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terça-feira, 2 de junho de 2015

09  esboço de o livro dos médiuns
11-33
Allan Kardec - O Livros dos Médiuns - Parte Segunda - Manifestações Espíritas - cap. 3 - Manifestações Inteligentes
COMO OCORRERAM AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES?
18. Que papel exerce a vontade do médium nesse caso?
Chamar os Espíritos e ajudá-los no impulso dado ao fluido.
18 a. A ação da vontade é sempre indispensável?
Ela aumenta a força, mas nem sempre é necessária, uma vez que o movimento pode acontecer alheio ou em oposição à vontade do médium, e está aí uma prova de que há uma causa independente do médium.
  O contato das mãos nem sempre é necessário para fazer mover um objeto. Às vezes, é só para lhe dar o primeiro impulso, mas, uma vez animado, pode obedecer à vontade do Espírito sem contato material; isso depende do poder do médium ou da natureza dos Espíritos. Um primeiro contato também nem sempre é indispensável; tem-se a prova disso nos movimentos e deslocamentos espontâneos, que ninguém pensou em provocar.
19. Por que nem todos podem produzir o mesmo efeito e por que nem todos os médiuns têm a mesma força?
Isso depende do organismo e da maior ou menor facilidade com que a combinação dos fluidos pode se dar; além disso, o Espírito do médium simpatiza mais ou menos com os Espíritos que encontram nele a força fluídica necessária. Acontece que essa força pode ser maior ou menor, como ocorre com os magnetizadores. Nesse aspecto, há pessoas que são completamente refratárias; outras, em que a combinação se dá apenas por um pequeno esforço de vontade; outras, enfim, em que acontece tão naturalmente e tão facilmente que nem se dão conta disso, servindo de instrumento sem o saber, como já dissemos (Veja o capítulo 5, Manifestações físicas espontâneas).
  O magnetismo é, sem dúvida nenhuma, o princípio desses fenômenos, mas não como se entende de forma geral. A prova disso é que há muitos magnetizadores poderosos que não fazem mover uma mesinha e pessoas que não são magnetizadores, mesmo crianças, a quem basta pousar os dedos sobre uma mesa pesada para fazê-la se agitar. Logo, se a força mediúnica não depende da força magnética, há uma outra causa.
20. As pessoas ditas elétricas podem ser consideradas médiuns?
Essas pessoas tiram de si mesmas o fluido necessário para a produção do fenômeno e podem agir sem o auxílio dos Espíritos. Portanto, não são médiuns, no sentido dado a essa palavra; mas é possível que um Espírito as assista, aproveitando suas disposições naturais.
  Essas pessoas seriam como os sonâmbulos, que podem agir com ou sem o auxílio dos Espíritos (Veja o capítulo 14, Médiuns, item no 6, Médiuns sonambúlicos).
21. O Espírito que age sobre os corpos sólidos para movê-los penetra na substância dos corpos ou permanece fora dela?
Tanto um como outro; dissemos que a matéria não é um obstáculo para os Espíritos; eles penetram tudo; uma porção do perispírito se identifica, por assim dizer, com o objeto em que penetra.
22. Como o Espírito faz para bater? Ele se serve de um objeto material?
Não; da mesma forma que não usa os braços para levantar a mesa, não tem um martelo à sua disposição. Seu martelo é o fluido combinado colocado em ação por sua vontade para mover ou para bater. Quando ele move um objeto, a luz vos traz a visão dos movimentos; quando bate, o ar vos traz o som.
23. Compreendemos isso quando bate num corpo duro; mas como pode fazer ouvir ruídos ou sons articulados no vago do ar, no vazio?
Uma vez que age sobre a matéria, pode agir sobre o ar, assim como sobre a mesa. Quanto aos sons articulados, pode imitá-los, como a todos os outros ruídos.
24. Dizeis que o Espírito não se serve de suas mãos para mover a mesa; entretanto, viu-se, em algumas manifestações visuais, mãos cujos dedos passeavam sobre um teclado, batiam suas teclas e faziam ouvir sons. Nesses casos, o movimento das teclas não era produzido pela pressão dos dedos? Essa pressão não é tão direta e real como quando se faz sentir sobre nós e deixa marcas na pele?
Não podeis compreender a natureza dos Espíritos e seu modo de agir somente por comparações, que vos dão uma ideia apenas incompleta, e é um erro sempre querer fazer um paralelo dos métodos deles com os vossos. Seus procedimentos ou métodos devem estar em relação com seu organismo. Não vos foi dito que o fluido do perispírito penetra a matéria e se identifica com ela, que a anima com uma vida artificial, factícia? Pois bem! Quando o Espírito coloca os dedos sobre as teclas, ele os coloca realmente e as movimenta; mas não é pela força muscular que pressiona a tecla; ele anima a tecla, como anima a mesa, e a tecla obedece à sua vontade, movimenta-se e faz vibrar a corda. Aqui acontece uma coisa que tereis dificuldade de compreender; é que alguns Espíritos são pouco avançados e ainda materializados em comparação aos Espíritos elevados, conservando as ilusões da vida terrestre; eles pensam que devem agir como quando estavam no corpo; eles não se dão conta da verdadeira causa dos efeitos que produzem, como um camponês não se dá conta da teoria dos sons que articula; se lhes perguntardes como tocam o piano, eles vos dirão que batem com os dedos nas teclas, pois acreditam que é assim. O efeito se produz instintivamente sem que saibam como é, apesar de o fazerem por sua vontade. Quando se fazem ouvir por palavras, é a mesma coisa.
