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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

CEIFA DE LUZ - 27


Capítulo 27 - Aflição e Tranquilidade
Estudo de: João Batista da Costa
"Bem-aventurados os que choram..." Jesus (Mateus, 5:4)
Conta-se no livro A Boa Nova na lição O Sermão do Monte, que André e Levi escutavam de olhos úmidos os conceitos do Senhor, cheios de sublimada emoção. Nesse interim, chegaram Tiago, João e Pedro e todo o grupo se dirigiu, alegre, para um dos montes próximos.
O crepúsculo descia num deslumbramento de ouro e brisas cariciosas. Ao longo de toda a encosta, acotovelava-se a turba imensa. Muitas centenas de criaturas se aglomeravam ali, a fim de ouvirem a palavra do Senhor, dentro da paisagem que se aureolava dos brilhos singulares de todo o horizonte pincelado de luz. Eram velhinhos trêmulos, lavradores simples e generosos, mulheres do povo agarradas aos filhinhos. Entre os mais fortes e sadios, viam-se cegos e crianças doentes, homens maltrapilhos, exibindo as verminas que lhes corroíam as mãos e os pés. Todos se comprimiam ofegantes. Ante os seus olhares felizes, a figura do Mestre surgiu na eminência enfeitada de verdura, onde perpassavam brandamente os ventos amigos da tarde. Deixando perceber que se dirigia aos vencidos e sofredores do mundo inteiro e como que esclarecendo o espírito de Levi, que representava a aristocracia intelectual entre os seus discípulos, na sua qualidade de cobrador dos tributos populares, Jesus, pela primeira vez, pregou as bem-aventuranças celestiais. Sua voz caía como bálsamo eterno, sobre os corações desditores.
Bem-aventurados os pobres e os aflitos!
Bem-aventurados os sedentos de justiça e misericórdia!...
Bem-aventurados os pacíficos e os simples de coração!...
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados...
Por muito tempo falou do Reino de Deus, onde o amor edificaria maravilhas perenes e sublimadas.
Jesus ali nos apresentou o roteiro de libertação diante das aflições do nosso cotidiano.
Emmanuel, na lição, nos apresenta roteiro atual através da Doutrina Espírita:
"Bem-aventurados os que choram" - disse-nos o Senhor -, contudo, é importante lembrar que, se existe aflição gerando tranquilidade, há muita tranquilidade gerando aflição.
No limiar do berço pede a alma dificuldade e chagas, amargores e cicatrizes, entretanto, recapitulando de novo as próprias experiências no plano físico, torna a concha obscura do egoísmo e da vaidade, enquistando-se na mentira e na delinquência.
Aprendiz recusando a lição ou doente abominando o remédio, em quase todas as circunstâncias, o homem persegue a fuga que lhe adiará indefinidamente as realizações planejadas.
É por isso que na escola da luta vulgar vemos tantas criaturas em trincheiras de ouro, cavando abismos de insânia e flagelação, nos quais se despenham, além do campo material, e tantas inteligências primorosas engodadas na auréola fugaz do poder humano, erguendo para si próprios masmorras de pranto e envelhecimento, que as esperam, inflexíveis, transposto o limite traçado na morte.
E é ainda por essa razão que vemos tantos lares, fugindo à benção do trabalho e do sacrifício, à feição de oásis sedutores de imaginária alegria para se converterem amanhã em cubículos de desespero e desilusão, aprisionando os descuidados. Companheiros que os povoam em teias de loucura e desequilíbrio, na vida espiritual.
No Evangelho Segundo o Espiritismo vamos encontrar na lição Causas Atuais das Aflições, cap. V, item 4:
De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.
Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!
Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!
Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!
Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!
Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!
Emmanuel termina a lição nos dizendo:
Valoriza a aflição de hoje, aprendendo com ela a crescer para o bem, que nos burila para a união com Deus, porque o Mestre que te propões a escutar e seguir, ao invés de facilidades no imediatismo da Terra, preferiu, para ensinar-nos a verdadeira ascensão, a humildade da manjedoura, o imposto constante do serviço aos necessitados, a incompreensão dos contemporâneos, a indiferença dos corações mais queridos e o supremo testemunho do amor em plena cruz da morte.

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