INTRODUÇÃO
AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA
XVII
- PREENCHENDO OS VAZIOS DO ESPAÇO
As reflexões de Allan Kardec, neste
item, levam a analisar, as causas que, de modo geral podem levar o homem ao
ceticismo, duvidando de tudo, negando inclusive, que a Doutrina Espírita contém
qualquer parcela da Verdade.
Apresenta-nos quatro aspectos mais
comuns capazes, cada um por sí, de levar o homem a esse estado de descrença.
Primeiro - a oposição sistemática
- proveniente quase sempre do conhecimento incompleto dos fatos. Estes, atém-se
aos fenômenos. Por desconhecerem métodos, situações, condições facilitadoras ou
impeditivas, dependentes das leis que regulam o fato, ao se posicionarem frente
a eles, obterão resultados insatisfatórios, decepcionantes. Por conseguinte,
escolhem a oposição, negando-os.
O segundo decorre do interesse -
o indivíduo passa a usar o conhecimento real ou não, para adquirir bens, buscar
fins materiais, obter e advogar interesses próprios.
Em determinado instante, conseguidos
seus objetivos, vangloria-se da capacidade, atribui todo resultado ao mérito e
capacidade pessoal.
Num terceiro aspecto - a falta de
bom senso, que não lhes permite discernir o falso do verdadeiro. Não
aplicam a razão, a lógica para analisar os fatos da vida, fixam-se em impulsos,
sem ponderar que, circunstâncias aparentemente simples tem muitos ângulos,
liga-se a vários outros, que nesse passar de olhos superficial perde-se. Crêem
tudo saber, opinam sobre tudo, são infalíveis, sem perceber que o maior indício
de bom senso é saber dos próprios limites, da falibilidade onde ninguém se
constitui como o dono da Verdade.
A quarta causa, a curiosidade,
onde busca-se a Doutrina apenas no que acham sobrenatural, mistério,
maravilhoso, encantamento em fórmulas mágicas, desconhecendo que "O Livro
dos Espíritos" se propõe exatamente a estudar algo mais que acontecimentos
estranhos em passatempos.
Pergunta-se - mesmo pessoas com algum
conhecimento, poderiam em algum momento negar, envolvendo-se no ceticismo.
Num primeiro momento, entender que esse
conhecimento é insuficiente, uma vez que não levou-o a praticar o saber,
mantendo-se atento, vigilante, analisando a sintonia em que se deixa ficar.
Comprazendo-se em posições dúbias conflitantes, sem definição, facilmente, pode
entrar em faixas de descrença, que infundindo desânimo, desperta um lado
negativo que minam as melhores disposições. Decorrente, instalar-se-á o
desgosto pelo estudo, o afastamento de pessoas e locais onde o ideal é mantido.
Outro aspecto, este bastante comum,
decorre de fixar-se a beleza, a grandiosidade da Doutrina, nas pessoas que de
um modo ou outro, explanam, divulgam os princípios básicos. Quando esse eixo se
inverte, dando importância ao dirigente ou divulgador, e não a Doutrina, qualquer
decepção em relação ao primeiro, é motivo para negar-se o segundo.
Os inovadores, também se constituem
como pontos destacados na dissidência ao pensamento espírita formando partidos
onde as interpretações pessoais desvinculam-se da Codificação.
Daí a imperiosidade de estudar,
conhecer para ter condição de comparar, aferir, se for o caso a fim de que não
se entregue o homem às utopias dos novos sistemas.
Saber que a Ciência Espírita contém
duas partes:
·
A experimental - que se
ocupa, trata das manifestações em geral.
·
A filosófica - sobre as
manifestações inteligentes, é imprescindível. Se nos detivermos em apenas uma
delas, ficaremos na posição daquele que só vê uma nuance do conjunto.
A
Doutrina Espírita está no ensinamento dado pelos Espíritos. São tão intensos,
sérios, que não há outra forma de percebê-los, senão através do estudo
profundo, continuado, feito no silêncio e no recolhimento. Sem isso um número
infinito de detalhes escapam ao observador superficial, e não lhe permitindo ver
o todo, o objetivo, a finalidade, impede-o de formar opinião firme, segura,
precisa.
Observando
a Natureza destaca-se a série de seres que a compõem formando cadeia sem
solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem. Se aplicarmos o mesmo
raciocínio, caminhando desse homem até Deus, no primeiro momento encontrar-se-á
um hiato, não há continuidade, suscitando tal raciocínio três questionamentos:
1. É o homem o último elo da cadeia?
2. Transporia ele, de modo direto, sem escalas, essa distância
que se interpõe entre ele e Deus?
3. Se há algo nesse espaço, o que é? Quem o preenche?
A
Ciência filosófica da Doutrina Espírita explica esse vazio, quando ensina que o
homem não é o último elo da cadeia evolutiva. Depois dele até Deus, há uma
imensa população de seres, em todas as categorias, em todos os graus de
desenvolvimento ou atraso, interligados em caminhada na volta para o Pai, onde
esses seres dos espaços invisíveis nada mais são do que os Espíritos dos
homens, que quando encarnados, também se caracterizavam pelos diferentes graus
de perfeição ou imperfeição, provando que não há espaços vazios, tudo se
encadeando na busca da Perfeição.
... "concluiremos com uma derradeira consideração. Os astrônomos,
sondando os espaços, encontraram na distribuição dos corpos celestes lacunas
injustificáveis e em desacordo com as leis do conjunto. Suspeitaram que essas
lacunas deviam corresponder a corpos que haviam escapado às observações. Por
outro lado, observaram certos efeitos, cuja causa lhes era desconhecida e
disseram a si mesmos: - 'Ali deve haver um mundo, porque essa lacuna não pode
existir e esses efeitos devem ter uma causa.' Julgando então, da causa pelos
efeitos puderam calcular os elementos, e mais tarde os fatos vieram justificar
as suas previsões. Apliquemos este raciocínio a outra ordem de idéias."
Bibliografia:
Kardec, Allan - "O Livro dos
Espíritos" - Introdução XVII
Kardec, Allan - "Revista
Espírita" - 1862 - Setembro
Leda
Marques Bighetti
Março / 2004
Março / 2004
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Rua Rodrigues Alves,588
Vila Tibério - Cep 14050-390
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