  Compreende-se dessas explicações que os Espíritos podem produzir todos os efeitos que nós produzimos, mas por meios apropriados ao seu estado; algumas forças que lhes são próprias substituem os músculos que nos são necessários para agir, do mesmo modo que para o mudo, o gesto substitui a palavra que lhe falta.
25. Entre os fenômenos citados como prova da ação de um poder oculto, dos Espíritos, há os que são evidentemente contrários a todas as leis conhecidas da natureza; nesses casos, a dúvida não parece ser razoável?
É que o homem está longe de conhecer todas as leis da natureza; se conhecesse todas, seria um Espírito superior. Entretanto, cada dia registra um desmentido àqueles que, acreditando saber tudo, pretendem impor limites à natureza, e nem assim ficam menos orgulhosos. Revelando, sem parar, novos mistérios, Deus adverte o homem para desconfiar de suas próprias luzes, pois chegará o dia em que a ciência do mais sábio será confundida. Não tendes todos os dias exemplos de corpos animados de um movimento capaz de vencer a força da gravitação? A bala de canhão, lançada ao ar, não supera momentaneamente essa força? Pobres homens que acreditais ser muito sábios e cuja tola vaidade é a cada instante contestada. Convencei-vos de que ainda sois pequenos.
75 Essas explicações são claras, categóricas e sem equívocos. Ressalta delas esse ponto importante, fundamental, que o fluido universal, no qual reside o princípio da vida, é o agente principal das manifestações e que esse agente recebe seu impulso do Espírito, seja encarnado ou desencarnado. Esse fluido condensado constitui o perispírito ou o envoltório semimaterial do Espírito. No estado de encarnação, o perispírito está unido à matéria do corpo; no estado de erraticidade*, é livre. Quando o Espírito está encarnado, a substância do perispírito é mais ou menos ligada, mais ou menos aderente, ao corpo físico, se assim podemos dizer. Em algumas pessoas, há uma espécie de emanação desse fluido por consequência de sua organização, e isso constitui, propriamente falando, o que conhecemos por médiuns de efeitos físicos. A emissão do fluido animalizado pode ser mais ou menos abundante, e sua combinação, mais ou menos fácil, o que resulta em médiuns mais ou menos poderosos; mas ela não é permanente, o que explica a intermitência do poder mediúnico.
76 Citemos uma comparação. Quando se tem vontade de agir materialmente sobre um ponto qualquer colocado a distância, é o pensamento que quer, mas somente o pensamento não pode realizar a tarefa; é preciso um intermediário que vai ser dirigido: um bastão, um projétil, uma corrente de ar etc. Observemos também que o pensamento não age diretamente sobre o bastão, pois, se não o direcionarem, não agirá sozinho. O pensamento, expressando-se em inteligência, não é outro senão o Espírito encarnado em nós, que é unido ao corpo pelo perispírito; acontece que ele não pode agir sobre o corpo; assim, age sobre o perispírito, por ser a substância com a qual tem mais afinidade; o perispírito age sobre os músculos, os músculos agarram o bastão e o bastão alcança o objetivo. Quando o Espírito não está encarnado, lhe é necessário um auxiliar estranho; esse auxiliar é o fluido, com a ajuda do qual faz o objeto obedecer e seguir o impulso de sua vontade.
77 Assim, quando um objeto é colocado em movimento, elevado ou lançado ao ar, não é o Espírito quem o agarra, empurra ou ergue, como o faríamos com a mão; ele o satura, impregna, por assim dizer, de seu fluido, combinado com o do médium, e o objeto, assim, momentaneamente vivificado, age como se fosse um ser vivo, com a diferença que, não tendo vontade própria, obedece à força da vontade do Espírito.
Uma vez que o fluido vital, incitado de algum modo pelo Espírito, dá vida artificial e momentânea aos corpos inertes e que o perispírito não é outra coisa senão esse fluido vital, segue-se que, quando o Espírito está encarnado, é ele que dá vida ao corpo por meio do seu perispírito; permanece unido a ele enquanto o organismo o permite; quando se retira, o corpo morre. Porém, se, em vez de uma mesa, temos uma estátua de madeira e se ele age sobre essa estátua como sobre a mesa, teremos uma estátua que se deslocará, que baterá, que responderá por meio de movimentos e batidas; teremos, numa palavra, uma estátua momentaneamente animada de uma vida artificial. Em vez das mesas falantes, teríamos as estátuas falantes. Que luz essa teoria lança sobre uma multidão de fenômenos até agora sem solução! Que alegorias e efeitos misteriosos não explica!
78 Os incrédulos também apresentam como objeção o fato de ser impossível a suspensão das mesas sem um ponto de apoio, por ser contrário à lei da gravidade. Em primeiro lugar, dizemos a eles que sua negação não é uma prova; em segundo, que, se o fato existe, por mais contrário a todas as leis conhecidas, prova uma coisa: que ele repousa sobre uma lei desconhecida e que os negadores não podem ter a pretensão de conhecer todas as leis da natureza. Acabamos de explicar essa lei, mas isso não é razão suficiente para que seja aceita por eles, precisamente porque foi revelada pelos Espíritos que deixaram sua vestimenta terrestre, em vez de por aqueles Espíritos que ainda a têm e que se sentam na Academia. De tal modo que, se o Espírito de Arago1, em vida, tivesse apresentado essa lei, eles a teriam aceitado de olhos fechados; mas, apresentada pelo Espírito de Arago morto, é uma utopia, uma fantasia. E por que isso? Porque acreditam que, estando Arago morto, tudo está morto com ele. Não temos a pretensão de dissuadi-los disso; entretanto, como essa objeção poderia confundir algumas pessoas, vamos tentar respondê-la nos colocando do lado do ponto de vista deles, ou seja, sem considerar por um instante a teoria da animação artificial.

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