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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Céu inferno_001_1a. parte Capítulo I  O porvir e o nada (itens 1 a 6)

Tema 001 - 1a. Parte/Capítulo I: O porvir e o nada (itens 1 a 6) - Resumo

1. - Vivemos, pensamos e operamos - eis o que é positivo. E que morremos, não é menos certo.
Mas, deixando a Terra, para onde vamos? Que seremos após a morte? Estaremos melhor ou pior? Existiremos ou não? Ser ou não ser, tal a alternativa. Para sempre ou para nunca mais; ou tudo ou nada: Viveremos eternamente, ou tudo se aniquilara de vez? É uma tese, essa, que se impõe.
Todo homem experimenta a necessidade de viver, de gozar, de amar e ser feliz. Mas, de que serviriam essas aspirações de felicidade, se um leve sopro pudesse dissipá-las? Haverá algo de mais desesperador do que esse pensamento da destruição absoluta? Afeições caras, inteligência, progresso, saber laboriosamente adquiridos, tudo despedaçado, tudo perdido! Se assim fora, a sorte do homem seria cem vezes pior que a do bruto. Diz-nos uma secreta intuição, porém, que isso não é possível.

2. - Pela crença em o nada, o homem concentra todos os seus pensamentos, forçosamente, na vida presente. Esta preocupação exclusiva do presente conduz o homem a pensar em si, de preferência a tudo: é, pois, o mais poderoso estimulo ao egoísmo. Ainda conseqüente é esta outra conclusão, aliás mais grave para a sociedade: Gozemos apesar de tudo, gozemos de qualquer modo, cada qual por si: a felicidade neste mundo é do mais astuto. E se o respeito humano contém a alguns seres, que freio haverá para os que nada temem?

3. - Suponhamos que, por uma circunstância qualquer, todo um povo adquire a certeza de que em oito dias, num mês, ou num ano será aniquilado; Que fará esse povo condenado, aguardando o extermínio? Trabalhará pela causa do seu progresso, da sua instrução? Entregar-se-á ao trabalho para viver? Respeitará os direitos, os bens, a vida do seu semelhante? Submeter-se-á a qualquer lei ou autoridade por mais legitima que seja, mesmo a paterna? Certo que não.
Se as conseqüências não são mais desastrosas tanto quanto poderiam ser, é porque na maioria dos incrédulos há mais jactância que verdadeira incredulidade, mais dúvida que convicção; e também porque os incrédulos absolutos se contam por ínfima minoria.
Fossem, porém, quais fossem as suas conseqüências, uma vez que se impusesse como verdadeira, seria preciso aceitá-la, e nem sistemas contrários, nem a idéia dos males resultantes poderiam obstar-lhe a existência. Forçoso é dizer que, a despeito dos melhores esforços da religião, o cepticismo, a dúvida, a indiferença ganham terreno dia a dia.
Mas, se a religião se mostra impotente para sustar a incredulidade, é que lhe falta alguma coisa na luta. O que lhe falta neste século de positivismo é, sem dúvida, a sanção de suas doutrinas por fatos positivos, assim como a concordância das mesmas com os dados positivos da Ciência.

4. - É nestas circunstâncias que o Espiritismo vem opor um dique à difusão da incredulidade, não somente pelo raciocínio, não somente pela perspectiva dos perigos que ela acarreta, mas pelos fatos materiais, tornando visíveis e tangíveis a alma e a vida futura.

5. - Há uma doutrina que se defende da pecha de materialista porque admite a existência de um princípio inteligente fora da matéria: é a da absorção no Todo Universal.
Segundo esta doutrina, cada indivíduo assimila ao nascer uma parcela desse princípio, que constitui sua alma, e dá-lhe vida, inteligência e sentimento. Pela morte, esta alma volta ao foco comum e perde-se no infinito, qual gota d’água no oceano. No entanto, sob o ponto de vista das conseqüências morais, esta doutrina é tão insensata, tão desesperadora, tão subversiva como o materialismo propriamente dito.

6. - Pode-se, além disso, fazer esta objeção: todas as gotas dágua tomadas ao oceano se assemelham e possuem idênticas propriedades como partes de um mesmo todo; por que, pois, as almas tomadas ao grande oceano da inteligência universal tão pouco se assemelham?
Como podem ser tão diferentes entre si as partes de um mesmo todo homogêneo? Dir-se-á que é a educação que a modifica? Neste caso donde vêm as qualidades inatas, as inteligências precoces, os bons e maus instintos independentes de toda a educação e tantas vezes em desarmonia com o meio no qual se desenvolvem?

Questões para estudo:

1) Qual a importância de se compreender o que acontece após a morte do corpo físico?

2) Quais as conseqüências imediatas dos materialismo, para o indivíduo e para a sociedade?

