A
CRIATURA
Apostila 07
Na descrição da hierarquia criadora e diretora de
nosso sistema planetário, já falamos dos Logos, dos Arquétipos, dos Cristos
Planetários e iniciamos a descrição sobre os Devas, também chamados de os auxiliares
dos Cristos Planetários.
Contudo, na apostila precedente, para que ela não
extrapolasse as dimensões costumeiras, interrompemos aquela descrição quando,
ao falar dos Devas, identificamos o Mestre Jesus como sendo um Deles.
Sendo esse comentário um tema bastante polêmico, pois
fere a sensibilidade teológica estabelecida durante muitos séculos, deixamos
para dar seqüência nesta apostila às informações concernentes a Ele,
Jesus. Aos Devas, como um todo, comentaremos
na apostila 08.
Assim, pois, recorreremos às informações de alguns
trechos de livros de autores renomados e de inteira credibilidade, para que as
dúvidas que por ventura tenham surgido possam ir sendo dissipadas.
Começamos com Ramatis.
Esse mentor espiritual, através da psicografia de Hercílio Maes, no seu
livro O Evangelho à Luz do Cosmo, editado pela Livraria Freitas Bastos,
à página 84, comenta que Jesus é, na atualidade, “o
nosso Irmão Maior”.
Que, como todos os seres, em sua evolução passou
pelas situações de acertos e desacertos.
E esse desenvolvimento, explica Ramatis, se deu numa era e num sistema
planetário que na atualidade de nosso tempo não mais existe.
Também argumenta que se Jesus, por designação
Divina, tivesse trilhado sua evolução por caminhos diferentes daqueles que
todos os seres trilham, então demonstraria que há parcialidade no Criador Incriado,
privilegiando uns enquanto que outros seguem “a sorte por contra própria”.
Compreendemos que nosso comentário acima traz uma
informação um tanto quanto impactante para aqueles que ainda não conseguem
assimilar as verdades cósmicas, porém, dêm tempo a si mesmo para uma reflexão,
preparando-se para outra informação a seguir.
Esta é até um pouco mais forte para os corações sensíveis, mas que não
podemos nos furtar de reproduzi-la.
Novamente é Ramatis, pela psicografia de Hercílio Maes, no livro O
Sublime Peregrino, editado pela Livraria Freitas Bastos, e está á página
17.
Ele ratifica a informação anterior contando do período
da imaturidade espiritual deste que denominamos por Jesus, naquele seu princípio
nas eras que se perderam nas lembranças do tempo. Mas que, obviamente, ascendeu aos cimos, por esforço próprio, e se
tornou um dos venturosos que nos assiste.
Retornando ao O Evangelho à Luz do Cosmo,
páginas 84 e 85, e para que tudo isso fique ainda mais coerente, Ramatis
demonstra que a evolução espiritual daquele que na Terra tomou o nome de Jesus,
se processou nos moldes comuns a todas as criaturas. Se não tivesse sido assim, se não tivesse
experimentado das mesmas alegrias e dores que atingem todos os seres em sua
escalada evolutiva, não seria Ele, digno da tarefa que lhe foi delegada. A de conduzir, espiritualmente, uma humanidade.
Todos nós bem sabemos que aquilo que não vivenciamos,
ou aprendemos, não somos capazes de ensinar.
Ora, tendo sido Jesus, um Mestre encarnado entre a humanidade da Terra,
isto é um atestado de que Ele, em algum tempo, e em algum lugar, passou pela
escola que aquelas lições aprendeu.
Ou, então, nossa inteligência se esgrimará no consenso de que o Criador
Incriado privilegia alguns de Seus filhos.
Entretanto, a razão nos esclarece que só foi possível
a Jesus tomar sobre Si a angustiante tarefa de conduzir a Humanidade,
justamente, porque Ele trilhou os mesmos caminhos de acertos e desacertos que
todos percorrem, aprendendo, com isso, como se portar como Mestre que,
verdadeiramente, o foi para nós.
Reconhecemos que a descrição acima, embora
impactante, nos remete à noção sobre a
evolução de Jesus, contando-nos que ela ocorreu antes mesmo da existência de
nosso sistema planetário. Todavia, há um
ponto nevrálgico a ser esclarecido. E
este se refere à questão das teologias Católica e protestante que identificam
Jesus como sendo o Cristo. Torna-se,
então, necessário falarmos a respeito, pois na apostila 06 comentamos
sobre os
Cristos Planetários sem, contudo, incluirmos Jesus nessa categoria.
