Pedro de Camargo
Que significa a evolução se os seres inferiores não evoluem para
as espécies superiores?
Onde a eficiência dessa lei eterna e incoercível se os seres
devem permanecer eternamente chumbados ao estado e às condições em que os
conhecemos no momento atual? Não temos, acaso, para refutar aquela hipótese, o
fato inconteste das profundas modificações verificadas entre os animais de hoje
em comparação com os do passado? O mesmo gênero humano não escapa a estas
alterações. Os homens, como os animais da atualidade, divergem dos homens e dos
animais de outrora. Destes últimos, várias espécies desapareceram do teatro
terreno, existindo apenas exemplares nos museus. Outras variedades há que existiram
em épocas remotas e só lograram chegar ao nosso conhecimento através de
vestígios fósseis.
A criação é uma cadeia infinita cujos elos se entrelaçam num
movimento ascensional constante. Não podemos, naturalmente, ver e palpar esse
entrelaçamento gradual e progressivo dos seres, porque o orbe em que habitamos
não passa de uma nesga ou fração diminuta do Universo. Os elos da infinita
cadeia se conjugam no incomensurável cenário da vida universal. Podemos
imaginar esse fenômeno, podemos concebê-lo, mercê de nossa inteligência e de
nosso raciocínio, mas não nos é dado comprová-lo neste mísero recanto que ora
nos hospeda. A escada que Jacob viu em sonhos, quando em caminho da Mesopotâmia,
é a imagem fiel da evolução.
Por essa escada, cujas extremidades se apoiavam,
respectivamente, uma na Terra, outra no Céu, subiam e desciam os Espíritos.
A escada com seus múltiplos degraus alegoriza claramente as
várias etapas do progresso que os Espíritos vão galgando na conquista aurifulgente
de seus destinos. A Terra não está insulada no céu. Tudo, na criação, é
solidário, como solidárias são as células de nosso corpo. Mundos e sóis,
planetas e astros, anjos e homens, animais e plantas - todas as modalidades de
vida, da mais simples e rudimentar à mais complexa e elevada, sobe a escada
maravilhosa da evolução como hino triunfal que a Natureza entoa à sabedoria
infinita e ao amor incomparável de Deus. O grande naturalista Darwin, conquanto
se mantivesse exclusivamente no terreno da Biologia, averiguou a veracidade da
evolução através das variadas espécies animais anatomicamente estudadas.
Gabriel Delanne, o pensador profundo, o espiritualista consumado, em sua obra
majestosa – EVOLUÇÃO ANÍMICA - firma, com dados positivos, o conceito, hoje
Indiscutível, do progresso de todos os seres numa empolgante peregrinação pela
senda intérmina do aperfeiçoamento.
Wesley, protestante, fundador da igreja metodista, era
partidário da evolução. Raciocinando, certa vez, sobre a sorte dos animais, teve
este pensamento, próprio de uma alma cristã, de um coração amorável e justo:
"Meu Deus! certamente tens concedido aos animais a faculdade de
melhorar. Creio que eles não permanecerão no estado de Inferioridade em que
hoje os conhecemos.
A evolução é um fato que se impõe, e que em tudo se verifica. No
campo do subjetivo ela se ostenta também em demonstrações e testemunhos
irretorquíveis.
A imprensa de Gutenberg evoluiu para as ondas de Marconi, essas
máquinas admiráveis, verdadeiros prodígios da mecânica moderna.
Os barcos de Fulton evolveram, a seu turno, para essas naus
possantes, para os transatlânticos que são cidades flutuantes unindo os
continentes.
A ideia de Gutenberg e a de Fulton, para citar apenas dois
exemplos, emigraram de cérebro em cérebro, de geração em geração, subindo,
ascendendo aos altos paramos do aperfeiçoamento. E, certamente, não se
cristalizarão aí. O futuro, em todos os tempos, sempre trouxe em seu bojo
surpresas maravilhosas.
Creio na evolução porque creio na justiça. Creio na justiça
porque creio em
Deus!
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
Fevereiro
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário