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segunda-feira, 13 de julho de 2015

 ESQUECIMENTO DE VIDAS PASSADAS

Vários santos noserianos(1) deram testemunho da realidade das existências sucessivas. Schevkh Hemyr afirmava que tinha mantido a memória dos estados anteriores por ele atravessados. Além de outras coisas, recordava-se de ter sido fabricante de tranças de palha(2).
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O grande lama era um menino de apenas oito anos que dirigiu a palavra ao doutor Hendsol em sua língua materna, o alemão, ainda que o doutor se passasse por hindu de distinção. A uma das perguntas feitas pelo viajante sobre a pluralidade das existências, a criança respondeu:
Você me inclina a duvidar da eterna verdade da reencarnação. Que há de mais evidente, no entanto? Você pensa que a impotência em que se encontra de recordar-se dos estados anteriores de sua existência é uma prova de sua impossibilidade? Porém, de que você se lembra dos dois primeiros anos de sua vida presente? E, no entanto, você já vivia, antes, na vida embrionária. Há em você um conhecimento intenso, uma consciência desse fato, de que você sempre existiu, e não pode imaginar um momento em que não tenha existido ou um momento em que não existirá mais. O que você chama de morte é uma transição, uma passagem de nosso ser de um estado a outro, e assim não sobrevive senão a simples consciência de que você existe. Certos homens são esmagados por esse pensamento, porque se prendem avidamente à ilusão de reencontrar um dia, num além melhor, aqueles que lhes foram caros. Porém esse esquecimento das vidas passadas é precisamente um benefício. O que nos tornaríamos, carregados das recordações dessas existências anteriores, das ilusões, das vãs esperanças, das loucuras, dos crimes! A panaceia mais preciosa dos antigos gregos não era o rio Letes que apagava as lembranças do passado?(3)

Livro:  As Vidas Sucessivas
          Albert de Rochas
          Instituto Lachâtre

Nota da Editora:
(1) Noserianos: seita esotérica muçulmana originada na Síria, onde possui adeptos até os dias de hoje.

Notas do autor:
(2) Cte. A. de Gobineau. Trois ans en Asei, 1855 a 1858.
(3) Trecho do relato feito pelo Dr. Heinrich Hendsold de sua visita ao grande lama, em Lhassa (tradução francesa pelo Sr. De Lescure, na Revue des Revues).

 

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