VINTE E SEIS MANEIRAS DE
IDENTIFICAR SE
UMA MENSAGEM PROVÉM DE UM BOM
ESPÍRITO
Centro de Estudos Espíritas Paulo
Apóstolo, Ceepa, Mirassol, SP
Seja você espírita ou não, provavelmente,
já se viu em determinada situação em que alguém lhe transmitiu alguma
"mensagem", recebida por algum médium, adivinho ou
"sensitivo", tendo você como especial destinatário.
É muito provável, também, você
conhecer pessoas que andam consultando e recebendo instruções de espíritos por
aí, na intenção de obter soluções rápidas para seus problemas ou aflições. Há
também o caso daquele seu vizinho que "recebe" tal e qual entidade e
"trabalha" em casa mesmo.
Pois bem, você deve ter ficado em
dúvida, sem saber discernir o conteúdo dessas mensagens. Teria sido proveniente
de um espírito mesmo? Ou então, no mínimo, teria esse espírito uma índole moral
superior capaz de merecer a sua confiança?
Levando ainda essa questão para o
campo estritamente psíquico, da influenciação espiritual, a que todos estamos
sujeitos e que ocorre inconscientemente, na rotina de nossas vidas, podemos
observar a natureza de nossas próprias cogitações mentais. O que estamos
cogitando? Seja o que for, será algo digno de alguém preocupado com a auto-educação
espiritual?
Respostas para dúvidas mediúnicas
estão na obra de Allan Kardec
O codificador do espiritismo, Allan
Kardec, em sua obra O Livro dos Médiuns, deixou tudo isso muito bem claro e,
para os estudiosos da doutrina, o que falamos aqui não é nenhuma novidade. Mas,
para quem está chegando agora e para os que se interessam em recapitular o
aprendido, aqui vão 26 maneiras de identificar se uma comunicação é proveniente
de um espírito superior ou não:
1.- Não há outro critério para
discernir o valor dos espíritos senão o bom-senso.
2.- Conhecemos os espíritos pela sua
linguagem e pelos seus conselhos, ou seja, pelos sentimentos que inspiram e os
conselhos que dão.
3.- Uma vez admitido que os bons
espíritos não podem dizer e fazer senão o bem, tudo o que for mau não pode
provir de um bom espírito.
4.- A linguagem dos espíritos
superiores é sempre digna, nobre e elevada, sem mistura de trivialidades. Dizem
tudo com simplicidade e modéstia, não se gabam jamais, não exibem seu saber nem
a sua posição entre os outros.
A linguagem dos espíritos inferiores
ou vulgares tem sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que
indique baixeza, presunção, arrogância, fanfarrice, acrimônia, é indício
característico de inferioridade, ou de fraude se o espírito se apresenta sob um
nome respeitável e venerado.
5.- Não é pela forma material e nem
pela correção do estilo que se julga um espírito mas, sim, sondando-lhe o
íntimo, esquadrinhando suas palavras, pesando-as friamente, maduramente e sem
prevenção. Todo desvio de lógica, razão e de sabedoria, não pode deixar dúvida
quanto à sua origem, qualquer que seja o nome com o qual se vista a entidade
espiritual comunicante.
6.- A linguagem dos espíritos
elevados é sempre idêntica, senão quanto à forma, pelo menos quanto ao fundo.
Não são contraditórios.
7.- Os bons espíritos não dizem senão
o que sabem, calam-se ou confessam sua ignorância sobre o que não sabem.
Os maus falam de tudo com segurança,
sem se preocuparem com a verdade. Toda heresia científica notória, todo
princípio que choque o bom-senso, mostra a fraude se o espírito se diz
esclarecido.
8.- É fácil reconhecer os espíritos
levianos pela facilidade com que predizem o futuro e precisam fatos materiais
que não nos é dado conhecer. Os bons espíritos podem fazer pressentir as coisas
futuras quando esse conhecimento for útil, mas não precisam jamais as datas:
todo anúncio de acontecimento com época fixada é indício de uma mistificação.
9.- Os espíritos elevados se exprimem
de maneira simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia
de ideias, de expressões sempre inteligíveis e ao alcance de todos, sem exigir
esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizerem muitas coisas com poucas
palavras, porque cada palavra tem sua importância.
Os espíritos inferiores, ou falsos
sábios, escondem sob a presunção e ênfase o vazio dos pensamentos. Sua
linguagem, frequentemente, é pretensiosa, ridícula, ou obscura à força de
querer parecer profunda. Mas não é.
10.- Os bons espíritos jamais
ordenam: não se impõem, aconselham e, se não são escutados, se retiram. Os maus
são imperiosos, dão ordens, querem ser obedecidos e permanecem mesmo assim.
Todo espírito que se impõe, trai sua origem. São exclusivos e absolutos em suas
opiniões, e pretender ter, só eles, o privilégio da verdade. Exigem uma crença
cega e não apelam à razão, porque sabem que a razão os desmascariam.
11.- Os bons espíritos não
lisonjeiam. Aprovam quando se faz o bem, mas sempre com reservas. Os maus dão
elogios exagerados, estimulam o orgulho e a vaidade, pregando a humildade, e
procuram exaltar a importância pessoal daqueles a quem desejam captar.
