave febre se julgava formado de
dois indivíduos, um dos quais se encontrava de cama, enquanto o outro passeava.
Pariset, que fora atacado, quando jovem, de um tifo epidêmico, passou muitos
dias num aniquilamento próximo da morte. Certa manhã, despertou feliz e, coisa
maravilhosa, julgava ter dois corpos, que pareciam deitados em leitos
diferentes. (Pág. 113)
101. Cahagnet, o
célebre magnetizador, diz ter conhecido muitas pessoas com quem se deram fatos
desses - desdobramentos - que, diz ele, são muito freqüentes em estado de
doença. (Pág. 113)
102. Observa Delanne
que, de modo geral, os relatos mostram que para a alma desprender-se é preciso
que o corpo esteja mergulhado em sono, ou que os laços que a prendem ao corpo
se hajam afrouxado por uma emoção forte ou por doença. As práticas magnéticas
ou os agentes anestésicos acarretam também, por vezes, os mesmos resultados. (Pág. 114)
103. Outra constatação
importante, resultante dos exemplos citados, é que a forma visível da alma é
cópia absolutamente fiel do corpo terrestre. A identidade entre a pessoa e seu
duplo é completa, e não se limita à reprodução dos contornos exteriores do ser
material, pois que alcança até a íntima estrutura perispirítica, ou seja, todos
os órgãos do ser humano existem na sua reprodução fluídica. (Pág. 114)
104. Em seu livro A Humanidade Póstuma, Dassier relata o
caso de uma mulher que procurou um adivinho que vivia recluso, nas cercanias de
Filadélfia (EUA), com o objetivo de obter notícias de seu marido, um capitão de
navio que partira para longa viagem pela Europa e pela África. O adivinho
adormeceu num aposento contíguo ao da consulta e, desdobrando-se, encontrou o
capitão num café em Londres, colhendo a informação de que em breve ele
regressaria ao lar. De volta à casa, o marinheiro confirmou ter-se encontrado
realmente com o adivinho em Londres. (Págs.
115 e 116)
105. Delanne encerra o
capítulo transcrevendo um caso de desdobramento provocado relatado na Revista Espírita de 1858 e o conhecido
episódio que se deu com Afonso de Liguori, constante do livro A História Geral da Igreja, escrita pelo
barão Henrion. Como se sabe, estando adormecido em sua casa por dois dias,
Afonso de Liguori, ao despertar, informou ter assistido o papa Clemente XIV,
que havia acabado de morrer. O fato ocorreu a 22-9-1774 e reza a história que
Clemente XIV deixou de viver às 7 horas da manhã do referido dia, assistido,
entre outros, por Afonso de Liguori. (Págs.
118 e 119)
106. Casos análogos,
diz Delanne, ocorreram com Santo Antônio de Pádua, S. Francisco Xavier e,
sobretudo, com Maria de Agreda, cujos desdobramentos se produziram durante
muitos anos. (Pág. 119)
107. Sob o título Aparição real de minha mulher depois de
morta, o dr. Woetzel publicou em 1804 um livro que causou grande sensação
nos primeiros anos do século XIX. Woetzel pedira à sua mulher, quando enferma,
que, se ela viesse a morrer, lhe aparecesse. Algumas semanas depois de sua
morte, uma janela do seu quarto se abriu e ele viu a forma de sua esposa, que
lhe disse com voz meiga: “Carlos, sou
imortal; um dia tornaremos a ver-nos”. A aparição e essas palavras
repetiram-se segunda vez, mostrando-se a falecida vestida de branco e com o
aspecto que tinha em vida. (Págs. 120 e
121)
108. Um cão, que da
primeira vez não dera sinal de ter percebido coisa alguma, da segunda se pôs a
farejar e a descrever um círculo, como se o fizesse em torno de alguma pessoa
conhecida. (Pág. 121)
109. O dr. Justinus
Kerner, em sua obra sobre a vidente de Prévorst, refere também que, toda vez
que o Espírito lhe aparecia, um galgo negro parecia sentir-lhe a presença e corria
para junto de alguém logo que a aparição se tornava perceptível à vidente.
Desde o dia em que viu o vulto, o cão nunca mais quis ficar sozinho durante a
noite. (Pág. 121)
110. Vários fatos,
relatados na seqüência por Delanne, demonstram que as aparições, como
verificado pelo dr. Kerner, produzem impressões sobre os animais. Ora, conforme
observou o naturalista Alfred Russel Wallace, isso não ocorreria se fossem
verdadeiras as teorias da alucinação e da telepatia. (Págs. 121 e 122)
111. Além disso, se nas
aparições ocorrem fenômenos físicos produzidos por ela, evidente se torna que
não é uma imagem mental quem as executa. (Págs.
123 e 124)
112. A obra As Alucinações Telepáticas traz relatos
de diversas aparições de pessoas falecidas, como a narrada pela sra. Stella
Chieri, da Itália, que lia um livro junto da lareira, quando a porta do recinto
se abriu e Bertie (que morrera minutos antes) entrou. Ela se levantou
bruscamente, a fim de aproximar do fogo uma poltrona para ele, pois lhe pareceu
que o jovem estivesse com frio e não trazia capote, embora na ocasião nevasse.
Depois que a aparição se desfez é que a sra. Chieri ficou sabendo, através do
sr. G..., que Bertie havia morrido em seu quarto meia hora antes. (Págs. 124 e 125)
113. Relato semelhante
foi feito pela sra. Bishop, em março de 1884. Segundo essa escritora, um índio
de nome Mountain Jim, que ela conhecera na América, apareceu-lhe no quarto de
um hotel na Suíça no dia exato em que seu corpo morrera em sua aldeia. Mountain
Jim surgiu de repente diante dela e lhe disse: “Vim, como prometi”. Depois, fez um sinal com a mão e disse: “Adeus!”, fato que prova que o Espírito
dispõe de um órgão para produzir sons articulados e de uma força para
acioná-lo. (Págs. 127 e 128)
114. Morto na baía de
Hong Kong a 21-8-1869, em conseqüência de um ataque de insolação, o sr. Cox
apareceu, algumas horas depois, no quarto de seu filho, um menino de sete anos,
em Devonport (Irlanda), e logo depois a uma irmã, sra. Minnie Cox, junto da
lareira da casa. Como a sra. Cox não sabia de sua morte, ela ficou aterrada e
cobriu a cabeça com um lençol, mas pôde ouvi-lo nitidamente a chamá-la pelo
nome, o que foi repetido três vezes. (Págs.
128 e 129)
115. Delanne transcreve
em seguida um relato datado de 19-5-1883, extraído da obra As Alucinações Telepáticas, em que se registrou a aparição de três
Espíritos e, na seqüência, reproduz um caso em que o morto pôde ser visto por diversas pessoas. Diz Delanne que, além
desses, a obra citada apresenta 63 outros fatos análogos, o que desmonta a tese
da alucinação, porque é ir muito longe imaginar que várias pessoas possam ser
vítimas de uma mesma ilusão. (Págs. 129 a
133)
116. A negação, para
legitimar-se, diz Delanne, precisa de limites, porquanto não lhe é possível
manter-se, desde que seja posta em face de provas experimentais que atestam a
realidade das manifestações. Em todos os casos referidos, a certeza da visão em
si mesma não é contestada. O que os opugnadores negam é que seja objetiva, ou
seja, que se haja produzido algures, que não no cérebro do operador ou dos
assistentes. (Págs. 133 e 134)
117. Uma ciência só se
acha verdadeiramente constituída quando pode verificar, por meio da
experiência, as hipóteses que os fatos lhe sugerem. O Espiritismo tem direito
ao nome de ciência, porque não se limitou à simples observação dos fenômenos
naturais que revelam a existência da alma, mas empregou todos os processos para
chegar à demonstração de suas teorias. O magnetismo e a ciência pura
serviram-lhe, nesse sentido, de poderosos auxiliares. (Pág. 135)
118. Os numerosos
exemplos verificados do desdobramento da alma mostraram que era possível
reproduzir experimentalmente esses fenômenos. Deu-se então a denominação de animismo à ação extracorpórea da alma,
porém semelhante distinção é puramente nominal, visto que tais manifestações
são sempre idênticas, quer durante a vida, quer após a morte. A alma pode,
pois, não apenas produzir fenômenos de transmissão do pensamento ou de
aparições, mas também provocar deslocamentos de objetos materiais que lhe
atestem a presença. (Págs. 135 e 136)
119. Ora, se a alma
humana tem o poder de agir fora do seu corpo, lógico é se admita que dispõe ela
do mesmo poder depois da morte, se sobrevive integralmente e se se põe em
comunicação com um organismo vivo, análogo ao que possuía antes de morrer. (Pág. 136)
120. Dito isto, Delanne
relata um fato de aparição voluntária em que o agente resolveu, por moto
próprio, aparecer num quarto em que dormiam duas pessoas de suas relações.
Posteriormente, durante a vigília, ele as visitou, ocasião em que a mais velha
contou-lhe tê-lo visto no domingo anterior, quando ele se desdobrara e fora à
casa delas. (Págs. 137 e 138)
5a Reunião
Objeto do estudo:
Capítulos I e II da 2a Parte.
Questões
para debate
A. Podem os Espíritos
de pessoas vivas, quando desdobrados, produzir efeitos físicos onde apareçam? (Págs. 139 a 142 do livro; itens 121 e 122
do texto de consulta.)
B. Que pesquisadores
famosos dos fenômenos espíritas tiveram seus nomes ligados ao da fotografia
transcendental? (Págs. 141 a 144 do
livro; itens 123 a 126 do texto de consulta.)
C. Que tipo de fenômeno
pioneiro foi possível obter com os médiuns Eglinton e Eusápia Paladino? (Págs.
145 e 146 do livro; itens 127 e 128 do texto de consulta.)
D. Os Espíritos podem
ver a si mesmos num espelho normalmente usado pelos encarnados? (Págs. 146 e 147 do livro; itens 129 e 130
do texto de consulta.)
E. Os pesquisadores dos
fenômenos espíritas também relatam comunicações mediúnicas transmitidas por
Espíritos encarnados? (Págs. 147 a 152 do
livro; itens 131 a 134 do texto de consulta.)
F. Qual é o fenômeno
que apresenta, segundo Delanne, o mais alto ponto de objetividade da ação
extracorpórea do homem? (Págs. 152 a 155
do livro; itens 135 a 137 do texto de consulta.)
G. Que fato – que seria
muito tempo depois confirmado pela fotografia kirlian – foi comprovado e
descrito pelo Sr. de Rochas? (Págs. 156 a
161 do livro; itens 138 a 146 do texto de consulta.)
H. Quando o Sr. de
Rochas fez a primeira fotografia de um sensitivo exteriorizado e que resultados
obteve? (Págs. 162 a 164 do livro; itens
147 a 150 do texto de consulta.)
Texto para consulta
121. Na experiência
seguinte, o duplo logrou provar a sua presença por uma ação física. Devemo-la à
sra. Morgan, esposa do professor que escreveu o livro Da Matéria ao Espírito. Delanne transcreve ainda mais dois relatos
que mostram que os Espíritos de vivos, quando desdobrados, podem produzir
efeitos físicos onde apareçam. (Págs. 139
a 141)
122. Os fatos até aqui
relatados, diz Delanne, firmam a realidade dos fantasmas de vivos, isto é, a
possibilidade, em certos casos, do desdobramento do ser humano. Tais aparições,
como vimos, reproduzem em todas as suas minúcias o corpo físico e manifestam,
por vezes, a sua realidade por meio de deslocamentos de objetos e por meio da
palavra. Há, porém, pessoas que insistem em explicá-los com a hipótese da
alucinação telepática. (Págs. 141 e 142)
123. Se as razões até
aqui apresentadas não puderam convencer todos os leitores, os fatos seguintes
bastarão para mostrar, com verdadeiro rigor científico, que a alma é,
efetivamente, a causa eficiente de todos esses fenômenos. Falamos da fotografia
do Espírito fora do seu corpo, caso em que a chapa fotográfica é testemunho
irrefutável da realidade do fenômeno. (Pág.