Novamente recorrendo
a Ramatis em O Evangelho à Luz do Cosmo, à
página 149, vamos encontrar a informação de que Jesus, na sua grandiosidade de
feito, esteve, porém, na condição de médium, intermediando a vontade daquele
que de mais Alto direciona a humanidade.
Enquanto encarnado,
nas terras da Galiléia, teve seu período de esmero psíquico no qual preparou-se
para a consecução da missão de que era portador.
Foi o período dos
trinta anos iniciais de sua vida, e que precederam o período de pregação evangélica. Período de preparação que, embora em escala
menor, podemos comparar com o que acontece
aos médiuns de uma forma geral, que em seus desenvolvimentos vão se ajustando
psiquicamente para afinar a sintonia e, com isso, efetivar a associação com Mentores mais elevados em
hierarquia e saber.
E para tornar todas
essas informações ainda mais claras, Ramatis informa: “Em verdade, o
Cristo, o Divino Logos ou o Espírito Planetário da Terra, é anterior à
existência de Jesus.” (Página
150 de O Evangelho à Luz do Cosmo).
Apesar de todas as
informações fixadas acima, compreendemos bem que ainda possam existir incertezas
ao que divulgamos, pois que a questão da identidade de Jesus é muito
controversa, e as pessoas menos desprendidas se sentirão feridas em suas
crenças, o que é natural e deve ser respeitado.
Entretanto, a bem da
justiça para com o autor Ramatis, para que não o tomem por contrário à qualidade
espiritual de Jesus, temos que à página 155
de O Evangelho à Luz do Cosmo, ele notifica que, embora não sendo o
Cristo, Jesus é “a consciência Angélica mais
capacitada, hipersensível e credenciada para comunicar a vontade, o amor e a
fulgência de Luz desse sublime Logos ou Arcanjo Planetário “, que, como informa Ramatis, é, o Logos, o verdadeiro
interpretador da vontade soberana do Criador Incriado para com a humanidade da
Terra e Jesus o Seu médium.
Os parágrafos acima,
embora bem elucidativos, a nosso ver, naturalmente, não serão suficientes para
alargar os horizontes do entendimento sobre a hierarquia de nosso sistema
planetário, afinal, a ortodoxia religiosa humana não conhece limites. Por isso, necessário se faz outra referência
que corrobora com a informação de que Jesus não é o Cristo, e muito menos Deus.
Baseamos nosso comentário no trecho das
páginas 12 e 15 do livro O Sublime Peregrino, onde Ramatis toca num
ponto de excelsa clareza quando nos lembra que o próprio Jesus, do alto da
cruz, num de seus últimos momentos de vida, dirigindo-se a Quem o enviou, pronunciou
as célebres palavras: : “”- Pai !
Perdoai, pois eles não sabem o que fazem !””
Ora, como
diz Ramatis, por que Jesus se dirigiria a um Ente Maior, se Ele fosse o próprio
? Logo, a polêmica em torno da
personalidade de Jesus foi criada por interesses não confessados até hoje.
Mas isso não nos
importa. Vale-nos mais o que a
inteligência, a razão e a lógica demonstram. Contudo, como a temática é por
demais polêmica, e se nos propusemos fazê-la deveremos, também, oferecer todos
os esclarecimentos que nos forem possíveis, sem que, contudo, queiramos prevalecer
sobre as opiniões pessoais de quem quer que seja. Nosso intuito, único, é entender a lógica da
Criação, de que nela não há privilégios e nem privilegiados. Compreender, sem dogmas, que todos somos
crias da mesma Origem e evoluímos guiados pela mesma e ÚNICA LEI CÓSMICA, no
desiderato inequívoco de que todos estão fadados ao mesmo e igual DESTINO.
Porém, analisemos:
em todos os trechos de Ramatis que
fizemos nossa interpretação, verificamos que a missão de Jesus junto à humanidade
terrestre foi a de guiá-la no rumo
ascensional. Em sua vivência encarnada,
mui apropriadamente foi chamado de Mestre, pois seus ensinamentos e exemplificações revelaram que
além de sua sublime vontade, também incorporou, na face do planeta, a vontade
do Cristo Planetário da Terra. E
investiu-a com tanta autenticidade, própria mesmo de um Evoluidíssimo Médium
que o foi, que, teologicamente, ficou sendo conhecido como Jesus Cristo. Pois nele, conquanto homem, não se distinguia
o ser terrestre do ser celestial.