12.- Os espíritos superiores estão
acima das puerilidades da forma e em todas as coisas. Só os espíritos vulgares
podem dar importância a detalhes mesquinhos, incompatíveis com as ideias
verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é um sinal certo de
inferioridade e de fraude da parte de um espírito que toma um nome importante.
13.- Desconfie dos nomes bizarros e
ridículos que tomam certos espíritos que querem se impor à credulidade. Seria
soberanamente absurdo tomar esses nomes a sério.
14.- Desconfie também dos espíritos
que se apresentam muito facilmente com nomes extremamente venerados e não
aceite suas palavras senão com a maior reserva.
Neste caso é necessário um controle
severo e indispensável, porque, frequentemente, é uma máscara que tomam para
fazer crer em pretendidas relações íntimas com os espíritos excepcionais. Por
esse meio afagam a vaidade do médium e dela se aproveitam para induzi-lo,
constantemente, a diligências lamentáveis ou ridículas.
15.- Os bons espíritos são muito
escrupulosos sobre as atitudes que podem aconselhar. Em todos os casos, não
aconselham jamais se não houver um objetivo sério eminentemente útil. Deve-se
considerar como suspeitas todas as que não tiverem esse caráter, ou não
estiverem de acordo com a razão. É ainda necessário refletir maduramente todo
conselho recebido para não correr o risco de expor-se a mistificações
desagradáveis.
16.- Os bons espíritos podem também
serem reconhecidos pela sua prudente reserva sobre todas as coisas que podem
comprometer. Repugna-lhes revelar o mal.
Os espíritos levianos ou malévolos se
comprazem em faze-lo realçar. Enquanto que os bons procuram suavizar os erros e
pregam a indulgência, os maus os exageram e sopram a cizânia por meio de
insinuações pérfidas.
17.- Os bons espíritos prescrevem
unicamente o bem. Toda máxima, todo conselho que não esteja estritamente
conforme a pura caridade evangélica, não pode ser obra dos bons espíritos.
18.- Os bons espíritos não aconselham
jamais senão coisas perfeitamente racionais.
Toda recomendação que se afaste da
reta linha do bom-senso ou das leis imutáveis da natureza, acusa um espírito
limitado e, por consequência, pouco digno de confiança.
19.- Os espíritos maus ou
simplesmente imperfeitos se traem ainda por sinais materiais ante os quais a
ninguém poderiam enganar. Sua ação sobre o médium é algumas vezes violenta,
nele provocando movimentos bruscos e sacudidos, uma agitação febril e
convulsiva, que se choca com a calma e a doçura dos bons espíritos.
20.- Os espíritos imperfeitos, frequentemente,
aproveitam os meios de comunicação de que dispõem para dar pérfidos conselhos.
Excitam a desconfiança e animosidade contra aqueles que lhe são antipáticos, os
que podem desmascarar suas imposturas são, sobretudo, o objeto de sua
repreensão.
Os homens fracos são seu alvo para os
induzir ao mal. Empregando, sucessivamente, os sofismas, os sarcasmos, as
injúrias e até sinais materiais de seu poder oculto para melhor convencer,
procuram desviá-los da senda da verdade.
21.- O espírito de homens que
tiveram, na Terra, uma preocupação única, material ou moral, se não estão
libertos da influência da matéria, estão ainda sob o império das ideias
terrestres, e carregam consigo uma parte de preconceitos, de predileções e mesmo
de manias que tinham neste mundo. O que é fácil de se reconhecer pela sua linguagem.
22.- Os conhecimentos com os quais
certos espíritos se adornam, com uma espécie de ostentação, não são um sinal de
sua superioridade. A inalterável pureza dos sentimentos morais é, a esse
respeito, a verdadeira prova de sua superioridade moral.
23.- Não basta interrogar um espírito
para conhecer a verdade. É preciso, antes de tudo, saber a quem se dirige,
porque os espíritos inferiores, ignorantes eles mesmos, tratam com frivolidade
as questões mais sérias.
Também não basta que um espírito
tenha tido um grande nome na Terra, para ter, no mundo espírita, a soberana
ciência. Só a virtude pode, em purificando-o, aproximá-lo de Deus e desenvolver
seus conhecimentos.
24.- Da parte dos espíritos
superiores, o gracejo, frequentemente, é fino e picante, mas jamais é trivial.
Entre os espíritos gracejadores que não são grosseiros, a sátira mordaz é
sempre muito oportuna.
25.- Estudando-se com cuidado o
caráter dos espíritos que se apresentam, sobretudo do ponto de vista moral, se
reconhece sua natureza e o grau de confiança que se lhe pode conceder. O
bom-senso não poderia enganar.
26.- Para julgar os espíritos, como
para julgar os homens, é preciso saber primeiro julgar a si mesmo.
Infelizmente, há muitas pessoas que tomam sua opinião pessoal por medida
exclusiva do bom e do mau, do verdadeiro e do falso. Tudo o que contradiga sua
maneira de ver, suas ideias, o sistema que conceberam ou adotaram, é mau aos
seus olhos. A tais pessoas, evidentemente, falta a primeira qualidade para uma
justa apreciação: a retidão do julgamento. Mas disso não suspeitam. É o defeito
sobre o qual mais nos iludimos.
Acreditamos que tendo essas
considerações em mente, fica bem mais fácil discernirmos a qualidade de nossos
próprios pensamentos e também nos precavermos de tanta charlatanice que anda
deturpando a essência esclarecedora do espiritismo por aí.
Fim.
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