142)
124. Em sua obra Animismo e Espiritismo, o sr. Alexandre
Aksakof apresenta numerosos exemplos de fotografias transcendentais, a que
Delanne recorre amiúde na seqüência deste livro. (Pág. 142)
125. Eis alguns dos
casos referidos por Aksakof: I) Fotografado pelo sr. Humber, o jovem médium
Herrod apareceu na fotografia sentado numa cadeira, em estado de transe, tendo
por detrás a sua imagem astral, em pé, quase de perfil. II) O sr. Glandinning
assinalou, no Spiritualist, uma
fotografia do duplo de um médium, no mesmo lugar que o médium ocupara minutos
antes. III) W. T. Stead refere a fotografia do duplo da sra. A..., no momento
em que ela, achando-se indisposta, dormia. Quando o sr. Z..., que fez a
fotografia, viu o duplo entrar no seu gabinete à hora aprazada, pediu licença
para fotografá-lo, depois de lhe cortar uma mecha de cabelos de modo a
comprovar sua presença real. (Págs. 142 e
143)
126. Em seu livro sobre
a iconografia do invisível, o dr. Baraduc reproduz uma fotografia obtida por
telepatia entre o dr. Istrati e o dr. Hasdeu, de Bucareste. A 4 de agosto de
1893, à noite, o dr. Hasdeu evocou o Espírito de seu amigo. Após uma prece ao
seu anjo protetor, o dr. Istrati adormeceu em Campana, manifestando o desejo
firme de aparecer em casa do dr. Hasdeu. A aparição foi registrada por este
último em sua máquina fotográfica. (Págs.
143 e 144)
127. Em que pese a
importância da fotografia transcendental, diz Delanne que o ponto culminante da
experimentação, no que concerne ao desdobramento, foi alcançado com o médium
Eglinton, de quem os experimentadores obtiveram, em parafina, um molde exato do
pé direito do seu duplo fluídico. O exemplo não é, porém, único. Nas
experiências que o sr. Siemiradeski realizou com Eusápia Paladino, foram
conseguidas muitas vezes, em Roma, impressões do seu duplo sobre superfícies
enegrecidas com fumaça, que o sr. de Rochas relata no seu livro A Exteriorização da Motricidade. (Pág. 145)
128. Dada a prova
científica do desdobramento do ser humano, torna-se fácil, diz Delanne, compreender-se
a vasta gama de fenômenos que a alma pode produzir quando sai do seu corpo
físico. É doutrina constante do Espiritismo que a alma, quando não está em seu
corpo, goza de todas as faculdades de que dispõe quando na erraticidade. (Pág. 146)
129. Kardec consigna na
Revista Espírita muitos exemplos de
comunicações de pessoas vivas, como a do Espírito do dr. Vignal que,
espontaneamente, deu por um médium escrevente pormenores sobre esse modo de
manifestação. Descrevendo como percebia a luz, as cores e os objetos materiais,
dr. Vignal informou que não podia ver a si mesmo num espelho, sem a operação
pela qual o Espírito se torna tangível, e comprovou a sua individualidade pela
existência do perispírito, que - embora fluídico - tinha para ele a mesma realidade
que o seu envoltório material. (Págs. 146
e 147)
130. Em outra
comunicação relatada pela Revista
Espírita, a srta. Indermulhe, surda e muda de nascença, consegue exprimir
com clareza seus pensamentos. Por certas particularidades características que
estabelecem a sua identidade, um irmão a reconheceu. Pode-se, portanto, evocar
o Espírito de um cretino ou o de um alienado e convencer-se experimentalmente
de que o princípio pensante, o seu Espírito, não é louco. É o corpo que se acha
enfermo e não obedece por isso às
volições da alma, donde dolorosa e horrível situação que constitui uma das mais
temíveis provas. (Pág. 147)
131. Alexandre Aksakof
também relata em sua obra acima citada numerosos casos de encarnados
manifestando-se a amigos ou a estranhos pelos processos espiríticos. Eis alguns
desses casos mencionados neste livro por Delanne: I) O conhecido escritor russo
Wsevolod Solowiof conta que freqüentemente sua mão era presa de uma influência
estranha à sua vontade e, então, escrevia com extrema rapidez e clareza, mas da
direita para a esquerda, de sorte a não se poder ler o escrito senão
colocando-o diante de um espelho ou por transparência. II) Um dia, sua mão
escreveu o nome Vera, uma prima que o
avisou de que teriam um encontro no dia seguinte, no Jardim de Verão. À
família, a jovem disse ter visitado seu primo em sonho e anunciado o encontro
que teriam, o que efetivamente se deu. III) A srta. Sofia Swoboda, julgando
estar na presença de sua professora, a sra. W..., transmitiu-lhe, sem saber,
uma mensagem, no momento em que a professora tomara do lápis para tentar um
contato com seu defunto marido. No dia seguinte, Sofia reconheceu não só a sua
caligrafia como o assunto que ficou registrado na mensagem psicografada pela
professora. (Págs. 147 a 149)
132. Exemplos de
Espíritos de pessoas vivas manifestando-se pela incorporação são referidos pela
conhecida escritora Hardinge Britten e pelo sr. Damiani. (Pág. 151)
133. Conta a sra.
Britten que, numa sessão realizada em casa do sr. Cuttler, em 1853, um médium
feminino pôs-se a falar em alemão, embora ignorasse completamente esse idioma.
A individualidade que por ela se manifestava dizia-se mãe da srta. Brant, jovem
alemã que se achava presente. Passado algum tempo, um amigo da família, vindo
da Alemanha, trouxe a notícia de que a sra. Brant, após prolongado sono
letárgico decorrente de séria enfermidade, declarara, ao despertar, ter estado
com a filha num aposento espaçoso, na América. (Pág. 151)
134. O sr. Damiani diz,
a seu turno, que nas sessões da baronesa Cerrapica, em Nápoles, receberam-se
muitas vezes comunicações provindas de pessoas vivas, como se deu com o dr.
Nehrer, que vivia na Hungria e se comunicou com ele por intermédio da baronesa.
(Págs. 151 e 152)
135. O capítulo é
encerrado com o relato de vários casos de materializações de duplos de pessoas
vivas, fenômeno esse que apresenta, segundo Delanne, o mais alto ponto de
objetividade da ação extracorpórea do homem, visto que se traduz por efeitos
intelectuais, físicos e plásticos. (Pág.
152)
136. Eis alguns dos
casos relatados por Delanne: I) Nas experiências realizadas em presença do
prof. Mapes, este pôde comprovar o desdobramento do braço e das mangas do
médium. II) Diz o sr. Cox que, enquanto uma corrente elétrica permanecia
jungida ao médium, uma forma humana completa foi vista por todos: era a forma
da sra. Fay, integral, com sua cabeleira, seu porte, seu vestido de seda azul,
seus braços nus até ao cotovelo, adornados com braceletes de finas pérolas.
III) Nas experiências feitas com Eusápia Paladino foi possível comprovar-se
materialmente o seu desdobramento. (Págs.
152 a 154)
137. A par das
narrativas dos sonâmbulos e dos videntes, as comunicações dos Espíritos,
confirmadas pelas fotografias e pelas materializações de vivos e de
desencarnados, atestam que a alma tem sempre uma forma fluídica. (Pág. 155)
138. O Sr. de Rochas
chegou a estabelecer a objetividade da luz ódica, que o barão de Reichenbach
atribuía a todos os corpos cujas moléculas guardam uma orientação determinada.
As experiências feitas até então indicavam que os eflúvios poderiam ser devidos
unicamente às vibrações constitucionais dos corpos, transmitindo-se ao éter
ambiente. (Pág. 156)
139. O corpo humano -
segundo de Rochas - também emite eflúvios de coloração variável, conforme os
pacientes. (Pág. 156)
140. Após reportar
algumas experiências descritas pelo Sr. de Rochas, Delanne admite, por
hipótese, que a característica essencial dos movimentos vibratórios é a interferência, isto é, a produção, por
efeito da combinação das ondas, de faixas de movimentos, em que as vibrações
são máximas, e faixas de repouso, nas quais o movimento vibratório é nulo, ou
mínimo. (Pág. 158)
141. A força nervosa,
em vez de se espalhar pelo ar e
dissipar-se, distribui-se em camadas concêntricas ao corpo. É preciso, pois,
que uma força a retenha, porquanto, desde que normalmente ela se escoa pela
extremidade dos dedos, do mesmo modo que a eletricidade pelas pontas,
forçosamente se perderia no meio ambiente, se não existisse um envoltório
fluídico para retê-la. (Pág. 159)
142. No estado normal,
a força nervosa circula no corpo, pelos condutos naturais, os nervos, e chega à
periferia pelas mil ramificações nervosas que se estendem por baixo da pele.
Sob a influência do magnetismo, o perispírito se exterioriza mais ou menos,
isto é, irradia em volta de todo o seu corpo e a força nervosa se espalha no
envoltório fluídico e aí se propaga em movimentos ondulatórios. (Págs. 159 e 160)
143. Vimos que os
fantasmas de vivos falam, o que implica a existência neles, além dos órgãos da
palavra, de certa quantidade de força viva, cuja presença é também atestada por
deslocamentos de objetos materiais, como o abrir e fechar uma porta, agitação
de campainhas, etc. (Pág. 161)
144. É necessário,
portanto, que eles tirem essa força de qualquer parte. Em tais casos, tiram-na
provavelmente de seus corpos materiais, visto que, segundo ensina Kardec, a
alma, quando se desprende, seja durante o sono, seja nos casos de
bicorporeidade, permanece ligada sempre ao seu envoltório terreno por um laço fluídico. (Pág. 161)
145. O Sr. de Rochas
observou que, se se fizer que uma zona luminosa, isto é, sensível, de um
paciente exteriorizado atravesse um copo d’ água, a água existente no copo se
iluminará rapidamente em toda a sua massa, desprendendo-se dela, ao fim de
algum tempo, uma espécie de fumaça luminosa. Ainda mais: tomando-se desse copo
e transportando-o a certa distância, ele
observou que o paciente se conservava sensível, ou seja, que se ressentia de
todos os toques feitos na água, embora àquela distância já não restassem
vestígios de camadas sensíveis. (Pág.
