XV
- A LOUCURA E SUAS CAUSAS
Outra investida sofre o Espiritismo:
As idéias espíritas são capazes de
perturbar as faculdades mentais.
Sendo assim, faz-se uma questão de
prudência, deter, impedir sua propagação.
Analise-se, frente a essa afirmação,
que a loucura antes de mais nada, caracteriza-se das enfermidades da espécie
humana. Incontável número de causas acidentais, pode produzi-la. A prova disso
é que havia loucos antes que houvesse Espiritismo. Ainda, nem todos os loucos
são espíritas ou conhecem ao menos a Doutrina.
Provém esse distúrbio, de um certo
estado patológico do cérebro, instrumento do pensamento. Estando este
desorganizado, a forma, o modo de expressão altera-se, exteriorizando-se em
idéias, trejeitos, ações, movimentos desconexos, diferentes, distantes do que
se aceita como sendo normal.
A loucura é pois, um efeito consecutivo
cuja causa primária é uma pré-disposição orgânica que torna o cérebro mais ou
menos acessível a certas impressões...
Existindo essa predisposição,
determinado aspecto ou situação, toma o caráter de preocupação principal que se
torna idéia fixa. Esta poderá ser em relação a Espíritos, a uma Ciência, a um
sistema político ou social; enfim, o indivíduo se fecha em uma preocupação
dominante. Somem-se a isso outras numerosas causas de excitação cerebral:
decepções, desastres, afeiçoes contrariadas, perdas, inseguranças, medo etc.
etc.
Essa fixação principal nisto ou
naquilo, leva a falar do que se constitui como preocupação única, mas a causa
não está aí - a idéia fixa, a preocupação é um modo de manifestação do
desequilíbrio instalado. Assim, essa predisposição ou alteração existente para
aquele que se fixa em religião terá exteriorizações de uma loucura religiosa; o
amor, produzirá a loucura amorosa, a ambição, a loucura das honras, da riqueza,
etc., cada uma, fazendo-se acompanhar de gestos, palavras, posturas, atitudes
correspondentes.
Na realidade, a causa primeira liga-se
a uma relativa fraqueza moral, que torna o indivíduo incapaz para lidar,
trabalhar ou suportar o choque de certas impressões ou a convivência
equilibrada com os fatos normais da vida. Em meio à tudo isso, mesclam-se
magoas, ambições frustradas, desesperos, decepções, revezes de fortuna,
inseguranças e choques variados.
Dar a esse homem a força necessária
para entender o momento, o revés encontrado em si, meios para superação é
crescimento, é função do Espiritismo. Entendido nessa real finalidade,
justamente porque leva à compreensão dos porquês, é causa atenuante dos
desesperos, pois pela visão real do ser na Vida, diminui ele a
impressionabilidade, os modos, a insegurança. A crença, a certeza do que prova
a Ciência e a Filosofia espírita desenvolve uma força moral que faz manter a
razão fria pois tem fé inalterável no futuro.
O modo como o espírita encara as coisas
deste e do outro mundo, longe de desequilibrá-lo, leva-o a educar - em si, as
mais violentas paixões, analisando as ocorrências
... "de um ponto de vista tão
elevado, que as tribulações não são para ele senão incidentes desagradáveis de
uma viagem"...
O problema, o conflito, a situação que
em outro produziria violenta comoção, atinge-o sim, mas não desenvolve
desequilíbrios a ponto de aliená-lo.
Percebe, entende, sabe, que dissabores,
desencontros, situações adversas, características normais do mundo, são
oportunidades que conforme forem trabalhadas servirão para o próprio
adiantamento, progresso e superação.
Nesse pensar, posiciona-se frente a
cada uma delas, procurando, sem murmurar, resolver, solucionar para
libertar-se. Suas convicções dão-lhe, por esse comportamento, aceitação
dinâmica daquele que trabalha buscando o melhor e se preserva assim do
desespero, que nem chega a ameaçar-lhe o equilíbrio mental.
Mesmo quando a acusação da loucura é
feita em relação à obsessão, onde Espíritos inferiores, exercem, por encontrar
sintonia, sua ação sobre certos indivíduos, que dão por suas atitudes,
aparências de loucos, refletir que essa ação e situação sempre existiu,
independente de qualquer crença. Nesse caso, a medicação comum será impotente.
O Espiritismo, levando a conhecer o mecanismo dessa interpretação mental,
oferece os meios para vencê-la na ajuda, no auxílio, nos cuidados com o
Espírito obsessor que terão que nascer na transformação moral do paciente, nas
atitudes de amor ao algoz, na mudança mental, onde padrões renovados atrairão e
manterão clima psíquico ideal para as renovações recíprocas.
... "este é um dos resultados do
Espiritismo. Que os incrédulos se riam quanto quiserem: eu lhes desejo as
consolações que ele proporciona a todos os que se dão ao trabalho de lhe sondar
as misteriosas profundidades”...
... "e vou mais longe: digo que o
Espiritismo bem compreendido é um preservativo da loucura"...
Bibliografia:
Kardec, Allan - "O Livro dos
Espíritos" - Introdução XV
Kardec, Allan - "O principiante
espírita" - 2º diálogo
Kardec, Allan - "Revista
Espírita" - Fevereiro 1863 - Junho 1860
Leda
Marques Bighetti
Dezembro / 2003
Dezembro / 2003
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