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terça-feira, 23 de junho de 2015

Pesquisa identifica o médico autor de "Nosso Lar"



LUCIANO DOS ANJOS

Em 19 de maio de 2004, distribuí texto pela internet sobre o espírito André Luiz, mostrando-lhe os olhos e informando que o médium Waldo Vieira identificara para um amigo dele (e meu) quem era realmente o famoso médico carioca. Naquele texto, voltei a explicar que, no início da década de 70, após extenuante pesquisa com 286 médicos desencarnados de 1926 a 1936 (68 foram categoricamente de doenças ou cirurgias gastro-intestinais), eu houvera chegado ao verdadeiro nome, que nada tem a ver com Carlos Chagas, Miguel Couto, Osvaldo Cruz ou Francisco de Castro, os mais citados. O médium Francisco Cândido Xavier me confirmara o nome, mas considerou que a identidade deveria ser mantida em segredo.
Durante minhas pesquisas aconteceu o menos esperado: a família soube dos meus passos e me procurou. Percebi então que o Chico tinha razão quanto a sermos cautelosos e disse àqueles familiares - que já sabiam de tudo - que, de minha parte, o público ainda nada saberia.
Guardei esse segredo até a recente distribuição do texto pela internet, quando divulguei junto os olhos de André Luiz, receoso de que a revelação do Waldo se espalhasse sem mais controle. Agora porém tudo mudou e não vejo mais motivo para qualquer reserva. Pretendo contar tudo e até publicar minha pesquisa em livro, pois não sei quem conheça mais detalhes dessa história do que eu; não apenas em relação às ponderações do Chico, mas também relativamente à conversa que tive com a família de André Luiz.
A pessoa a quem o Waldo passou a informação é meu amigo, Osmar Ramos Filho. Ele é o autor da extraordinária obra "O avesso de um Balzac contemporâneo", análise de amplo espectro do livro "Cristo espera por ti", de Honoré Balzac, psicografado pelo Waldo Vieira. Um estudo notável de corroboração da mediunidade do Waldo. Acertei com o Osmar que continuaríamos mantendo segredo, transferindo para meu filho Luciano dos Anjos Filho o encargo de fazer a identificação pública, quando as circunstâncias se mostrassem propícias, isto é, ao tempo em que a conduta terrena de André Luiz, narrada em "Nosso Lar", pudesse ser melhor assimilada pelos descendentes.
Por que meu novo posicionamento? Afirmei certa vez que, após a precisão da minha pesquisa, o Chico havia passado para o Newton Boechat a identificação correta. Eles eram muito amigos, muito ligados. A atitude do Chico, portanto, nunca me surpreendeu, especialmente ao constatar que eu já havia chegado ao nome certo. Em qualquer circunstância acabaria ali o mistério. E - confesso hoje mais claramente - eu sabia que o Boechat sabia, pois a respeito disso conversamos várias vezes, sempre sem nenhuma testemunha.
Ocorre que o Newton Boechat achou por bem abrir uma exceção e estendeu a identificação, também em caráter confidencial, a uma outra pessoa. E esta, por motivos que ignoro, recentemente repassou a informação para mais alguém, num lamentável e inconseqüente deslize verbal. Bem, agora já se trata de segredo condominial. Estão querendo inclusive publicar um livro sobre a vida do verdadeiro André Luiz. Já tem até editora. A intenção é temerária, porque nem sabem da conversa que tive com os familiares. O levantamento dos dados está sendo feito às pressas e em sigilo, naturalmente para parecer que a identificação já era conhecida antes de mim. Como não sou tão ingênuo como os mais ingênuos supõem, estou agora abortando essa esperteza.
Já relembrei que desde o início da década de 70 divulguei na imprensa, por mais de uma vez, minha pesquisa, embora sem revelar o resultado final. Não seria, pois, tão necessária essa minha decisão de agora, pois ninguém no movimento espírita desconhece meu trabalho. Mas já apareceu até quem dissesse que foi um velho amigo meu de Franca que me passou o segredo. "Lorota" de alto vôo e alta envergadura, seja lá de quem for a versão e diante da qual os que me conhecem preferem acreditar que os condores têm medo das alturas... Ninguém mais além de mim, do Newton Boechat, do Chico e do Waldo (estes dois obviamente) sabiam da verdadeira identidade de André Luiz. Incluo ainda a discreta e amorável Maria Laura Hermida de Salles Gomes (Mariazinha), que se relacionava com uma sobrinha de André Luiz e a qual teve papel importante na conexão com o Chico e o Waldo. Pouco depois, mais aquele amigo do Newton Boechat passou a saber também, em caráter excepcional. Foi ele que, aperaltando assunto tão sério, acabou contando para quem está agora esboçando o livro. Minimizar minha pesquisa fazendo dela fruto de mera informação do amigo francano é denunciar a si mesmo de oportunista, enquanto perambula pelo humorismo barato dos pobres de espírito, na tentativa de ignorar que uma "lorota" dessas só é degustável com sal de fruta.
Ora, nesse ritmo, logo outros, muitos outros, todos saberão e, se eu esperasse o tal livro aparecer, ninguém mais deixaria de saber, com todos os holofotes em quem tomou o bonde andando. Eis por que, nesta data, me antecipo e universalizo o segredo.

André Luiz é Faustino Monteiro Esposel

Faustino Monteiro Esposel nasceu na rua dos Araújos, 10 (Engenho Velho), cidade do Rio de Janeiro (registro 14º 69), em 10 de agosto de 1888. Desencarnou no Rio de Janeiro, às 17 horas de 16 de setembro de 1931, residindo então na rua Martins Ferreira, 23, no bairro nobre de Botafogo. 
Era filho de João Paiva dos Anjos Esposel e de Maria Joaquina Monteiro (filha reconhecida, ou seja, não registrada oficialmente).
Se pai nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de maio de 1847, conforme registro de batismo feito em 2 de agosto de 1847 (livro AP 1199, fls. 128 v.), na Catedral e Capela Imperial de Nossa Senhora do Monte Carmo. Desencarnou de tísica, no Rio de Janeiro, em Irajá, em 1º de maio de 1900, sendo sepultado no carneiro CP 1814 quadra 39 do cemitério de São João Batista. Foi a mulher dele, Maria Joaquina Monteiro, quem mandou fazer a sepultura. Ela desencarnou no Engenho Velho, no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1910, portanto, dez anos depois dele. Casados no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro nº 6º, 35), em 7 de dezembro de 1871.
João Paiva dos Anjos Esposel e Maria Joaquina Monteiro tiveram os seguintes filhos:
Oscar Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 8º 73). Casado com Orminda Monteiro Esposel. Moravam na rua Bambina (estou omitindo o número de propósito). Seu filho, Léo Esposel, em 1974 estava casado com Maria de Lourdes Ribeiro Esposel. Tinha também três filhas, Lívia Monteiro Esposel, que morava em 1974 na praia do Flamengo (idem, idem), Ida Esposel Neves e Elza Esposel. Orminda nasceu em 1884, no Rio de Janeiro, tendo desencarnado em novembro de 1978, quando morava na praia do Flamengo. Oscar e Orminda tinham sete netos (Luiz, Francisco, Nélida, Consuelo, Maria Cristina, Mônica e Patrícia) e oito bisnetos (Marcos André, Luiz, Guilherme, Marcelo, Ricardo, Luciana, Márcia e  Camila).

Noêmia Monteiro Esposel, nascida no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 10º v.).

Mário Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 11º, 64). Era almirante. Em 1975 morava na rua Prudente de Morais (idem, idem).