161)
146. De Rochas
pesquisou depois sobre quais substâncias armazenam a sensibilidade, verificando
serem quase sempre as mesmas que guardam os odores: os líquidos, os corpos viscosos,
sobretudo os de origem animal, como a gelatina e a cera, o algodão, os tecidos
de malhas frouxas ou que se desfiam, como os veludos de lã, etc. (Pág. 161)
147. Foi a partir
dessas experiências que ele teve a intuição de fotografar os sensitivos, primeiramente
despertos, depois adormecidos, sem estarem exteriorizados, e por fim
adormecidos e exteriorizados. A primeira fotografia ele a fez em 30-7-1892,
utilizando na experiência uma chapa de bromo-gelatina e, como sensitiva, a Sra
Lux. (Pág. 162)
148. Na terceira situação - estando a Sra
Lux adormecida e exteriorizada - a chapa utilizada permaneceu algum tempo em
contacto com o corpo da sensitiva, dentro do chassis, antes de posta na
máquina. Picando com um alfinete a primeira chapa, ela nada sentiu. Picando a
segunda, sentiu um pouco. Na terceira, a sensitiva sentiu vivamente e tudo isso
poucos instantes após a operação. Repetindo a experiência no dia 2 de agosto,
de Rochas verificou que a primeira chapa nada produziu; a segunda produziu
alguma coisa; mas a terceira chapa, embora já revelada, continuava tão sensível
quanto no dia 30 de julho. Ao perfurar a chapa com dois golpes fortes na imagem
de uma das mãos, a Sra Lux fez logo uma contração e soltou gritos de
dor, embora estivesse a dois metros de distância e nada visse. (Pág. 162)
149. Comentando o
assunto, Delanne atesta que as experiências do Sr. de Rochas foram verificadas
também pelo Dr. Luys e pelo Dr. Paul Joire, tendo este concluído que a
exteriorização da sensibilidade é um fenômeno real, de forma nenhuma dependente
de sugestão, conforme fora insinuado pelo Dr. Mavroukakis. (Pág. 163)
150. Na seqüência,
Delanne transcreve um caso em que a clarividente Adèle Maginot, ao ver certa pessoa que se encontrava distante num
país muito quente, sentiu no próprio rosto o efeito produzido pelo sol, um fato
de repercussão sobre o corpo da ação exercida sobre o perispírito que, segundo
Delanne, já fora observado inúmeras vezes. (Págs.
163 e 164)
6a Reunião
Objeto do estudo:
Capítulos II e III da 2a Parte.
Questões
para debate
A. Alguma coisa de
natureza física que se faça ao duplo materializado pode repercutir no corpo
material do médium? (Pág. 165 do livro;
itens 151 a 153 do texto de consulta.)
B. Delanne reporta-se a
uma série de evidências da existência do perispírito a partir dos efeitos que
se produzem em certos pacientes hipnotizados. Que experiências foram essas? (Págs. 166 a 168 do livro; itens 154 a 157
do texto de consulta.)
C. Que é que a
fotografia transcendental demonstrou de modo indubitável? (Págs. 169 a 173 do livro; itens 158 a 160 do texto de consulta.)
D. Onde e de que modo
foram produzidas as primeiras moldagens de Espíritos materializados? (Págs. 176 e 177 do livro; itens 161 a 163
do texto de consulta.)
E. Que é que o Sr. de
Bodisco, camareiro do czar da Rússia, obteve ao fotografar Espíritos
materializados? (Págs 179 e 180 do livro;
itens 164 a 166 do texto de consulta.)
F. A médium Florence
Cook já havia trabalhado com outros pesquisadores antes de conhecer William
Crookes. Quando o Espírito de Katie King se materializou pela primeira vez? (Págs. 182 a 185 do livro; itens 168 a 172
do texto de consulta.)
G. No início, Katie
King não podia mostrar-se sob uma luz mais forte. Que fato ocorreu nessa época
quando os pesquisadores aumentaram as luzes no ambiente? (Págs. 185 a 188 do livro; itens 173 a 176 do texto de consulta.)
H. Qual foi a
importância da participação de William Crookes na pesquisa dos fatos espíritas?
(Págs. 188 a 192 do livro; itens 177 a
180 do texto de consulta.)
Texto para consulta
151. O Sr. Aksakof, em
experiência realizada com Kate Fox, observou certa vez que, enfulijada a mão
fluídica da médium, a fuligem foi transportada para os seus dedos materiais,
que estavam imobilizados pelo pesquisador. (Pág.
165)
152. No seu tratado de Magia Prática, Papus refere o caso de um
oficial russo que, presa de obsessão por uma individualidade encarnada,
lançou-se de espada em punho sobre a aparição e lhe fendeu a cabeça. O
ferimento feito no perispírito se reproduziu na mulher causadora do fenômeno,
que, devido a isso, acabou morrendo. (Pág.
165)
153. Dassier cita
muitos casos semelhantes extraídos dos arquivos judiciários da Inglaterra. O
caso Joana Brooks é um deles. Quando alguém disse que estava vendo o Espírito
de Joana, então desdobrada, um dos presentes saltou e deu um golpe de punhal no
lugar indicado. O vidente disse que a mulher ficara ferida na mão. Indo no dia
seguinte à casa da feiticeira, eles verificaram que ela estava realmente
ferida. (Pág. 165)
154. Delanne relata, em
seguida, uma série de evidências da existência do perispírito a partir dos
efeitos que se produzem em certos pacientes hipnotizados, quando se aproximam
de seu corpo determinadas substâncias. (Pág.
166)
155. Conservada a uma
distância de dez a quinze centímetros de um paciente adormecido, a cuba de um
termômetro lhe produzia dor muito viva, convulsões e uma contração do braço. Um
cristal de iodeto de potássio determinava espirros. O ópio o fez dormir. (Pág. 166)
156. Outras substâncias
foram usadas e cada uma produziu efeito de acordo com a sua natureza, como se o
paciente a houvesse introduzido em seu organismo. Tais fatos são, sem dúvida,
singulares, mas não é difícil explicá-los depois que a exteriorização do
perispírito e do fluido nervoso se tornou fenômeno demonstrado, como vimos no
caso da água que acumulara a sensibilidade e depois transmitira sensações ao
corpo físico do sensitivo. (Pág. 167)
157. Uma circunstância
digna de registro é que, nas experiências precedentes, as substâncias estavam encerradas
em frascos fechados a esmeril ou selados a fogo. O fluido perispirítico, porém,
penetra todos os corpos, o mesmo fazendo o fluido nervoso em grande número
deles. (Pág. 168)
158. Um dos fenômenos
que de modo autêntico demonstram a existência da alma durante a vida é a
fotografia do duplo, durante a sua saída temporária do corpo. Ora, se a alma
humana é capaz de impressionar uma chapa fotográfica por ocasião de seu
desprendimento, a mesma faculdade há de ela ter após a morte, como depois se
comprovou. (Pág. 169)
159. Há um meio muito
simples de verificar se a figura retratada é a de um Espírito desencarnado:
basta verificar se os membros de sua família reconhecem a pessoa que se
apresenta na chapa. Alfred Russel Wallace trata do assunto em seu livro “Os Milagres e o Moderno Espiritualismo”, em
que relata, entre muitos outros fatos, a experiência em que o Espírito de sua
própria mãe foi fotografado. (Págs. 170 e
171)
160. Essas experiências
- informa Delanne - só puderam realizar-se com muito trabalho e perseverança,
mas os êxitos alcançados valeram bem a pena que custaram, porque demonstraram
de modo indubitável: 1o, a existência objetiva dos Espíritos; 2o,
a faculdade da vidência mediúnica. (Pág.
173)
161. Outro fenômeno que
se alia à fotografia transcendental, no capítulo da comprovação da existência
dos Espíritos, é o das impressões deixadas por eles em suas intervenções em
nosso meio. O eminente astrônomo alemão Zöllner obteve, em folhas de papel
enegrecido, duas marcas, uma de um pé direito, a outra de um pé esquerdo, sem
que o médium houvesse tocado as lousas que as continham. Noutra ocasião, a
marca aí feita media quatro centímetros menos do que o pé de Slade, o médium
com quem ele trabalhava. (Pág. 176)
162. O professor
Chiaia, experimentando com Eusápia Paladino, teve a idéia de se munir de argila
dos escultores e o Espírito imprimiu nessa matéria plástica o seu rosto:
derramando gesso no molde assim produzido, obteve ele uma cabeça de um homem,
de melancólico semblante. (Pág. 176)
163. O uso da parafina
derretida em água quente foi descoberto na América. Como a parafina fica na
superfície da água, o Espírito era instruído a mergulhar repetidas vezes na
parafina a parte do seu corpo que se desejava conservar. Quando o envoltório de
parafina se secava, aí ficava um molde perfeito: bastava derramar gesso dentro
dele e ter-se-ia uma lembrança duradoura do Espírito que se prestou à operação.
Eis assim como se produziram as célebres moldagens. (Pág. 177)
164. Após transcrever
uma experiência notável registrada por Aksakof em sua obra citada, Delanne
reporta-se às experiências de materialização feitas pelo Sr. de Bodisco,
camareiro do czar, o qual entendia que o corpo astral é, na natureza, o mais
importante de todos os corpos. “Ele constitui - asseverou o Sr. de Bodisco - a
única parte imperecível do corpo
humano. É o zôo-éter, ou matéria primordial, ou força vital.” (Pág. 179)
165. Quatro fotografias
tirou o Sr. de Bodisco, mostrando fases diversas da materialização, desde
aquela em que a aparição astral cerca o médium, até a da condensação de uma
forma, vendo-se a seu lado o médium em letargia. (Págs. 179 e 180)
166. A respeito dos
fenômenos de materialização, que constituem, segundo o autor, as mais altas e
irrefragáveis demonstrações da imortalidade, Delanne recomenda se consultem: Animismo e Espiritismo, de Aksakof; Ensaio de Espiritismo Científico, de
Metzger; Depois da Morte, de Léon
Denis, e Psiquismo Experimental, de
Erny. (Pág. 180)
167. Os fatos de
materialização mais célebres se deram, porém, com a médium Florence Cook,
instrumento de que serviu o Espírito Katie King, examinado, entre outros, pelo
renomado químico inglês Sir William
Crookes. (Pág. 180)
168. Um erro que,
todavia, se comete é pensar que Katie King foi examinada apenas por Crookes. Na
verdade, quando ele pôde verificar a mediunidade da Srta. Cook, já havia muito
tempo que Katie se materializava. Foi em 22 de abril de 1872, quando a médium
contava apenas dezesseis anos, que Katie King se materializou pela primeira
vez, embora parcialmente. Na reunião, ela trouxe também algumas folhas frescas
de hera, planta que não existia no jardim da casa. (Pág. 182)
169. No dia 25 de abril
seguinte, o Sr. Harrison - a convite de Katie King - se fez presente à reunião,
que foi realizada em casa do Sr. Cook, pai da médium, da qual fez ele uma
reportagem publicada no seu jornal, The
Spiritualist. A médium não estava adormecida, pois o Sr. Harrison ouviu
nitidamente o diálogo que Katie e ela travaram no início da sessão. Vê-se por
esse diálogo que a aparição não era o duplo da médium e que a vontade
consciente da Srta. Cook parecia opor-se ao desejo do Espírito de manifestar-se
visivelmente. (Pág. 183)
170. O Sr. Harrison
pôde apreciar, em sessões ulteriores, o desenvolvimento do fenômeno. Nessa
época, a médium permanecia quase sempre acordada, enquanto se achava presente o
Espírito. Depois, Katie não mais apareceu sem que Cook estivesse em transe. (Pág. 184)
171. Para assegurar a
veracidade dos fatos, muitos controles foram utilizados nas experiências com a
Srta. Cook. Certa vez, suas mãos foram atadas, sendo postos selos de cera sobre
os nós. Katie mostrou-se, então, com as mãos inteiramente livres. Muitas
fotografias de Katie, completamente materializada, foram então obtidas. (Pág. 185)
172. Um fato digno de
nota, diz Delanne, é que todas as sessões da Srta. Cook se realizavam
gratuitamente. A médium não precisava, porém, preocupar-se com o seu sustento,
porquanto desde os primórdios de suas faculdades mediúnicas o Sr. Blackburn, de
Manchester, concedeu-lhe importante dote que lhe assegurou a subsistência. (Pág. 185)
173. Foi na primavera
de 1873 que se obtiveram as primeiras fotografias de Katie King. Delanne
descreve os cuidados que os experimentadores tiveram para evitar a
possibilidade de fraude nessas sessões. (Págs.
