Ana Cecília
Rosa
Segundo
o Espiritismo, obsessão espiritual é a influência nociva que certos espíritos inferiores
exercem sobre os encarnados, objetivando causar-lhes sofrimento. Em todas as
épocas da história da civilização, existiram esses fenômenos. As páginas dos
Evangelhos estão repletas de passagens em que Jesus, através da sua autoridade
moral, libertou fiéis do “jugo dos obsessores”, e instruiu seus apóstolos a
fazerem o mesmo, conferindo-lhes a seguinte missão: “ restituí a saúde dos
doentes, (...) expulsai os demônios” (Mateus, Cap. X, vs. 5 a 8).
O
Mestre sabia que a obsessão seria uma realidade a infelicitar o homem durante
os anos vindouros, decorrente da sua inabilidade temporária de fazer prevalecer
os sentimentos nobres.
Entre os fatores condicionantes dessa
perseguição espiritual, destacam-se o ódio e o sentimento de vingança.
Suelly
Caldas Schubert, no livro Obsessão e Desobsessão, afirma: É a obsessão,
cobrança que bate às portas da alma. É um processo bilateral. Faz-se presente
porque existe de um lado o cobrador, sequioso de vingança, sentindo-se ferido e
injustiçado, e de outro o devedor, trazendo impresso no seu perispírito as
matizes de culpa, o remorso ou do ódio que não se extinguiu.
A
origem de todo processo obsessivo reside na imperfeição moral dos indivíduos,
que gera atitudes infelizes de agressão e revides com prejuízo mútuo, principalmente
quando aquele que se considera vítima for incapaz de praticar o recurso do
perdão. Na ocasião do desencarne, o ofendido leva, junto consigo, os
sentimentos de rancor e ódio incontroláveis e aguarda a desforra na forma que
considera a mais correta: através das suas próprias mãos. Assim, ele articula a
melhor maneira de influenciar seu desafeto, estudando as suas imperfeições e
fraquezas. No momento em que o encarnado entra em sintonia mental com o obsessor,
este inunda-o com fluidos perniciosos,
desejando desencadear desequilíbrios
mental e orgânico que, dependendo da duração, promoverão as diferentes formas
de apresentação do processo obsessivo.
Allan Kardec, no Livro dos Médiuns,
classifica a obsessão em simples, fascinação e subjugação. Essa divisão
didática dá-nos a idéia da complexidade do fenômeno e está intrinsecamente
relacionada com o mecanismo de sua instalação e duração. Na forma simples, as características
sutis preponderam, como irritabilidade, impaciência, indisposição e dor de
cabeça, muitas vezes categorizadas como estresse. Caso esses sintomas
persistam, outras manifestações ocorrerão. Entre elas, as alterações do humor
e, em especial, a depressão determinam comprometimento maior da constituição física
do encarnado levando grande prejuízo à sua auto-estima e ao seu livre arbítrio.
Com o agravamento do processo obsessivo, há a exaltação da vaidade (fascinação)
ou a anulação da vontade do obsidiado, com seu constrangimento aos desmandos do
obsessor (subjugação). Nesse estágio, é comum encontrarmos as consequências dos
fluidos deletérios no campo físico e mental, promovendo diversas doenças.
Exemplo disso são as psicopatias, como esquizofrenia, síndrome do pânico e psicoses,
e alguns tipos de câncer.
Em
certos casos, o obsessor une-se ao seu desafeto através de laços fluídicos
mentais, ainda no período fetal, o que traz graves modificações na organogênese
desse indivíduo, causando debilidades físicas severas e grande limitação da sua
vivência carnal, como, por exemplo, a “idiotia”.
Devemos entender que qualquer atuação do
plano invisível não ocorre à revelia de Jesus. Segundo Emmanuel, no livro O
Consolador, “todos estes movimentos têm uma finalidade sagrada, como a de ensinar-vos
a fortaleza moral, a tolerância, a paciência, a conformação, nos mais sagrados
imperativos da fraternidade e do bem”. O auxílio espiritual no alívio dos portadores
dos transtornos obsessivos ocorre, imperceptivelmente, a todo momento. Basta
colocarmo-nos em atitude receptiva e trabalho perseverante de reforma interior.
Ana
Cecília Rosa é médica pediátrica, residente no Brasil. É membro do Instituto de
Divulgação Espírita - Araras/SP.
Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 6 Setembro e Outubro 2009
The Spiritist Psychological Society
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