Adolfo Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, no Rio de Janeiro, em 30 de novembro de 1885. Desencarnou com apenas quatro meses, no Rio de Janeiro, em 13 de abril de 1886, na rua dos Araújos, 10, tendo sido sepultado no cemitério do Caju (4m.B.d.). Em "Nosso Lar" aparece como menina, mas na verdade era um menino. Quando desencarnou, em 1886, Faustino ainda não era nascido, o que só vai acontecer dois anos depois, em 1888. André Luiz deslocou o acontecimento para depois do nascimento dele, quando ele era "pequenino".

Carlos Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 12º 4v). Em 1974 morava na rua São Salvador (idem, idem). Mudou-se depois para a rua Paissandu (idem, idem). Acabou indo morar em Santa Catarina.

Faustino Monteiro Esposel.

Eram avós paternos de Faustino Esposel: José Maria dos Anjos Esposel e Margarida Maria; e avós maternos: Isidro Borges Monteiro (desembargador) e Paulina Luísa de Jesus.
João Paiva dos Anjos Esposel, pai do Faustino, tinha um irmão chamado Joaquim Maria dos Anjos Esposel (1842-1897), casado com Maria José de Barros Carvalho (filha de Delfim Carlos de Carvalho, barão da Passagem, herói da primeira guerra do Paraguai, e de Ana Elisa de Mariz e Barros, filha do visconde de Inhaúma). O casamento foi celebrado na igreja de São José. Tiveram quatro filhos:
Alice Esposel (casada com Andrônico Tupinambá).

Dulce Esposel (casada primeiro com Sabino Elói Pessoa e, em segundas núpcias, com Joaquim Bernardo da Cruz Secco).

Eponina Esposel (casada com Alberto da Costa Rodrigues).

Delfina Esposel.
(Há uma rua no Rio de Janeiro chamada Joaquim Esposel).

Faustino Esposel tinha muitos sobrinhos, dentre os quais Lívia Monteiro Esposel, Elza, Ida Esposel Neves, Lúcia e Léo, casado com Maria de Lourdes Ribeiro Esposel (todos residentes no Rio de Janeiro). E sobrinhos-netos: Hélcio (almirante), Carlos, Ronaldo (morava em 1974 na rua Prudente de Moraes, era comerciante de couro, casacos de couro, ligado ao Jockey Club Brasileiro). Todos pessoas de bem.
Outros parentes: Laís de Niemeyer Esposel, residente em 1974 na avenida Vieira Souto, desencarnada em fevereiro de 1994; Jayme Carneiro de Campos Esposel, residente em 1974 na estrada do Joá, era capitão de fragata quando comandou o contratorpedeiro Ajurieda, de 16 de outubro de 1956 a 29 de novembro de 1957; Marcello, residente em 1974 na rua Cândido Mendes. Nomes de respeitabilidade entre os que os conhecem.

Faustino Esposel casou com Odette Portugal Esposel, conhecida por Detinha. Era filha do médico José Teixeira Portugal, nascido em 1874 e desencarnado em 1927. Ela nasceu em 6 de junho de 1900 e desencarnou em 5 de fevereiro de 1978. A missa foi rezada no dia 13 daquele mês, na igreja de Santa Margarida Maria, na Lagoa.
Irmã da Odette Portugal Esposel: Olga Portugal, viúva de Gumercindo Loretti da Silva Lima, casada em segundas núpcias com o primo Arthur Machado Castro, que tinha uma irmã chamada Lygia. Olga e Gumercindo tiveram uma filha: Lígia Loretti, casada com Jorge C. Dodsworth, que por sua vez tiveram uma filha chamada Regina. Gumercindo Loretti foi figura muito ligada aos ideais do escotismo e tinha um irmão, Jarbas Loretti da Silva Lima, diplomata e poeta, nascido em 1868, no Rio de Janeiro, autor de Vozes Andinas, 1918.

Faustino Monteiro Esposel e Odette Portugal Esposel moravam na rua Martins Ferreira, 23, em Botafogo, cidade do Rio de Janeiro. A partir de 1954, a casa passou a ser propriedade da Associação de Educação Católica do Brasil, subordinada à Conferência dos Religiosos do Brasil e que permaneceu ali até 1981, quando se transferiu para Brasília. A casa passou a abrigar, então, a Creche Escola Favinho do Mel, patrocinada pela Associação e dirigida por três senhoras que ali residem até hoje (2005). O atual porteiro se chama “coincidentemente” André Luiz...

Faustino Esposel nasceu na capital federal (na época Rio de Janeiro), no dia 10 de agosto de 1888. Era professor substituto da seção de neurologia e psiquiatria da Faculdade de Medicina e reputado clínico, catedrático de neurologia na Faculdade Fluminense de Medicina. Foi ainda chefe do serviço da Policlínica de Botafogo e do Sanatório de Botafogo e médico da Associação dos Empregados do Comércio. E era também sanitarista, portador por concurso do título de docente de higiene da Escola Normal do Rio de Janeiro, na qual foi continuamente encarregado de cursos complementares. Fez os estudos primários na Escola Alemã, conhecia profundamente o idioma germânico, cursou durante alguns anos o externato Mosteiro de São Bento. Formou-se em 1910 em farmácia e em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde defendeu tese sobre "Arteriosclerose cerebral", em que recebeu a nota de distinção.

Durante o curso acadêmico, foi adido dos serviços clínicos da 7ª e da 18ª enfermarias da Santa Casa da Misericórdia, chefiadas respectivamente pelos mestres Miguel Couto e Paes Leme. Ainda nessa época, exerceu o internato oficial da Clínica Pediátrica dos professores Barata Ribeiro e Simões Corrêa.
Pouco após a formatura, candidatou-se a médico da Assistência de Alienados do Rio de Janeiro, classificando-se em primeiro lugar, pelo que foi nomeado assistente do Hospital Nacional de Alienados. Chegou a titular de livre docente da Faculdade de Medicina, exercendo ali o cargo de professor substituto de neurologia e psiquiatria. Nessa condição teve ensejo de integrar diversas bancas examinadoras de teses de doutoramento.
Foi ainda interno e assistente da clínica neurológica e médico adjunto do Hospital da Misericórdia. Deixou muitos trabalhos publicados sobre a especialidade, o que lhe permitiu ingressar em diversas sociedades científicas nacionais e estrangeiras. Em 1918 fez parte da missão médica brasileira que foi à Europa durante a I Grande Guerra. Como representante do Brasil participou de congressos na Europa e na América do Sul. Foi organizador e secretário-geral da Segunda Conferência Latino-Americana de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal. Sobre a epidemia de gripe no Hospital Brasileiro, em Paris, apresentou em 1919 substancioso relatório ao chefe da Missão Médica Brasileira. Recebeu honroso diploma do curso oficial de Pierre-Marie, assinado por este famoso professor e pelo decano da Faculdade de Paris, professor Roger.

Durante o impedimento do professor Antônio Austregésilo Rodrigues de Lima, catedrático de Clínica Neurológica (fora eleito para o Congresso Nacional), Faustino Esposel exerceu com brilho aquela função, conquistando grande renome como didata. Conseguiu elevado prestígio entre os seus colegas, gozando de justa projeção nos meios sociais. Aficionado dos esportes, criou largo círculo de amizades nas rodas desportivas, em época em que o futebol não era unanimidade nas elites do país.

