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segunda-feira, 25 de julho de 2016

A ANOREXIA NUMA SUCINTA ANÁLISE ESPÍRITA
A jovem francesa Isabelle Caro, após sofrer todo tipo
de constrangimentos físicos e morais, desencarnou
no dia 17 de novembro de 2010. Caro foi a “modelo”
que se tornou mundialmente conhecida após mostrar
seu corpo “esqueleticamente nu” para as imagens
midiáticas, na tentativa altruística de advertir as
jovens das passarelas da moda sobre as
consequências da anorexia, doença que sofria desde
os 13 anos.
Segundo o informe do Instituto Nacional de Saúde
Mental Norte Americano (NIMH), as desordens
alimentícias apresentam as taxas de mortalidade
mais altas de todas as patologias mentais. Na década
de 1970, Karen Carpenter, cantora do grupo
Carpenters, também desenvolveu anorexia nervosa.
Ela tentou, em 1982, tratamento com renomados
psicanalistas americanos, porém, no ano seguinte,
Karen, com 32 anos, desencarnou em decorrência de
uma parada cardíaca.
Escrevemos para a Revista Eletrônica O Consolador
um artigo (1) sobre o drama de Terri Schiavo, uma
mulher da Flórida-EUA, que esteve em estado
vegetativo por longos 15 anos e que foi desconectada
do tubo que a alimentava, depois de um intenso
debate entre seus familiares, o governo americano e
os tribunais. Embora não seja citado no artigo,
Schiavo sofreu um ataque cardíaco em 1990,
decorrente de anorexia, o que a levou ao dramático
estado de coma.
Nos anos que vão de 1200 a1500, na Europa
Medieval, muitas mulheres faziam prolongados
jejuns, e por se conservarem vivas apesar do seu
estado de inanição, eram tidas como santas ou
milagrosas. O termo "anorexia santa" foi cunhado por
Rudolph Bell que, valendo-se de uma moderna teoria
psicológica que explicava o jejum, classificou-o como
sintoma de anorexia. Sob o pretexto de que as
mulheres alcançariam posição espiritual mais
elevada, conservando-se distantes dos prazeres
sexuais e comprometendo-se com Deus, a Idade
Média as forçou a praticar o jejum. O registro da
manifestação da anorexia, no entanto, não teve início
nesse período, mas este é, sem dúvida, um momento
de capital importância no estudo dos possíveis
paralelos entre as diversas culturas históricas.
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar cujo
quadro psiquiátrico é de 95% dos casos em mulheres
adolescentes e adultas jovens, que perdem o senso
crítico em relação à imagem corpórea. Sua etiologia,
na essência, é pouco conhecida. Pode ser
determinada por diversos fatores que interagem
entre si de modo complexo para produzir, e muitas
vezes perpertuar, a enfermidade. Fatores genéticos,
psicológicos, sociais, culturais, nutricionais,
neuroquímicos e hormonais atuam como
predisponentes, desencadeantes ou precipitantes e
mantenedores do quadro patológico.
Os transtornos alimentares também costumam ter
como desencadeante algum evento significativo como
perdas, separações, mudanças, doenças orgânicas,
distúrbios da imagem corporal (como a insatisfação
da semelhança corporal da mãe), depressão,
ansiedade e até mesmo traumas de infância. Na
anorexia nervosa, traços como baixa autoestima ou
auto-avaliação negativa, obsessividade, introversão e
perfeccionismo são comuns e geralmente
permanecem estáveis mesmo após a recuperação do
peso corporal.
Sob o ponto de vista espírita, afirmamos que a causa
do distúrbio dessa “doença nervosa” pode ter a sua
matriz nos arcanos profundos do inconsciente. Aí
estão registrados com som, imagens e movimentos os
históricos de vida de cada um. Nesse sentido, a
anorexia é um reflexo dos complexos adquiridos em
vidas pregressas e/ou concomitante aos registros das
experiências de período infantil da vida atual. Os
dardos magnéticos acondicionados no “corpo
espiritual” (termo usado por Paulo de Tarso), são
projetados na indumentária física, desarranjando,
por conseqüência, as funções endocrínicas e
neurológicas, culminando no aparecimento de
doenças físicas e psicológicas de muitos realces que
desafiam a medicina contemporânea. Ainda sob a
perspectiva kadeciana, podemos afirmar que o maior
agravante de qualquer doença é a obsessão espiritual,
hoje uma verdadeira pandemia na Terra.