185 a 187)
174. Diz a Sra
Florence Marryat que um dia perguntaram a Katie por que não podia mostrar-se
sob uma luz mais forte, pois ela só permitia aceso um bico de gás e assim mesmo
com a chama muito baixa. Katie pareceu irritada com a pergunta e disse que não
sabia por que não podia suportar uma luz mais intensa. Se eles duvidavam disso,
que acendessem as luzes e veriam o que ocorreria. (Pág. 187)
175. A equipe decidiu,
no entanto, aumentar a claridade, com o consentimento de Katie. Ela pôs-se
então de pé junto à parede e abriu os braços em cruz, aguardando a sua
dissolução. Acenderam-se três bicos de gás e Katie resistiu apenas por um
instante à claridade. Em seguida, todos viram-na fundir-se, como uma boneca de
cera exposta ao fogo. (Pág. 188)
176. Coisa curiosa! Com
o exercício o Espírito adquiriu maior força, pois que William Crookes pôde,
depois, bater mais de quarenta chapas com auxílio da luz elétrica. (Pág. 188)
177. A Sra
Marryat revela ainda que outros Espíritos se materializavam valendo-se da
mediunidade da Srta. Cook e descreve a aparição de sua própria filha, morta em
tenra idade, que lhe apareceu trazendo num dos lábios a deformação com que
nascera. Na sessão, a filha parecia contar dezessete anos. (Págs. 188 e 189)
178. Os incrédulos
negaram com obstinação esses extraordinários fenômenos e muitas polêmicas,
mesmo entre os espíritas, se travaram, colocando em dúvida os relatos
mencionados, até que o químico William Crookes, um dos maiores vultos da
Ciência de então, confirmou a autenticidade absoluta das materializações de
Katie King. (Pág. 190)
179. As experiências de
Crookes, além de comprovar a existência do ser espiritual, estabelecem que o
perispírito reproduz não só o exterior de
uma pessoa, mas todas as partes internas
do seu corpo, reduzindo a pó a objeção, tantas vezes formulada, de que nas
sessões espíritas as aparições fotografadas são simples desdobramentos do
médium. (Pág. 191)
180. Não só a altura de
Katie King e de Florence Cook, mas a cor dos cabelos, as pulsações e os
batimentos de uma e de outra foram registrados por William Crookes, que
comprovou assim ter diante de si duas individualidades
distintas, que em nada se pareciam, salvo o fato de serem jovens e do mesmo
sexo. (Págs. 191 e 192)
7a Reunião
Objeto do estudo:
Capítulo III da 2a Parte e Capítulo I da 3a Parte.
Questões
para debate
A. Qual era o nome de
Katie King em sua última encarnação? (Págs.
192 a 194 do livro; itens 181 a 183 do texto de consulta.)
B. Qual foi o caso mais
concludente de identificação de um Espírito comunicante, segundo o notável
pesquisador Aksakof? (Págs. 194 a 196 do
livro; itens 184 a 189 do texto de consulta.)
C. Em um Espírito
materializado é possível auscultar-lhe os batimentos cardíacos? (Págs. 197 a 199 do livro; itens 191 a 195
do texto de consulta.)
D. Delanne sintetizou
em nove itens as informações obtidas com base na investigação dos fenômenos
espíritas. Quais foram as conclusões de Delanne? (Págs. 200 a 202 do livro; itens 196 a 198 do texto de consulta.)
E. Seria possível
fotografar um Espírito em ambiente de completa escuridão? (Págs. 202 a 204 do livro; itens 199 a 201 do texto de consulta.)
F. Delanne resumiu em
número de oito os princípios gerais da Doutrina dos Espíritos. Quais são esses
princípios? (Págs. 206 e 207 do livro;
item 202 do texto de consulta.)
G. Quais são os
elementos ou princípios constitutivos do homem? (Págs. 208 e 209 do livro; itens 203 a 207 do texto de consulta.)
H. Qual é, segundo
Delanne, o caráter distintivo da Doutrina Espírita? (Págs. 210 e 211 do livro; itens 208 e 209 do texto de consulta.)
Texto para consulta
181. A última aparição
de Katie, conforme relatado pelo jornal The
Spiritualist de 29/5/1874, ocorreu numa sessão dirigida por William
Crookes. Florence Cook se deitou no chão, com a cabeça sobre um travesseiro,
após ser conduzida por Crookes ao gabinete mediúnico. Katie apareceu logo em
seguida, vestida de branco, enquanto a médium trajava um vestido azul-claro.
Após distribuir flores aos presentes, escreveu cartas de adeus a alguns amigos,
pondo-lhes a assinatura: Annie Owen Morgan, seu verdadeiro nome na última
existência terrena. Depois, com uma tesoura, cortou uma mecha de seus cabelos,
oferecendo certa porção deles a cada um, fazendo o mesmo com o seu vestido. (Págs. 192 e 193)
182. Ao fim da sessão,
após transmitir diversas instruções ao Sr. Crookes, Katie penetrou no gabinete
e despertou a médium, que lhe pediu, banhada em lágrimas, que se demorasse mais
um pouco. Katie lhe disse, porém, que havia cumprido a sua missão e que, por
causa disso, deveria partir, como de fato ocorreu. (Pág. 193)
183. As aparições de
Katie King foram tantas, que não se pode duvidar um instante sequer de que
fosse um Espírito que assim se manifestava; contudo, não era possível
verificar-se-lhe a identidade, visto que, segundo informara, ela havia vivido
muitos séculos antes, sob o reinado de Carlos I, com o nome de Annie Owen
Morgan. (Pág. 194)
184. No caso de
Florence, a filha da Sra Florence Marryat, vimos que a jovem se fez
reconhecer por um sinal particular do lábio, que comprovou materialmente a sua
identidade. Afirma, porém, o Sr. Aksakof ser impossível deparar-se com um caso
mais concludente de identidade de um Espírito materializado, do que o de
Estela, morta em 1860. (Pág. 194)
185. Duraram cinco
anos, de 1861 a 1866, as materializações de Estela, sendo médium a célebre Kate
Fox, com quem o Sr. Livermore realizou 388 sessões, cujas particularidades ele
publicou num jornal. As sessões transcorriam em completa obscuridade, mas o Sr.
Livermore, na maioria das vezes, estando a sós com Kate, segurava-lhe as mãos o
tempo todo. Kate ficava sempre em estado normal, tornando-se, pois, testemunha
consciente de tudo o que se passava. (Pág.
194)
186. Foi gradual a
materialização de Estela e somente na 43a sessão foi possível ao Sr.
Livermore reconhecê-la, sob intensa claridade, de origem misteriosa, ligada ao
fenômeno e, em geral, sob a direção de outra figura que a acompanhava e
auxiliava em suas manifestações. Esse Espírito chamava-se Franklin. (Pág. 195)
187. Além de
mostrar-se, Estela deixou uma centena de comunicações por ela escritas em
folhas de papel que o Sr. Livermore levava, previamente marcadas pelas suas
mãos. Enquanto a aparição escrevia, ele
- tendo as mãos de Kate Fox entre as suas - via perfeitamente a mão e a figura da esposa
desencarnada. (Pág. 195)
188. A caligrafia
dessas comunicações é reprodução exata da
caligrafia da Sra Estela
Livermore, quando encarnada. A respeito das aparições da esposa, o Sr.
Livermore diria mais tarde ao Sr. Benjamin Coleman, de Londres: “Sua identidade
foi estabelecida, de modo a não deixar subsistisse a menor dúvida: primeiro,
pela sua aparência, em seguida pela sua caligrafia e, finalmente, pela sua
individualidade mental, sem falar de numerosas outras provas, que seriam
concludentes nos casos ordinários, mas que não levei em conta, senão como
provas complementares”. (Pág. 195)
189. Além das provas já
referidas, deve-se acrescentar que Estela escreveu também algumas comunicações
em francês, língua que Kate Fox desconhecia inteiramente, mas que Estela
dominava. A propósito disso, o Sr. Aksakof, tão difícil em matéria de provas,
escreveu: “Temos aqui uma dupla prova de
identidade, dada não só pela caligrafia, semelhante, em todos os pontos, à
do defunto, mas também por ser desconhecida do médium a língua em que está
escrita a mensagem. O caso é extremamente importante e, ao nosso parecer, apresenta uma prova absoluta de
identidade”. (Pág. 196)
190. Encerrando este
capítulo, Delanne reitera o fato de que a realidade da alma se impõe como
corolário obrigatório do fenômeno de desdobramento. Esse eu que se desloca não é uma substância incorpórea, é um ser bem
definido, com um organismo que reproduz os traços do corpo material. (Pág. 197)
191. O grau de
materialidade do perispírito varia: ora é uma simples névoa branca que desenha
os traços, atenuando-os; ora apresenta contornos muito nítidos e parece um
retrato animado. Ele se mostra também, às vezes, com todos os caracteres da
realidade e revela a existência de um organismo interno semelhante ao de um
indivíduo vivo. (Págs. 197 e 198)
192. A distância que
separe do corpo a sua alma em nada influi sobre a intensidade das
manifestações. (Pág. 198)
193. As aparições de
vivos são, em geral, bastante demonstrativas, mas, dada a sua espontaneidade,
se opõem a toda pesquisa metódica. O mesmo não se dá quando as aparições se
produzem nas sessões espíritas, porque aí todas as precauções são tomadas para
se verificar cuidadosamente a sua objetividade. A fotografia é uma dessas formas
de comprovação. (Pág. 199)
194. Tem-se fotografado
o corpo fluídico durante a vida e depois da morte, o que fornece a certeza absoluta de que a alma existe
sempre, antes e depois da morte. A continuidade do ser se revela claramente
pelas aparições que se verificam algumas horas depois da morte. O perispírito
que acaba de desligar-se do corpo lhe retraça fielmente não só a imagem, como
também a configuração física, que se patenteia pelas marcas que deixa no papel
enegrecido e pelas moldagens. (Pág. 199)
195. O Espírito
materializado é, por completo, um ser que vive temporariamente, como se
houvesse nascido na Terra. Bate-lhe o coração, funcionam-lhe os pulmões, ele
vai e vem, conversa e também ouve o que lhe falam. (Pág. 199)
196. Delanne resume,
por fim, em nove itens as informações que a observação e a experiência
permitiram reunir: 1o, o ser humano pode desdobrar-se em duas
partes: o corpo e a alma; 2o, a alma, separada do corpo, reproduz
exatamente a sua imagem; 3o, as manifestações anímicas independem do
corpo físico; 4o, a aparição pode denotar todos os graus de
materialidade, desde a de uma simples aparência até a de uma realidade
concreta; 5o, a forma fluídica da alma pode ser fotografada; 6o,
a forma fluídica da alma pode deixar marcas ou moldes; 7o, durante a
vida, a alma pode perceber sensações, sem o concurso dos órgãos dos sentidos; 8o,
a forma fluídica reproduz não só o exterior, mas toda a constituição interna do
ser; 9o, a morte não destrói a alma, que subsiste com todas as suas
faculdades psíquicas e com um organismo dotado de todas as leis biológicas do
ser humano. (Pág. 200)
197. Que se deve
concluir de todos esses fatos? Em primeiro lugar, observa Delanne, somos
forçados a admitir que o corpo e a alma são duas entidades absolutamente distintas,
que se podem separar, e que o organismo físico não passa de um envoltório que