Faustino Esposel desencarnou na capital federal, às 17 horas do dia 16 de setembro de 1931, com 43 anos 1 mês e 7 dias. O sepultamento foi numa quinta-feira, no dia 17, às 16h30, no cemitério de São João Batista (registro 9817 – Quadra 12, Nº RG Livro 775 – p. 17). O corpo saiu da residência. Missa de 7º dia foi celebrada em 23 de setembro de 31, às 10 horas, na igreja da Candelária.
Antônio Austregésilo, amigo de infância, assinou o atestado de óbito, nele fazendo constar, como causa da morte, apenas uremia. Era portador de uma nefrite crônica. Entretanto, os familiares sabiam e alguns descendentes vivos sabem que ele desencarnou de câncer, o que foi omitido por todos os jornais da época, que apenas mencionaram, como era praxe nesses casos, "a violência da súbita enfermidade que o acometeu" sendo "todos os esforços impotentes no combate ao mal insidioso" (Diário de Notícias, 17 de setembro de 1931); ou "acometido de moléstia aguda, que sobreveio inesperadamente" (Jornal do Commércio, 17 de setembro de 1931). Quando do falecimento, o amigo Antônio Austregésilo fez um panegírico, inserido em Arquivo Brasileiro de Medicina, nº 8, de 1931 (Biblioteca Nacional).

Em 29 de setembro de 1927, Faustino Esposel inscreveu-se à vaga aberta na Academia Nacional de Medicina decorrente da passagem de Teófilo de Almeida Torres, membro titular da Seção de Medicina Geral, para a classe dos Membros Titulares Honorários. Apresentou juntamente com os seus trabalhos a memória intitulada "Em torno do sinal de Babinsky". Aprovado, a eleição teve lugar em 17 de novembro de 1927 e a cerimônia de posse na sessão de 24 de maio de 1928, sob a presidência do acadêmico Miguel Couto, que designou os acadêmicos Antônio Austregésilo e J. E. da Silva Araújo para acompanhar o novo acadêmico ao recinto. Fez-lhe a saudação de paraninfo o acadêmico Joaquim Moreira da Fonseca. Com o seu falecimento, sua poltrona passou a ser ocupada pelo acadêmico Odilon Gallotti, eleito em 23 de junho de 1932 e empossado em sessão de 25 de junho de 1936. Na sessão de 30 de junho de 1932 a Academia promoveu uma homenagem a Faustino Esposel, discursando na ocasião o orador oficial Alfredo Nascimento. Tenho em meus arquivos todos os discursos pronunciados naquela instituição.

Faustino Esposel era católico. Militou na União Católica Brasileira. Foi congregado mariano. Comungava com freqüência, o que era hábito da maioria religiosa daquela época.

Tinha ficha de cadeira cativa do Clube de Regatas do Flamengo, dos anos de 1925 a 1930. Foi presidente do clube no biênio 1920-1922, depois de 1924 a 1927, ano este em que renunciou, assumindo Alberto Borgerth. Em 1928 voltara à presidência, não tendo completado o mandato em virtude da doença. Na assembléia de 23 de dezembro de 1920, quando o presidente já era Faustino Esposel, o Flamengo aprovou o seu novo uniforme, usado até hoje. Em 1926, os Guinle pediram a devolução do imóvel que estava arrendado ao clube. Fez-se então uma campanha de arrecadação junto ao quadro social para a aquisição de um local próprio. Desde 25 de março de 1925, Faustino Esposel havia reunido a diretoria comunicando a disposição do então prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Antônio Prado Jr., de ceder uma área de mais de 34 mil metros quadrados às margens da lagoa Rodrigo de Freitas. Após negociações que se sucederam com o prefeito Alaor Prata, o presidente Faustino Esposel obteve a desejada área na Gávea.
O primeiro jogo ali promovido, ainda sem muro e cercado por madeiras, aconteceu sob a presidência de Faustino Esposel, no dia 26 de novembro de 1926, entre a Liga de Amadores de Foot-Ball (São Paulo) e a Association de Amateurs de Argentina. Nesse período, Oscar Esposel, irmão de Faustino e conselheiro do clube, propôs a inauguração do estádio da Gávea em 15 de novembro de 1938, quando o Flamengo estaria completando 43 anos de fundação. Mas a festa acabou acontecendo antes, no dia 4 de setembro daquele ano com um jogo entre Flamengo e Vasco, vitória vascaína por 2 a 0 que, no entanto, não abafou a alegria rubro-negra, por estar com a nova casa concluída.
Entusiasta dos esportes e da educação física, que sempre cultivou, pertenceu a muitas associações esportivas em que exerceu cargos técnicos e administrativos e de que foi presidente por diversas vezes, como a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos e a Federação Brasileira de Desportes.
Há dois retratos de Faustino Esposel na sede do Flamengo, na Gávea. Outro, de corpo inteiro, não está, como alguns parentes supunham, no gabinete do Deolindo Couto, de quem foi professor. Constatei que se encontrava no corredor escuro da Faculdade de Medicina, então na praia Vermelha (hoje não existe mais). Existe também um quarto quadro, em que ele está de meio-perfil, na residência da Maria Laura Hermida de Salles Gomes (Mariazinha), em Cambuquira, na rua Getúlio Vargas, 141.

Um último registro: Antônio Austregésilo, talvez o maior amigo do Faustino, chegou a presentear Odette com livros de André Luiz.
Bem, eis o que posso adiantar. Tenho muitas outras informações, mas meu acervo completo só pode ser aberto realmente em livro, dados os comentários e as explicações que o tema exige. Aí então farei a necessária análise comparativa com o livro "Nosso Lar" e outros da série. Devo salientar, desde logo, que André Luiz fez pequenas modificações para despistar o leitor, em obediência à preocupação exposta no prefácio de Emmanuel no sentido de ocultar sua verdadeira identidade, o que ele mesmo reafirma na mensagem de abertura ("Manifestamo-nos, junto a vós outros, no anonimato que obedece à caridade fraternal.") Noutras ocasiões deixou pistas insuspeitadas. Mas, num único ponto a modificação não foi pequena, ou melhor, foi radical: a família deixada na terra. Na verdade, Faustino Esposel não deixou filhos. Então, quem são aquelas pessoas referidas no livro? Segundo explicação do Chico, apresentada desde 1975, são todos membros de uma família de que o Faustino era membro em encarnação anterior. A fim de ilustrar os ensinamentos ele foi buscar a situação doméstica no seu passado mais remoto.

Outros detalhes que posso antecipar:
- André Luiz informa que foi assistido na colônia Nosso Lar por um médico chamado Henrique de Luna. Na terra, De Luna (médico, com esse mesmo nome) era contemporâneo de Faustino Esposel.
- André Luiz narra em "Nosso Lar" que teve quinze anos de clínica. Formado em 1910, consta que a partir da segunda metade da década de 20 ele viveu muito mais para o magistério e trabalhos intelectuais ligados à medicina, além das atividades desportivas.
- Luísa, a irmã que André Luiz conta ter desencarnado cedo, quando ele era "pequenino", na verdade era um irmão (Adolfo Monteiro Esposel), desencarnado com apenas quatro meses, em 1886, dois anos portanto antes de ele nascer.
- Quem privou muito da proximidade de Faustino Esposel foi um porteiro que, até meados da década de 70, embora aposentado, ainda costumava freqüentar o Pinel. Disse-me conhecer toda a vida do professor Faustino Esposel, que ele atendia muitos doentes de graça e que era famoso de verdade. A par disso, aludiu a alguns fatos que se ajustam perfeitamente ao que está confessado nas páginas de "Nosso Lar". E confirmou, inclusive, detalhes de comportamento que o próprio André Luiz também não escondeu no livro.
Rio de Janeiro, 1º de julho de 2005.
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Em Nosso Lar, André Luiz narra:
"As velhas árvores do bairro, o mar, o mesmo céu, o mesmo perfume errante." "O vento, como outrora, sussurrava carícias no arvoredo do pequeno parque. Desabrochavam azáleas e rosas, saudando a luz primaveril. Em frente ao pórtico, ostentava-se, garbosa, a palmeira que, com Zélia, eu havia plantado no primeiro aniversário de casamento."
Eis a residência de André Luiz, na rua Martins Ferreira, 23, zona sul do Rio, ali onde a enseada de Botafogo, de um lado, e o mar da praia de Copacabana, de outro, faziam "o vento, como outrora" sussurrar "carícias no arvoredo do pequeno parque". Atualmente a enseada ficou bem mais distante, com o extenso aterro feito na década de 50. E ergueram-se inúmeros edifícios no derredor. As azáleas estavam lá até pelo menos meados de 1950, tanto quanto a palmeira que, segundo me confessaram duas sobrinhas do Faustino Esposel, existiu, sim, mas... não era tão garbosa assim. Coincidente e curiosamente, colocaram em frente ao pórtico uma palmeirinha, num vaso decorativo. Hoje a casa pertence a uma poderosa instituição católica, tendo instalado ali uma creche.
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O avô de André Luiz e os Silveiras
E agora, vamos a duas explicações que eu gostaria de reservar para o meu livro. São tantos os e-mails a tal respeito que resolvi abrir mais essa exceção e adiantar as respostas.