A sociedade vem sofrendo processos obsessórios
preocupantes. A influência do materialismo cresce
incessantemente. Os valores morais estão sendo
corrompidos com espantosa velocidade. Nunca o
mundo precisou tanto dos ensinos espíritas como nos
tempos atuais, em que anoréxicos definham seus
corpos até a morte. Vivenciamos instantes em que se
aguça o individualismo, enodoando o tecido social, e
nos vendavais da tecnologia somos remetidos aos
acirramentos das desigualdades e isolamentos,
estabelecendo-se níveis de conforto e exclusão sociais
nunca antes experimentados.
Nesse autêntico amálgama, usando e abusando do
livre arbítrio, cada qual vai colhendo vitórias ou
amargando derrotas, segundo o grau de experiência
conquistada. Uns riem hoje, para chorarem amanhã, e
outros que agora se exaltam, serão humilhados
depois. Devemos interrogar a própria consciência,
passando em revista os atos cotidianos, para a
identificação dos desvios do deveres que deveriam
ter sido cumpridos e dos motivos alheios de queixa
por conta dos nossos atos. Revisemos periodicamente
nossas quedas e deslizes no campo moral, ativando a
memória para nos lembrarmos dos tantos espinhos
que já trazemos cravados na "carne do espírito"(2),
tal como ensina o “convertido de Damasco”. Estes
espinhos nos lembrarão a nossa condição de
enfermos em estágio de longa recuperação,
necessitados de cautela.
Na anorexia de matizes nervosas a cura não é fácil e
exige apoio familiar, porque é uma patologia com
raízes sociomentosomático e espiritual. O primeiro
passo, e o mais importante, é convencer o anoréxico
que está doente, que deve ser tratado antes que seja
tarde demais. Não obstante, o emprego de fármacos
para o tratamento ter poucos efeitos concretos,
motivo pelo qual seu uso tem sido limitado. Todavia –
graças a Deus! – o mal não é invencível; pelo
contrário! Nos centros espíritas, podem-se encontrar
tratamentos eficazes através do passe magnético, da
água fluidificada, do atendimento fraterno, da
desobsessão.
A revista Reformador, da FEB, entrevistou o Dr. Elias
Barbosa e o indagou se, na condição de dirigente
espírita ou psiquiatra, teve oportunidade de interagir
com o Chico Xavier para o atendimento de pessoas
em desequilíbrio. O médico espírita explicou que “em
todos os casos gravíssimos, geralmente de
esquizofrenia e anorexia nervosa, sempre solicitava
ao Chico para que o ajudasse no Sanatório, às vezes
com a simples imposição das mãos sobre os
enfermos.”.(3)
Buscar o perfeito equilíbrio entre o corpo físico e o
espiritual é tarefa que compete a cada um de nós,
porque, por intermédio do primeiro temos ensejo de
realizar atividades no bem na matéria; por
intermédio do segundo depuramos aquele e
chegamos a planos mais evoluídos da Criação. Não
esquecendo que Deus tem Suas leis regendo todas as
nossas ações. Se as violamos, assumimos os ônus.
“Indubitavelmente, quando alguém comete um
excesso qualquer, Deus não profere contra ele um
julgamento. Ele traçou um limite. As enfermidades e,
muitas vezes a morte, são consequência dos excessos.
Eis, aí, a punição; é o resultado da infração da lei.
Assim é tudo.”.(4)
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net
Referências:
(1) Hessen, Jorge. Artigo “Somente Deus tem o direito
de dispor da vida humana” disponível no site acesso
em 09-01-2011
(2) 2ª Epístola de Paulo aos Coríntios- 7 – “E, para
que não me exaltasse pela excelência das revelações,
foi-me dado um espinho na carne, a saber, um
mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de
não me exaltar”.
(3) Elias Barbosa, entrevista para Reformado da FEB
disponível no site
http://www.febnet.org.br/reformadoronline/pagina
/?id=199 acesso em 10-01-2011
(4) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de
Janeiro: Ed. FEB, 2000, questão 964

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