se torna inerte, logo que o princípio pensante se separa dele. (Pág. 201)
198. Os fatos
demonstraram, de forma muito clara, a sobrevivência da alma à morte,
comprovando cientificamente a imortalidade, que foi, com certeza, a mais
importante e a mais fecunda descoberta do século 19, porquanto chegar a
conhecimentos positivos sobre o amanhã da morte é revolucionar a humanidade
inteira, dando à moral uma base científica e uma sanção natural, à revelia de
todo e qualquer credo dogmático e
arbitrário. (Pág. 202)
199. Sem dúvida, mesmo
quando essas consoladoras certezas tiverem penetrado as massas humanas, a
humanidade não se achará só por isso bruscamente mudada, nem se tornará melhor
subitamente; disporá, todavia, da mais forte alavanca que possa existir para
derribar o montão de erros acumulados desde há seis mil anos. Então a vida
futura se tornará tão evidente quanto a claridade do Sol e se compreenderá que
a Terra não é mais do que um degrau nos destinos do homem; que alguma coisa de
mais útil há do que a satisfação dos apetites materiais, e que cada um terá que
conseguir, a todo custo, refrear suas paixões e domar seus vícios. Eis os
benefícios indubitáveis que o Espiritismo traz consigo. (Pág. 202)
200. Não tendo sido
possível submeter o perispírito aos reativos ordinários, forçoso é que nos
atenhamos à observação e ao que os Espíritos hão dito a seu respeito. (Pág. 203)
201. Antes de tudo, não
se pode esquecer que a observação comprovou que existe uma matéria invisível
aos olhares humanos e que, no entanto, pode impressionar uma chapa fotográfica,
mesmo na mais absoluta obscuridade, como se deu com a célebre experiência em
que Aksakof fotografou um Espírito em completa escuridão. (Págs. 203 e 204)
202. Eis, sucintamente,
os princípios gerais em que nos apoiaremos, extraídos da obra de Allan Kardec,
que magistralmente resumiu em seus livros todos os ensinos dos Espíritos que o
assistiram: I) Existe uma causa eficiente e diretora do Universo: a sublimada
inteligência que, pela sua vontade onipotente, imutável, infinita e eterna,
mantém a harmonia do Cosmos. II) A alma,
a força e a matéria são igualmente eternas; não podem aniquilar-se. III) O
princípio espiritual é a causa de todos os fenômenos intelectuais que se dão
nos seres vivos. No homem, esse princípio se torna a alma. IV) É-nos
desconhecida a natureza da alma, mas certamente ela não é a resultante das
funções cerebrais, pois que subsiste após a morte do corpo. V) Da análise de
suas faculdades ressalta que a alma é simples, isto é, indivisível, e que suas
faculdades ela as desenvolve por uma evolução incessante que tem por teatro,
alternadamente, o espaço e o mundo terrestre. VI) A alma é dotada de
livre-arbítrio proporcional ao número de suas encarnações, dependendo a sua
responsabilidade do grau do seu adiantamento moral e intelectual. VII) Assim
como o mundo físico tem a regê-lo leis imutáveis, o mundo espiritual é regido
por uma justiça infalível, de sorte que as leis morais têm sanção absoluta após
a morte. VIII) Como o Universo não se limita ao globo que habitamos, as futuras
existências do princípio pensante podem desenvolver-se nesses diferentes
sistemas de mundos. (Págs. 206 e 207)
203. O homem é formado
da reunião de três princípios: 1o, a alma ou Espírito, causa da vida
psíquica; 2o, o corpo,
envoltório material, a que a alma se associa temporariamente durante sua
passagem pela Terra; 3o, o
perispírito, substrato fluídico que serve de liame entre a alma e o corpo, por
intermédio da energia vital. Em qualquer grau que se encontre na animalidade, o
Espírito está sempre intimamente associado ao perispírito, cuja eterização
corresponde ao seu adiantamento moral. (Pág.
208)
204. Segundo o ensino
dos Espíritos, o perispírito é extraído do fluido universal e sua constituição
lhe permite atravessar todos os corpos com mais facilidade do que a que tem a
luz para atravessar o vidro, ou o raio X para atravessar os diferentes
obstáculos. (Pág. 209)
205. A velocidade do
deslocamento da alma parece superior à das ondulações luminosas, diferindo
destas, porém, pelo fato de que nada a detém. (Pág. 209)
206. O perispírito se
nos afigura imponderável, pelo que a ação da gravidade parece inteiramente nula
sobre ele; mas disso não se deve concluir que, desprendido do corpo, possa o
Espírito transportar-se a todas as partes do Universo. O espaço é pleno de
matérias variadas, em todos os estados de rarefação, de modo que, para o
Espírito, existem certos obstáculos fluídicos de tanta realidade, quanta pode
ter para o homem a matéria tangível. (Pág.
209)
207. Nos seres muito
evolvidos o perispírito carece, no espaço, de forma absolutamente fixa; mas,
regra geral, predomina no corpo fluídico a forma humana. (Pág. 209)
208. Depois de esclarecer
que os dados gerais constantes deste capítulo foram tirados da obra de Kardec -
a mais completa e a mais racional que possuímos sobre o Espiritismo - Delanne
diz que a dedução rigorosa é o caráter distintivo desta doutrina. “Em vez de
forjar seres imaginários para explicar os fatos mediúnicos - afirma o autor -,
o Espiritismo deixou que o fenômeno se revelasse por si mesmo.” (Pág. 210)
209. Fechando o
capítulo, Delanne observa que é forçoso concluir, à vista dos fatos, que o
perispírito é formado de uma matéria diferente: invisível, imponderável e
dotado de tal sutileza, que coisa alguma lhe é impenetrável, caracteres que
pareciam em absoluta contradição com os que a Física de sua época ensinava como
sendo os da matéria. (Pág. 211)
8a Reunião
Objeto do estudo:
Capítulos II, III e IV da 3a Parte.
Questões
para debate
A. Segundo as ciências
físicas, que diferenças existem entre os estados sólido e gasoso de uma
substância qualquer, como a água? (Págs.
214 a 224 do livro; itens 211 a 215 do texto de consulta )
B. De que é formada a
atmosfera espiritual da Terra? (Págs. 227
a 232 do livro; itens 217 a 221 do texto de consulta.)
C. Podemos dizer que,
apesar de intangíveis e invisíveis aos nossos olhos, os fluidos são tão reais
quanto o ar que nos circunda? (Págs. 233
a 237 do livro; itens 222 a 224 do texto de consulta.)
D. O calor aumenta ou
diminui o movimento das moléculas que formam os corpos materiais? (Págs. 237 a 239 do livro; itens 225 a 228
do texto de consulta.)
E. Por que razão os
fluidos do mundo espiritual são sempre imponderáveis? (Págs. 239 a 245 do livro; itens 229 a 232 do texto de consulta.)
F. A força centrífuga
tem por efeito diminuir ou aumentar o efeito da gravidade? (Págs. 246 e 247 do livro; itens 233 a 235 do texto de consulta.)
G. A força da gravidade
também se exerce sobre o perispírito? (Págs.
247 a 249 do livro; itens 236 e 237 do texto de consulta.)
H. É verdade que
William Crookes, ao cabo de três anos de investigações, conseguiu fotografar ao
mesmo tempo o Espírito de Katie King e a médium Florence Cook? (Págs. 252 e 253 do livro; itens 238 e 239
do texto de consulta.)
Texto para consulta
210. Abrindo este
capítulo, Delanne diz que seu objetivo é mostrar que os principais ensinos do
Espiritismo decorrem de estudos minuciosos, harmônicos com as concepções
modernas e constituindo uma filosofia religiosa de imponente realidade. Dito
isso, ele passa a reportar, de forma
reduzida, as informações contidas no cap. VI, “Uranografia geral”, de “A Gênese”, de Allan Kardec, a respeito
do espaço, do tempo e da matéria. (Págs.
212 e seguintes)
211. A par dos textos
extraídos d’ A Gênese, o autor
consignou nesta obra algumas informações interessantes sobre o assunto: I)
Tales de Mileto reconheceu a esfericidade da Terra e a causa dos eclipses. II)
Pitágoras ensinava o movimento diurno da Terra sobre seu eixo e seu movimento
anual em torno do Sol, e ligou os planetas e os cometas ao sistema solar. III)
Segundo Sir Charles Lyell, que
empregou os métodos usados em Geologia, mais de 300 milhões de anos
transcorreram depois da solidificação das camadas superficiais do globo
terrestre. (Págs. 214 a 216)
212. As ciências
físicas admitem - diz Delanne - que
todos os corpos têm suas moléculas animadas de duplo movimento: de translação
ou oscilação em torno de uma posição mediana e de libração (balanço) ou de
rotação em torno de um ou de muitos eixos. Esses movimentos se efetuam sob a
influência da lei de atração. (Pág. 220)
213. Nos sólidos, as
moléculas se encontram dispostas segundo um sistema de equilíbrio ou de
orientação estável; nos líquidos, acham-se em equilíbrio instável; nos gases,
encontram-se em movimento de rotação e em perpétuo conflito umas com as outras.
(Págs. 220 e 221)
214. Todos os corpos da
Natureza se acham submetidos a essas leis: seja a asa de uma borboleta, a
pétala de uma rosa, o rosto de uma donzela, o ar, o mar, ou o solo, tudo vibra,
gira, se balança ou se move. Repouso é, na Natureza, palavra carente de
sentido. (Pág. 221)
215. Fechando o
capítulo, Delanne disserta sobre as famílias químicas e lembra que todos os
tecidos dos vegetais e dos animais são formados basicamente de combinações
variadas de quatro gases apenas: o hidrogênio, o oxigênio, o carbono e o
nitrogênio, aos quais se adicionam fracas quantidades de corpos sólidos em
número muito reduzido. (Págs. 221 a 224)
216. Em suma, diz
Delanne, a idéia de uma matéria única, donde necessariamente tudo o mais
derivaria, é também admitida pelos sábios, e os Espíritos que a preconizaram
estão, pois, de acordo com a ciência contemporânea. (Pág. 225)
217. Delanne de novo se
reporta ao cap. VI de “A Gênese”, de
Allan Kardec, parte do qual ele transcreve. Um fluido etéreo, dizem os
Espíritos, enche o espaço e penetra os corpos. Esse fluido é a matéria cósmica primitiva, geratriz do mundo
e dos seres. A Natureza – assevera
Delanne – jamais está em oposição a si
mesma, e uma só é a divisa no brasão do Universo: Unidade. (Pág. 227)
218. Escapa ao homem o
poder de criar qualquer parcela de energia, ou destruir a que existe.
Transformar um movimento em outro é tudo o que está ao seu alcance. Assim, não
se pode criar a energia e firmado está que ela não se destrói. (Pág. 228)
219. Pertence ao médico
J. R. Mayer, de Heilbronn, a Colding e ao físico Joule o mérito de haverem
demonstrado que nem uma só fração de energia se perde e que é invariável a
quantidade total de energia de um sistema fechado. (Pág. 228)
220. Para dissertar
sobre o mundo espiritual, Delanne se vale de parte do cap. XIX, “Os fluidos”,
de “A Gênese”, em que Allan Kardec mostra
que os fluidos mais próximos da materialidade compõem a atmosfera espiritual da
Terra e é desse meio que os Espíritos encarnados ou desencarnados extraem os
elementos necessários às suas existências. (Pág.
231).