Como se chamava o avô do Faustino Esposel, que em No Mundo Maior, no capítulo 18, aparece com o nome Cláudio M... ?
Chamava-se exatamente José Maria dos Anjos Esposel. Houve apenas a troca de José para Cláudio. O segundo nome foi preservado mediante apenas a inicial M. Por que isso? André Luiz trocou todos os nomes da sua família. Bastaria inventar mais um sobrenome qualquer. Por que, no caso do seu avô, ele resolveu deixar a pista do M? Bem, primeiramente vamos reler os seguintes trechos daquele capítulo:
"Esfarrapados, esqueléticos, traziam as mãos cheias de substância lodosa que levavam de quando em quando ao peito, ansiosos, aflitos. Ao menor toque de vento, atracavam-se aos fragmentos de lama, colocando-os de encontro ao coração, demonstrando infinito receio de perdê-los.
E indicava com ufania os punhados de lodo a escorregar-lhe das mãos aduncas.
Tornando ao pretérito, reconheci que vigoroso laço me unia àquele desgraçado que ainda sofria o pesadelo do ouro terrestre, carregando placas de lodo que premia enternecidamente ao coração.
– (...) O patrimônio, acumulado à custa das dificuldades alheias, converteu-se em lodacentos detritos.
Meu avô pôs-se a contemplar as massas de lama que sobraçava, e gritou, aterrorizado."
André Luiz resolveu deixar a pista do M porque representava algo mais além do simples M de Maria. José Maria dos Anjos Esposel, devido à sua personagem pouco lisonjeira, fora apelidado, por alguns imigrantes portugueses radicados naquela área, pela alcunha de José M... Desculpem, mas não devo completar o que André Luiz não completou, e que todos vocês já podem imaginar e que no livro foi substituído por lama. Não era exatamente a palavra chula que nós bem conhecemos aqui no Brasil, mas uma outra dela derivada e completada pelo sufixo oso, sem entretanto se tratar da palavra medroso. Mas é quase isso. E nossos dicionários nunca registraram o termo. Fui encontrá-lo somente num velho dicionário editado em Portugal, em 1873, o Grande Diccionario Portuguez ou Thesouro da Lingua Portugueza, pelo doutor Fr. Domingos Vieira, Porto, editores Ernesto Chardron e Bartholomeu H. de Moraes, 5 vols.
Aí está, pois, por que a exceção aberta por André Luiz. Ele quis realmente deixar uma pista inquestionável, embora o simples M de Maria já fosse mais do que convincente.

Quem eram os Silveiras?
O pai do Faustino protestou impiedosamente as promissórias do Silveira, "cliente e amigo", com o encorajamento do filho, que era "muito jovem ainda" (capítulo 35 de "Nosso Lar"). Pelos cálculos, Faustino Esposel de fato era, na ocasião, ainda adolescente e, já vaidoso, nem "conseguia enxergar as necessidades alheias". Descendentes do Faustino não souberam exatamente de quem se tratava, mas sabiam da existência da família Silveira Alves, admitindo que talvez se chamasse Francisco Silveira Alves. (André Luiz suprimiu o último nome Alves.) Sim, os Silveiras eram amigos da família Esposel desde longa data. A mãe de Francisco Silveira Alves era madrinha de João Maria dos Anjos Esposel, pai de Faustino Esposel, como consta do assentamento do batismo, celebrado em 2 de agosto de 1847, na Catedral e Capela Imperial de Nossa Senhora do Monte do Carmo, e lançado no livro AP 1199, fls. 128 v. Eis os termos:
"Aos dois dias de agosto de mil oitocentos e quarenta e sete nesta Catedral e Capela Imperial de Nossa Senhora do Monte do Carmo desta Cidade e Corte do Rio de Janeiro batizei e pus os Santos Óleos solenemente no inocente João filho legitimo de José Maria dos Anjos Esposel e de Margarida dos Anjos Esposel, recebidos em matrimônio nesta Capela Imperial, nasceu a vinte e nove de maio do corrente ano; foram padrinhos Manoel Joaquim de Paiva e senhorinha Silveira Alves de que para constar fiz este assento.
O Coadjutor Manoel Antônio Cabral".
À época da crise, em 1900, ela já era desencarnada ou estaria com 71 anos. Casou-se em 1848 com o primo José Silveira Alves, nascendo no ano seguinte o filho Francisco Silveira Alves. É à mulher desse Francisco que André Luiz se refere em "Nosso Lar", chamando-a "a senhora Silveira". Sua filha (neta, portanto, da madrinha do pai do Faustino), André Luiz a designa por "senhorita Silveira", ou seja, mesma condição da avó (senhorinha Silveira) quando acontece o batismo de João Paiva dos Anjos Esposel - com o tempo ninguém mais usou o termo senhorinha, daí a atualização de André Luiz.
Bem, outros elementos ficam para o meu livro, que as más línguas já dizem que estou preparando para ganhar dinheiro. Esclareço que de todos os livros que até hoje publiquei alusivos à doutrina, os meus direitos autorais foram sempre doados a instituições espíritas, como será o caso de mais esse. Não ganho dinheiro com o espiritismo. Aprendi isso inclusive com André Luiz.
Rio de Janeiro, 8 de agosto de 2005.
(Exatamente 117 anos do nascimento de Faustino Esposel)
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Respostas sobre a identificação de André Luiz
Tornou-se infactível, para mim, responder individualmente a todos os que me têm escrito e se manifestado a respeito da identificação do André Luiz. Peço desculpas pelo recurso que vou usar, a fim de contornar a dificuldade. Agradeço sinceramente os aplausos e as recriminações, entre estas algumas bastante virulentas, mas dentro do direito livre de se posicionar. Só repilo dois e-mails que extrapolaram a mínima educação social e incluíram até palavrão. Um deles apenas com iniciais e reticências, como se tais reticências abrandassem a deselegância. O outro não mediu o destempero e foi porcamente explícito. Acho que quando a pornografia entra no texto, não existe democracia que consagre.
Houve ainda determinados casos em que encaminhei resposta direta. Tive razões.
Assim, vou apresentar alguns e-mails cujos textos, doravante transcritos, são os de quem assinou (apliquei apenas as iniciais), mas que contêm as mesmas dúvidas ou colocações repetidas em muitos e muitos outros. A resposta, portanto, valerá para todos. E aqueles a quem não escrevi diretamente e nem estiverem incluídos aqui, respondo-lhes que suas questões serão completamente esclarecidas no meu livro, já que demandam detalhes bem mais extensos e, por isso mesmo, impossíveis de se conterem em e-mails.
Rio de Janeiro, 7 de setembro de 2005.

