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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Estudo Espírita

Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Tema:16ºEncontro Sobre "O Livro dos Espíritos"

Expositora: Elizabeth Operti

Rio de Janeiro

Dirigente do Estudo:

Mauro Bueno

Oração Inicial:

Meu querido Deus, quem somos nós? Nós somos pequenos grãos de areia, lutando para evoluir. Na nossa luta, vemos pessoas passarem por nós, vemos a vida através de cada rosto triste e feliz, vemos a paz tão esperada na alegria do vôo liberto do pássaro! Permita-nos, nosso amado Deus, sermos fiéis aos teus ensinamentos, no dia a dia de nossas vidas. Vamos então, agora, abraçar nossa querida Elizabeth Operti, que fará os estudos desta noite! E que assim seja!

Exposição:

Meus amigos, estamos aqui, mais uma vez, para conversar a propósito do Encontro sobre “O Livro dos Espíritos”.

Espero que a nossa conversa seja proveitosa para mim, tanto quanto para vocês. O tema escolhido para esse Encontro fala da morte e da vida após a morte. Um assunto do qual costumamos fugir, evitar, negar, mas, de qualquer forma, um assunto que é inevitável. Estaremos sempre colocados diante dele. A propósito, transcreveremos aqui um texto publicado na revista “Veja”, do dia 6 de outubro de 1999, sob o título "O duro exercício do adeus":

"Você recebe a notícia de que um parente querido tem uma doença letal. Conta ou não conta? Se contar, como? O que vem em seguida é duro: sensação de impotência, tristeza, revolta. Acompanhar o sofrimento do outro, ver o medo em seus olhos. Mais adiante, talvez seja preciso tomar outras decisões terríveis. Até onde vale a pena prorrogar a vida de um doente terminal? Se não suportar submetê-lo ao suplício de uma UTI, as opções continuam difíceis. Negar ao moribundo os cuidados que mantêm os pulmões respirando, o tubo que o alimenta? Em algum momento dessas etapas, ou talvez depois, já no luto, outra pergunta se insinuará: e quando chegar minha hora, como vai ser?

Confrontar-se com a morte, com sua negatividade absoluta, como dizem os filósofos, é a mais aterradora das questões, aquela que acompanha o ser humano desde aquele instante, na infância, quando se descobre o inevitável: todos os que estamos vivos vamos morrer. Os familiares mais queridos, os amigos. Nós. Mesmo para os que crêem na imortalidade da alma, a lembrança da finitude do corpo apavora. Como lidar com a morte? Não há, obviamente, respostas fáceis. Mas com certeza ignorá-la, sufocar as lágrimas, abafar o luto é a pior maneira, segundo a psicóloga Maria Helena Bromberg.

Essas são as questões básicas que iremos discutir no Encontro: o medo de morrer e o medo de perder aqueles que são os nossos afetos mais queridos. Como lidar com esse medo? Como lidar com a perda? Haverá na Doutrina Espírita elementos que nos ajudem a responder a essas questões?

Começaremos no Encontro pela proposta de trabalhar essas idéias e de encarar a morte de forma natural, tratar do assunto com naturalidade, considerando a morte como um fenômeno natural em si mesmo.

Hoje encontramos grupos de pessoas interessadas em tratar desses assuntos como algo com o que temos que conviver. É o caso da psicóloga Maria Helena Bromberg, a quem nos referimos ao citar a matéria da revista. Maria Helena coordena o laboratório de estudos e intervenção sobre o luto, serviço de assistência psicológica mantido pela Universidade Católica de São Paulo, com o objetivo de aliviar a angústia de quem teve uma morte em família.

Lembramos também os estudos desenvolvidos pela Dra. Elisabeth Kubler - Ross com pacientes terminais, nos quais ela observa a maneira como reagem à idéia de que estão perto da morte. Esses estudos nos mostram que o paciente terminal passa por estágios bem definidos na sua preparação para a partida. Esses estágios começam pela negação da própria morte e se seguem numa tentativa de burlar ou ignorar o inevitável. A barganha, por exemplo, um desses estágios, é freqüentemente observada, não só em pacientes terminais, mas também em doentes graves que julgam que podem vir a não se recuperarem. É uma tentativa de entrar em acordo com Deus no sentido de prolongar ao máximo a existência na Terra. O último desses estágios, segundo a doutora, é o da aceitação por falta de qualquer perspectiva ou alternativa.