221. A solidificação da
matéria mais não é - segundo a obra
citada - do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixarem de existir as
condições de coesão. (Pág. 232)
222. É preciso - diz
Delanne - que o público, ao ouvir-nos falar de fluidos, se habitue a não ver
nessa expressão um termo vago, destinado a mascarar a nossa ignorância. Que
todos fiquem bem persuadidos de que estamos constantemente mergulhados numa
atmosfera invisível, intangível aos nossos sentidos, mas tão real quanto o próprio
ar. (Pág. 233)
223. Se estudando a
matéria gasosa, chegamos a imaginar certos estados transcendentes, que não se
dirá do estado radiante, em que os átomos se movem a velocidades fantásticas? E
tudo isso dentro dos limites da matéria conhecida! (Pág. 235)
224. Nas primeiras
idades da ciência, parecia que as forças eram separadas e que o número delas se
multiplicava ao infinito. Pouco a pouco, porém, se reconheceu que efeitos
diferentes podem derivar de uma causa única. Newton identificou a gravidade e a
atração, observando na queda da maçã e na manutenção do astro em sua órbita
efeitos de uma mesma causa: a gravitação universal. Ampère demonstrou que o
magnetismo é apenas uma forma de eletricidade. (Págs. 236 e 237)
225. Nos dias atuais,
uma grandiosa concepção veio mudar de novo a face da ciência: a de que todas as
forças da Natureza se reduzem, na verdade, a uma só. A energia ou a força (são
sinônimos os dois termos) pode assumir todas as aparências, sendo,
alternativamente, calor, eletricidade, luz e dar origem às combinações e
decomposições químicas. (Pág. 237)
226. Aquecer um corpo
significa aumentar-lhe o movimento interno, isto é, o movimento de suas
moléculas. Ora, desde o átomo invisível até o corpo celeste, tudo se acha
sujeito a movimento, tudo gravita numa órbita imensa ou infinitamente pequena.
Em geral, a aceleração do movimento das moléculas lhes aumenta as órbitas e as
afasta uma das outras, ou, por outras palavras, aumenta o volume dos corpos. (Págs. 237 e 238)
227. Sob a influência
do calor, as moléculas - afastando-se cada vez mais - fazem com que os corpos
passem do estado sólido ao líquido e, em seguida, ao gasoso. Persistindo o
calor, os gases se dilatam indefinidamente, e aí está o princípio que rege os
veículos movidos a vapor. (Pág. 238)
228. À medida que a
matéria passa do estado sólido ao estado líquido, o volume aumenta; depois, do
estado líquido ao gasoso, a dilatação se torna ainda maior, de sorte que a
matéria se rarefaz, na proporção em que o movimento molecular se pronuncia. Um
litro d’ água, por exemplo, dá 1.700 litros de vapor, isto é, ocupa um volume
1.700 vezes superior ao que ocupava no estado líquido. Nessas condições, as
atrações mútuas entre as moléculas diminuem e o movimento oscilatório das
mesmas se torna mais rápido. (Págs. 238 e
239)
229. A velocidade das
moléculas será tanto maior quanto mais leve for o gás, ou seja, quanto menos
matéria contiver na unidade de volume. Assim, enquanto a velocidade média por
segundo, à temperatura do gelo em fusão (zero grau), é de 485 metros para as
moléculas do ar, ela alcança 1.848 metros por segundo no caso das moléculas do
hidrogênio. (Pág. 239)
230. Ora, se
acompanharmos a ciência em suas induções, será perfeitamente possível conceber
um estado em que a matéria se ache tão rarefeita que o seu movimento molecular
a liberte da atração terrestre. O éter dos físicos atende a essa concepção. (N.R.: A espuma quântica da Física moderna
corresponderia, segundo o professor Antônio Carlos Tôrres Teixeira, de
Leopoldina-MG, ao conceito espírita de fluido cósmico universal.) (Pág. 240)
231. De acordo com o
Espiritismo, os Espíritos possuem um corpo fluídico que nenhuma das formas de
energia pode influenciar. Nem os frios intensos dos espaços interplanetários,
nem a temperatura de muitos milhares de graus dos sóis qualquer influência
exercem sobre a matéria perispirítica. (Pág.
241)
232. Os fluidos do
mundo espiritual caracterizam-se - segundo Delanne - por movimentos cada vez
mais rápidos das moléculas e dos átomos e, por isso, são sempre imponderáveis. (Pág. 245)
233. Encerrando este
capítulo, o autor trata da questão da ponderabilidade e explica por que um
pedaço de ferro apresenta pesos diferentes, conforme seja posto numa balança em
Paris, no equador ou num dos pólos do globo. É que o peso de um corpo mais não é do que a soma das atrações exercidas
pela Terra sobre cada uma das moléculas desse corpo. Ora, a atração decresce
com muita rapidez segundo o afastamento do objeto em relação ao centro do
planeta. Assim, um pedaço de ferro que pesasse 2 kg em Paris, no equador
pesaria menos 5,70 gramas e no pólo mais 5,70 gramas. (Pág. 246)
234. A gravidade é,
portanto, uma propriedade secundária, não ligada intimamente à substância, o
que permite conceber com certa facilidade como a matéria pode vir a ser
imponderável. Basta-lhe desenvolver uma força suficiente para contrabalançar a
atração terrestre. (Pág. 247)
235. Os corpos que
giram em torno de um centro, como a Terra gira sobre si mesma, desenvolvem uma
força que é denominada força centrífuga,
que tem por efeito diminuir o efeito da gravidade. No pólo ela é nula e máxima
no equador. Calculou-se que se a Terra girasse dezessete vezes mais depressa,
isto é, se fizesse sua rotação em 1 hora e 24 minutos, a força centrífuga se
tornaria grande bastante para destruir a ação da gravidade, de modo que um
corpo colocado no equador deixaria de pesar. (Pág. 247)
236. Aplicando esses
conhecimentos às moléculas materiais, que são animadas também de um movimento
duplo, de oscilação e de rotação, possível nos será imaginar, para cada uma
delas, um movimento de rotação bastante rápido para que a força centrífuga
desenvolvida anule a de gravitação. Nesse momento, a matéria se tornará
imponderável. Aplicado o raciocínio à matéria fluídica, em que a rarefação é mais
acentuada do que nos gases, é fácil compreender por que a matéria perispirítica
é imponderável. (Págs. 247 a 249)
237. Concluindo, diz
Delanne que os fluidos formativos da atmosfera terrestre têm uma densidade
bastante fraca, mas suficiente para os reter em nossa esfera de atração.
Decorre daí o motivo pelo qual a alma, revestida do seu corpo fluídico, não
pode abalar para o infinito, no momento em que a morte a libera da prisão
carnal. Somente quando se ache terminada a sua evolução terrenal, quando o perispírito
estiver suficientemente desprendido dos fluidos grosseiros que o tornam pesado,
é que o Espírito poderá gravitar para outras regiões e abandonar, afinal, o seu
berço. (Pág. 249)
238. À vista dos
volumosos arquivos do Espiritismo contendo relatórios promanantes de homens de
ciência universalmente estimados, seria necessária a mais insigne má-fé para
não se reconhecer o imenso alcance dessas experiências. Evidentemente, isso não
quer dizer que devamos aceitar todas as afirmações espíritas que nos forem
feitas, porque faz-se preciso, sobretudo nessas matérias, nos mostremos
excessivamente severos quanto ao valor dos testemunhos e proceder a uma seleção
rigorosa no acervo das observações. (Pág.
252)
239. Em todos os
relatos sérios já publicados sobre as materializações, a primeira parte da
narrativa é consagrada à descrição das providências tomadas para evitar o
embuste, sempre suspeitável, porque todo o cuidado ainda é pouco. Vejam-se por
exemplo as clássicas pesquisas de William Crookes: só ao cabo de três anos de
investigações, feitas na maioria em sua própria casa, conseguiu ele ver e
fotografar simultaneamente o Espírito e a médium, certificando-se assim de que
a aparição não era devida a um disfarce de Florence Cook. (Pág. 253)
9a Reunião
Objeto do estudo:
Capítulo IV da 3a Parte.
Questões
para debate
A. Como distinguir o
desdobramento do duplo do médium com a aparição de um Espírito? (Págs. 255 a 260 do livro; itens 241 a 244
do texto de consulta. Veja também o item 256 do mesmo texto.)
B. É certo dizer que é
possível à alma materializar-se temporariamente, quer transformando o duplo do
médium, quer tomando matéria e energia ao médium para materializar sua própria
forma fluídica? (Págs. 261 a 265 do
livro; itens 245 a 248 do texto de consulta.)
C. Que tipo de
verificação comprovou que Katie King e Florence Cook eram duas personalidades
distintas? (Págs. 265 a 268 do livro;
itens 249 a 251 do texto de consulta.)
D. Como é possível à
alma reproduzir a forma de um corpo físico já extinto? (Págs. 270 a 274 do livro; itens 252 a 257 do texto de consulta.)
E. Resumindo suas
conclusões a respeito das aparições tangíveis, Delanne as sintetiza em cinco
pontos. Quais são eles? (Págs. 274 a 276
do livro; itens 258 a 260 do texto de consulta.)
F. Que argumentos
Delanne opõe à tese de Aksakof de que é muito difícil, se não impossível, estar
certo da identidade de um Espírito, ainda quando ele revela fatos referentes à
sua existência terrestre? (Págs. 276 a
278 do livro; itens 261 a 264 do texto de consulta.)
G. Em que consiste,
segundo Delanne, o inconsciente? (Págs.
279 e 280 do livro; itens 265 a 267 do texto de consulta.)
H. Em que circunstância
uma aparição tangível constitui prova absoluta da imortalidade do ser que ali
se apresenta? (Págs. 280 a 282 do livro; itens 268 a 270 do texto de
consulta.)
Texto para consulta
240. Após relatar
algumas das providências tomadas pelos mais célebres investigadores, Delanne
fala dos moldes de membros corporais obtidos nas sessões e acrescenta as razões
pelas quais é impossível aí a fraude. (Pág.
255)
241. Seria a aparição
um desdobramento do médium? Em muitos casos, sim, é isso que se dá; contudo é
muito simples distinguir-se uma bilocação do médium de uma materialização de
Espírito. Se o fantasma se parecer com o médium, tudo indica que se trata da
exteriorização do seu perispírito. (Pág.
255)
242. O Sr. Brackett diz
ter visto centenas de formas materializadas e, em muitos casos, o duplo
fluídico do médium se lhe assemelhava tanto, que parecia ser o próprio médium, então
em sono profundo. (Pág. 256)
243. Nos fenômenos de
transfiguração, em que a aparição modifica o seu aspecto, Delanne entende que o
fato provém da ação do Espírito cujos traços são reproduzidos, uma vez que o
médium desconhece, na maioria dos casos, o desencarnado que assim se manifesta.
(Págs. 257 e 258)
244. Ora, se é o duplo
do médium que tenta fazer que o tomem por um defunto, impossível lhe será falar
na língua que em vida o morto usava, desde que não conheça tal idioma. Em apoio
a essa explicação, Delanne relata vários casos ilustrativos, extraídos do livro Animismo e Espiritismo, do Sr. Aksakof.