Pelo que você nos traz ele era um homem religioso. Isto não estará em desacordo com o que relata logo no primeiro capítulo de "Nosso Lar"? (LL)
André Luiz não nega, em "Nosso Lar", que era religioso, embora sem maiores convicções diante, por exemplo, dos conceitos de inferno e purgatório. Encarnado, como Faustino Esposel, ele se diz católico e praticante, mas, regra geral, é o que os médicos diziam e faziam na primeira metade do século passado. Todos, com as históricas exceções, se diziam católicos praticantes e cumpriam religiosamente, em demonstrações exteriores, o seu papel clássico e conservador. Era a época em que os psiquiatras asseguravam que o espiritismo levava à loucura. Aliás, ainda hoje há muita gente que cumpre o ritual católico, mas não acredita em nada da sua esgarçada doutrina.

Prefiro tomar como hipótese, forte, mas uma hipótese. (FM)
Uma hipótese é sempre uma suposição a verificar. Já fiz a verificação, cujos registros passei, em parte, para o público. Do ponto de vista da pesquisa e cientificamente falando, não se trata mais de hipótese. Salvo se você mesmo deseja fazer essa verificação. Não está impedido e tem todo o direito. Chegará, com certeza, às minhas mesmas conclusões. Asseguro.

Não cola. Está aqui bem expresso nestes escritos o reconhecimento por André Luiz, e outros do seu tempo, o seguinte: 1º De que era um bom católico e empenhado em obras de beneficência. 2º O reconhecimento de Deus e do seu poder. 3º O reconhecimento de que algo haveria além do conhecido cientificamente. Se existe confusão nesta altura, pertence a quem a criou reparar a mesma. (EA) - Os escritos aludidos são os que eu, Luciano dos Anjos, distribuí pela internet.
Em trecho algum da série "Nosso Lar", André Luiz diz que foi ateu ou materialista, mas apenas "que detestava as religiões no mundo" (capítulo 2). Define-se indiretamente como católico, embora a seu modo. "De fato, conhecia as letras do "Velho Testamento" e muita vez folheara o Evangelho" (capítulo 1). E interpretava as escrituras "com o sacerdócio organizado" (idem).
"Conhecia, apenas, a idéia do inferno e do purgatório, através dos sermões ouvidos nas cerimônias católico-romanas a que assistira, obedecendo a preceitos protocolares" (capítulo 12). Já em textos sobre Faustino Esposel, alguns dos quais distribuí pela internet, seus colegas escreveram que ele era católico e crente de Deus. E era mesmo. Se era um bom católico, na sua absoluta acepção e sinceridade, não se soube, mas, pela confissão em "Nosso Lar", verificamos que foi um católico formal, sem convicção. Empenhado na assistência ao semelhante, André Luiz também diz ter sido, pois "nos quinze anos de sua clínica, também proporcionou receituário gratuito a mais de seis mil necessitados" (capítulo 14). O reconhecimento de Deus e do seu poder não é negado, tanto que, após muito sofrimento, começou "a recordar que deveria existir um Autor da Vida, fosse onde fosse", idéia que, explica, o confortou (capítulo 2). Considerava-se "igualmente, filho de Deus, embora não cogitasse de conhecer-lhe a atividade sublime quando engolfado nas vaidades da experiência humana" (capítulo 2). Acho, assim, que não sou bem eu que estou fazendo a confusão.

Eu penso mesmo se não poderíamos obter novas comunicações dele para constatarmos qual seriam suas idéias atualmente tendo em conta que ele observava e se preocupava segundo o texto ora apresentado com os caminhos da medicina da sua época. (LGS)
As idéias atuais de André Luiz a esse respeito estão todas na sua maravilhosa série. Para isso, pois, não necessitamos de novas comunicações.

O que sinceramente não compreendo é o motivo de se colocar a verdadeira identidade do autor espiritual de "Nosso Lar", imerso num verdadeiro labirinto e trancafiado por incontáveis chaves, por parte de alguns médiuns. Sabemos hoje que Carlos Chagas não é André Luiz! Não seria mais coerente dizer: Sei quem é mas não vou falar! Ao invés da dica-despista? (AVF)
Será que passou pela cabeça de alguém que o Chico e o Waldo não soubessem quem é o espírito André Luiz? Claro que sempre souberam e, se nunca falaram que sabiam, foi exclusivamente para não ensejar indagações e pressões que fatalmente ocorreriam. A coerência deles estava justamente na certeza de que todos sabiam que eles sabiam.

Muito bom saber o verdadeiro nome de André Luiz, porém, mesmo que tenha cometido muitos erros, o verdadeiro nome que conheço é André Luiz, o mensageiro. Sobre o livro a respeito de André Luiz, você não acha que sendo Roustanguista, assim como eu, as pessoas possam duvidar de sua pesquisa? (MM)
Não sei bem o que Roustaing possa ter a ver com essa pesquisa, mas de fato tudo é possível do lado dos fanáticos. Talvez você acabe tendo razão, já que andaram me enviando algumas críticas baseadas nessa premissa. Mas vamos lá. Penso que somente alguém completamente cego pode duvidar de uma pesquisa com tantos elementos de comprovação. Porém, nada devemos estranhar. Tomé que era Tomé também duvidou. Quanto à outra parte da indagação, é óbvio que erros foram cometidos por ele, mas resgatados pelo menos com oito anos de Umbral e um desempenho de caridade maravilhoso na colônia Nosso Lar. Quem dera que todos nós seguíssemos seu exemplo. Por isso mesmo, André Luiz continuará a ser o André Luiz que todos aprendemos a admirar.

Você começa o texto dizendo que o Faustino Monteiro Esposel nasceu na rua dos Araújos, 10, bairro do Engenho Velho, cidade do Rio de Janeiro, em 10 de agosto de 1888. Depois que você fala sobre os muitos sobrinhos de Faustino Esposel, no parágrafo seguinte, você diz: Faustino Esposel nasceu na capital federal, no dia 24 de outubro de 1888. Fiquei confusa com relação às duas datas de nascimento do dr. Faustino Esposel. Ficarei muito agradecida se você me tirar essa dúvida. (NMC)
Fruto da minha pressa, já corrigi o equívoco em e-mail posterior. Vale a primeira data. Faustino Monteiro Esposel nasceu em 10 de agosto de 1888 e desencarnou em 24 de outubro de 1931, com 43 anos, 1 mês e 7 dias.

Enfim, André Luiz era bom ou era mau? (PP)
Hoje, na condição de espírito desencarnado, sabemos todos da bondade dele. Da vida de encarnado, como Faustino Esposel, não ouso fazer qualquer avaliação. André Luiz foi o que está narrado e confessado por ele mesmo em sua obra, principalmente em "Nosso Lar". Que seja lido e avaliado por cada leitor.

Não creio haver acréscimo significativo aos atributos de amor e humildade deste iluminado espírito que é André Luiz. Era da vontade dele que permanecesse oculto seu nome da última existência, alguma causa deveria ele ter. Não nos convém julgar esta causa, também sobre os comentários do nosso querido Chico. Gostaria de te pedir que fosse consultado o próprio André Luiz para saber de suas intenções, com a finalidade que não fosse invadida sua vontade e privacidade. (MB)
A vida toda a humanidade buscou a comprovação da existência do Jesus histórico, exatamente para que sua doutrina ganhasse ainda maior beleza e relevo. Se não nos interessasse conhecer bem de perto as pessoas e os missionários, então que todos deixassem de lado a existência real de Jesus, porque, afinal, o que vale é a doutrina que está legada nos Evangelhos, seja lá quem a tenha pregado. Mas esses todos que juram o desinteresse são muito dissimulados, pois no fundo das consciências sempre estiveram interessadíssimos em saber quem era André Luiz, para o que viviam interrogando o Chico e o Waldo até com certa inconveniência e impertinência. Tantos escrúpulos de agora são tão intempestivos que seus portadores nunca reclamaram sobre o que se escreveu até hoje em relação ao Carlos Chagas.
No mais, tenho quase plena certeza de que André Luiz não está desgostoso com meu trabalho, pois ele mesmo nunca escondeu o que fez de errado e, se nunca quisesse que descobrissem quem ele foi, não teria deixado tantas pistas. Principalmente sabendo que por aqui estava encarnado um jornalista perseverante chamado Luciano dos Anjos. Você gostaria que eu consultasse o próprio André Luiz sobre as minhas intenções. Nunca o fiz nem o faria porque de antemão eu sempre soube, como todos nós, que ele não queria identificar-se ainda. E agora essa medida perdeu a razão de ser, pois o Chico está desencarnado e o Waldo resolveu, por ele mesmo, como já contei, acabar com o mistério. Por último: se a identificação nada acrescenta à obra, que é que o silêncio acrescentou até hoje? Ora, a obra é a obra.