O que a Doutrina Espírita teria a acrescentar a esse quadro? Pelos seus ensinamentos e pela vivência do intercâmbio com os desencarnados, a Doutrina Espírita oferece elementos ao paciente terminal e aos seus familiares no sentido de ir um pouco além da aceitação passiva e alcançar um estado íntimo de resignação pela aceitação de que a vontade de Deus é a melhor para cada uma de suas criaturas.

Outro aspecto a ser estudado no Encontro é a questão do desconhecimento em relação ao que acontece ao espírito desencarnante no momento da morte do corpo. Estaremos analisando depoimentos de espíritos que voltaram para narrar todo o seu processo de desencarnação. No entanto, nesses depoimentos falta a visão daqueles que participaram do processo como auxiliares para o desligamento do espíritos. Iremos buscar essas informações em obras de André Luiz. Ainda assim, conhecendo o processo por que passa o espírito, a dor pela perda do ente querido não é menor. Iremos buscar então no estudo desenvolvido por Maria Helena Bromberg os fatores que são determinantes na maneira de lidar com a perda dos entes queridos.

E traremos respostas para algumas das questões mais dolorosas formuladas por aqueles que perdem seus afetos mais queridos: onde está ele? Com quem está? Como está? Como obter notícias? E na busca de respostas a essas questões, analisaremos mensagens de jovens desencarnados por suicídio, assassinato ou acidente - casos considerados por Maria Helena Bromberg no topo da escala da dor da perda de entes queridos. (t)

Perguntas/Respostas:

[01] Barganha de que falou na palestra se refere às promessas usualmente feitas por adeptos de religiões mais antigas?

Refiro-me às atitudes observadas no comum das pessoas diante da morte. Por exemplo, conta a Dra. Kubler-Ross que depois de "brigar" com Deus por querer lhe tirar a vida, o paciente percebe que tem que mudar de tática e ora pedindo a Deus que lhe conceda só um pouco mais de tempo: primeiro para ver o filho crescer, o filho crescido para vê-lo formado, o filho formado para vê-lo casar, o filho casado para ver o neto nascer e assim por diante. Cada um tem a sua própria barganha na tentativa de negociar com Deus qualquer coisa que possa lhe dar mais tempo na Terra. (t)

[02] Como o conhecimento espírita pode auxiliar aqueles que, presos de revolta pela perda de entes queridos por ação dolosa, retém-se no desejo irrefreável de ir à forra?

Meu amigo, os espíritos que passaram por essa situação e retornaram em boas condições, equilibrados, harmonizados, são unânimes em afirmar que o que se deu com eles foi pura e simplesmente o pagamento de uma dívida de seu espírito com a Lei. Infelizmente, alguém se dispôs a cobrar essa dívida, cometendo o ato doloso. São unânimes também em recomendar aos seus familiares que compreendam, primeiramente, que a justiça foi feita em relação a eles e que entreguem à Justiça Divina a questão da dívida contraída por aqueles que se tornaram seus cobradores. Essa recomendação não só tem a sua razão de ser em relação ao que desencarnou, mas também tem o aspecto prático de evitar que os familiares se entreguem à sede de justiça, que é um sentimento insaciável e por isso extremamente doloroso para quem o cultiva. (t)

[03] Se um ente querido morre (nosso pai, por exemplo), e não tivemos tempo de dizer o quanto o amamos apesar dos não entendimentos, o que fazer para saber como está e como fazer para obter uma nova chance para pedir desculpas e dizer que o amamos.

Solmar, infelizmente, às vezes, descobrimos certas coisas tarde demais. Mas, no seu exemplo, podemos dizer que você tem todo futuro pela frente. Seu pai, de onde estiver, tomará conhecimento desse seu sentimento e, de alguma forma, procurará dar a você um sinal de que o entende. Como? Pode ser em sonho, pode ser por uma percepção sua da presença dele junto a você (se você orar e procurar aguçar a sua percepção além dos sentidos materiais). Mais diretamente, no estágio em que nos encontramos atualmente, para receber notícias dele você necessita do auxílio de um médium que se dedique a esse tipo de trabalho de maneira séria, numa casa espírita séria. (t)

[04] O que dizer a uma pessoa que, tendo perdido um ente querido, deixa-se morrer para ficar perto dele mais rápido?

