Adenáuer Novaes
As
faculdades psíquicas humanas surgiram do desenvolvimento dos cinco sentidos
orgânicos. Elas são resultantes do aprimoramento do automatismo biológico, que
alcançou o estado de subjetividade, a partir de necessidades relacionais. Do automatismo
orgânico à subjetividade psíquica, tem-se aquilo que C. G. Jung chamou de
arquétipo psicóide, isto é, uma estrutura intermediária que permite a passagem de
uma dimensão à outra. Da mesma forma, há uma outra estrutura arquetípica que
permite o trânsito entre a mente e o mundo espiritual, isto é, entre dimensões
vibratórias distintas. A mediunidade é a faculdade que permite essa passagem.
Ela é um instrumento para a evolução do Espírito, que deve ser utilizado nas
várias experiências humanas. É evidente que sua utilização dependerá do
conhecimento a respeito da mediunidade, bem como do grau de desenvolvimento da
faculdade. Seu uso consciente, praticamente restrito a ambientes institucionais
(centros espíritas, templos, grupos independentes etc.), não inibem o fluxo
natural de idéias, pensamentos, emoções e sentimentos entre distintas dimensões
que ocorre cotidiana e naturalmente. Graças a mediunidade o ser humano se
conecta às forças superiores da vida, acessando espontaneamente conhecimentos
que extrapolam sua capacidade de concepção racional. Por conta do desconhecimento
a respeito da mediunidade, torna-se difícil a distinção entre o que é, de fato,
fruto da faculdade, dos conteúdos do próprio pensar. Esse desconhecimento
contribui para que se pense que o mediúnico é apenas aquele que promove efeitos
físicos. São valorizados os eventos mediúnicos que promovam fenômenos
ostensivos, tais como movimento de objetos, aparições espetaculares,
adivinhações, premonições etc., contribuindo para a permanência da ignorância
em se utilizar a faculdade. Restringi-se ao uso, necessário, para o atendimento
a desencarnados sofredores e para o esclarecimento, a partir de mensagens de
cunho moral elevado.
É nos
mais variados momentos da vida, para a evolução do Espírito, que se deve
utilizar a mediunidade. Seu uso institucional é válido e deve ser incentivado,
sem prejuízo de que se cultive o seu desenvolvimento natural. A comunicação
mediúnica, no ambiente doméstico, visando a comunhão de encarnados com desencarnados,
que se ligam pelos laços da afinidade e do amor, deve ser incentivada para o
estreitamento das relações, bem como para a troca de experiências. Ainda se
teme tal estreitamento por causa da possibilidade da obsessão. Esse temor,
mesmo relevante, dificulta que se viabilize o uso natural da mediunidade.
Deve-se lembrar que, o saber vem do exercício, que contém sucessos e
insucessos.
A mediunidade
de uma pessoa não pertence aos espíritos desencarnados, mesmo considerando que
eles é que decidem quando e como se comunicam. Vários tipos de mediunidade ou
de faculdades que transcendem os sentidos físicos não dependem dos espíritos desencarnados.
Essas faculdades também são conhecidas como paranormais. São elas: clarividência,
premonição, pré-cognição, clariaudiência, telepatia,
retrocognição, desdobramento etc. Todas podem ser úteis nos mais
diversos campos da vida humana.
Visando
o desenvolvimento da própria personalidade, a mediunidade pode ser utilizada
para o contato com espíritos afins para trocas afetivas, trocas de informações
e novos conhecimentos, realização de tarefas conjuntas, desenvolvimentos de
habilidades, auxílio em tarefas de desobsessão, auxílio nas desencarnações e
nos nascimentos, solução de traumas cármicos, maior compreensão dos distúrbios
psíquicos, ampliação da consciência de si mesmo do encarnado, entre outras
utilidades. Isso significa dizer que ser médium necessariamente não é ser
espírita, tampouco é utilizar a mediunidade apenas para o auxilio espiritual a
desencarnados ou para demonstração da imortalidade da alma.
O ser
humano encarnado deve entender que sua estadia no corpo físico é uma fase
necessária e importante em sua evolução, para o aperfeiçoamento de habilidades,
sob contingências físicas nem sempre favoráveis. Nesse período, em que está
encerrado num corpo limitado, tem a oportunidade de se conectar, graças à
mediunidade, à sua dimensão de origem, onde pode obter conhecimentos mais
amplos. O desenvolvimento do ser se deve há múltiplos fatores, todos eles tendo
como base a experiência direta com a realidade, na qual vive intensas emoções.
A mediunidade é mais um desses fatores, diferenciando-se dos demais pela
possibilidade que faculta de conexão com as forças espirituais criativas da
natureza. É seu adequado uso, nas ricas experiências da vida, que promoverá a
integração, ao Espírito, das leis de Deus.
Adenáuer
Novaes é Psicólogo Clínico, residente no Brasil. É um dos diretores da Fundação
Lar Harmonia - Salvador-BA.
Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 2 Janeiro e Fevereiro 2009
The Spiritist Psychological Society
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