3) O texto foi escrito em meados do séc. 19. Podemos afirmar ainda que a dúvida e o ceticismo continuam ganhando terreno?

4) Segundo Kardec, o que falta às religiões para combaterem o materialismo?

5) Cite duas refutações à doutrina de _absorção no Todo Universal.

Paz a todos e um bom estudo!

Conclusão:
Questões para estudo:

1) Qual a importância de se compreender o que acontece após a morte do corpo físico?
Compreendendo o que acontece após a morte do corpo físico, o homem toma uma postura mais responsável diante da vida, sabendo que a vida continua e que colherá aquilo que plantou (penas ou gozos futuros). Além disso, passa a não ter não só mais esperança como também reconforto, pelo consolo de que não há destruição absoluta, apenas do corpo. Sabe que reencontrará seus afetos que já desencarnaram, e que todo o progresso intelectual e moral será preservado.
Esta compreensão nos dá subsídios para buscarmos dentro de nós o que temos de melhor, pois temos a certeza que estamos aqui só de passagem e que esta passagem pode ser melhor ou pior dependendo da nossa própria plantação.
Quando passa a compreender o que acontece após a morte do corpo físico, o homem pode encarar a morte mais calmamente, com mais serenidade, sabendo que a vida futura é a continuação da vida terrena em melhores condições e assim pode aguarda-la com a mesma confiança com que aguarda o despontar do sol, após uma noite de tempestade.

2) Quais as conseqüências imediatas do materialismo, para o indivíduo e para a sociedade?
O materialismo leva o indivíduo a dar importância apenas a si mesmo e as coisas materiais que o rodeia, apegando-se à vida material, pois não acredita em outra coisa.
Esta preocupação exclusiva com o presente torna o homem mais egoísta, além de criar a ilusão de que se deve "satisfazer" as próprias vontades custe o que custar, uma vez que não se terá uma nova oportunidade para satisfazê-las. Essa busca pela satisfação, custe o que custar, dos próprios desejos é perigosa tanto ao indivíduo como a sociedade, pois esse comportamento egoísta não respeita a vida das outras pessoas.
Para a sociedade, o materialismo rompe os verdadeiros laços da solidariedade e da fraternidade que são fundamentais para boas relações sociais. Como construir uma sociedade mais humilde, justa e fraterna, se seus integrantes não praticam a caridade? Resultado: injustiça social, fome, miséria, guerra e tantos outros males que assolam a humanidade.
A tese materialista esconde uma das maiores dificuldades do homem, que é o não conseguir acreditar em coisas que não pode ver nem tocar.

3) O texto foi escrito em meados do séc. 19. Podemos afirmar ainda que a dúvida e o ceticismo continuam ganhando terreno?
Embora a resposta possa variar com a experiência de cada um, o que observamos, de forma geral, é um interesse maior pelo sentido da vida, ou pelo menos, por uma vida em mais harmonia. O materialismo do século 19 levou a 2 grandes guerras no século 20, e a centenas de outras guerras menores, que desgastaram e continuam desgastando o homem. Como exemplo das mudanças que estão efetivamente ocorrendo, basta analisar a reação mundial ao conflito recente no Iraque, uma reação muitas vezes maior do que há alguns anos quando a mesma situação havia ocorrido.
Ainda existem materialistas, como também religiosos que apesar do conhecimento doutrinário, não se transformam, e embora as pessoas pareçam mais conscientes hoje em dia, muitos há ainda que continuam sem aceitar uma vida não material após a morte física.
Então é certo que o ceticismo e a dúvida ainda estão muito presentes, seja como uma conseqüência histórica, seja pela transição espiritual do planeta, mas também é certo que a tendência é diminuir cada vez mais.

4) Segundo Kardec, o que falta às religiões para combaterem o materialismo?
O que falta é a sanção de suas doutrinas por fatos positivos, assim como a concordância das mesmas com os dados positivos da Ciência. Assim as religiões acabariam com o cepticismo, a dúvida e a indiferença. Nada melhor do que fé raciocinada, e ter a Ciência como aliada. Isto permitiria às religiões abdicarem de conceitos ultrapassados e seus dogmas, incentivando o desenvolvimento intelectual dos fiéis para que eles possam entender a "vida".
Einstein dizia: "A ciência sem religião é manca e a religião sem ciência é cega." E Pasteur diz: "Um pouco de ciência nos afasta de Deus, muito nos aproxima.

5) Cite duas refutações à doutrina de absorção no Todo Universal.
a. Não haveria individualidade, ou identidade de cada pessoa. Para que então trabalhar, estudar, se esforçar para melhorar? E tudo aquilo que se praticou de bem ou de mal? Não haveria faltas, nem merecimento.

b. Não somos todos iguais. Como formaríamos este todo sendo tão diferentes? De onde viriam tantas qualidades diferentes do homem se saímos todos do mesmo todo?

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