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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Frustração e Paciência


Eliana Galvão Puoli

    Somos todos seres espirituais em contínua evolução e buscamos, a cada momento, o desenvolvimento da nossa individualidade através do conhecimento e do contato com nosso eu interior.
É verdade, também, que temos como princípio básico a busca da alegria, da felicidade e da perfeição. Se tomarmos, ao longo da vida, outro rumo, ou se atravessarmos impasses ao longo do caminho, será por algum “erro de percurso”, pois o nosso objetivo primordial é a busca do crescimento, da evolução.
     Em nossa caminhada terrestre, vivemos diariamente inúmeros impasses, reveses, desencontros e infortúnios, que chamamos de “frustração”.
Normalmente, temos o hábito de encará-la como um inimigo perverso que se põe diante de nós para “estragar nossa alegria” e atrapalhar nossa vida.
     Infelizmente, levamos muito tempo, às vezes várias e várias encarnações, para perceber que é exatamente através destes “sofrimentos” que estaremos tendo as verdadeiras e reais possibilidades de amadurecimento, à medida que possamos desenvolver nossa paciência e tolerância em viver e assimilar todos estes reveses.
 “Problemas e dificuldades não devem ser encarados como infelicidade, antes devem ser examinados na condição de mecanismos para a aquisição de experiências valiosas, sem as quais ninguém consegue integridade nem ascensão.”
 A paciência deve ser usada como instrumento de luta, nos dando capacidade para enfrentar os acontecimentos. Ela reflete nossa capacidade íntima, nossa confiança nos desígnios de Deus. A paciência é um tesouro valioso que respeita o tempo sem pressa.
     A frustração só existe e faz sentido naqueles em quem “falta” paciência. Se eu consigo ser paciente e tolerante, sou compreensivo e conheço a Lei de Justiça e a Lei de Ação e Reação, estou, então, a par das Leis de Deus.
     Irritar-se ou revoltar-se com as leis de causalidade, que na maioria das vezes nos traz o que “não agrada”, é apenas agravar um quadro que não pode ser alterado.
No cap. IX do Evangelho Segundo o Espiritismo, pág.128, que fala da Paciência, podemos observar que esta é uma das mais supremas Leis de Deus, que devemos buscar para nosso desenvolvimento moral e espiritual. Deus nos criou para buscarmos a paciência e sermos caridosos.  Ali se encontra: “A dor é uma benção que Deus envia aos seus eleitos... Sede pacientes, pois a paciência é também caridade, e deveis praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma bem mais penosa, e consequentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho, para serem os instrumentos dos nossos  sofrimentos  e submeterem à prova a nossa paciência.”
     Da mesma forma, ser “caridoso” significa ser “paciente”. Fazer caridade implica, portanto, em trabalho e estudo contínuo, numa busca infinita para nos melhorarmos sempre e melhorarmos nossos semelhantes. É doar-se na sua plenitude, sem deixar de ser firme e rigoroso por vezes. Implica ainda humildade para acolher com respeito o desconhecido assim como o conhecimento ao mesmo tempo; implica em admitir aquilo que não se sabe e que, se sabido for, trará elevação, progresso e conhecimento.
     Podemos finalmente dizer que a “frustração” é o treino maior da nossa “paciência”. Somente quando formos capazes de viver nossas frustrações, aceitar nossos limites, nosso “não saber” e entender que todos estes impasses se colocam diante de nós como forma primeira e essencial para o desenvolvimento do que há de mais belo nos ensinamentos de Deus – a Paciência – é que poderemos sentir que estamos caminhando na verdadeira seara da Fé, da Esperança e da possibilidade de um mundo mais tolerante, produtivo e repleto do verdadeiro sentido do Amor.

Eliana Galvão Puoli é Psicóloga, residente no Brasil. É membro do Centro Espírita Irmão Itajubá , São Paulo-SP.

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 8 Janeiro e Fevereiro 2010
The Spiritist Psychological Society 

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