(Págs. 259 e 260)
245. Delanne acrescenta
ainda à sua tese o fato, observado mais de uma vez, de que há casos em que não
se mostra na sessão apenas um Espírito materializado, mas vários ao mesmo tempo
e, às vezes, de sexos diferentes, provando que cada um é um ser real e dotado
de um organismo que lhe permite mover-se e conversar. (Pág. 261)
246. Seguem-se alguns
desses casos, tirados também da obra do Sr. Aksakof, já referida linhas acima. (Págs. 261 a 263)
247. Resumindo a
discussão em torno da qualidade das provas já obtidas, Delanne afirma que,
conquanto tenha havido fraudes operadas por pessoas que queriam passar por
médiuns, é incontestável que, quando as experiências foram feitas por sábios,
as precauções adotadas bastaram para afastar, de forma absoluta, essa causa de
erro. (Pág. 263)
248. Esses relatos, de
origens tão diversas e conformativos uns dos outros, constituem provas de que
os fatos foram bem observados e que são verídicos. E a única teoria que pode
explicá-los a todos, sem exceção de um só, é a do Espiritismo, que nos ensina
que, inseparável do seu envoltório perispirítico, a alma pode materializar-se
temporariamente, quer transformando o duplo do médium, ou, mais exatamente,
mascarando-o com a sua própria aparência, quer tomando matéria e energia ao
médium, para as acumular na sua forma fluídica, que então aparece qual era
outrora na Terra. (Págs. 264 e 265)
249. Na seqüência,
Delanne examina a questão da identidade dos Espíritos que se comunicam e refuta
uma afirmação do Sr. Aksakof que, embora convicto da imortalidade da alma,
entendia que a prova absoluta da identidade do indivíduo é “impossível”. (Págs. 265 e 266)
250. É que Aksakof admitia
como demonstrado que um Espírito pode mostrar-se sob qualquer forma, a fim de
representar uma personagem diversa, que afinal é ele mesmo. À primeira vista,
parece que o fenômeno da transfiguração lhe dá razão. Delanne, porém, discorda
e mostra que nesse fenômeno o médium sofre uma influência estranha, que
substitui pela sua aparência a do médium. Não se pode, portanto, pretender que
o Espírito do médium seja capaz de se transformar, porquanto em nenhum caso foi
isso demonstrado. (Págs. 266 a 268)
251. Evocando o exemplo
de Katie King, Delanne observa que, indubitavelmente, ela não era um
desdobramento de Florence Cook, porquanto esta, perfeitamente acordada,
conversa com Katie e o Sr. Crookes, que vê a ambas. Não só as idéias que elas
revelavam, mas as diferenças de talhe, de tez, de cabelo, de pulsações e de
batimentos mostravam que se tratava, no caso, de duas personalidades bem
distintas. (Pág. 268)
252. Não é difícil
entender que o perispírito seja capaz de reproduzir a forma do corpo físico já
extinto. Desde que nada se perde no envoltório fluídico, as formas do ser se
fixam nele e podem reaparecer sob o influxo da vontade. Segundo Erny, em seu
livro “O psiquismo experimental”, o
Sr. Brackett viu numa sessão um mancebo muito alto dizer-se irmão de uma
senhora presente, que lhe replicou: “Como poderia reconhecê-lo, se não o vejo
desde criança?” De imediato a figura diminuiu de talhe pouco a pouco, até
chegar à do menino que ela conhecera. (Pág.
270)
253. O fato citado -
que tem sido observado muitas vezes - conduz-nos à lei geral, ensinada por
Kardec, de que um Espírito suficientemente adiantado pode assumir, à vontade,
qualquer dos tipos pelos quais tenha evolvido no curso de suas existências
sucessivas. Não se deve concluir disso que um Espírito farsista não possa
disfarçar-se, de maneira a simular uma personagem histórica, mais ou menos
fielmente. Ele pode, sim, mas, evidentemente, pouco avançado na hierarquia
espiritual, os seus conhecimentos, ainda muito limitados, acabarão por
desmascará-lo. (Pág. 270 e 271)
254. Outra observação
importante decorrente do estudo das materializações indica que não é o Espírito
quem cria a forma sob a qual é ele visto, pois os moldes são verdadeiros
modelos anatômicos. É um verdadeiro organismo que se imprime em substâncias
plásticas e não apenas uma imagem. Que organismo é esse? (Pág. 271)
255. É um organismo que
já existe durante a vida e que dá moldagens idênticas no curso dos
desdobramentos: o perispírito, que a morte não destrói e que persiste com todas
as suas virtualidades, pronto a manifestá-las, desde que seja favorável a
ocasião. (Pág. 271)
256. Nos desdobramentos
materializados de médiuns, os moldes obtidos reproduzem sempre o organismo
material do médium, do seu pé, por exemplo, como se deu com Eglinton, ou de sua
mão, como ocorreu com Eusápia. Esse é o critério que nos permite distinguir o
desdobramento do médium de uma materialização de Espírito. Se a aparição é
sósia do médium, segue-se que é sua alma que se manifesta fora do organismo
carnal. No caso contrário, se a aparição difere anatomicamente do médium, quem
está presente é outra individualidade. (Pág.
272)
257. Delanne relata, a
seguir, diversas experiências que dão embasamento à explicação dada. (Págs. 272 a 274)
258. Reportando-se à
natureza das aparições tangíveis, Alfred Russel Wallace disse em carta dirigida
ao Sr. Erny que, em certas circunstâncias,
“a forma tem todos os característicos de um corpo vivo e real, podendo
mover-se, falar, mesmo escrever e revelando calor ao tato”. “Tem, sobretudo, individualidade
e qualidades físicas e mentais totalmente diversas das do médium.” (Pág. 274)
259. Numa carta enviada
ao Sr. Aksakof, o Dr. Hitchman, autor de várias obras sobre Medicina, disse-lhe
ter adquirido a mais científica certeza de que “cada uma dessas formas que
apareceram era uma individualidade distinta do envoltório material do médium,
porquanto, tendo-as examinado com o auxílio de diversos instrumentos, comprovei
nelas a existência da respiração e da circulação; medi-lhes o talhe, a circunferência
do corpo, tomei-lhes o peso, etc.” (Pág.
275)
260. Encerrando o
assunto, Delanne afirma que, com base no conjunto dos fatos observados,
podem-se extrair as seguintes conclusões: 1a - Que os Espíritos
possuem um organismo fluídico; 2a - Que, quando esse corpo fluídico
se materializa, reproduz fielmente um corpo físico que o Espírito revestiu
durante sua vida terrestre; 3a - Que nenhuma experiência demonstrou
que o grau de variação dessa forma possa ir ao ponto de reproduzir outra forma
inteiramente distinta. Se alguma variação se opera, não passa de uma diferença
para mais ou para menos do mesmo tipo; 4a
- Que, estabelecido por inúmeras provas que aquele organismo existe nos vivos,
pode-se afirmar a sua existência depois da morte, uma vez que ela - a existência
- se nos impõe pelos mesmos fatos que a positivam com relação aos vivos; 5a
- Logo, até prova em contrário, a aparição de um Espírito que fala e se
desloca, que se pode reconhecer como sendo uma pessoa que viveu na Terra, é
prova excelente de sua identidade. (Pág.
276)
261. Fiel ao seu
método, o Sr. Aksakof não acredita também que se possa estar certo da
identidade de um Espírito, ainda quando ele revela fatos referentes à sua
existência terrestre, porque outro Espírito pode conhecê-los. (Pág. 276)
262. Delanne diz que
essa proposição reclama estudo mais acurado porque, entende ele, no espaço
muitos Espíritos são absolutamente incapazes de apreender os pensamentos dos
demais Espíritos. A faculdade da clarividência está relacionada com a elevação
moral e intelectual do Espírito. Além disso, a morte não confere à alma
conhecimentos que ela não adquiriu pelo seu trabalho. Se, uma ou outra vez, o
Espírito se revela superior ao que parecia ser neste mundo, é que manifesta
aquisições anteriores, obnubiladas temporariamente na sua última existência. (Págs. 277 e 278)
263. Admitamos,
contudo, que um Espírito conheça os fatos da vida terrestre de um outro
Espírito. Bastará isso para lhe dar o caráter do segundo e a maneira pela qual
este se exprime? Se o observador tiver conhecido suficientemente a pessoa que o
Espírito tenta imitar, ele será facilmente desmascarado, porque - se o estilo é
o homem - é quase impossível que alguém simule o modo pelo qual se exprime um
indivíduo. (Pág. 278)
264. Evidentemente, torna-se
difícil estabelecer a identidade das personagens históricas, mas o mesmo não
sucede quando se trata de um amigo que conhecemos bem, ou de um parente de
nossas relações. (Pág. 278)
265. Pretendeu-se
algures que a consciência sonambúlica do médium pudesse ler no inconsciente do
evocador, de modo a fornecer as particularidades que parecem provar a
identidade e que, por isso, há sempre possibilidade de ilusão. Mas, semelhante
fato nunca foi demonstrado rigorosamente. (Pág.
279)
266. Os trabalhos dos
hipnotizadores modernos não demonstram - diz Delanne - que haja no homem duas
individualidades que se ignoram mutuamente. O inconsciente não é mais do que o
resíduo do Espírito, isto é, vestígios físicos das sensações, dos pensamentos,
das volições fixadas sob a forma de movimentos no invólucro perispirítico e
cuja intensidade vibratória não basta para fazê-los aparecer no campo da
consciência. (Pág. 279)
267. Se, entretanto,
pela ação da vontade se intensifica o movimento vibratório desses resíduos, o eu torna a percebê-los
sob a forma de lembranças. O sonambulismo, ao desprender a alma e dar ao
perispírito um novo tônus vibratório, cria condições diferentes para o registro
dos pensamentos e das sensações e facilita o exercício das faculdades
superiores do Espírito: telepatia, clarividência, etc., que habitualmente não
se exercem durante o estado de vigília. (Págs.
279 e 280)
268. Resumindo a
questão da identidade, conclui Delanne: “uma materialização que apresenta, com
uma pessoa anteriormente morta, semelhança completa de forma corpórea e
identidade de inteligência, constitui
prova absoluta da imortalidade”. (Pág.
280)
269. A propriedade da
lembrança, observada nos Espíritos que se manifestam, implica a existência de
um órgão compatível com o meio em que vive a alma. Na Terra, mundo ponderável,
o cérebro é a condição orgânica. No espaço, meio imponderável, o perispírito
desempenha a mesma função. E como ele, o perispírito, já existe em nosso mundo,
é ele o conservador da vida integral, que compreende duas fases: de encarnação
e de vida supraterrena. (Pág. 281)
270. Para fazer-se
visível e tangível, sabemos que a substância da aparição é tomada ao médium e
aos assistentes. O Espírito materializado haure do médium a energia de que se
utiliza. (Pág. 282)
10a Reunião
Objeto
do estudo: Capítulo IV da 3a Parte e Capítulo único e Conclusão da 4a
Parte.
Questões para debate
A. Nos fenômenos de
materialização, o médium pode experimentar diminuição de peso? (Págs. 282 a 284 do livro; itens 271 a 274
do texto de consulta.)
B. Se o peso da
aparição materializada for igual ao peso do médium, que poderá ocorrer? (Págs. 284 a 286 do livro; itens 275 a 278
do texto de consulta.)
C. Um único poder
existe soberano no espaço imponderável, onde vibra toda a gama de fluidos. Que
poder é esse? (Págs. 286 a 288 do livro;
itens 279 a 281 do texto de consulta.)
D. A ação da sugestão
mental pode realizar-se a distância, sem contato entre o operador e o paciente?
(Págs. 290 a 296 do livro; itens 282 a
285 do texto de consulta.)
E. Como explicar o fato
pelo qual os Espíritos se apresentam revestidos de túnicas, de amplas
roupagens, ou mesmo de suas roupas costumeiras? (Págs. 297 e 298 do livro; itens 286 e 287 do texto de consulta.)