Portanto, um cognome derivado de seu trabalho de fiel intérprete da soberana
vontade do Criador, perpassada que lhe foi pelo Cristo Planetário. E aqui
vivificada por Ele.
A figura 07A, singela
na forma, procura expressar visualmente a ocupação hierárquica de Jesus. Nela vemos a figura maior do 1º Logos dominando
todo o sistema planetário. À sua volta
os planetas orbitando com o sol ao centro do sistema. Dentre esses planetas vemos a Terra. Em linhas projetadas da esfera terrestre
temos a figura do Cristo Planetário, excelso governante nosso. Espárgisse, Dele, o foco de Sua energia,
vivificando o planeta. Sobre este, sobre
o planeta, vemos a figura que simboliza o ser Jesus, um dos guias espirituais
de nossa humanidade. A figura, portanto,
é um pálido resumo da Hierarquia de nosso sistema.
Todavia, apesar das
evidências da lógica, não poderemos nos furtar de apresentar outros argumentos. Faremos isso para que não se levantem
acusações contra as exposições feitas acima.
Poderão alegar que utilizamos tendenciosa e unilateralmente só dos
escritos de Ramatis, intentando, com isso, obscurecer a nobreza de Jesus. Essa
não é nossa intenção e muito menos o foi a do nobre e citado Mentor Espiritual. Tirar o Mestre Jesus de sua excelsitude e
rebaixando-LO, ora à condição de Anjo, ou Deva; ora à posição de homem comum
como somos, Nele não reconhecendo Deus e nem o exclusivo filho de Deus, como
assim a teologia impinge à sociedade.
Prevenindo contra essa possibilidade de equívoco de interpretação sobre
o nosso texto, reproduzimos abaixo alguns ensinamentos de outros respeitados
pensadores.
Paulo, em sua carta aos Hebreus assim expressa: “Vemos,
porém, (...) aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, (...)” (Aos Hebreus 2:9).
Helena P.
Blavatsky: “Enquanto Deus
encarnado, tudo o que se diz a seu respeito não resiste ao exame crítico da
ciência; enquanto um dos maiores
reformadores, inimigo inveterado de todo dogmatismo religioso, perseguidor do
fanatismo, mestre de um dos mais sublimes códigos de ética, Jesus é uma das
maiores e mais bem definidas figuras no panorama da história humana.” (Isis sem
Véu – volume III – página 135 – Editora Pensamento),
Pietro
Ubaldi, emérito pensador, também se
referindo às razões que ditaram a encarnação do mensageiro Crístico, derribando
a fantasia teológica da divindade de Jesus, diz que, como o objetivo fundamental
da missão encarnatória não era o “de redimir gratuitamente a humanidade, mas, sim, de ensiná-la
com o seu exemplo, ou seja, como fazer para redimir-se através do próprio
sacrifício, então, era necessário o aparecimento na Terra de um ser mais
vizinho ao nível humano, e não o de um ser de dimensões fora destes limites.” (Livro
Cristo, página 46, editado pela Editora Monismo Ltda). (Grifo nosso)
E raciocinando nessa
mesma linha de pensamento, continua Ubaldi:
“Como pode ser imitado um modelo que
(...) está fora do processo evolutivo [
se ele fosse Deus* ] sem
poder com o próprio exemplo, ensinar-nos
o caminho da salvação ?”
(Cristo, página 47) – (*Observação
nossa).
Pietro Ubaldi se
expressa numa lógica que não podemos menosprezar, igualmente ao argumento de
Helena P. Blavatsky acima. Para que houvesse
validade nesse exemplo redentor, era preciso que o mensageiro encarnante fosse “como nós, que tivesse experimentado as dores da evolução,
(...) e não um mártir improvisado, descido do céu (...)” (Livro Cristo, página 47). (Grifo nosso).
Mas falando numa
ordem geral de seres que compõem a administração dos mundos, e da Vida, apresentamos
abaixo outra citação de Helena Petrovna Blavatsky, desta feita no volume I de A
Doutrina Secreta, páginas 257 e 258, editado pela Editora Pensamento, onde ela
explicita:
“(...)
Um Dhyân Chohan não surge ou nasce como tal, prenamente desenvolvido; mas veio
a ser o que é. A Hierarquia Celeste
do Manvantara atual ver-se-á transportada, no próximo ciclo de vida, a Mundos
superiores, e dará lugar a uma nova Hierarquia composta dos eleitos de nossa
humanidade”. (Grifo
nosso)
Helena P. Blavatsky
está informando que os Seres que são classificados como superiores, também eles
vieram dos mesmos princípios em que todos iniciam, e se encontram “plenamente desenvolvidos” porque assim se
fizeram por esforços próprios.
