Eliana Galvão Puoli
Somos todos seres espirituais em contínua evolução
e buscamos, a cada momento, o desenvolvimento da nossa individualidade através
do conhecimento e do contato com nosso eu interior.
É verdade, também, que temos como princípio básico a busca da
alegria, da felicidade e da perfeição. Se tomarmos, ao longo da vida, outro rumo,
ou se atravessarmos impasses ao longo do caminho, será por algum “erro de
percurso”, pois o nosso objetivo primordial é a busca do crescimento, da
evolução.
Em nossa caminhada
terrestre, vivemos diariamente inúmeros impasses, reveses, desencontros e
infortúnios, que chamamos de “frustração”.
Normalmente, temos o hábito de encará-la como um inimigo
perverso que se põe diante de nós para “estragar nossa alegria” e atrapalhar
nossa vida.
Infelizmente,
levamos muito tempo, às vezes várias e várias encarnações, para perceber que é
exatamente através destes “sofrimentos” que estaremos tendo as verdadeiras e
reais possibilidades de amadurecimento, à medida que possamos desenvolver nossa
paciência e tolerância em viver e assimilar todos estes reveses.
“Problemas e dificuldades
não devem ser encarados como infelicidade, antes devem ser examinados na
condição de mecanismos para a aquisição de experiências valiosas, sem as quais ninguém
consegue integridade nem ascensão.”
A paciência deve ser
usada como instrumento de luta, nos dando capacidade para enfrentar os
acontecimentos. Ela reflete nossa capacidade íntima, nossa confiança nos
desígnios de Deus. A paciência é um tesouro valioso que respeita o tempo sem
pressa.
A frustração só
existe e faz sentido naqueles em quem “falta” paciência. Se eu consigo ser
paciente e tolerante, sou compreensivo e conheço a Lei de Justiça e a Lei de
Ação e Reação, estou, então, a par das Leis de Deus.
Irritar-se ou
revoltar-se com as leis de causalidade, que na maioria das vezes nos traz o que
“não agrada”, é apenas agravar um quadro que não pode ser alterado.
No cap. IX do Evangelho Segundo o Espiritismo, pág.128, que
fala da Paciência, podemos observar que esta é uma das mais supremas Leis de
Deus, que devemos buscar para nosso desenvolvimento moral e espiritual. Deus
nos criou para buscarmos a paciência e sermos caridosos. Ali se encontra: “A dor é uma benção que Deus
envia aos seus eleitos... Sede pacientes, pois a paciência é também caridade, e
deveis praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A
caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há
uma bem mais penosa, e consequentemente bem mais meritória, que é a de perdoar
os que Deus colocou em nosso caminho, para serem os instrumentos dos
nossos sofrimentos e submeterem à prova a nossa paciência.”
Da mesma forma, ser
“caridoso” significa ser “paciente”. Fazer caridade implica, portanto, em
trabalho e estudo contínuo, numa busca infinita para nos melhorarmos sempre e
melhorarmos nossos semelhantes. É doar-se na sua plenitude, sem deixar de ser
firme e rigoroso por vezes. Implica ainda humildade para acolher com respeito o
desconhecido assim como o conhecimento ao mesmo tempo; implica em admitir
aquilo que não se sabe e que, se sabido for, trará elevação, progresso e
conhecimento.
Podemos finalmente
dizer que a “frustração” é o treino maior da nossa “paciência”. Somente quando formos
capazes de viver nossas frustrações, aceitar nossos limites, nosso “não saber”
e entender que todos estes impasses se colocam diante de nós como forma
primeira e essencial para o desenvolvimento do que há de mais belo nos
ensinamentos de Deus – a Paciência – é que poderemos sentir que estamos caminhando
na verdadeira seara da Fé, da Esperança e da possibilidade de um mundo mais
tolerante, produtivo e repleto do verdadeiro sentido do Amor.
Eliana Galvão Puoli é Psicóloga, residente no Brasil. É membro
do Centro Espírita Irmão Itajubá , São Paulo-SP.
Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 8 Janeiro e
Fevereiro 2010
The Spiritist Psychological
Society
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