F. As criações ou
formações fluídicas podem dar-se involuntariamente? (Págs. 298 a 307 do livro; itens 288 a 290 do texto de consulta.)
G. A alma não é, na
concepção espírita, uma função do sistema nervoso nem uma entidade imaterial,
como ensina o espiritualismo clássico. Como Delanne a descreve? (Págs. 310 e 311 do livro; itens 291 a 293
do texto de consulta.)
H. Com relação ao
estudo do perispírito, que é que as materializações mostraram? (Págs.
313 e 314 do livro; itens 295 e 295 do texto de consulta.)
Texto para consulta
271. Num esboço feito
pelo Dr. Hitchman, nota-se que, entre a cavidade do peito da forma
materializada e a do médium, há um como feixe luminoso religando os dois corpos
e projetando um clarão sobre o rosto do médium. Esse fenômeno foi observado
muitas vezes nas materializações. Compararam-no ao cordão umbilical. O Sr.
Dassier o equipara, porém, a uma rede vascular fluídica, pela qual passa a
matéria física, em particular estado de eterização. (Pág. 282)
272. O Sr. Aksakof,
após examinar detidamente o gesso modelado da mão de Bertie, concluiu que, sem
nenhuma dúvida, a materialização se efetua a expensas do médium e que o
fenômeno é devido a uma combinação de formas orgânicas existentes. (Págs. 282 e 283)
273. Se essa teoria for
exata, ou seja, se uma parte da matéria do corpo materializado é tomada do
médium, este deve necessariamente experimentar diminuição de peso. É
precisamente isso o que se dá, como foi muitas vezes comprovado. Florence Cook,
ao ser pesada certa vez por William Crookes, acusou 112 libras de peso. Logo
que Katie King se materializou completamente - informa a Sra
Florence Marryat no seu livro There is no
death - o peso da médium ficou reduzido à metade. (Pág. 283)
274. Delanne relata, na
seqüência, outras experiências no mesmo sentido, aditando porém que há casos em
que uma parte é tomada também aos que assistem à experiência. Aksakof informa
numa de suas obras que a Sra d’ Espérance adoecia depois da sessão,
se algum dos assistentes houvesse fumado ou ingerido bebida alcoólica. (Pág. 284)
275. Na mesma obra - Um caso de desmaterialização parcial do
corpo de um médium - Aksakof responde à pergunta relativa ao que resta do
médium, quando o peso da aparição é tão grande quanto o seu. Restará apenas o
perispírito, que é invisível, de sorte que, se alguém penetrar no gabinete, o
encontrará vazio. É pelo menos isso o que teria ocorrido com as médiuns Sras
Compton e d’ Espérance. (Pág. 284)
276. Nem sempre, porém,
é tão completa a desmaterialização do médium, pois há casos - observa Delanne -
em que a aparição e o médium são simultaneamente tangíveis durante todo o tempo
da sessão e, nessas condições, podem ser fotografados, como se deu com Katie
King e Florence Cook. (Pág. 285)
277. Na verdade, como
refere Tyndall, nada se pode acrescentar nem se subtrair à Natureza. É
constante a soma das suas energias e tudo o que o homem pode fazer, na pesquisa
da verdade, é mudar de lugar as partes constituintes de um todo, que nunca
varia, e com uma delas formar outra. “A lei de conservação exclui rigorosamente
a criação e a nulificação”, assevera Tyndall. (Pág. 285)
278. À vista do que nos
ensina a Ciência atual, vemos que temos de considerar tudo o que existe - matéria e força - como rigorosamente eterno. O que pode mudar é
a forma. As palavras criação e destruição perderam o sentido primitivo: significam unicamente a
passagem de uma forma a outra, porque não é a matéria que desaparece, mas sim a
forma que a individualizava. (Pág. 286)
279. Os seres vivos se
decompõem por ocasião da morte com certa facilidade, o que não se dá no mundo
mineral, em que as combinações são mais estáveis. Para separar um pedaço de
carvão que se combinou com o oxigênio, formando o ácido carbônico, é preciso
uma temperatura de 1.200 graus. No que concerne aos corpos simples, tem-se
verificado que nenhuma temperatura neste mundo é capaz de os decompor.
Unicamente o calor do Sol o consegue com relação a alguns deles. Torna-se fácil
compreender que a matéria primitiva, donde eles provêm, é absolutamente
irredutível e, como não pode aniquilar-se, rigorosamente indestrutível. (Págs. 286 e 287)
280. Essa matéria
primordial constitui a base do universo físico, gozando do mesmo estado de
perenidade o perispírito, que é dela formado. Por outro lado, a alma é uma
unidade indivisível. Unida à substância perispirítica, que coisa nenhuma pode
destruir, somente a vontade a pode modificar, expurgando-a dos fluidos
grosseiros de que se satura no começo de sua evolução. As vidas múltiplas são o
cadinho purificador. A cada passagem por ele, o Espírito sai do invólucro
corpóreo mais purificado e, quando tiver vencido as contingências da matéria,
achar-se-á liberto das atrações terrenas, desferindo o vôo para outras regiões
menos primitivas. (Págs. 287 e 288)
281. Nesse mundo do
espaço, nesse meio imponderável, onde vibra toda a gama dos fluidos, um único
poder existe soberano: o da vontade. Sob a sua ação, a matéria fluídica se lhe
curva a todas as fantasias. A alma que se haja tornado bastante sábia para os
manipular, realiza tudo o que lhe possa aflorar à imaginação. (Pág. 288)
282. A vontade -
assevera Delanne - é uma faculdade do Espírito. Ela existe positivamente como
potência e pode agir não somente na esfera do corpo, como projetar a distância
sua energia. (Pág. 290)
283. A influência da
vontade sobre os músculos do corpo é conhecida. A experiência comprova que esse
poder pode chegar até mesmo a vencer as enfermidades. Delanne menciona vários
fatos e mostra ainda como a vontade de um operador pode mudar a matéria do
corpo de um paciente, em sentido favorável ou nefasto. (Págs. 290 a 294)
284. Delanne diz que a
influência de um hipnotizador sobre o seu paciente é fato que dispensa hoje
qualquer demonstração. E mesmo o que foi no passado muito contestado, que é a
ação da vontade a distância, encontra-se atualmente perfeitamente documentado, como
referem os pesquisadores Dr. Husson,
Pierre Janet e Ochorowicz. (Págs.
294 a 297)
285. Reconhecendo que a
sugestão mental pode ser exercida a distância, sem contacto entre o operador e
o paciente, Pierre Janet diz não saber explicá-la. Ora - diz Delanne -, o ser
humano possui uma força nervosa que pode exteriorizar-se. Assim, entre o
operador e o paciente se cria um laço fluídico, que transmite ao segundo a
vontade do primeiro. Nisso nada há que possa surpreender. Afinal, a telegrafia
sem fio também deixou de ser um mito para tornar-se um fato experimentalmente
demonstrado. (Pág. 296)
286. Eis-nos armados,
assim, dos conhecimentos necessários para explicar como os Espíritos se
apresentam revestidos de túnicas, de amplas roupagens, ou, mesmo, de suas roupas
costumeiras. Era preciso primeiro demonstrar o poder da vontade fora do corpo. (Pág. 297)
287. Os fluidos, é bom
lembrar, são formas rarefeitas da matéria. O Espírito haure, da matéria cósmica
ou fluido universal, os elementos de que necessita para formar, à sua vontade,
objetos que tenham a aparência dos diversos corpos existentes na Terra. Os
objetos que ele forma têm existência temporária, subordinada à sua vontade ou a
uma necessidade. Note-se, porém, que ocorre formação,
não criação, porquanto do nada o Espírito nada pode tirar. (Pág. 298)
288. Se tais formações
derivam da vontade do Espírito, poderia isso se dar involuntariamente? Os
estados do sonho parecem indicar como a ação se executa. Quando temos um sonho
lúcido, habitualmente nos achamos nele vestidos de um modo qualquer, o que
provém da circunstância de estar a idéia de vestimentas associada sempre, de
forma inteira, à imagem da nossa pessoa. Podemos, pois, imaginar que nos casos
de desdobramentos, que são objetivações inconscientes, a imagem das vestes
acompanha o Espírito e experimenta, como ele, um começo de materialização.
Dá-se o mesmo com os objetos usuais de que costumamos servir-nos. (Págs. 298 e 299)
289. Na seqüência,
Delanne relata uma série de experiências, levadas a efeito pelos Srs. Binet e
Ferré, as quais parecem deixar firmado que a criação fluídica é uma realidade.
As informações transcritas pelo autor foram tiradas do livro “O magnetismo animal”. (Págs. 300 a 307)
290. Depois que redigiu
esse texto (julho de 1895), Delanne informa ter obtido inúmeras provas
objetivas da realidade da criação fluídica pela ação da vontade. Dentre essas
provas, ele afirma que o comandante
Darget conseguiu por duas vezes exteriorizar o seu pensamento fixado numa
garrafa, de modo a reproduzir essa imagem sobre uma chapa fotográfica, sem uso
da máquina, apenas tocando com a mão a chapa, do lado do vidro. O americano Sr.
Ingles Roggers, após olhar durante longo tempo uma moeda, fixou com toda a
atenção uma chapa fotográfica, obtendo um clichê em que se acha reproduzida a
forma da moeda. E, por fim, Édison filho disse ter construído um aparelho por
meio do qual a fotografia do pensamento se tornaria uma realidade positiva. (Pág. 307)
291. Depois de
assinalar que o hipnotismo prestou um serviço imenso à Psicologia, com o
facultar que se dissecasse, por assim dizer, a alma humana, Delanne reitera sua
convicção, anteriormente expressa, de que a alma humana não é, conforme o
julgam os materialistas, uma função do sistema nervoso, mas sim um ser dotado de
existência independente do organismo e que se revela com todas as suas
faculdades, quando o corpo físico se tornou inerte, insensível, aniquilado. (Pág. 310)
292. A alma humana não
é, contudo, como o afirmam os espiritualistas, uma entidade imaterial, um ser
intangível, pois possui um substrato material,
formado de matéria especial, infinitamente sutil, cujo grau de rarefação
ultrapassa de muito todos os gases até hoje conhecidos. (Pág. 310)
293. Possuímos, diz
ele, provas de todos os gêneros atestando que o ser pensante resiste à
desagregação física e persiste na posse integral de suas faculdades
intelectuais e morais. E mais: embora remonte por vezes a uma época distante do
momento de sua desencarnação, esse ser nenhum traço revela de decrepitude e, em
geral, mostra-se mesmo rejuvenescido, isto é, gosta de ser representado na fase
da sua existência em que dispunha do máximo de atividade física. (Pág. 311)
294. As materializações
mostraram que o perispírito é a fôrma ideal sobre que se constrói o corpo físico
e contém todas as leis organogênicas do ser humano, leis essas que, se
encontradas em estado latente no espaço, subsistem, prontas sempre a exercer a
ação que lhes é própria, desde que para isso se lhes forneça matéria e essa
forma de energia a que se dá o nome de força nervosa ou vital. (Pág. 313)
295. Nossa passagem por
este mundo não é mais do que um degrau da eterna ascensão. Somos chamados a
desenvolver-nos sempre. Há para todos os seres uma igualdade absoluta de origem
e de destino. E um dia, com certeza, veremos efetuar-se a evolução espiritual e
moral que há de acarretar o advento da era augusta da regeneração humana, pela
prática da verdadeira fraternidade. (Pág.
314)
Fim
Londrina, janeiro de
2004
Astolfo O. de Oliveira
Filho
A alma é imortal
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