Informa, ainda, que,
“no próximo ciclo”, esta mesma
hierarquia que hoje nos dirige, irá para “Mundos
superiores”, cedendo seus lugares de direção aos seres de “nossa humanidade” que estiverem à altura de
tais desempenhos. Isso demonstra, com
total clareza, que a escala evolutiva é, de igual peso e medidas, para todos os
seres.
Mas Helena P.
Blavatsky vai mais longe em sua exposição.
Prosseguindo do trecho acima:
“Deuses
criados como tais, (Privilegiados*), não demonstrariam
nenhum mérito pessoal em ser Deuses.
Semelhante classe de Seres – (...) seria o símbolo de uma
injustiça eterna de caráter inteiramente satânico, um crime para todo o
sempre presente.” (Grifos nossos) (* Observação
nossa)
Embora contundente, e
polêmica, a informação de Helena P. Blavatsky é de uma total racionalidade, já
que as religiões cristãs e judaica pregam um Deus Absoluto e Justo. Ora, basta olharmos para nossa humanidade
para vermos que, se Deus é como essas religiões ensinam, então Ele não é justo,
pois além de em nosso meio consubstanciar-se a desigualdade social, ele, ainda,
cria outros seres que desde seus princípios são perfeitos e superiores a
nós. Uma discriminação.
Se de fato assim fosse,
então, por direito, poderíamos dizer que Deus, ou a Suprema Inteligência, não é
justo.
Entretanto, aí está a
nossa inteligência e razão para dizer-nos que Ele é Justo sim. Equivocados são seus interpretes aqui na
Terra, que o tomam como sua propriedade e o publicam ao sabor dos interesses de
seus grupos.
O que de fato acontece
é que para uma questão tão simples, os homens das religiões cristãs e judaica criaram emaranhada complicação na qual a
mente humana até hoje se debate sob severas dificuldades para dela se
livrar. Por que não usaram da mesma
simplicidade adotada nas religiões orientais ?
Nelas, os seus respectivos mestres foram reconhecidamente HUMANOS e nem
por isso menores em seus ensinamentos, permanecendo por séculos ininterruptos
venerados por seus seguidores, sem que, para isso, os tivessem deificados.
Entretanto, os
interesses foram mais fortes e, como se expressa Sinésio,
um dos raros bispos católicos, dos sinceramente humildes e leais à causa
cristã, no ano 409 D.C., numa carta a seu irmão, contando de sua decepção ante
o desinteresse do povo por verdades mais consistentes, assim se expressou: “A melhor
coisa que a população deseja é ser enganada.” (in Isis sem Véu – volume III – página 176).
E poderíamos seguir
linhas e mais linhas com esse esclarecimento que pouco efeito produziria além
do que produzirão, pois reina no mundo o desinteresse por pensar
espiritualmente livre. A preferência
geral da humanidade é a de crer na forma que, por séculos, lhe foi impingida,
mesmo que no íntimo tais lições não satisfaçam a consciência.
Portanto, para
dúvidas que porventura perdurem, remetemos o estudante sincero à própria pesquisa,
pois nas questões de consciência nada melhor que a luta própria em prol da
conquista da sólida convicção espiritualizante.
Assim, pois, sem
ousar desmerecer o reconhecido e inominável sacrifício de Jesus para com toda a
humanidade, demonstrando à mesma quão árdua se tornou a jornada evolutiva na
Terra, e com todo o respeito a Ele devido, construímos as anotações acima com o
fito exclusivo de deixar bem claro Sua posição na escala hierárquica que nos
dirige. Nosso desejo é o de mostrar que
os homens o transformaram em vendilhão de sacramentos.
Não tinham a intenção
de divinizá-Lo, mas de, no uso de Seu nome, abarrotar os cofres eclesiásticos
com as moedas dos ignorantes.
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Ubaldi A Grande Síntese Livraria Allan Kardec Editora
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Ramatis/Hercílio
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Yvonne
A. Pereira Devassando o Invisível Federação Espírita Brasileira
Zecharia
Sitchim O 12º Planeta Editora Best Seller
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ANTONIO BRASIL
1996
Revisão
2005
Distribuição
Gratuita de toda a série Copiar e citar fonte
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