A
paisagem humana do sofrimento
Para
onde direciones o olhar detectarás o sofrimento humano presente, realizando o
seu mister de burilamento dos Espíritos.
Não
que a Terra seja um lôbrego hospital, onde somente se encontram as aflições.
Há
bênçãos que se manifestam sob muitos aspectos, incluindo, é claro, a dor, que
desempenha relevante papel no processo evolutivo dos seres.
Na
sua condição de escola de aprimoramento moral, a dor realiza um labor de
fundamental importância para a educação do Espírito.
Face
à rebeldia que predomina na natureza humana, as propostas edificantes e
iluminativas nem sempre recebem a consideração que lhes deve ser oferecida.
E
quando isso acontece as Soberanas Leis recorrem aos impositivos
disciplinadores, entregando o calceta aos métodos de recuperação com caráter de
severidade.
Estabelecem-se,
então, os programas de sofrimento purificador.
Felizmente,
o conhecimento da realidade espiritual proporciona os recursos hábeis para os
enfrentamentos necessários à transformação moral.
Ignorando-se
a lógica da evolução, é compreensível que o quadro reeducativo transforme-se em
cárcere punitivo ou fenômeno de castigo, levando o rebelde a situações
deploráveis que somente as expiações severas logram equilibrar.
Desse
modo, ninguém surpreenda-se ao considerar grande parte da sociedade como um
grupo de excelentes artistas que dissimulam as emoções e ocorrências menos
felizes, dando a impressão de que a sua existência transcorre em calmaria e
júbilos incessantes.
Ninguém,
no mundo físico, existe, que se encontre indene ao sofrimento.
Enquanto
uns iludem-se por algum tempo, dando a impressão de que são invulneráveis à
dor, outros estorcegam no desespero, máscara retirada do rosto e marcas
profundas de aflição macerando sem cessar...
A
dor é, sem dúvida, uma educadora sublime e incompreendida, cuja missão é tornar
felizes os desventurados, desde que, em razão do fustigar dos seus acúleos, a
consciência desperta para as finalidades sublimes da vida.
Sob
disfarces variados ou desnudado, o sofrimento campeia, conduzindo as mentes
distraídas à reflexão inevitável.
Este
indivíduo trabalha no bem e supõe-se credor somente das bênçãos da saúde e das
benesses materiais. Aquele outro, oferece sacrifícios e cumpre promessas na
tentativa de subornar a Divindade que o isentaria do sofrimento.
Vãos
comportamentos esses, porque a ação do bem, sob qualquer aspecto considerada,
faz-lhe bem, edifica-o, mas não o impede de vivenciar as experiências aflitivas
encarregadas da aferição dos valores morais...
Observas,
quase com inveja, os outros que galvanizam as massas, que desfilam no pódio da
fama, e ignoras os conflitos em que se debatem, a intranquilidade em que
passeiam a beleza, o poder, as glórias, todas ilusórias...
Os
deuses do sexo recebem aplausos em toda parte, exibem os dotes eróticos que
desenvolvem, acumulam somas monetárias expressivas, sofrendo em silêncio
abandono e abusos de toda ordem, e lamentas a tua ausência de idênticos
atrativos...
Não
sabes, porém, o quanto de solidão os assinala, quanto são explorados por outros
que lhes concedem migalhas, o vazio existencial que experienciam...
Os
astros dos esportes de massas que atingem o máximo e têm tudo, bem jovens
ainda, insatisfeitos e aturdidos, mergulham no alcoolismo, na drogadição, nas
depressões profundas...
Não
é tua a dor, que somente a ti pertence...
Jesus,
que é o Excelente Filho de Deus, sem qualquer débito perante a Consciência
Cósmica, elegeu no sofrimento acerbo, que não culminou na crucificação, pois
que prossegue até hoje incompreendido, ensinando-nos resignação ante os
aparentes infortúnios e proporcionando coragem diante das vicissitudes a que
todos são chamados...
Não
te intoxiques com as queixas e reclamações ante os teus testemunhos.
Poupa
o teu próximo das tuas lamúrias, porque a dor é tua, mas também é de todos,
pois que aqueles que eleges para narrar as dores também carregam pesados
fardos, que vão procurando conduzir com elevação.
Não
creias que aquele que te aconselha viva em privilégio. A sabedoria com que te
orienta haure-a no eito da aflição mantida com dignidade.
Se
conheces a reencarnação, sabes que todo efeito provém de causa equivalente e
que, portanto, todas as ocorrências fazem parte do roteiro iluminativo de todos
os seres.
Consciente
e conhecedor das Leis da Vida, alegra-te com o ensejo de crescer e de
sublimar-te, avançando com coragem e destemor estrada afora, cantando o hino de
louvor e de reconciliação.
Agradece
a Deus a oportunidade que te é oferecida para a recuperação moral e espiritual,
cultivando o sentimento de paz, que tem função terapêutica no teu calvário,
menos afligente, às vezes, do que o daquele a quem recorres buscando auxílio.
O
Espiritismo não é o mensageiro da eliminação do sofrimento. Antes é o
consolador que te oferece recursos hábeis para que superes todo e qualquer
conflito, amargura, provação, construindo o futuro melhor que te espera...
A
tempestade que vergasta a floresta é a responsável pelas futuras vergônteas
exuberantes que se pejarão de flores e de frutos.
O
mesmo ocorre contigo.
Tem
paciência e nunca desistas da luta, nem te consideres perseguido pela Justiça
Divina.
A
paisagem humana é abençoado rincão do processo evolutivo, pelo Pai oferecido ao
Espírito que necessita desenvolver a sublime chama que lhe arde no íntimo.
Renova-te
sempre e sem cessar, fazendo que cardos sejam flores e feridas purulentas
convertam-se em condecorações de luz.
Bendize
as tuas dores e transforma as lágrimas de agora em futuras pérolas de
incomparável beleza, com que te coroarás ao término da jornada, vitorioso sobre
a noite da aflições...
Joanna
de Ângelis
Psicografia
de Divaldo Pereira Franco, em 21 de novembro de2011,no
Centro
Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em
16.01.2012
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