Infelizmente, a resposta a esta pergunta é dura. Aquele que se dispuser da vida, a dá-la ao que se deixa morrer deverá fazê-lo ver que este é o meio mais rápido para não encontrá-lo tão cedo. A confiança em Deus e na sua justiça, a resignação diante do acontecido e a busca de meios de se dedicar ao bem são o caminho mais rápido para o reencontro. Não necessariamente um reencontro físico, mas a possibilidade de sentir sua presença novamente. (t)

Nota de MBueno: Em curtas palavras, trata-se de suicídio motivado por egoísmo. As pessoas não são nossas e temos de permitir-lhes a evolução.

[05] Depois da morte, um viciado, por exemplo, não tendo o objeto material de seu vício para se satisfazer, sofre muito, creio. Não seria o mesmo caso nosso, que depois de mortos e apegados às nossas necessidades físicas, sofreríamos por elas sem tê-las? Ou sem ter como satisfazê-las?

Pois o nosso Encontro é exatamente para que possamos compreender como nos preparar para morrer sem “pagar mico” depois de morto. Se você pensar bem, vai ver que Deus já organizou as coisas para que esse não sejam um grande problema. Você já reparou que com o passar dos anos o homem vai mesmo se desligando dos sentidos? Isso já é uma preparação para morrer. Difícil realmente é quando se desencarna em plena juventude.

Por isso, as religiões são unânimes em recomendar que nem só de pão vive o homem. Começar a cultivar os valores do espírito (e os prazeres do espírito) ao lado da satisfação dos sentidos pode ser uma boa dica. (t)

[06] Se um alcoólatra morre com mais de oito anos de sobriedade, na próxima encarnação volta com a mesma necessidade do álcool?

Pergunta-se: por que voltaria com a mesma necessidade do álcool? Essa necessidade deverá ter sido vencida nesse período em que ficou sóbrio e no que passar desencarnado. A reencarnação é uma oportunidade de crescimento espiritual e não um castigo. É claro que poderá voltar a sentir atração pela bebida, pois a mesma certamente ainda estará disponível, mas não há arrastamento irresistível para o espírito que, na verdade, é o que comanda todo o processo. (t)

[07] Me reportando a pergunta do jal, eu me sinto mal comigo mesmo quando vejo tanta compreensão e bondade em todos vocês, e penso que jamais serei capaz de ser tão bom, mas também penso: será que vocês seriam tão bons, se a vida de um ente querido de vocês fosse brutalmente tirada?

Mas quem disse a você, Luiz Carlos, que nós somos tão bons? Nós enfrentamos as mesmas dificuldades que todo mundo. Se alguma coisa eu pudesse lhe dizer, é que estamos tentando, fazendo força para entender a vida de um jeito que nos traga menos infelicidade do que nos tem trazido até hoje. Tentando adaptar-se aos conceitos do mundo, de vingança, de ódio, de egoísmo, etc.

Estamos, a duras penas, aprendendo pelo sofrimento que o preço que estamos pagando por tudo isso não tem valido a pena, no final das contas. Então, o que fazer? Buscar novos caminhos, novas alternativas, apontados por aqueles que encontraram primeiro que nós o caminho da felicidade. Não que queiramos ser bons, queremos apenas ser felizes. (t)

Oração Final:

No encerramento de mais esta reunião de estudos, felizes pelos ensinamentos que aqui hoje pudemos haurir, conclamamos aos irmãos a mantermos em nossos corações a paz que observamos no transcorrer do estudo e, desta forma, em harmonia, levarmos o pensamento ao Pai Criador, que nos permitiu mais esta oportunidade, seja pela disposição de meio de divulgação do Espiritismo, seja pela vontade que nos inspira de aqui comparecermos ao aprendizado, seja também pela capacidade mental com a qual dota nossas almas na trajetória reencarnatória.

Num pleito de agradecimento e rogando a ele que permita o amparo a todos os que aqui compareceram, e também que estas vibrações de amor e paz possa se estender a todos os locais onde haja uma dor e sofrimento, que eles possam ser amenizados, e pedimos também, nos auxilie a mantermos os firmes propósitos de colocar em prática estes ensinamentos que aqui colhemos, e que possamos estar aqui mais uma vez reunidos no próximo sábado. Graças ó Pai de amor e bondade, que nos supre a vida. A tua paz esteja conosco, hoje e sempre. (t)

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