O senhor pode me dizer se é uma fonte segura? (TG)
Como? Se sou fonte segura? Ah, claro. Seguríssima. Pode crer.

Você acredita que com essas revelações haverá alguma mudança no movimento espírita sobre as obras de André Luiz? O que foi que o motivou a revelar essas informações, já que o próprio André Luiz omitiu seu verdadeiro nome e o Chico o alertou para não o divulgar? (ALBC)
Foram as circunstâncias já por mim explicitadas que me levaram à revelação pública. Não fossem tais circunstâncias e, como eu sempre desejei, o segredo permaneceria apenas com meu filho para decisão futura, a critério dele. Quanto a provocar mudanças no movimento espírita, é claro que nenhuma ocorrerá. O movimento espírita entrou por um atalho tenebroso (ver meu livro "O atalho"), que só reverterá pela conscientização das bobagens que vêm sendo praticadas sob as ordens das atuais lideranças, ambiciosas e enceguecidas quanto ao papel do espiritismo. Tais lideranças não se interessam mais pela doutrina; apenas pela organização.

O Chico Xavier não poderia ter feito com você o que fez  com outros, isto é, confirmado que André Luiz é o Faustino Esposel somente para agradar? (EZV)
Comigo ele agiu diferentemente, tal como irei narrar em meu livro. Confirmou e recomendou que nada fosse revelado. A reação, portanto, foi completamente outra. Mesmo porque ele já havia feito à família a promessa do silêncio. Conto mais. Tenho em meus arquivos cartas do Chico sobre assuntos até mais graves e mais importantes que esse, mas ele colocou no alto, em manuscrito, a recomendação: "confidencial". Não obstante, nada me impede de exibir essa recomendação (apenas o pequeno trecho manuscritado da recomendação, é claro) para quem o desejar, e pessoalmente, e em minha casa. Quero dizer com isso que o Chico não usaria de subterfúgios comigo, pelo menos em relação a esse assunto, sobre o qual tinha a certeza de que eu chegara à identificação correta.

Por que o Chico disse para tantas pessoas que o André Luiz era o Carlos Chagas? (ALP)
Disse? Ou levaram o Chico a dizer? E como foi que disse, em que tom? Falou na forma direta ou apenas abriu aquele meigo sorriso, deliciosamente cristão, e respondeu com alguma confirmação oblíqua? Mas se disse mesmo, de verdade, não seria isso um desrespeito ao desejo do anonimato expresso em "Nosso Lar"? Eu pesquisar e descobrir é uma coisa; outra bastante diferente e estranha seria o próprio Chico romper o segredo. Então, se disse mesmo, todas as críticas que me estão sendo feitas deverão ser direcionadas para o Chico. Salvo se extrairmos da sua informação - no caso de haver realmente dito - que ele disse porque sabia perfeitamente que André Luiz não era o Carlos Chagas nem nenhum outro dos perguntados. Assim, sua posição junto à família e principalmente junto ao André Luiz e ao plano espiritual ficou perfeita e eticamente resguardada.

A família do Faustino Esposel foi poupada; e a do Carlos Chagas? (H)
Nada tenho com isso. Não fui eu que inventei a identificação do Carlos Chagas. Mas posso perfeitamente explicar a situação. A família do Faustino precisava ser poupada; a do Carlos Chagas, talvez não. Mesmo porque, quem na família do Carlos Chagas não gostou - e houve esse caso concreto - fez a devida comparação e verificou que sua vida e sua história não tinham nenhum encaixe com a do espírito, preferindo rir e achar que os espíritas são malucos. Assim, não havendo nenhum encaixe, a propalação do erro não abalou ninguém, ainda mais que nunca apareceu qualquer texto escrito ou gravado pelo Chico e pelo Waldo confirmando a hipótese. A propalada identificação acabou então sendo considerada piada.
Com a família do Faustino a situação foi sempre outra. Os encaixes tinham tudo a ver. Conhecedores da história íntima dos Esposel, os descendentes sabiam que tudo tinha a ver. E não desejavam a divulgação. Por outro lado, há que levar em conta que as reações, diante desses tipos de casos considerados escandalosos, nem sempre são necessariamente iguais. Há quem não ligue, mesmo sendo verdade; e há quem fique muito aborrecido, mesmo sendo infundado.

Li no site do André Luiz um internauta afirmando que ninguém sabe quem foi André Luiz, mas que André Luiz era português. Que é que você acha dessa "descoberta"? (AFS)
Se ninguém sabe, como é que ele sabe que André Luiz é português? Essa é de dar nos cascos...

André Luiz está feliz com isso tudo? (OA)
Espero que esteja. Ele hoje é um espírito bastante modificado pela dor, pelo aprendizado, pelo trabalho. Espírito bom e evoluído, não creio que se sinta infeliz com uma revelação para a qual ele mesmo contribuiu, deixando várias pistas.

Como era o tipo da pessoa Faustino Esposel? (PNAC)
Bem, não sei exatamente o que você quer dizer com tipo, mas aqui vão alguns traços e informes colhidos junto aos seus contemporâneos e familiares.
Faustino Esposel era considerado, profissionalmente, muito duro, muito pragmático, mas também muito respeitado pelo seu conhecimento e sua autoridade. Tinha de fato cultura, talento. Foi justamente homenageado quando da sua desencarnação, até com suspensão de aulas. Na área esportiva era nome de projeção. Adorava futebol, adorava o Flamengo do Rio de Janeiro (espírita que não torce pelo Flamengo deve estar frustrado...). Foi autor, em 1929, de um anteprojeto de lei sobre educação física. Valorizava muito o corpo, a compleição física. Era charmoso, elegante, sempre bem vestido. Consideravam-no um homem bonito. Tinha recursos financeiros, herdeiro de bom patrimônio e era direta e indiretamente ligado a estirpes de largo prestígio e alto padrão social. Gostava da família, amava de verdade a mulher com quem esteve casado apenas nove anos, de 1822 a 1931, quando desencarnou. Ela nunca o esqueceu até à desencarnação, em 1978. Católico, não acreditava em espiritismo, não se lhe tendo ouvido publicamente qualquer apoio ou endosso. Conta-se que atendia sem cobrar a pessoas menos aquinhoadas. Fazia extravagâncias que, aliás, podem ser conferidas na sua narrativa em "Nosso Lar".

Faustino Esposel, você mesmo disse, não deixou filhos. Como explica-se a história da esposa Zélia e dos três filhos que André Luiz diz em Nosso Lar? (CDK)
É verdade. Faustino Esposel não deixou filhos. Mas esse momento da história está ligado ao passado reencarnatório. É por sinal uma história muito bonita e muito lógica, embora muito amarga. Será contada com detalhes em meu livro. Tudo está certo. Tudo faz sentido.

