Allan Kardec
CAPÍTULO VIII EXPIAÇÕES TERRESTRES
Szymel Slizgol (continuação)
Este não
passou de um pobre israelita de Vilna, falecido em maio de 1865.
Durante
30 anos mendigou com uma salva nas mãos. Por toda a cidade era bem conhecida
aquela voz que dizia: "Lembrai-vos dos pobres, das viúvas e dos
órfãos!"
Por essa
longa peregrinação Slizgol havia juntado 90.000 rublos, não guardando, porém,
para si um só copeque. Aliviava e curava os enfermos; pagava o ensino de
crianças pobres; distribuía aos necessitados a comida que lhe davam. A noite,
destinava-a ele ao preparo do rapé, que vendia a fim de prover às suas
necessidades, e o que lhe sobrava era dos pobres. Foi só no mundo e, no entanto
o seu enterro teve o acompanhamento de grande parte da população de Vilna,
cujos armazéns cerraram as portas. (1)
A vida de
Szymel Slizgol como retratada acima se apresenta como um exemplo do significado
da palavra altruísmo criada por Auguste Comte, filósofo francês, que em 1830, a
caracterizou como o grupo de disposições humanas, sejam elas individuais ou
coletivas, que inclinam os seres humanos a se dedicarem aos outros (2). É a forma mais completa de abnegação, um complexo de
valores, um misto de coragem, valentia e resignação. O altruísmo sabe enxergar
as necessidades alheias com grande acuidade, atendendo-as... ”com mãos
veludosas e voz dúlcida que não constrange nem humilha o beneficiado. O
altruísmo não aguarda reconhecimento, não espera aplauso ou louvação. No
altruísmo, a caridade esplende soberana e discreta, desvelando a presença de
Deus no coração. É bênção do amor sublime de Deus que se embosca no coração e
se irradia em forma de compaixão.” (3).
O altruísmo, a
filantropia e a caridade são palavras às vezes utilizadas como sinônimo,
entretanto, é necessário que se estabeleça a diferença entre elas.
Confundida
vulgarmente com a esmola, a caridade excede, sob qualquer aspecto considerado,
as doações externas, com que o homem supõe em tal atividade encerrá-la. A
esmola, evidentemente, não merece reprovação, mas sim a maneira pela qual
habitualmente é dada. O homem de bem, que compreende a caridade segundo o
pensamento do Cristo, vai ao encontro do que dela necessita, sem esperar que
este lhe estenda a mão, pois sabe que o homem condenado a pedir esmola se
degrada física e moralmente e se embrutece. Altruisticamente, Szymel Slizgol,
estendia ele as mãos a pedir, não para si, mas para os que mais necessitavam,
não permitindo assim o embrutecimento e a degradação moral de seus protegidos. (1)
A filantropia,
segundo a enciclopédia livre Wikipédia, é a ação continuada de doar dinheiro ou
outros bens a favor de instituições ou pessoas que desenvolvam atividades de
grande mérito social (4). O caso de Szymel Slizgol, também se caracteriza pela
filantropia visto que... “A noite, destinava-a ele ao preparo do rapé, que
vendia a fim de prover às suas necessidades, e o que lhe sobrava era dos
pobres.” (1)
A filantropia é encarada por muitos como uma forma de ajudar e guiar o desenvolvimento e a mudança social, sem recorrer à intervenção estatal, muitas vezes contribuindo por essa via para contrariar ou corrigir as más políticas públicas em matérias sociais, culturais ou de desenvolvimento científico. Os indivíduos que adotam esta prática são em geral denominados por filantropos (4).Não há nenhum senão na filantropia quer seja ela individual ou social,pois todo gesto de generosidade, é valioso. A filantropia, exercida por pessoas aquinhoadas por muitos bens materiais, que destinam altas somas à edificação de obras de incontestável valor, ou descobertas da ciência, ou mesmo financiando a arte e a cultura, minorando a dor e trazendo progresso, fazem desse ato de amor fraterno e humano uma distinção neste século, sendo um indicativo de uma transformação moral no planeta Terra. Haja vista que seus exemplos são seguidos pelo Estado e pelas figuras jurídicas, isto é pelas empresas que utilizam de parte de seus ganhos em projetos de filantropia social. Quando comparado a dois séculos atrás pode ser verificado o incrível progresso moral em que a humanidade caminha neste século. O cuidado com os habitantes do planeta e com o próprio planeta já apresenta visibilidade, o que era pontual no passado hoje é quase coletivo.
Na questão
893, de O Livro dos Espíritos, Kardec indagava aos Espíritos qual seria a mais
meritória das virtudes; ao que os Espíritos responderam ser aquela que nasce da
mais desinteressada caridade (6). E Pedro, na sua Carta Universal já profetizava: “Tende
caridade para com os outros, porque a caridade cobrirá a multidão de pecados”. (7) A vida de
Szymel Slizgol é o exemplo do desenvolvimento desta virtude trabalhada em compaixão,
zelo, preocupação amor ao próximo vivenciado de todas as formas.
Bibliografia:
Kardec Allan,
O Céu e o Inferno, cap VIII EXPIAÇÕES TERRESTRES , Szymel Slizgol
José
Arthur Giannotti Coleção "Os Pensadores", Volume COMTE
Divaldo
P Franco \ Joana de Angelis - - Espírito E Vida
Enciclopédia
livre Wikipédia,acessada as 21horas em 28 de maio 2010,
Divaldo
P. Franco\ Joanna de Ângelis Dimensões da Verdade,
Allan Kardec,
O Livro dos Espíritos, de, questões 893.
Biblia,
Pedro I, cap. 4, 8.
4 para uma
herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para
vós,
5 que pelo
poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada
para se revelar no último tempo;
6 na qual
exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais
contristados por várias provações,
7 para que a
prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo
fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;
8 a quem, sem
o terdes visto, amais; no qual, sem agora o verdes, mas crendo, exultais com
gozo inefável e cheio de glória,
Laurelucia Orive Lunardi
Dezembro / 2010
Dezembro / 2010
Centro Espírita Batuira
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