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domingo, 18 de dezembro de 2011

O Livro dos Espíritos Estudo 33


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA

XVII - PREENCHENDO OS VAZIOS DO ESPAÇO 

As reflexões de Allan Kardec, neste item, levam a analisar, as causas que, de modo geral podem levar o homem ao ceticismo, duvidando de tudo, negando inclusive, que a Doutrina Espírita contém qualquer parcela da Verdade.
Apresenta-nos quatro aspectos mais comuns capazes, cada um por sí, de levar o homem a esse estado de descrença.
Primeiro - a oposição sistemática - proveniente quase sempre do conhecimento incompleto dos fatos. Estes, atém-se aos fenômenos. Por desconhecerem métodos, situações, condições facilitadoras ou impeditivas, dependentes das leis que regulam o fato, ao se posicionarem frente a eles, obterão resultados insatisfatórios, decepcionantes. Por conseguinte, escolhem a oposição, negando-os.
O segundo decorre do interesse - o indivíduo passa a usar o conhecimento real ou não, para adquirir bens, buscar fins materiais, obter e advogar interesses próprios.
Em determinado instante, conseguidos seus objetivos, vangloria-se da capacidade, atribui todo resultado ao mérito e capacidade pessoal.
Num terceiro aspecto - a falta de bom senso, que não lhes permite discernir o falso do verdadeiro. Não aplicam a razão, a lógica para analisar os fatos da vida, fixam-se em impulsos, sem ponderar que, circunstâncias aparentemente simples tem muitos ângulos, liga-se a vários outros, que nesse passar de olhos superficial perde-se. Crêem tudo saber, opinam sobre tudo, são infalíveis, sem perceber que o maior indício de bom senso é saber dos próprios limites, da falibilidade onde ninguém se constitui como o dono da Verdade.
A quarta causa, a curiosidade, onde busca-se a Doutrina apenas no que acham sobrenatural, mistério, maravilhoso, encantamento em fórmulas mágicas, desconhecendo que "O Livro dos Espíritos" se propõe exatamente a estudar algo mais que acontecimentos estranhos em passatempos.
Pergunta-se - mesmo pessoas com algum conhecimento, poderiam em algum momento negar, envolvendo-se no ceticismo.
Num primeiro momento, entender que esse conhecimento é insuficiente, uma vez que não levou-o a praticar o saber, mantendo-se atento, vigilante, analisando a sintonia em que se deixa ficar. Comprazendo-se em posições dúbias conflitantes, sem definição, facilmente, pode entrar em faixas de descrença, que infundindo desânimo, desperta um lado negativo que minam as melhores disposições. Decorrente, instalar-se-á o desgosto pelo estudo, o afastamento de pessoas e locais onde o ideal é mantido.
Outro aspecto, este bastante comum, decorre de fixar-se a beleza, a grandiosidade da Doutrina, nas pessoas que de um modo ou outro, explanam, divulgam os princípios básicos. Quando esse eixo se inverte, dando importância ao dirigente ou divulgador, e não a Doutrina, qualquer decepção em relação ao primeiro, é motivo para negar-se o segundo.
Os inovadores, também se constituem como pontos destacados na dissidência ao pensamento espírita formando partidos onde as interpretações pessoais desvinculam-se da Codificação.
Daí a imperiosidade de estudar, conhecer para ter condição de comparar, aferir, se for o caso a fim de que não se entregue o homem às utopias dos novos sistemas.
Saber que a Ciência Espírita contém duas partes:
·        A experimental - que se ocupa, trata das manifestações em geral.
·        A filosófica - sobre as manifestações inteligentes, é imprescindível. Se nos detivermos em apenas uma delas, ficaremos na posição daquele que só vê uma nuance do conjunto.
        A Doutrina Espírita está no ensinamento dado pelos Espíritos. São tão intensos, sérios, que não há outra forma de percebê-los, senão através do estudo profundo, continuado, feito no silêncio e no recolhimento. Sem isso um número infinito de detalhes escapam ao observador superficial, e não lhe permitindo ver o todo, o objetivo, a finalidade, impede-o de formar opinião firme, segura, precisa.
       Observando a Natureza destaca-se a série de seres que a compõem formando cadeia sem solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem. Se aplicarmos o mesmo raciocínio, caminhando desse homem até Deus, no primeiro momento encontrar-se-á um hiato, não há continuidade, suscitando tal raciocínio três questionamentos:
1.  É o homem o último elo da cadeia?
2.  Transporia ele, de modo direto, sem escalas, essa distância que se interpõe entre ele e Deus?
3.  Se há algo nesse espaço, o que é? Quem o preenche?
          A Ciência filosófica da Doutrina Espírita explica esse vazio, quando ensina que o homem não é o último elo da cadeia evolutiva. Depois dele até Deus, há uma imensa população de seres, em todas as categorias, em todos os graus de desenvolvimento ou atraso, interligados em caminhada na volta para o Pai, onde esses seres dos espaços invisíveis nada mais são do que os Espíritos dos homens, que quando encarnados, também se caracterizavam pelos diferentes graus de perfeição ou imperfeição, provando que não há espaços vazios, tudo se encadeando na busca da Perfeição.
             ... "concluiremos com uma derradeira consideração. Os astrônomos, sondando os espaços, encontraram na distribuição dos corpos celestes lacunas injustificáveis e em desacordo com as leis do conjunto. Suspeitaram que essas lacunas deviam corresponder a corpos que haviam escapado às observações. Por outro lado, observaram certos efeitos, cuja causa lhes era desconhecida e disseram a si mesmos: - 'Ali deve haver um mundo, porque essa lacuna não pode existir e esses efeitos devem ter uma causa.' Julgando então, da causa pelos efeitos puderam calcular os elementos, e mais tarde os fatos vieram justificar as suas previsões. Apliquemos este raciocínio a outra ordem de idéias."
Bibliografia:
Kardec, Allan - "O Livro dos Espíritos" - Introdução XVII
Kardec, Allan - "Revista Espírita" - 1862 - Setembro

Leda Marques Bighetti
Março / 2004
Centro Espírita Batuira
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