Li o texto escrito a respeito da identidade de André Luiz. Achei que o trabalho de pesquisa foi bem feito e apresenta muita coerência. Gostaria de uma opinião sobre esta idéia de que André Luiz foi Carlos Chagas. Agora que um livro psicografado oferece esta informação (na qual não acredito) parece que isso virou febre. E outro autor veiculou matéria no Anuário Espírita de 2004 afirmando que o próprio Chico teria dito a ele que André Luiz foi Carlos Chagas. Isso teria ocorrido durante uma conversa com o também médico e cientista Carlos Chagas Filho, segundo a referida matéria. Como entender tal afirmação? Como compreender a informação do livro? Minha pergunta não tem por intuito colocar à prova a sua informação. Muito pelo contrário. Acho que está mais bem fundamentado que os demais. Só gostaria de entender como uma mesma fonte mediúnica (Chico Xavier) poderia emanar informações tão díspares (ou provocar interpretações tão díspares por parte de alguns indivíduos). (LF)
O livro a que você se refere, "Do outro lado do espelho", é um estendal de tolices e absurdidades. Nada do que dele consta é para ser levado a sério. Quem conhece a doutrina espírita percebeu de pronto que tudo ali é engodo, distorção, incoerência. Portanto, você fez bem em descartar como fantasia (do médium ou do espírito) aquele encontro com André Luiz e a informação de que ele é o Carlos Chagas. Quanto à eventual disparidade da fonte mediúnica, ela passa a ser entendida na medida em que conhecemos de perto e na intimidade algumas pessoas. Conto aqui uma pequena história. Certa vez um escritor espírita esteve em Uberaba e, na sua costumeira perturbação, afirmou para o Chico que ele, O.P., era a reencarnação de Allan Kardec. Você acha que o Chico desmentiu ou simplesmente o contrariou? Não. Ouvindo aquela maluquice (ele fundara uma instituição que se tornou famosa pelos mais quadrados desvios doutrinários), Chico Xavier sorriu e perguntou embevecido: "Que bom, meu filho...! E como vai a Amélie Boudet...?" A partir desse encontro o coitado afirmava categoricamente que o Chico havia confirmado que ele era Allan Kardec. Esse era o Chico que, diante dessas situações, por amor e bondade insuperáveis, escorregava que nem sabonete. Assim, depois que a Dinorah Simas involuntariamente propiciou com seu desenho psicopctográfico a "revelação" de que André Luiz era o Carlos Chagas, dificilmente o Chico a desmentiria.

Não concordo com aquele site em que um diz que o senhor não passa de um fuxiqueiro ao se intrometer na vida particular de André Luiz quando era o dr. Faustino Monteiro Esposel. Acho importante sabermos quem são nossos guias, o senhor não acha? (AJJP)
A levarmos a sério esse crítico, todo biógrafo deveria merecer o mesmo epíteto. E que dizer desse outro, que andou se metendo nas relações privadas daquela carregadora de água, expondo-lhe a vida íntima para toda a humanidade e por todos os séculos afora? "Vai, chama o teu marido e volta aqui." "Não tenho marido", respondeu a mulher. Jesus lhe disse: "Falaste bem: não tenho marido, pois tiveste cinco e o que agora tens não é teu marido; nisto falaste a verdade." (Jo. 4:16-19.)
Evidentemente o bom senso indica que não se vai sair por aí contando a vida privada de todo mundo. Mas há os casos excepcionais, como o diálogo de Jesus (quem de nós tem autoridade para achar que Jesus errou?) e aqueles relativamente a personagens de relevo na vida pública, cujos deslizes e acertos são sempre ensejo ao exemplo e ao ensinamento. André Luiz-Faustino Esposel é personagem universal que perdeu o direito à privacidade, como todos os grandes líderes religiosos, os grandes mártires da humanidade ou as grandiosas figuras evangélicas. Não há como esconder a vida de um mito.

Por que devo acreditar na confirmação do médium Waldo Vieira, um péssimo médium que abandonou o espiritismo? (RCVS)
Waldo Vieira, ao contrário de péssimo, foi um grande médium, dos melhores que já encarnaram. Ao psicografar poesia, por exemplo, ele era imbatível, até melhor que Francisco Cândido Xavier que, por sua vez, era fantástico. A poesia que recebeu foi sempre primorosa, o que não surpreende, já que ele é a reencarnação de um dos maiores poetas do mundo. O que aconteceu depois do seu afastamento de Uberaba é outra etapa da sua vida que não vem ao caso analisar aqui. Por sinal, conheço essa história em detalhes. As obras que recebeu de André Luiz, em parceria com o Chico, são excelentes. E, é óbvio, ninguém melhor do que os dois para saber quem é André Luiz. Ambos afirmaram que se trata de Faustino Esposel, com a devida cautela que a revelação sempre exigiu.

Médium que publicou uma entrevista que fez no mundo espiritual com o Carlos Chagas, confirmando ser ele o André Luiz. Como é que fica isso tudo? (C)
Não fica, meu caro. Ou melhor, fica muito ruim para esse médium. Já respondi aqui a uma outra indagação semelhante. Estou aproveitando para, em complemento, registrar que foi esse mesmo médium que escreveu também que a colônia Nosso Lar tem apresentado quebra de padrão social devido à superpopulação; que Tomás Torquemada virou cobra; que um elemental reencarnou como homem, não gostou e voltou a ser duende; que o elemental resolveu mostrar que tinha poder e fez uma demonstração de chuva. No mais, temos ainda a leitura de algumas grosserias, numa linguagem inapropriada à literatura espírita. ("Na próxima dimensão" e "Do outro lado do espelho").

Não ser Carlos Chagas e ser Faustino Esposel que é até certo ponto um ilustre desconhecido parece que representa uma descida na escala dos graus humanos, não? (DFF)
Esse paralelo não é nada fundamental, se levada em conta a transformação havida com Faustino Esposel na espiritualidade e a missão que depois aceitou e cumpre até hoje com coragem e amor. É isso que tem peso. Nem sempre é a fama que assegura o crescimento. Contudo, mesmo sendo feita essa comparação, você se engana. É temerário afirmar qual dos dois seria o de maior nome. Vou transcrever o pequeno resumo* que a meu  pedido fez o neuropediatra Alexandre da Silva Costa, da UFRJ e membro do Grupo dos Oito, de estudo e prática espírita que reúno semanalmente há quase trinta anos. Para não provocar interrupção demasiado longa neste seqüenciamento de respostas, estou incluindo o texto no final do e-mail.

Nas pesquisas você conseguiu saber outras encarnações de André Luiz? (DBA)
Essa informação constará do meu livro. Segundo revelação feita pelo Chico Xavier à família do Faustino Esposel, com o testemunho da amiga Maria Laura, André Luiz foi, na encarnação anterior, da fidalguia inglesa, muito ligado a Ana Bolena (1507-1536), segunda esposa de Henrique VIII, rei da Inglaterra. Aliás, Ana Bolena está reencarnada aqui no Rio de Janeiro, conforme poderá ser lido em outro livro meu a ser publicado em breve e intitulado "Quem foi quem".

O pai e o avô do Fernando Esposel, pelo que li no que você escreveu, têm no sobrenome "dos Anjos". O sr. por acaso é da mesma genealogia? (MCAC)
Não passa de mera coincidência. Chamou-me de fato a atenção, mas fiz a verificação e constatei que somos de ramos diferentes. No entanto, não deixa de ser uma coincidência bastante curiosa: quem desvenda o mistério tem sobrenome igual ao dos ascendentes do Faustino Esposel. Muito curioso mesmo.

*Adendo à pergunta anterior
Toda a escola neurológica brasileira teve origem (direta ou indireta) na antiga Faculdade Nacional de Medicina (atual faculdade de Medicina da UFRJ), fundada em 1808 por D. João VI. Essa escola (em seus primórdios) sempre teve como tradição alguns aspectos, dentre eles:
- Culto à ciência e aos avanços científicos (para a época);
- Rigor extremado no ensino médico e na assistência aos pacientes (com exigência, disciplina e não poucas vezes rudeza no trato).
Dentre os vultos iniciais daquela escola, destacaram-se alguns, tidos por Mestres na Neurologia:
Antônio Austregésilo Rodrigues Lima (1876-1960)
Faustino Monteiro Esposel (1888-1931)
Deolindo Augusto de Nunes Couto (1902-1992)
À época de Faustino, o catedrático era o professor Antônio Austregésilo, que no entanto tinha dificuldades para dedicação total de seu tempo à faculdade por suas atividades também no poder.
Em 1921, Faustino Esposel (1888-1931) foi designado, após concurso, professor substituto da Seção de Neurologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina. Amiúde ele substituiu o professor catedrático de neurologia (Antônio Austregésilo), visto o seu assento freqüente no parlamento, como deputado federal.
“Faustino Esposel foi o professor substituto, seu interino nas vacâncias por conta do assento do mestre no Congresso Nacional como deputado por Pernambuco.”
“Antônio Austregésilo convocou o Professor Faustino Esposel, seu substituto, e pediu-lhe que escolhesse, imediatamente, um cirurgião com capacidade para o começo da Neurocirurgia brasileira.”
Além disso, Esposel descobriu um sinal em Semiologia médica (usado no exame dos pacientes) que leva seu nome.
Quanto à comparação entre Carlos Chagas e Faustino Esposel acerca da importância no cenário médico, fica impossível a definição de qual seria o “maior”, uma vez que atuaram em áreas diferentes (infectologia X neurologia), cabendo ao primeiro o reconhecimento de que é o mais famoso, por conta da descoberta da doença de Chagas em todo o seu ciclo.

IMAGEM DESCRITIVA DE FAUSTINO M ESPOSEL


Atendendo a pedidos que me têm chegado para revelar a imagem que Faustino Esposel (André Luiz) mantinha nos círculos médicos e sociais do país, transcrevo a seguir trecho do necrológio escrito pelo famoso neurologista e acadêmico Antônio Austregésilo, publicado pelo Brasil-Médico, ano XLV, outubro de 1931, um dos mais prestigiosos veículos de divulgação àquela época e o "mais antigo da América do Sul".
"Vi-o crescer e florir; vi-o galgar as asperezas da vida terrena; vi-o senhor de um grande nome na ciência; vi-o conquistar a fama justa e sólida; vi-o estudante, interno, assistente, professor de Clínica Neurológica; vi-o belo, robusto, maduro, amado dos pares, aplaudido da população, adorado da família, disputado dos colegas, recolhido na religião; vi-o também no sofrimento angustioso, progressivo, insolúvel e maldito; na enfermidade insólita e brutal; vi-o chorar, soluçar e orar no horto das mágoas, pedindo a Deus que lhe afastasse dos lábios a esponja do fel; vi-o triste, acabrunhado, meio crente e meio descrente; vi-o assim semivivo e semimorto; vi-o enfim morto, frio, sereno, transformado em santo pela apoteose da população carioca; senti o vôo altíssimo da sua alma para o seio imaculado de Deus que o aguardava com emoção paternal, por ver subir da terra o Cavaleiro da Perfeição!"
O professor e beletrista Antônio Austregésilo Rodrigues de Lima era um dos maiores, senão o maior amigo de Faustino Esposel. Considerado o Pai da Neurologia Brasileira, era membro da Academia Nacional de Medicina e da Academia Brasileira de Letras.
Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2006. 
Tenho prometido a mim mesmo não antecipar mais nada, pela internet, do meu livro "O verdadeiro André Luiz", cujo texto estou arrematando para lançamento no segundo semestre. São muitos os e-mails que recebo sobre numerosos aspectos da minha pesquisa. Peço a todos que tenham paciência, pois o trabalho é mesmo demorado; mas asseguro que irá emocionar os espíritas.
Há porém uma questão que tem sido recorrente nas mensagens recebidas. Trata-se da cronologia das atividades e da vida de André Luiz, que pareceu a alguns não conferir com a biografia do Faustino Esposel. Como já divulguei que o grande neurologista nasceu em 10 de agosto de 1888 e desencarnou em 16 de setembro de 1931, acham que essas datas não se ajustam com o período de mais de oito anos em que ele passou no umbral até o lançamento da obra "Nosso Lar", em 1944. Enganam-se os que assim pensam. Muito pelo contrário, por ser uma identificação absolutamente verdadeira e inquestionável, tudo se ajusta cronologicamente.
A partir daqui, copio o que está no capítulo do meu livro "O verdadeiro André Luiz". Vejamos.
"André afirma que passou "mais de oito anos" no umbral. Acabou sendo socorrido na colônia Nosso Lar durante "algumas semanas". Após isso, foi admitido nos trabalhos de socorro, estando neles envolvido, com certeza, desde agosto de 1939. Em setembro de 1940 é autorizado a visitar o antigo lar na Terra. Acontece a psicografia do livro em 1943. Em março de 1944, o livro é lançado e, no mês seguinte (abril), o Reformador faz o registro, indicando-o à venda. O segundo livro da série, "Os Mensageiros", é ditado no mesmo ano de 1944 e lançado em outubro (Reformador de  novembro de 1944).
Ora, pelo quadro que montei (abaixo), poderemos observar a precisão de todos esses detalhes.
1. 16 de setembro de 1931: Faustino Esposel desencarna.
2. Setembro de 1931 a abril de 1939: Faustino Esposel no umbral.
3. Abril a julho de 1939: Faustino Esposel socorrido em Nosso Lar.
4. Agosto de 1939 a dezembro de 1944: Faustino Esposel em atividade em Nosso Lar.
5. Setembro de 1940: Faustino Esposel visita por sete dias o lar terreno.
6. Maio a outubro de 1943: Dita "Nosso Lar" a Chico Xavier.
7. Março de 1944: Lançamento de "Nosso Lar".
8. Abril a setembro de 1944: Dita "Os Mensageiros".
9. Lançamento de Os Mensageiros.
Faustino Esposel foi direto para o umbral, onde permaneceu "mais de oito anos consecutivos". Se contássemos mês a mês, já teríamos contabilizado praticamente os oito anos. Mas não é o caso. Contado o tempo a partir de 1931, ano em que entrou no umbral, teremos (1931 a 1938, mais 3 meses de 1939, ou seja, "mais de oito anos". Quando se alude, por exemplo, a um cargo, a um tempo de estudo, a uma estada fora do país, etc., a contagem é sempre feita a partir do ano inicial, não importando o mês. Ao narrar seu longo tempo no umbral, Faustino Esposel contou os oito anos a partir de 1931, quando ali chegou.

OUTRAS REFERÊNCIAS.


Narra André Luiz: "estamos em agosto de 1939" e "nos primeiros dias de setembro de 1939" (caps. 24 e 41). Mais à frente, dá outros indicativos: "um ano se passou em trabalhos construtivos" e "atingíramos setembro de 1940"  e " depois do primeiro ano de cooperação ativa"  (caps. 46 e 48). Com isso ficamos sabendo que iniciou as atividades de trabalho em agosto de 1939. Antes desse início, esclarece que esteve em tratamento "havia muitas semanas" (cap. 7). "Muitas semanas" não pode ser menos de 1 mês e, no máximo, quatro meses a contar de julho de 1939 para trás. Mais de quatro já teríamos quase meio ano e a redação não contaria em semanas.
Em 1941, André Luiz foi apresentado por Emmanuel ao médium Francisco Cândido Xavier (carta do Chico). Em 1943, começa o ditado psicográfico, que termina em outubro daquele ano (carta do Chico, Prefácio de Emmanuel e lançamento no Reformador).
Todos esses registros estão amplamente explicados em meu livro e contidos visualmente no quadro aqui anexado. Enfim, a precisão é irretorquível.


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